Para quem o Papa Francisco fez a última doação, de quase R$ 1,3 milhão?

Papa Francisco durante visita na prisão de Velletri, na Itália. Na ocasião, Pontífice lavou e beijou os pés de 12 prisioneiros. Foto: EFE/Vatican Media

Visita de Francisco aos presos na penitenciária de Velletri

Ana Lourenço
Estadão

Na sua última semana de vida, o papa Francisco fez uma doação pessoal de 200 mil euros (cerca de R$ 1,290 milhão) para ajudar presos em Roma, na Itália. A informação foi confirmada pela agência de notícias italiana Ansa, por meio do bispo Benoni Ambarus, responsável pela pastoral carcerária e por iniciativas de caridade em Roma.

Segundo “Don Ben”, como Ambarus era chamado por Francisco, a doação foi retirada diretamente da conta pessoal do pontífice, parte de seus últimos bens. O dinheiro foi destinado a uma fábrica de massas localizada no centro de detenção juvenil Casal del Marmo.

HIPOTECA – Ainda conforme o bispo, a hipoteca pesava sobre a fábrica e se fosse possível quitar a dívida, o preço do macarrão poderia ser reduzido e, consequentemente, aumentar as vendas e os empregos do local. Francisco, então, respondeu: “Estou quase sem dinheiro, mas ainda tenho algo na minha conta”, e, então, transferiu os 200 mil euros.

Durante os 12 anos em que esteve à frente da Igreja Católica, o argentino Jorge Mario Bergoglio foi conhecido como líder caridoso, que fazia questão de olhar para as minorias. Seu próprio nome foi escolhido nesse sentido.

“Pensei em Francisco de Assis. (…) E Francisco é o homem da paz. E assim, o nome veio, no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, ele é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e cuida da criação; neste momento, também nós temos uma relação não tão boa com a criação, não é verdade? É o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre… Ah, como eu gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres!”, disse o papa ao assumir o cargo.

INDIFERENÇA – Ao jornal italiano Il Fatto Quotidiano, o Papa afirmou que uma das razões de seu sofrimento era a indiferença. “Uma coisa que me faz sofrer muito é a globalização da indiferença, virar o rosto para o outro lado e dizer: O que me importa? Não me interessa! Não é problema meu!”. E provou tal sentimento aos presos.

Ambarus fez questão de destacar, à agencia Ansa, a dedicação de Francisco aos presos durante seu pontificado. Um dos momentos mais marcantes foi a abertura simbólica do Jubileu de 2025, realizada antecipadamente em dezembro de 2024 na Penitenciária de Rebibbia.

“Ele me disse: ‘Don Ben, venha comigo’, e assim começamos o Jubileu juntos. O mais tocante foi ver como os presos se sentiram vistos”, relatou o bispo.

APELO À SOCIEDADE – Outro gesto recente de Francisco foi sua visita à prisão de Regina Coeli, durante a Quinta-feira Santa — apenas quatro dias antes de sua morte. Na ocasião, o Papa reforçou seu apelo à sociedade para que não ignore a situação dos encarcerados.

Na terça-feira, 22, alguns detentos chegaram a pedir que fosse colocada uma flor sobre o túmulo de Francisco em nome deles. Ambarus, no entanto, revelou que está buscando uma forma de permitir que alguns desses presos – ou como o bispo colocou: ‘seus filhos prediletos’ – possam participar do funeral, que será realizado no sábado, 26.

“Estamos tentando ver o que pode ser feito”, disse à Ansa, sem entrar em detalhes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Fico triste quando ouço ou leio críticas ao Papa Francisco, que mostrou ser um sacerdote muito especial, a ser admirado por se portar melhor do que nós. O apoio que ele deu a Lula, com toda certeza foi por falta de informação. Se Francisco soubesse quem realmente é Lula, jamais o teria exaltado, como ele fez diversas vezes. Hoje em dia, a informação isenta e verdadeira é cada vez mais difícil. (C.N.)

Para domar a China, os EUA querem usar FMI, Banco Mundial e outras instituições

Trump Tariffs: Bessent Says No Unilateral Offer From Trump to Cut China  Levies - Bloomberg

Bessent expôs com clareza os planos mundiais de Trump

Vinicius Torres Freire
Folha

Donald Trump vai encrencar com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e com o Banco Mundial também. Está demolindo o Estado americano, quer reduzir a quase nada o apoio do Departamento de Estado a democracias e direitos humanos, ataca instituições de pesquisa e universidades, faz “guerra cultural”. O programa trumpista é amplo.

A encrenca com FMI e Banco Mundial foi escancarada no discurso de Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, nesta quarta-feira (23), no Institute of International Finance, um dos eventos da temporada da reunião de primavera do Fundo.

VEJA O PLANO… – Bessent disse que delineava ali “…um plano para restaurar o equilíbrio do sistema financeiro global e das instituições criadas para sustentá-lo” e sugeria “reformas chave” no sistema de Bretton Woods.

Era uma menção à conferência econômica de 1944 que acabou por acertar a criação do FMI e de outras instituições, reunião que organizou o sistema monetário e de relações financeiras do pós-guerra, à maneira dos EUA. Foi o início de alguma governança institucionalizada da economia mundial, que por vários caminhos deu nisso que se chamou de multilateralismo.

Bessent disse que o FMI não tem de se ocupar de assuntos tais como “mudança climática, gênero e questões sociais”, que tomam recursos que deveriam ser dedicados à “sustentabilidade financeira e econômica” mundial, prejudicada por desequilíbrios.

PROPÓSITO ORIGINAL – O Fundo deve se “reconectar” a seu “propósito original”, que seria o “de ajustar interesses nacionais com a ordem internacional, assim levando estabilidade a um mundo instável”. O desequilíbrio central de hoje seriam os superávits comerciais de China e entorno e os déficits americanos.

O FMI, a seu modo, contribuiria para dar cabo dessa política chinesa de excesso de oferta, de produção industrial, que é exportado. A China cria, assim, problemas para si e para o mundo, que têm de ser resolvidos pelo consumo americano (importações), acaba com a indústria dos EUA e com sua segurança nacional e econômica.

Os chineses teriam de poupar menos, consumir mais, assim como alguns outros países, que de resto têm salários “artificialmente baixos”. Segundo Bessent, o FMI tem de fazer avaliações que escancarem tal problema.

DANDO ORDENS – Bessent falava como se estivesse a dar ordens. A União Europeia, por exemplo, já estaria tomando providências, gastando mais em defesa e, assim também, estimulando sua economia. A Argentina estaria fazendo reformas adequadas. Trump faz sua parte, com tarifas: mais de 100 países já teriam procurado os EUA a fim de ajudar a criar um sistema internacional mais equilibrado.

Os EUA já podem dar ordens ao Fundo, direta e indiretamente. Têm 16,49% dos votos do conselho do Fundo, bastantes para vetar mudanças maiores de política (que precisam de 85% dos votos; a decisão de programas de socorro exige 50% dos votos, mas os EUA têm grande poder informal nisso também).

Trump está comprometido com a manutenção e expansão da liderança econômica dos EUA no mundo, disse Bessent. Assim, também é preciso aumentar a liderança e influência dos EUA em instituições como o FMI e o Banco Mundial e fazer com que elas cumpram seus mandatos. Assim, seria possível “restaurar a justiça [fairness] no sistema econômico internacional”. Os EUA vão “exigir” que tais instituições prestem contas de que estão fazendo progressos nesse sentido.

Governo muda regra e deixa de exigir que as ONGs corruptas devolvam os bens

Charge do dia: ONG

Charge do Ivan Cabral (Sorriso Pensante)

Daniel Weterman e Vinícius Valfré
Estadão

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudou a regra para contratação de organizações não governamentais (ONGs) ao elaborar as diretrizes do Orçamento de 2026 e deixou de exigir a devolução de bens em caso de desvio dos recursos repassados a essas instituições.

O Executivo argumenta que há outros dispositivos na legislação garantindo a boa aplicação da verba pública e que nem sempre é de interesse da União a devolução do bem quando há irregularidade. Nesses casos, outros instrumentos poderiam ser adotados para reparar os danos.

APÓS 15 ANOS… – O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 foi enviado ao Congresso Nacional no último dia 15. No capítulo sobre as transferências para entidades privadas sem fins lucrativos, a regra prevista nos últimos 15 anos foi eliminada.

A norma exigia que, nos contratos assinados entre a União e as organizações, houvesse uma cláusula de reversão ao patrimônio público equivalente aos valores recebidos em caso de desvio de finalidade ou aplicação irregular dos recursos transferidos pelo governo federal.

Por exemplo, o governo destina recursos para uma ONG em Pernambuco para a construção de cisternas no semiárido. Se alguma irregularidade fosse comprovada, a entidade teria que reparar o dano devolvendo os equipamentos para o patrimônio público.

DAVA SEGURANÇA – O dispositivo garantia uma segurança para o patrimônio público e agora o controle dependerá de cada caso individualmente, afirma Caio Gama Mascarenhas, procurador do Estado de Mato Grosso do Sul e pesquisador em direito financeiro na Universidade de São Paulo (USP).

“Esse ponto que foi retirado era uma cláusula que preservava a governança de transferências voluntárias pela União nos casos de utilização dos recursos do convênio em desacordo com o pactuado”, diz Mascarenhas. “Ele garantia responsividade por parte dos beneficiários, que podiam perder o bem objeto do contrato caso descumprissem as cláusulas.”

A mudança pode facilitar casos específicos em que a manutenção do bem não seja interessante para o poder público, mas vai depender do que for assinado em cada contratação, na opinião do especialista. “Nesses casos, é possível que seja melhor que o bem continue no patrimônio do beneficiário e que outras sanções sejam aplicadas. Isso tem que ser avaliado caso a caso.”

GASTOS COM ONGs – O governo federal aumentou o repasse de dinheiro para ONGs. Os gastos da União com entidades privadas sem fins lucrativos saltaram de R$ 6 bilhões em 2022 para R$ 10,3 bilhões em 2023 e bateram o recorde de R$ 13,9 bilhões em 2024, sem considerar os repasses obrigatórios como subvenções e financiamento de partidos políticos.

O dinheiro banca desde a gestão de hospitais até a compra de material de expediente e pagamento de diárias, beneficiando entidades ligadas à gestão petista.

Conforme o Estadão revelou, a Mídia Ninja, uma rede de comunicação ligada à esquerda, tem usado ONGs para receber repasses do governo enquanto afirma publicamente não ser bancada com dinheiro público.

MUITAS IRREGULARIDADES – Na área social, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades em repasses suspeitos para organizações ligadas ao PT que recebiam dinheiro para distribuição de marmitas, após o caso ser revelado pelo jornal O Globo.

Também houve repasse de emendas parlamentares para ONGs sem transparência, levando à suspensão das transferências pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em outra frente, o governo Lula ampliou ganhos de uma entidade internacional que ofereceu um cargo à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, como mostrou o Estadão. Nesse caso, o Executivo não enquadrou os repasses como pagamento a entidade privada sem fins lucrativos, alvo da mudança na LDO, mas como transferência ao exterior, que obedece outras regras, pois a OEI é sediada em Madri.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
As desculpas são inteiramente esfarrapadas. Todo cuidado é pouco com as ONGs, que são verdadeiras sanguessugas do capitalismo, com raríssimas exceções. As ligadas ao PT, como se sabe, são sujíssimas, como essa espanhola OEI que dona Janja apadrinhou. Mas quem se interessa? (C.N.)

Com piora clínica e em exames, Bolsonaro segue sem alimentação oral

Um homem está sentado em uma cama de hospital, usando uma camisa de hospital e com um monitor ao fundo. Ele tem um acesso venoso no braço e está segurando um dispositivo. Uma mulher está ao lado dele, segurando papéis e usando uma máscara. O ambiente é bem iluminado e decorado com plantas.

Bolsonaro ficou nervoso ao receber intimação de Moraes

Mariana Brasil
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou piora em seu quadro, segundo a equipe médica que o acompanha, e permanece internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) sem previsão de alta.

“Apresentou piora clínica, elevação da pressão arterial e piora dos exames laboratoriais hepáticos. Será submetido hoje a novos exames de imagem”, diz boletim divulgado nesta quinta-feira (24).

EM JEJUM ORAL – Ainda de acordo com os médicos, Bolsonaro segue em jejum oral e com nutrição parenteral exclusiva. Segue com a fisioterapia motora e as medidas de prevenção de trombose venosa. Persiste a recomendação de não receber visitas e não há previsão de alta da UTI.

Nesta semana, Bolsonaro deu uma entrevista na segunda (21) por vídeo ao SBT Brasil, da cama de seu quarto de UTI, e na terça-feira (22) participou de live em que conversou com Flávio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, seus filhos. O ex-piloto Nelson Piquet também participou, e o ex-presidente relatou a previsão de ter alta na próxima segunda-feira (28).

Depois da live, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, uma oficial de Justiça entrou no quarto de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital nesta quarta-feira (23) para intimar Bolsonaro sobre o início do processo penal em que é acusado de tentativa de golpe de Estado em 2022.

“DATA ADEQUADA” – O STF (Supremo Tribunal Federal) informou, em nota, que esperava uma “data adequada” para que a intimação pessoal fosse feita a Bolsonaro —internado desde o último dia 11 e submetido a cirurgia no intestino.

A oficial de Justiça chegou ao hospital por volta das 10h30, segundo pessoas próximas de Bolsonaro informaram à Folha. Ela entrou no quarto de UTI às 12h45, entregou os documentos e coletou a assinatura do ex-presidente. Bolsonaro ficou nervoso e alteou a voz, reclamando.

Mais tarde, Bolsonaro divulgou vídeo que mostra a entrada da oficial da Justiça, com quem falou por cerca de 11 minutos. “Ele acha que me prendendo ou me tirando da vida pública, acabou. Está tudo resolvido a questão do Brasil aqui. E não é assim”, disse, referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Bolsonaro está pagando caro pela falta de cuidados com as consequências da facada. Desde a segunda operação, tinha de levar uma vida regrada em termos de alimentação e hábitos, evitando forçar o abdômen, por causa da tela implantada. Há duas semanas, permitiu ser carregado nos ombros de admiradores. E o resultado é a dificuldade na recuperação. Como pretende ser presidente da República de novo, nessa situação? Ele e Lula são dois insensatos. (C.N.)

Escancarada à Lua, a casa poética e musical de Walter Queiroz na Lapinha

IMMuB | Compositor - Walter Queiroz

Queiroz, 80 anos, de bem com a vida

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, publicitário, cantor e compositor baiano Walter Pinheiro de Queiroz Júnior usa várias figuras de linguagem, tornando mais bonito o conteúdo poético da letra de “Pode Entrar”, na qual ele fala da sua casa.

Walter Queiroz gravou a música “Pode Entrar” no LP “Filho do Povo”, em 1975, pela Phonogram.

PODE ENTRAR
Walter Queiroz

A casa escancarada à Lua ali
Meu cachorro nunca morde
Meu quintal tem sapoti
Tem um roseiral crescendo lindo
Quem for louco ou for poeta
Pode entrar, seja bem-vindo

Aqui passa o bonde da Lapinha
Passa a filha da rainha
Passa um disco voador
As vezes ele gira, para e pisca
Como quem quase se arrisca
A parar pra conversar

Mas não me sinto só
Tenho um vizinho
Que é um bêbado velhinho
Que acredita no destino.
Ele mora em cima do arvoredo
Ele tem muitos brinquedos
Ele sempre foi menino

Agora se vocês me dão licença
Eu vou ver um passarinho
Que me chama no quintal
Depois vou me deitar para sonhar
E dançar com a cigana
Que eu perdi no carnaval

Pedro Lucas recusa convite para assumir o Ministério das Comunicações

Governo busca ampliar sua base de apoio no Congresso

Pedro do Coutto

O líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Pedro Lucas Fernandes, comunicou oficialmente, na noite da última terça-feira, sua decisão de não aceitar o convite feito pelo presidente Lula da Silva para assumir o Ministério das Comunicações.

Em nota pública, o parlamentar agradeceu a confiança depositada em seu nome, mas afirmou que, neste momento, considera mais adequado permanecer na função que atualmente exerce no Legislativo, onde acredita poder oferecer uma contribuição mais significativa ao país.

CONVICÇÃO – “Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados”, declarou Fernandes. Ele ressaltou ainda o papel estratégico de sua liderança no diálogo com diversas correntes políticas e na articulação de consensos em torno de pautas de interesse nacional.

A recusa foi acompanhada de um gesto de respeito institucional. O deputado apresentou suas desculpas ao presidente da República por não poder aceitar o convite, reiterando sua disposição para manter um diálogo institucional permanente e construtivo. “Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil”, afirmou.

O episódio ocorre em um contexto no qual o governo federal busca ampliar sua base de apoio no Congresso Nacional. A eventual presença de lideranças partidárias no Executivo tem sido interpretada como parte da estratégia de consolidação de alianças políticas. Nesse cenário, a decisão de Pedro Lucas Fernandes foi entendida como uma sinalização de que o União Brasil pretende manter e fortalecer sua atuação no Parlamento, onde exerce influência decisiva em votações relevantes.

COMPROMISSO – O deputado reafirmou seu compromisso com a boa prática política e com a defesa dos valores democráticos. “Seguirei lutando pelo bem-estar de todos os brasileiros, especialmente daqueles que mais precisam”, concluiu.

Embora o nome de Fernandes tenha sido previamente anunciado pelo presidente como certo para o cargo, a decisão final do parlamentar, respaldada por sua bancada, revelou divergências na condução do processo por parte do Executivo. A negativa, interpretada como um gesto de firmeza política, lança luz sobre a importância da articulação institucional e da escuta partidária nas decisões de governo, e poderá influenciar futuras nomeações no alto escalão.

Moraes dá novo vexame jurídico e manda prender o megatraficante búlgaro

A PRETEXTO DE COMBATER A "EXTREMA DIREITA" , MORAES INVENTA A "DEMOCRACIA DEFENSIVA" - Cariri é Isso

Charge do Schmock (Revista Oeste)

Carlos Newton

O ministro Alexandre de Moraes deu mais um vexame jurídico no Supremo Tribunal Federal. Não mais que de repente, como diria Vinicius de Moraes, nesta quarta-feira (dia 23) ele viu-se obrigado a determinar novamente a prisão preventiva do megatraficante búlgaro, cujo processo de extradição pedido pela Espanha tinha sido suspenso pelo próprio Moraes.

Na ânsia de retaliar a Suprema Corte espanhola, que negara extradição do blogueiro Oswaldo Eustáquio, por se tratar de “perseguido político”, na semana passada Moraes nem raciocinou sobre a estultice que estava fazendo e, além de suspender o processo, cedeu prisão domiciliar ao búlgaro, que na Espanha negociava 52 quilos de cocaína, que valem cerca de 80 milhões de dólares no mercado do pó.

PIADA DO ANO – Além de soltar o traficante, Moraes deu prazo de cinco dias para a embaixadora da Espanha explicar por que a Suprema Corte de seu país não aceitou a forçada reciprocidade, tipo “eu extradito um e você também extradita o outro”.

A repercussão foi a pior possível e o destrambelhado Moraes teve de recuar, porque cometera um gravíssimo erro jurídico, no estilo Piada do Ano. O ministro brasileiro mostrou desconhecer a regra jurídica de que  jamais poderia ter oferecido prisão domiciliar a quem não tem domicílio no país…

Assim, Moraes teve de recuar de sua suprema mancada, mas ficará pela metade, porque não pedirá desculpas à embaixadora Maria del Mar Fernández-Palacios.

DISSE MORAES – “Considerando a inexistência de endereço fixo no Brasil que possibilite a prisão domiciliar, mantenho a prisão de Vasil Georgiev Vasilev, na unidade prisional Ricardo Brandão de Ponta Porã/MS, até a chegada das informações solicitadas ao governo da Espanha’, diz a decisão.

De acordo com o governo espanhol, o búlgaro cometeu o crime de tráfico de drogas em Barcelona, em 2022. Em 15 de abril, Moraes decidiu suspender um pedido de extradição do governo da Espanha, depois de a Espanha negar a extradição do jornalista brasileiro Oswaldo Eustáquio, com o argumento de que o governo do Brasil tem “motivação política” para o pedido.

Moraes argumentou que sua decisão foi tomada tendo em vista a exigência de “reciprocidade” prevista na Lei de Imigração. Eustáquio tem dois mandados de prisão preventiva no Brasil por determinação do STF, a propósito de ameaça, corrupção de menores e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele está foragido há mais de dois anos.

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P.S. –
A pergunta que não quer calar: Quem vai parar Moraes? – indaga o genial chargista Leandro Spett, o Schmock (C.N.)

Lula usa o Supremo como instrumento para controlar a Câmara e o Senado

Lula participa da solenidade comemorativa ao Dia do Soldado | Agência Brasil

Lula e Barroso estão fazendo parceira contra o Congresso

Carlos Andreazza
Estadão

Impressionante a reportagem do Estadão que mostrou os números do Supremo Tribunal Federal, revelando que Lula da Silva é o presidente que mais acionou o STF para tentar reverter medidas de interesse direto do Planalto desde 2003, quando iniciou seu primeiro mandato.

Isso significa que o Supremo está aceitando esse papel de muleta do governo, de Posto Ipiranga, de resolvedor de problemas que a política não consegue encaminhar e, portanto, muitas vezes ocupando o espaço do Parlamento.

JUDICIALIZAÇÃO – Assim, o governo federal transforma a judicialização em braço da articulação política. De 2023 até agora, foram 19 ações com essa finalidade, número que ultrapassa os 17 processos da gestão inteira de Jair Bolsonaro (PL) e também as administrações somadas de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

Não há dúvida de que os dados “autorizam a provocação” de que Lula tem uma “bancada” constituída no Supremo, utilizada frente a um cenário de dificuldade de articulação política.

É como se fosse normal responder à autonomia pervertida do Congresso com a expansão de seu próprio poder. O governo provocando e, muitas vezes, os próprios parlamentares convidando o Supremo a se expandir, numa promiscuidade institucional, de interferência entre os Poderes da República.

SEM CRÍTICAS – O Supremo não lida bem com as críticas. Os ministros ampliam sua participação no debate público, dão entrevistas toda hora, opinam sobre tudo, estão perfeitamente integrados no high society da política – de Brasília e do mundo –, e quando são criticados não admitem a crítica.

Por exemplo, Flávio Dino ridicularizou as pessoas que se colocam como “juristas” na internet, mas que, de fato, não possuem formação nem notório saber jurídico para comentar temas complexos do Direito.

A declaração ocorreu durante o julgamento da Primeira Turma do Supremo que recebeu a denúncia da Procuradoria, a qual atribuiu a “gerência” do plano de golpe de Estado a seis auxiliares que fizeram parte do governo de Bolsonaro. Essa crítica de Dino é uma face de um discurso de intolerância e inconformismo com o ambiente da liberdade de expressão.

Fim da Lava Jato comprova que a corrupção realmente vale a pena no Brasil

Tribuna da Internet | Empreiteiras da Lava Jato desviaram R$ 24 bilhões da  Petrobras, diz TCU

Charge do Casso (Arquivo Google)

Merval Pereira
O Globo

O fato de o governo Lula 3 ser o que mais apelou ao Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2003 para tentar reverter medidas que são de seu interesse direto, como revelou o jornal O Estado de S.Paulo, acrescenta mais um problema para a conturbada atuação do STF nos anos recentes.

Com o fortalecimento do Legislativo diante do Executivo, por ter maioria formada por uma oposição variada ao governo petista, e, especialmente, por ter garantido quinhão substancial no orçamento da União por meio das emendas impositivas, o Supremo tornou-se a saída para o governo e, em consequência, importante peça política na disputa entre os Poderes da República.

UTILIZAÇÃO POLÍTICA – A politização do Supremo foi, assim, inevitável, como também a acusação da oposição bolsonarista de que ele serve ao Executivo. A mesma acusação, aliás, feita pelos petistas quando Lula foi preso depois de ter sido condenado em segunda instância, como previa decisão do STF.

Se poderia dizer que, acusado pelos dois lados, o Supremo demonstra independência na polarização. Mas a mudança de posição de diversos ministros da Corte diante das mesmas questões, documentada por vídeos da época, sugere, ao contrário, que as decisões variam de acordo com as circunstâncias políticas, o que leva a uma insegurança jurídica perigosa.

O Supremo ganhou importância política central no país, mas, por causa da nossa Constituição, não se limita a ser um tribunal constitucional. Também cuida dos crimes cometidos pelos que têm foro privilegiado que, como os partidos políticos, são muitos, distorcendo nossa democracia.

TRIBUNAL ESPECIAL – Nos debates que se sucedem sobre mudanças constitucionais, houve um momento em que foi proposto que o Supremo não tratasse mais dos crimes comuns cometidos por quem tem foro privilegiado, criando um tribunal especial para esses casos e deixando que o STF se ocupasse apenas das questões constitucionais.

A proposta foi feita pelo hoje presidente do Tribunal, Luís Roberto Barroso, considerado um dos maiores juristas do país. Na mesma hora, a reação do ministro Gilmar Mendes, também considerado um dos melhores constitucionalistas brasileiros, foi contrária, alegando que criaríamos um supertribunal, dando poder descomunal aos novos juízes.

Ficamos, então, com esse poder descomunal depositado no próprio Supremo, que se torna pivô político fundamental no país, distorcendo o sentido de balanço de Poderes previsto por Montesquieu.

MAIS FORÇA – O peso que o Supremo carrega foi aumentado com a tentativa de golpe a que o governo Bolsonaro se dedicou durante todo seu mandato. Coube aos ministros do STF barrar em diversas oportunidades os avanços antidemocráticos, por isso foram alvos de ameaças pessoais e, soube-se mais tarde, de tentativas de assassinato.

É preciso ser muito sensato para não transformar ameaças pessoais em institucionais. Mas é necessário que juízes supremos não se vejam como heróis que podem tudo.

Durante o período da Operação Lava-Jato, descobriu-se o maior escândalo de corrupção já acontecido no país, com ramificações por toda a América Latina. Os governos do PT colaboraram com a maioria dos candidatos de esquerda, dando apoio operacional com enviados para ajudar na propaganda política, como Duda Mendonça e João Santana, e apoio empresarial com as empreiteiras brasileiras que se internacionalizaram e tinham interesses em obras na região, entre elas a Odebrecht.

EXPORTOU CORRUPÇÃO – Por isso diz-se hoje que o Brasil exportou corrupção e agora importa impunidade, com o asilo extemporâneo dado à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia, condenada por corrupção em seu país por ter recebido, a pedido de Lula, conforme delação premiada de Marcelo Odebrecht, US$ 3 milhões para a campanha eleitoral de seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, preso em seu país.

O desmanche da Lava-Jato deu margem a que todos, acusados e condenados, sem exceção, fossem liberados pela Justiça brasileira com base em decisão do Supremo.

A partir daí, a ética política que vinha sendo redimida com a punição inédita a políticos e empresários envolvidos em corrupção, sofreu retrocesso terrível entre nós. A corrupção voltou a valer a pena no Brasil.

Juiz acha que a Lava Jato não morreu e condena ex-diretor da Petrobras

Em primeira sentença, nova juíza da Lava Jato condena Duque por corrupção  na Petrobras - 19/11/2018 - Poder - Folha

Renato Duque espera que Gilmar e Toffoli não o esqueçam

Maria Clara Matos
da CNN

O empresário e ex-diretor da Petrobras Renato Duque foi condenado a 29 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A decisão foi tomada na última segunda-feira (14) e ainda cabe recurso.

Duque geriu uma diretoria da Petrobras entre 2003 e 2012 e foi acusado de receber mais de R$ 5,6 milhões em propina da Multitek Engenharia por meio do empresário Luís Alfeu Alves, ex-diretor e sócio da companhia, entre 2011 e 2012. A condenação surgiu a partir das investigações da Operação Lava Jato.

MUITAS DENÚNCIAS – O antigo gestor de serviços da estatal acumula denúncias no âmbito da operação Lava Jato e teve sua prisão decretada em julho ano passado.

Além da pena — que deve ser cumprida inicialmente em regime fechado, de acordo com a decisão assinada pelo juiz federal Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara Federal de Curitiba —, há ainda o pagamento de uma multa diária por 875 dias calculada a partir do salário mínimo da época, cerca de R$ 622.

A denúncia, oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) há cinco anos, defende que a propina era paga para garantir a obtenção de contratos públicos de grande valor na Petrobras por meio de fraude em licitações — processos em que o governo compra bens e serviços de instituições privadas.

CORRUPÇÃO DO PT – Os valores ilícitos obtidos foram destinados não apenas aos empregados do alto escalão da PETROBRAS que participavam diretamente do esquema criminoso, como também aos partidos políticos e aos parlamentares responsáveis pela manutenção desses funcionários nos cargos

Os cerca de R$ 5,6 milhões pagos ao ex-diretor da petroleira seriam para o favorecimento de três contratos firmados em 2011, que somam R$ 525,7 milhões:

Além da Multitek e da Petrobras, havia lavagem de dinheiro junto à Jamp, companhia que atua também no ramo de engenharia. As três instituições teriam sido responsáveis pela falsificação de seis notas fiscais com a justificativa da prestação de serviços de consultoria dos contratos especificados acima.

ALTAS PROPINAS – As transferências das notas totalizaram o pagamento de R$ 1,7 milhão a Jamp, operada pelos irmãos Milton Pascowicht e José Adolfo Pascowicht.

Luís Alfeu foi condenado a onze anos, seis meses e 22 dias de prisão por lavagem de dinheiro, além do pagamento de multa.

A defesa do empresário Luís Alfeu entrou com recurso. A CNN tenta contato com a defesa de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Renato Duque é aquele que construiu uma sala secreta em sua casa, onde guardava as obras de arte que adquiria com dinheiro da corrupção e apenas ele podia admirá-las. Agora, anda falando sozinho, perguntando: “Por que eu? Por que eu? Se até o Lula e o Sérgio Cabral estão soltos, por que eu? Cadê o Gilmar? Cadê o Toffoli?”. Bem, realmente é difícil explicar essa situação. Os estrangeiros não entendem nem a pau… (C.N.)

Inspirado no santo dos pobres, Papa Francisco foi coerente até o final

Papa Francisco institui o Dia Mundial dos Pobres | Revista Missões

Desde o início, como padre, sempre defendendo os pobres

Bernardo Mello Franco
O Globo

Na noite em que foi escolhido para comandar a Igreja Católica, o Papa Francisco surpreendeu ao aparecer sem a estola vermelha e o crucifixo de ouro usados pelos antecessores. Era o primeiro sinal de mudanças na Santa Sé.

Eleito aos 76 anos, o argentino Jorge Mario Bergoglio disse desejar “uma Igreja pobre e para os pobres”. A pregação combinava com sua trajetória de vida.

SIMPLICIDADE – Como padre em Buenos Aires, ele ficou conhecido por frequentar favelas e bairros populares. Ao ser nomeado cardeal, continuou a cruzar a cidade de metrô, sem seguranças ou assessores.

Bergoglio não era visto como favorito no Conclave de 2013, convocado após a renúncia de Bento XVI. Assim que a apuração dos votos terminou, o cardeal brasileiro Cláudio Hummes soprou em seu ouvido: “Não se esqueça dos pobres”.

“Aquilo entrou na minha cabeça. Imediatamente lembrei de São Francisco de Assis”, contou o papa, que escolheu o nome na hora. Avesso a mordomias, ele dispensou o apartamento no Palácio Apostólico e passou almoçar nas mesas comunitárias no refeitório do Vaticano.

“TODOS IRMÃOS” – Em 12 anos de pontificado, Francisco se notabilizou pelo estilo simples e pelas críticas à concentração da riqueza. “O mercado, por si só, não resolve tudo, embora às vezes nos queiram fazer crer neste dogma de fé neoliberal”, escreveu em 2020, na encíclica Fratelli Tutti (“Todos Irmãos”, em italiano).

O texto conclamava os católicos a questionarem as desigualdades e o “império do dinheiro”. “Solidariedade é uma palavra que nem sempre agrada”, afirmou. “É também lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de casa”, sentenciou.

A pregação por justiça social gerou reações exaltadas. Em autobiografia lançada em 2024, Francisco explicou que apenas defendia a doutrina social da Igreja. “Os pobres são a bandeira do Evangelho e estão no coração de Jesus. Isso não é comunismo. Isso é cristianismo em estado puro”, disse.

TOLERÂNCIA – Francisco também incomodou a ala conservadora do clero ao pregar a tolerância e o respeito às minorias. Embora não tenha revisado os dogmas católicos, ele sustentou ideias progressistas em temas como homossexualidade, divórcio, aborto e celibato de sacerdotes.

O papa ainda se dedicou à defesa dos imigrantes, dos refugiados e dos civis afetados por guerras. Nem as internações por problemas respiratórios interromperam sua rotina de ligações diárias para a paróquia em Gaza.

Na última mensagem pública, lida por um auxiliar no domingo de Páscoa, ele voltou a criticar o conflito e a cobrar um cessar-fogo na região. Mesmo fragilizado pela doença, Francisco foi coerente até o fim.

Escândalo do INSS prova realmente que o Brasil é o país dos infames e canalhas

Charge reproduzida do Arquivo  Google

Vicente Limongi Netto

Quadrilhas de todos tamanhos humilham e desonram a Nação. A novidade cruel descoberta pelas autoridades policiais é o assalto nas aposentadorias dos milhões de brasileiros aposentados pelo INSS. Pessoas humildes que trabalharam durante décadas, para finalmente receber miserável aposentadoria.

A Polícia Federal cumpre seu papel e finalidade com desassombro. Dezenas de patifes e corruptos foram presos. Resta saber quanto tempo ficarão na cadeia, já que estamos no paraíso da impunidade, onde criminoso da elite dos corruptos ou narcotraficantes, por mais vigarista e ladrão que seja, se dispor de bons advogados, é logo solto. Rindo e debochando dos cidadãos honestos.

BRASÍLIA E SARNEY – Amo minha terra e seu Rio Amazonas, mas também adoro Brasília. Transformo em anjos os regaços de seus eixos. Em pétalas de esperanças o ferro e o cimento das construções. Aqui, o verde acolhe o escurecer dos viadutos. Concretos brincam com a brisa. São parceiros do pôr-do-sol. 

O cerrado encanta o planeta. Pioneiros energizam o amanhecer. O aroma das árvores frutíferas lança sementes para o céu. Moldando, pintando e eternizando Brasília. Para os Deuses do amor, Brasília inventou o encanto.

E votos para um encantado e feliz dia 24 de abril ao ex-presidente José Sarney, completando 95 anos de idade. Saúde e alegrias, aqui nesta Brasília, a cidade que ele também ama e escolheu para morar. 

DURO DE AGUENTAR – Volto ao assunto. Não tem jeito, “Galvão e amigos” é remédio ruim. Embrulha o estômago. Duro aguentar tanta porcariada. Pior do que purgante. Ouvir parvos como Casagrande e Mauro Naves é uma tortura.

Galvão comanda a patetice. Esmerado em abissais tolices. Fala pelos cotovelos. Não diz nada aproveitável. Reginaldo Leme ouvindo as asneiras, certamente lembrando que Nelson Piquet tinha razão quando perguntou, na televisão: “Reginaldo, como você aguentou tanto tempo na Fórmula 1 a besta do Galvão?”.

E se Trump resolver descumprir as ordens da Suprema Corte dos EUA?

Trump went furious upon finding out how many Russian diplomats EU expelled – Washington Post - ARMENPRESS Armenian News Agency

Trump ameaça a Justiça e diz que haverá “encrenca grande”

Dorrit Harazim
O Globo

Lee Bollinger tem 78 anos, a mesma idade do presidente dos Estados Unidos, e ainda ostenta uma cabeleira natural de fazer inveja a Donald Trump. Está aposentado desde 2023 e pensava em desfrutar a leveza de simplesmente viver, não mais carregar responsabilidades que afetam gerações. Não tem sido fácil. Suas ideias, sua obra e relevância no mundo acadêmico continuam a causar urticária na desintelligentsia da era trumpista.

Eminente estudioso da Primeira Emenda da Constituição americana — que garante a liberdade de expressão e imprensa —, Bollinger exerceu o cargo de reitor da Universidade de Michigan por seis anos na virada do século. Informado logo ao assumir que predominava na instituição um movimento contrário à ação afirmativa de inclusão racial e social, desconsiderou seguir o caminho da acomodação ou capitulação. Levou o caso à Suprema Corte em Washington. Foi um embate e tanto, mas saiu vencedor.

REITOR DE COLUMBIA – De Michigan, Bollinger passou os 21 anos seguintes em Nova York, como reitor de Columbia, uma das oito universidades privadas que formam a Ivy League, a torre de marfim da academia americana. Em Columbia encarou crises e insurgências sem desviar do norte — a integração dos conceitos de justiça racial e diversidade.

Apesar de defender a neutralidade institucional em questões essencialmente políticas, foi um dos únicos reitores de universidade a se fazerem ouvir quando o cidadão negro George Floyd morreu asfixiado à luz do dia por ação de um policial branco em Minneapolis. Sua visão é a longo prazo.

— Universidades duram séculos — disse em recente entrevista ao Chronicle of Higher Education. — Por isso, devemos poder não nos envergonhar de posições assumidas em crises de momento.

REVER A EDUCAÇÃO? – Se envergonhar, certamente, não é a preocupação do American Enterprise Institute, um think tank conservador de Washington que, no embalo da vitória eleitoral de Trump, publicou em dezembro o ensaio “Guia completo de revisão da educação superior”.

O documento de 54 parágrafos, assinado por um acadêmico “come abelha, não come mel”, contém várias sugestões já encampadas pela máquina de gerar decretos do governo Trump. Alguns trechos chocam, como “destruir a Universidade Columbia”, ou “cumprir a promessa de desmontar por completo o poder dos marxistas radicais nos campi”. Outros dão calafrios:

“Reitores consideram Bollinger como talvez o maior líder de faculdade do século XXI. Ele deveria ser considerado como o pior. Talvez esses reitores aprendam uma valiosa lição se puderem vê-lo vestindo o uniforme laranja de presidiário”, diz o ensaio.

EM PLENO RIGUE – Vale lembrar: o que resta do Departamento de Educação, em fase de demolição, agora está em mãos de uma ex-executiva da WWE, a maior empresa de promoção de luta profissional do mundo. Tudo a ver, certo?

Bollinger acredita que o país vivencia a captura do governo com o propósito de instaurar uma democracia iliberal, ou uma democracia autoritária, ou, ainda, uma democracia de homem forte. Parte do problema, a seu ver, reside na incapacidade da sociedade americana de imaginar o futuro em suas versões mais sombrias.

A marcha em andamento tem roteiro: primeiro você neutraliza os poderes do Estado, depois neutraliza a mídia, depois as universidades. O caminho fica aberto.

INEVITÁVEL CRISE – Juristas, historiadores e scholars já debatem se os Estados Unidos estão embicados para uma inevitável crise constitucional. Segundo acadêmicos liberais e conservadores ouvidos pelo New York Times, existe uma linha vermelha. Se cruzada, não terá volta: o não cumprimento de alguma ordem emitida pela Suprema Corte dos Estados Unidos.

Se isso ocorrer, diz o jornal, o sistema de freios e contrapesos que sustenta o sistema constitucional americano pode entrar em colapso. Ou, dirão outros, expelir o transgressor.

Até agora, e apesar de contar com expressiva maioria conservadora (6 a 3), a Suprema Corte já reverteu três decretos de Trump que atropelavam a independência do Poder Legislativo. Outras 41 decisões judiciais tomadas por instâncias inferiores também suspenderam temporariamente a execução de decretos presidenciais.

TRUMP DESESPERADO – Há duas semanas, foi glacial o embate entre o próprio presidente da Corte, o conservador John Roberts, e o ocupante da Casa Branca, que pedia o impeachment do juiz distrital que contestou a legalidade da deportação de venezuelanos aprisionados.

Trump esperneou em letras maiúsculas: “VENCI COM UM MANDATO AVASSALADOR. E O MOTIVO NÚMERO 1 DESSA VITÓRIA HISTÓRICA É A LUTA CONTRA A IMIGRAÇÃO ILEGAL. Estou fazendo o que os ELEITORES querem que eu faça. Esse juiz, como tantos juízes corruptos perante os quais sou forçado a comparecer, deveria sofrer IMPEACHMENT”.

ENCRENCA GRANDE – A resposta do magistrado Roberts foi seca: “Por mais de dois séculos ficou estabelecido que o impeachment não é resposta adequada em caso de desacordo com uma decisão judicial”.

A tréplica de Trump foi atrevida, com ameaça irracional de chefete contrariado: “Se o ministro Roberts e a Suprema Corte dos Estados Unidos não consertarem IMEDIATAMENTE essa situação tóxica sem precedentes, nosso país estará em encrenca grande”.

O país de Trump já é uma grande encrenca, com raízes fincadas no Salão Oval da Casa Branca.

Galípolo não tem como atribuir a Campos Neto a crise do Banco Master

A imagem mostra dois homens em um evento. O homem à esquerda tem cabelo escuro e liso, vestindo um terno escuro e uma camisa clara. O homem à direita tem cabelo castanho e está usando um terno escuro com uma gravata clara. Ambos parecem estar em um ambiente formal, com um fundo desfocado que sugere um evento ou conferência.

Galípolo deu apoio às medidas tomadas por Campos Neto

Adriana Fernandes
Folha

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não vai culpar Roberto Campos Neto, seu antecessor no cargo, pela crise do Banco Master. A Folha ouviu de interlocutores que Galípolo tem dito que a ação do BC (Banco Central) na análise da compra do Master será estritamente técnica e que pretende afastar o uso político do caso num ambiente muito polarizado no Brasil. O presidente do BC vem defendendo a atuação regulatória da autarquia.

Desde que o BRB (Banco de Brasília) anunciou a compra do Master, no final de março, lideranças do PT e aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm responsabilizado Roberto Campos Neto pela demora em barrar as operações arriscadas com precatórios e CDBs com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) patrocinadas por Daniel Vorcaro, dono do Master.

HADDAD APROVEITA – Essa leitura é também compartilhada por integrantes da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que avaliam que houve uma demora de Campos Neto para agir.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, é um dos principais críticos da operação. Lindbergh apresentou ao Ministério Público Federal no Distrito Federal uma representação para que o órgão apure responsabilidades de Campos Neto e dos gestores do Banco Master em supostas manipulações envolvendo precatórios.

Procurados, BC e Campos Neto não comentaram o teor da reportagem. Campos Neto tem relação próxima com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, que no ano passado tentou aprovar uma emenda para elevar a cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

SEM APROVAÇÃO – O fundo garante a cobertura até R$ 250 mil de depósitos e aplicações nos casos de quebra de instituições financeiras. Nogueira propôs elevar esse limite para R$ 1 milhão, mas a iniciativa não prosperou.

O presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), Ricardo Capelli, também vem vociferando contra o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, pela compra do Master pelo BRB.

O atual presidente do BC era diretor de política monetária do BC quando o órgão regulador editou, em outubro de 2023, uma norma para apertar as regras de registro dos precatórios pelos bancos nos seus balanços.

OMISSÃO DE RISCOS – Na representação ao MPF do DF, o líder do PT faz referência à regra que permitiu que o Master e outras instituições financeiras omitissem riscos com precatórios e direitos creditórios em seu balanço.

Como mostrou a Folha, a norma retroagiu três meses para evitar uma corrida de bancos para comprar precatórios e pré-precatórios para fugir antes da regra mais dura.

O BC também fez mudanças no uso do FGC. Tais mudanças afetaram a estratégia do Master e de outros bancos na venda de CDBs com rentabilidade oferecida aos investidores acima do mercado e a propaganda de que o FGC garante o negócio.

MAIS REFORMAS – As medidas de aperto nas regras para evitar o crescimento do uso do BC foram tomadas, mas os grandes bancos consideraram insuficientes e vêm negociando com o BC uma reforma no modelo de contribuição do FGC, como revelou a Folha.

Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, que falaram na condição de anonimato, o presidente do BC tem ressaltado a importância da agenda de inovação e concorrência no sistema bancário. Essa agenda permitiu o avanço dos bancos digitais, aumentando a competição com os grandes bancos de varejo, e novos sistemas de pagamento, como o Pix.

Desde que assumiu a diretoria no BC, em janeiro deste ano, Galípolo tem evitado se alinhar às criticas contra Campos Neto. Em recente entrevista sobre o Relatório de Política Monetária, ele deixou claro que foi protagonista da decisão de elevar a taxa Selic em um ponto percentual, em dezembro passado. Nessa reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC sinalizou mais duas altas dos juros da mesma magnitude, que já ocorreram neste ano.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É claro que Galípolo não pode criticar Campos Neto, porque ele próprio apoiou as medidas do BC na gestão anterior. O caso Master é um golpe na praça, coisa que às vezes acontece no mercado financeiro. Esses rendimentos acima do normal, como os CDBs do Master, são iscas para pegar otário e podem não ter final feliz. Mas o golpe da estatização dos preços, no estilo do Banco PanAmericano de Silvio Santos, pare ter sido afastado. (C.N.)

Pílula, celibato e poder dos bispos serão os maiores desafios ao futuro Papa

Papa: os pobres não são lixo humano, precisam do nosso amor - Vatican News

“Os pobres não são lixo humano, precisam de nosso amor”

Elio Gaspari
O Globo

O cardeal argentino Jorge Bergoglio foi eleito papa em março de 2013. Desde 2005, quando foi o segundo mais votado no conclave que elegeu Bento 16, ele admitia a possibilidade de vir a ser escolhido e pensava em tomar o nome de João 24. Seria o sinal de que estava determinado a sacudir a Igreja Católica, como havia feito João 23 (1958-1963).

Angelo Roncalli, patriarca de Veneza, foi eleito papa aos 76 anos e acreditava-se que faria um breve pontificado de transição. Breve foi, pois João 23 morreu em 1963, mas nada teve de transitório. Ele convocou um Concílio Ecumênico, aproximou-se das outras igrejas cristãs e diminuiu o fosso que separava os católicos dos judeus.

PERDENDO FIÉIS – Depois de João 23 vieram cinco papas. Os avanços do Concílio foram contidos, e o catolicismo perdeu milhões de fiéis. O crescimento das igrejas evangélicas no Brasil é um exemplo dessa migração. Aferrada ao celibato dos padres e à condenação da pílula, a Igreja Católica vive uma crise de vocações e de fiéis. A isso somou-se o escândalo multinacional dos abusos sexuais praticados por religiosos e acobertados pela hierarquia.

Centenas de padres e dezenas de bispos perderam a batina. Os casos mais explosivos foram os dos arcebispos de Boston e Washington, cardeais Bernard Law e Theodore McCarrick. Eles encarnavam o poder da púrpura. Amigos de presidentes, administravam fundos milionários. A primeira denúncia contra McCarrick surgiu nos anos 80, e elas abundaram.

O arcebispo parecia blindado e, em 2001, tornou-se cardeal. Em 2002, Law renunciou, mas seu colega resistiu até 2006. Nove anos depois, perdeu a batina e morreu no último dia 3, aos 94 anos.

PENSAR NOS POBRES – Bergoglio queria ser João 24 mas, por algum motivo, teria ouvido um pedido de seu colega, o brasileiro Cláudio Hummes (1934-2022), para que pensasse nos pobres e chamou-se Francisco. Bergoglio mudou de ideia, mas não a esqueceu.

No ano passado, especulando sobre o próximo pontificado, Francisco não discutia listas de cardeais, mas tentava prever o nome do novo pontífice. Ele torcia por um João 24.

Francisco não sacudiu a Igreja como João 23, mas fez o que pode. Enfrentou a máquina da Cúria com uma disposição que faltou a Bento 16, levando-o à renúncia. Teve opositores ferozes e reagiu com coragem. Em 2024, Francisco excomungou o arcebispo Carlo Maria Viganó, que havia sido núncio apostólico em Washington e estava a um passo do barrete cardinalício.

O QUE FALTA FAZER – Em seus 12 anos de pontificado, Francisco nomeou 108 dos 135 cardeais aptos a votar no próximo conclave. Em 2013, quando Bergoglio foi eleito, houve uma surpresa geral com a escolha de um argentino. No Brasil, o repórter Gerson Camarotti havia chamado atenção para seu nome. Afinal, no conclave anterior ele havia sido o segundo mais votado.

Se o próximo papa tomar o nome de João 24, Francisco terá deixado um legado simbólico. Três questões, vindas do Concílio Vaticano 2º continuarão diante da Basílica de São Pedro. A saber:

1- A utilização da pílula anticoncepcional pelas fiéis; 2- O celibato dos padres; 3- A extensão do poder dos bispos e de suas conferências nacionais na condução dos assuntos da Igreja.

O tempo passa, e o povo continua na vida de gado que Zé Ramalho denunciou

Zé Ramalho faz show 'Especial Dia dos Pais' em Goiânia - Goiás Notícia

Zé Ramalho, ligado no sofrimento do povo

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O cantor e compositor paraibano José Ramalho Neto, mais conhecido como Zé Ramalho, em 1979 lançou o LP A Peleja do Diabo Com o Dono do Céu, pela EPIC/CBS, onde a música “Admirável Gado Novo” destacou-se como sucesso, mormente, pela crítica que sua letra fazia à ditadura militar e ao conformismo da maior parte do povo, comparado ao gado, “povo marcado, povo feliz”. Povo (massa) que paga impostos (dá muito mais do que recebe).

A ditadura militar acabou, mas a letra da música continua bastante atual, diante do quadro econômico-político-social vigente no país.

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ADMIRÁVEL GADO NOVO
Zé Ramalho

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou!
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!

O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam esta vida numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível,
Não voam, nem se pode flutuar
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!

Escândalo no governo! Presidente do INSS é afastado após operação da PF

Alessandro Stefanutto, presidente do INSS | Agência Brasil

Stefanutto envolvido em escândalo de R$ 6,3 bilhões

Deu no Extra

O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi afastado da sua função nesta quarta-feira (23) após operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) que investiga fraudes na entidade. Ele foi alvo de buscas no gabinete e em sua residência.

A PF e a CGU fazem, nesta quarta-feira, uma operação para combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados feitos por sindicatos em aposentadorias e pensões. Segundo a PF, as entidades investigadas — que representavam esses beneficiários — descontaram de aposentados e pensionistas, sem autorização, o valor estimado de R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024.

211 MANDATOS – A polícia ainda não detalhou como o esquema funcionava na prática, mas informou que tinha relação com as mensalidades associativas aplicados sobre os benefícios previdenciários, principalmente aposentadorias e pensões, concedidos pelo INSS.

Estão sendo cumpridos 211 mandados judiciais de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e nos estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. A operação é intitulada “Sem desconto”.

“As investigações identificaram a existência de irregularidades relacionadas aos descontos de mensalidades associativas aplicados sobre os benefícios previdenciários, principalmente aposentadorias e pensões, concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)”, informaram a PF e a CGU.

DIVERSOS CRIMES – Seis servidores públicos foram afastados de suas funções. Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, estiveram reunidos na manhã desta quarta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio da Alvorada.

O encontro ocorreu para tratar da operação, que mexeu com o alto escalão do INSS.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– As águas de março já se foram, fechando o verão, mas restou a filosofia de Tom Jobim sobre o Brasil: “É a lama, é a lama…”. (C.N.)

Reforma ministerial adiada e os desafios de composição do governo Lula até 2026

Lula deve ‘perder’ mais da metade dos ministros para as eleições

Pedro do Coutto

Com a reforma ministerial ainda indefinida, o presidente Lula da Silva aproxima-se de um cenário praticamente inevitável: a saída de mais da metade dos atuais ministros até abril de 2026, prazo estipulado pela legislação eleitoral para a desincompatibilização de ocupantes de cargos públicos que pretendem disputar as eleições. Dos 38 ministros que atualmente compõem a Esplanada, ao menos 20 manifestam interesse em concorrer a cargos eletivos no pleito do próximo ano.

A decisão do presidente de postergar uma ampla reestruturação ministerial — aguardada desde o final de 2023 — poderá forçá-lo a promover mudanças em um curto intervalo de tempo, sem margem suficiente para articulações políticas consistentes ou substituições estratégicas.

MOMENTO IDEAL – Avaliações internas no governo, ainda que reservadas, indicam que Lula pode ter perdido o momento ideal para uma reformulação substancial de sua equipe. Com o calendário eleitoral se aproximando, a tendência é que as alterações sejam pontuais, priorizando aliados estratégicos ou respondendo a eventuais crises administrativas. Uma reconfiguração mais abrangente deve ocorrer apenas após abril de 2026, quando ficará evidente quais ministros permanecerão até o fim do mandato e quais buscarão novos cargos no Executivo ou no Legislativo.

A legislação eleitoral determina o afastamento de ministros e outros ocupantes de cargos públicos até seis meses antes do pleito — marco que se encerra no início de abril de 2026. Diversos ministros já sinalizaram intenção de disputar cargos como deputado federal, senador ou governador. O caso mais emblemático é o do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que cogita concorrer ao Senado pela Bahia. Já a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, deve retomar sua atuação na Câmara dos Deputados. Para o Partido dos Trabalhadores (PT), a presença de Gleisi no Parlamento é estratégica, tanto por seu capital eleitoral quanto por sua atuação combativa — considerada essencial em um eventual cenário adverso.

Outro nome sob análise é o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Embora ele tenha afirmado que não pretende se candidatar, Lula avalia que Haddad poderia representar uma candidatura competitiva ao Senado por São Paulo. Preocupado com o avanço da oposição, especialmente do bolsonarismo, no Congresso Nacional, o presidente planeja lançar candidaturas de peso nos principais colégios eleitorais. Essa estratégia inclui também o ministro do Empreendedorismo, Márcio França, que manifesta interesse em disputar o governo paulista, ainda que sua candidatura dependa do apoio do PT.

LICENCIADOS – Entre os ministros em exercício, quatro são senadores licenciados. Apenas Carlos Fávaro (Agricultura) possui mandato com término previsto para 2026 e deve buscar a reeleição. Já Camilo Santana (Educação) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), com mandatos até 2030, pretendem permanecer no Executivo. Renan Filho (Transportes), também com mandato vigente até 2030, já anunciou que deixará o ministério em abril de 2026. Seu objetivo é compor a chapa de reeleição de Lula como candidato à vice-presidência. Caso isso não se concretize, deve disputar novamente o governo de Alagoas.

As saídas de Simone Tebet (Planejamento) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) são dadas como certas. Tebet pretende disputar o Senado, mas enfrenta resistências no MDB de Mato Grosso do Sul, seu estado de origem. Cogita-se a transferência de seu domicílio eleitoral para São Paulo, alternativa que enfrenta obstáculos, sobretudo pela influência de figuras como Michel Temer e Ricardo Nunes no MDB paulista. Silveira, por sua vez, avalia disputar o Senado ou o governo de Minas Gerais, caso o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, decida não concorrer. Se não for candidato, Silveira poderá coordenar a campanha de Lula no estado, onde o presidente busca ampliar sua base de apoio.

Alguns ministros de perfil político manifestam a intenção de permanecer no cargo até o final do mandato, como Alexandre Padilha (Saúde), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Carlos Lupi (Previdência), além de Camilo Santana e Wellington Dias. Todavia, esse cenário poderá ser alterado em função de rearranjos partidários e pressões regionais.

RELEVÂNCIA – É necessário destacar que há, no atual quadro ministerial, titulares cujas ações são pouco visíveis ou praticamente desconhecidas da opinião pública. Muitos permanecem no cargo desde o início do governo sem protagonizar iniciativas relevantes que impactem diretamente a melhoria das condições de vida da população. Uma análise criteriosa da atuação de cada ministério revela uma performance aquém das expectativas, o que pode comprometer o capital político do presidente da República e da administração federal como um todo.

Diante desse panorama, seria oportuno que o presidente exigisse de cada ministro um balanço das ações realizadas, com metas e resultados concretos, para que se possa prestar contas à população de forma transparente e efetiva.

Atualmente, o governo empreende uma ofensiva publicitária sob a coordenação do ministro Sidônio Palmeira, titular da Secretaria de Comunicação Social. Entretanto, a estratégia de comunicação tem priorizado uma abordagem estética e institucional, sem atingir diretamente seu público-alvo: os eleitores. A narrativa oficial destaca programas e iniciativas, mas falha em conectar essas ações a resultados tangíveis que sensibilizem a população. A publicidade governamental, embora bem produzida, carece de efetividade ao transmitir uma mensagem que reverbere nas camadas sociais mais amplas, especialmente aquelas que mais dependem das políticas públicas.

Criminalista que pediu o afastamento de Moraes alega transtornos psiquiátricos

OAB é cúmplice da ditadura de toga e viola o Estatuto", afirma advogado Paulo Faria - Donny Silva

Paulo Faria diz que há evidências de desequilíbrio emocional

Carlos Newton

O advogado Paulo Faria, que defende o ex-deputado Daniel Silveira, publicou nas redes sociais a notícia de que protocolou um requerimento ao presidente do Supremo Tribunal Federal pedindo o afastamento imediato do ministro Alexandre de Moraes por motivos psicológicos e psiquiátricos.

No texto, o advogado explica que se baseou na Resolução do Conselho Nacional de Justiça nº 207/2015 — que se refere à saúde mental de magistrados.

CONDUTAS INCOMPATÍVEIS – O requerimento protocolado no CNJ aponta condutas graves e incompatíveis com o cargo, como decisões impulsivas e autoritárias; perseguição a advogados, jornalistas e cidadãos; desrespeito às normas constitucionais, como a impessoalidade; linguagem inapropriada e personalista nas decisões; multas abusivas e desprezo por direitos humanos.

O advogado do ex-deputado Daniel Silveira revela que o requerimento também menciona incidentes diplomáticos envolvendo o ministro Moraes, como a suspensão da rede social X (antigo Twitter), gerando atritos com os Estados Unidos, e a recusa em extraditar um traficante búlgaro para a Espanha, enquanto tenta pressionar pela extradição do jornalista Oswaldo Eustáquio, investigado por crime de opinião, que vive na Espanha, foi protegido pela Suprema Corte em Madri e não pretende sair daquele país.

PROTEGER O STF – O objetivo, segundo Faria, “é proteger a Suprema Corte diante dos arbítrios monocráticos de Moraes” em diversos inquéritos e processos que o ministro está relatando no Supremo.

Com base em indícios de transtorno de personalidade antissocial (psicopatia), o advogado solicita avaliação médica multidisciplinar, afastamento cautelar e, se for o caso, tratamento compulsório.

Além das decisões equivocadas do próprio Moraes, claramente exageradas e passionais, a petição de Paulo Faria está fundamentada também por notícias publicadas em fontes como The Economist, CNN Brasil, Estadão, Senado Federal e Organização Mundial de Saúde.

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P.S.
A informação sobre o requerimento do advogado Paulo Faria foi enviada à Tribuna por Mário Assis Causanilhas. É preciso lembrar que realmente existe a possibilidade de uma autoridade sofrer transtornos mentais, como está previsto na Resolução 207 do CNJ. Aqui na Tribuna há meses estamos publicando comentários a esse respeito. Aliás, é impressionante que os demais ministros do STF e o procurador-geral da República, que trabalham diariamente com Moraes, ainda não tenham percebido que há algo de podre no reino da Dinamarca, porque tudo indica que o ministro realmente necessita de tratamento especializado. Na História do Supremo, jamais se viu algum de seus integrantes agindo da forma destrambelhada como ele procede. (C.N.)

Supremo não percebe que enfraquece a democracia ao alegar que tenta protegê-la

Dos 11 do Supremo, só 2 são juízes concursados – Por José Nêumane |  Brasilagro

Charge do Mariano (Charge Online)

Fabiano Lana
Estadão

Semana passada foi o caso do jornalista Oswaldo Eustáquio, cujo pedido de extradição solicitado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi negado pela Espanha. O juiz retaliou e se recusou a extraditar um suposto traficante para o país europeu. Mais uma vez, a discussão sobre os limites do Judiciário inflama o país.

Pesam várias acusações graves contra o jornalista, inclusive conspirar contra o Estado de Direito. Para as autoridades espanholas, se trata de perseguição política. Mas a questão é que para enquadrar tipos radicais como ele parece valer tudo. Romper com outras nações democráticas inclusive. Além disso, semana que vem pode haver outro caso. Todos os meses há algum episódio de suposto abuso, em geral, envolvendo Alexandre de Moraes e seu eterno inquérito sobre os atos antidemocráticos.

POLOS DESEQUILIBRADOS – A questão é que o Brasil parece ter dois polos desequilibrados. De um lado um grupo que não é afeito à democracia e de fato tentou o golpe de Estado no Brasil. E nisso teve apoio velado ou aberto de milhares de pessoas.

De outro, no argumento de que é preciso proteger o Estado de Direito, tornou-se banal lançar mão de medidas típicas de regimes autoritários, como a censura prévia, certa opacidade em trâmites processuais, prisões excessivas, e mesmo ameaças retóricas a quem não se enquadrar devidamente.

A perplexidade que isso gera em quem não está nem do lado dos investigados, nem dos investigadores, aumenta a cada um dos novos casos que surgem. Parece haver falta de equilíbrio de ambos os lados.

AUTORITARISMO – A imagem ruim que fica é que, como país, não conseguimos resolver nossos problemas mais graves de proteção à democracia de maneira sensata – e que a saída tem sido apelar para a truculência.

Mais do que aplicar leis, o poder Judiciário precisa oferecer confiança à sociedade. E confiança no sentido daquele lugar-comum: “Decisão judicial não se discute, se cumpre”. E segue a vida.

A maneira como o Supremo tem conduzido tantos casos, como o de Osvaldo Eustáquio ou da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos – com pedido de prisão de 14 anos – tem elevado a suspeita sobre nossos principais magistrados de que fazem mais política do que justiça. Compartilham essa desconfiança gente que também tem horror aos golpistas e aos eventos de 8/1 e querem uma punição justa e proporcional para todos (o ex-presidente Jair Bolsonaro incluído).

REMUNERAÇÃO ABUSIVA – A todas essas questões se somam as seguidas e mesmo chocantes informações sobre a remuneração abusiva dos integrantes do judiciário. Na mais recente, deste Estadão, Pedro Fernando Nery e Wesley Galzo mostraram que uma sutil alteração no sistema de pagamento de diárias do STF instituiu novo benefício, de R$ 10 mil, para todos os juízes auxiliares e instrutores da Corte, inclusive para aqueles que moram em Brasília.

O curioso nisso tem sido a reação do Supremo. Como se estivesse sendo criticado apenas por gente de má-fé ou incrivelmente mal-informada. Na verdade, tem fechado os olhos para um movimento que corrói diariamente suas bases de apoio na sociedade – que deixa de ver os juízes como autoridades da lei, mas como gente presa aos próprios autointeresses pessoais ou políticos.