
PF mapeou roteiro cumprido pelo deputado condenado
Malu Gaspar
O Globo
A Polícia Federal mapeou o roteiro seguido na fuga do Brasil por Alexandre Ramagem, que teve a prisão decretada e o mandato cassado na última terça-feira (25) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
De acordo com fontes ligadas à investigação, Ramagem deixou o Brasil passando do estado de Roraima para a Guiana por Bonfim, cidade que se mistura por terra a Lethem, onde apenas um rio separa o Brasil do país vizinho.
VOO DIRETO – Segundo as informações reunidas pela PF, Ramagem chegou a Boa Vista no final da noite de 9 de setembro, dia em que Alexandre de Moraes leu o voto pela condenação dos oito réus do núcleo crucial da trama golpista. No dia seguinte, já estava na Guiana. No dia 11, pegou um voo direto para a Flórida, em Miami, onde entrou com passaporte diplomático de parlamentar e está até hoje com a mulher e as filhas.
Embora tenha acontecido há mais de dois meses, a fuga de Ramagem só foi descoberta pela PF há três semanas, quando os investigadores foram verificar a localização de cada um dos condenados do núcleo crucial da trama golpista – entre os quais estão também Jair Bolsonaro, os generais Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, o almirante Garnier e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A checagem mostrou que Ramagem não estava mais no Brasil e muito provavelmente não voltaria – o que se confirmou.
Na decisão em que decretou o trânsito em julgado do processo, Moraes ordenou à Mesa Diretora da Câmara a cassação do mandato e dos direitos políticos de Ramagem, que foi condenado a 16 anos de prisão. Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da PF, ele também teve o salário cortado e perdeu o cargo de delegado.
OFICIALIZAÇÃO – O entendimento do ministro é que o cumprimento da pena em regime fechado impede a presença de Ramagem na Casa, o que levaria o parlamentar a registrar faltas acima do limite permitido pela Constituição. A oficialização da cassação, porém, depende do presidente da Câmara, Hugo Motta, que pode ou seguir a ordem e cassar Ramagem de ofício ou convocar o plenário para votar a decisão de Moraes.
É o mesmo rito previsto para o caso da também deputada Carla Zambelli, que fugiu da Itália para escapar da prisão e acabou capturada. Zambelli está presa em Roma, mas até agora não foi oficialmente cassada pela Câmara. Ela deve perder o mandato por faltas – o que parece ser também o destino de Ramagem.
Adendos, em:
https://youtu.be/Z8_JJ55qPFY?si=hvv2CJF_8VNTKzZc
Ouçam!
https://www.instagram.com/reel/DRiNyVpjZ-7/?igsh=MTJrbDJ3ZzVkZTg4eA==