Qualquer um que enfrente Lula ou a direita é competitivo no 2º turno

LANÇAMENTO DO EDITAL PARA CONSTRUÇÃO DO TÚNEL SANTOS GUARUJÁ/ LULA/ TARCÍSIO DE FREITAS. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Se a família Bolsonaro não atrapalhar, Tarcísio vence Lula

Fabiano Lana
Estadão

Praticamente qualquer pessoa no Brasil, um anônimo sem militância, por exemplo, se for disputar um eventual segundo turno contra o presidente Lula, terá no mínimo uns 30% dos votos. Talvez 40%, e poderá até mesmo ser competitivo. Porque, no País, o voto “anti”, seja para afastar Lula ou evitar um postulante de direita, é suficientemente forte para atrair milhões. Logo, não é nenhuma surpresa que o cenário eleitoral siga embolado, com uma certa vantagem para Lula, de acordo com a pesquisa Quaest divulgada nesta quinta-feira, 13.

Em um cenário previsto com a economia nem bombando nem em parafuso, sabemos de antemão que uma cidade como Caruaru, em Pernambuco, irá oferecer mais votos para Lula do que para a direita, em 2026. O contrário, em Blumenau, no Estado de Santa Catarina.

OS INDECISOS – Os votos no País estão cristalizados em cidades, regiões, Estados, classes sociais. A disputa hoje se dá por uma minoria ao centro, uma parcela de indecisos que ambos os polos ideológicos parecem fazer questão de desagradar, quase diariamente. Mas o lado que menos torturar mentalmente esse eleitor moderado tem grandes chances de vencer a eleição.

Como houve, em um mês, expressiva redução da vantagem de Lula para todos os demais concorrentes, é possível concluir que a pauta da segurança pública é ruim para a esquerda. Além da operação policial com mais de uma centena de mortes no Rio de Janeiro, houve declarações de Lula que podem ser interpretadas como prejudiciais eleitoralmente. Jogou esse pessoal do centro para a direita.

Por outro lado, as ações nos Estados Unidos de Eduardo Bolsonaro, o filho que tenta segurar para si o espólio da família, podem atrair parte de uma direita mais radical em torno do seu nome. Tanto que chega a pontuar razoavelmente no primeiro turno. Num cenário com o Tarcísio, ambos estão em empate técnico no segundo lugar. Mas, definitivamente, Eduardo é um polo de aversão desse eleitor centrista. No final das contas, ajuda Lula.

TARCÍSIO CRESCE – Com a iminente ida de Jair Bolsonaro para a prisão, o candidato mais forte para derrotar Lula, de acordo com as sondagens, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Suas últimas declarações contra o Supremo Tribunal Federal, em eventos públicos, podem ter sido necessárias para atrair o voto bolsonarista. O efeito colateral é afastar esses volúveis centristas.

Após o barulho, Tarcísio mergulhou na administração de São Paulo. Parece que, discretamente, já monta uma equipe para disputar o Planalto. Os governadores Ronaldo Caiado, de Goiás, Ratinho Júnior, do Paraná, e Romeu Zema, de Minas, ficam em compasso de espera para se lançarem como plano B. De volta ao PSDB após décadas, Ciro Gomes surge como franco atirador. Não se sabe se terá legenda para disputar.

LEVE FAVORITISMO – A eleição, portanto, segue aberta com leve favoritismo para Lula. O presidente controla sua base e pode vir com uma proposta moderada – os mais à esquerda irão votar nele, mesmo com os muxoxos de reprovação em algumas questões aqui ou ali.

 Para vencê-lo, a direita precisaria vir bastante unida e com uma pauta que também atraia o centro. Uma das tarefas nesse caminho seria neutralizar a tentativa de algum Bolsonaro – seja Eduardo, Michelle ou mesmo Flávio – de se lançar no pleito. E para isso irão precisar de fazer bastante política. Os cerca de 40% que querem votar no anti-Lula qualquer seguem à espera do nome competitivo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O artigo é excelente, mas parte do princípio de que a Segunda Turma do Supremo vá confirmar a prisão de Bolsonaro, mas não consigo enxergar Luiz Fux, Nunes Marques e André Mendonça votando para prender Bolsonaro. Pelo contrário, acho até inconcebível. Vamos aguardar. (C.N.)

Além de saber da fraude, Messias ignorou alerta sobre irmão de Lula

Nenhum país pode ditar a Justiça no Brasil, diz ministro da AGU

Messias é distraído e esqueceu de investigar fraude no INSS

Vinícius Valfré
Estadão

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, ignorou um alerta do próprio órgão que apontou o sindicato do irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como um dos principais envolvidos em suspeitas de descontos associativos ilegais a aposentados.

Procurada, a AGU alegou que o documento em questão — fruto de uma fiscalização em uma de suas equipes com 63 procuradores da região Sul — não tinha objetivo identificar fraudes e não levantou elementos suficientes para providência judicial. Disse ainda que atuou tecnicamente com base em critério aplicado a partir de apurações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU).

FREI CHICO – O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi-FS) aparece em um processo interno da AGU, de 2024 que listou nove “principais” entidades com “aumento significativo” de reclamações judiciais sobre descontos não autorizados. O sindicato tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão de Lula.

Esse processo reunia informações para que, “caso comprovadas as irregularidades na inclusão dos descontos”, fosse realizado o “cancelamento dos convênios” com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Os documentos afirmam textualmente que essas informações serviriam para “encaminhamento de pedido de providências” junto à autarquia previdenciária para dar “início ao procedimento de averiguação de indícios de irregularidades e instauração de processo administrativo de cancelamento dos convênios”. A observação foi feita em abril de 2024.

MESSIAS ESQUECEU – Ao pedir à Justiça, em 8 de maio de 2025, o bloqueio de bens de entidades suspeitas de fraudar aposentados, Messias não levou em conta esses achados da AGU e deixou de fora seis das nove entidades mencionadas no levantamento da instituição que lidera..

A medida, que pretendia bloquear R$ 2,5 bilhões em bens, foi anunciada pelo ministro após a primeira fase da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, no mês anterior. Além do Sindnapi, Conafer, Master Prev, Cobap, Unipab e Abamsp estavam citadas no mesmo documento da AGU, como “principais” suspeitas, e foram poupadas dos primeiros pedidos de bloqueio apresentados por Jorge Messias contra 12 entidades. Das nove, AAPB, a AP Brasil e Unaspub apareceram concomitantemente nas duas listas.

Àquela altura, já se sabia que o suposto esquema envolvia associações e sindicatos maiores, como o Sindnapi e a Contag — esta também ligada ao governo, com dirigentes do PT e PCdoB. Ambas tinham sido alvo da operação da PF, em abril. A Contag é a entidade que mais arrecadou com descontos associativos. Entre 2016 e janeiro de 2025, foram R$ 3,4 bilhões, segundo dados levantados pela CGU.

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P.S.
– Está explicado por que Bessias (como Dilma o chama) é, hoje, o mais cotado para ser indicado por Lula à vaga no Supremo, aberta com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. Bessias se encaixa como uma luva em qualquer posto no governo Lula. É apenas mais um petista a serviço da corrupção. (C.N.)

Brasil espera resposta dos EUA para fechar acordo provisório ainda este mês

Vieira diz que espera resposta sobre um ‘mapa do caminho’

Deu no G1

Após a revogação parcial do tarifaço de café, carne, banana e outros produtos agrícolas, agora o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, aguarda uma resposta dos Estados Unidos sobre um “mapa do caminho” para orientar as negociações bilaterais destinadas a solucionar as pendências comerciais entre os dois países.

O Brasil busca derrubar o tarifaço de 50% imposto pelos EUA a uma série de produtos do Brasil. Vieira se encontrou duas vezes com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, durante o G7 no Canadá, na última quarta-feira (12), e uma vez em Washington, capital dos EUA na quinta-feira(13). Após a reunião, Vieira falou com a imprensa. Segundo o chanceler, Rubio demonstrou interesse pessoal — e do governo dos EUA — em avançar rapidamente nas tratativas com o Brasil.

REUNIÃO VIRTUAL – O ministro explicou que, em 4 de novembro, houve uma reunião virtual de alto nível entre autoridades do Itamaraty, do Ministério da Fazenda e do MDIC com suas contrapartes dos EUA. Nessa reunião, o Brasil apresentou uma resposta detalhada à lista de temas que Washington havia enviado em 16 de outubro.

“Apresentamos nossas propostas para a solução das questões. Agora estamos esperando que eles nos respondam”, disse Vieira. Rubio disse que resposta deve vir “muito rapidamente”

ANÁLISE – Vieira relatou que Marco Rubio afirmou que os EUA estão analisando o documento brasileiro e devem responder ainda no início desta semana. Segundo o chanceler, Rubio expressou a intenção do governo americano de resolver rapidamente as pendências bilaterais.

De acordo com Vieira, Rubio mencionou comentários do presidente Donald Trump, que disse ter gostado muito da reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Malásia e manifestou vontade de avançar na solução das questões comerciais.

Vieira afirmou que os dois lados querem concluir até o fim deste mês — ou, no máximo, no início do próximo — um acordo provisório que crie um “mapa do caminho” para as negociações.

INTERESSE AMERICANO – Esse roteiro deverá guiar as discussões por um a dois anos, até a conclusão de um acordo abrangente.

“É uma demonstração do interesse do governo americano em solucionar as questões pendentes e de se aproximar do Brasil”, disse o ministro.

Questionado sobre o fim das tarifas especiais sobre outras exportações brasileiras, Vieira explicou que, nos encontros com Rubio, discutiu apenas o marco geral da negociação e o governo Trump ainda não sinalizou os próximos passos.

Mendonça acusa STF de ativismo judicial e desafia maioria da Corte

Mendonça sugere que juiz gere paz, não caos

Samuel Lima
O Globo

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), alegou nesta segunda-feira, 17, que colegas da Corte agem com ativismo judicial em alguns casos e defendem a prática. A fala ocorreu durante almoço com empresários organizado pelo grupo Lide, em São Paulo.

— Tem que ter lei, tem que aplicar a lei. O grande problema é compreender que cabe ao Judiciário dar a última palavra e criar os próprios marcos limitadores — declarou o ministro.

MARCO CIVIL – Em seguida, deu como exemplo o julgamento sobre a responsabilidade das redes sociais frente ao Marco Civil da Internet, concluído em junho deste ano. Por maioria, o Supremo decidiu pela inconstitucionalidade de um artigo, de modo a exigir uma atuação preventiva mesmo sem notificação da Justiça em conteúdos graves, como pornografia infantil, terrorismo e crimes contra o Estado de Direito.

— Com a devida vênia da maioria que se formou, na própria decisão do Marco Civil da Internet, nós criamos restrições sem lei. Isso se chama ativismo judicial. E os próprios colegas têm defendido esse ativismo. Eu não defendo — disse ele.

O ministro fez as declarações nesta segunda do Almoço Empresarial Lide, em São Paulo. O encontro reuniu empresários, executivos e autoridades para discutir temas ligados à segurança jurídica e ao ambiente de negócios no Brasil.

LIVRE INICIATIVA – Mendonça procurou se apresentar no evento como um ministro equilibrado, que apoia a livre iniciativa e que não gosta de dar opiniões políticas. Em mais de um momento, contudo, fez acenos aos empresários, como ao dizer que, no Brasil, eles seriam “heróis que amanhecem o dia já devendo praticamente um terço do seu faturamento a um sócio oculto, que é o Estado”.

Indicado por Jair Bolsonaro (PL), numa vaga prometida pelo ex-presidente como sendo de um ministro “terrivelmente evangélico”, Mendonça foi celebrado por convidados como o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), e o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), como um defensor dos “valores da família”, em uma referência politizada no meio conservador.

REFORMA ADMINISTRATIVA – Ao final do evento, quando perguntado sobre os benefícios que gozam os membros do Judiciário, o ministro declarou ser favorável a uma revisão na reforma administrativa. As críticas incidem, principalmente, sobre os penduricalhos, auxílios e indenizações de toda ordem que resultam em supersalários de juízes e promotores do Ministério Público, acima do teto salarial equivalente aos ganhos de um juiz do STF.

— Há uma preocupação, posso lhe dizer isso, por parte do Supremo Tribunal com essa escala de benefícios financeiros que estão sendo distribuídos em instituições de Justiça como um todo. A gente tem que ter um nível de normalidade.

“GANHAR BEM” – Segundo ele, os magistrados e promotores precisam “ganhar bem”, porque há grande responsabilidade e risco na atividade. Além de custos altos, por exemplo, com educação privada para a classe média, da qual eles fariam parte.

— Nós, em tese, integramos uma classe média, então, a gente tem que procurar um plano de saúde diferente, uma escola com custo. Isso acaba impactando muito a questão salarial, mas, ao mesmo tempo, precisamos ter um teto mais respeitoso e mais respeitado.

Corruptos ligados ao PT estão sendo recebidos com tapete vermelho pela CGU

Tribuna da Internet | Lula vacila muito no combate à corrupção, ao invés de  amarrar as próprias mãos

Charge do Miguel (Arquivo Google)

Eduardo Barretto e Vinícius Valfré
Estadão

A Controladoria-Geral da União (CGU) recebeu para uma reunião a cúpula da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), investigada por supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O encontro dos principais auxiliares do ministro da CGU, Vinícius Carvalho, com a entidade ligada ao PT aconteceu uma semana após a própria controladoria apontar que a entidade tentou descontar benefícios de 22 mortos. A Contag é investigada pela CGU, pela Polícia Federal e pela CPI do INSS.

Em 30 de julho, uma semana antes da reunião, uma nota técnica da CGU concluiu que a Contag tentou descontar benefícios previdenciários de ao menos 22 pessoas que estavam mortas havia mais de três meses. O documento, revelado pelo Estadão, foi enviado à CPI do INSS, e recomendou a abertura de uma investigação na CGU contra a Contag.

DIÁLOGO INSTITUCIONAL – A reunião aconteceu em 5 de agosto deste ano na sede da CGU, das 15h às 16h. A Coluna do Estadão apurou que quem conduziu a agenda foi Alfredo Ermirio, chefe de gabinete do ministro da CGU. Também participaram a assessora especial do ministro Maria Victoria Hernandez e o assessor Pablo Souza. Do lado da Contag, estavam a presidente, Vânia Marques; o secretário de Políticas Sociais, Antônio Erinaldo; o assessor jurídico Antônio Farani; e o assessor Evandro Melo.

Procurada pela Coluna do Estadão, a CGU afirmou que a reunião teve caráter de “diálogo institucional” e tratou de uma auditoria sobre descontos de beneficiários do INSS. O ministério negou conflito de interesses por ter se reunido com a entidade investigada. A Coluna pediu que a CGU enviasse a ata da reunião, o que não aconteceu.

Ao contrário da pasta, a Contag disse que o encontro tratou apenas das reivindicações da entidade para a agricultura familiar, assunto que sequer foi mencionado na nota da CGU.

R$ 2 BILHÕES – A investigação teve início em setembro com a instauração de um processo administrativo de responsabilização (PAR). Esse tipo de apuração investiga condutas de empresas por atos lesivos à administração pública com base na Lei Anticorrupção. A CGU afirmou que o processo segue tramitando e deve ser concluído até junho de 2026.

Os auditores apontaram diversas suspeitas em relação à entidade. Uma delas foi a de apresentar autorizações inaptas “de maneira massiva” para descontos em benefícios. Segundo o relatório, a Contag também produziu documentos falsos para a obtenção de acordos com beneficiários.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou à CPI do INSS que a Contag movimentou R$ 2 bilhões em um ano. De acordo com o órgão de combate à lavagem de dinheiro, uma parte das transações foi classificada como “suspeitas de irregularidades, podendo caracterizar desvio com fraudes”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A Contag é uma associação politicamente próxima do PT, partido do presidente Lula. Além de sindicatos de trabalhadores rurais, a associação reúne a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), grupos historicamente apoiadores dos governos petistas. O ex-presidente Aristides Veras, por exemplo, é irmão do deputado federal Carlos Veras (PT-PE). Mas o que esperar de uma organização ligada ao PT? É tudo uma lama, com Frei Chico, a nora e um dos filhos agora envolvidos em novas maracutaias. Com toda certeza, Lula não aprendeu nada naqueles 580 dias que passou na cadeia. É pena. (C.N.)  

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STF divulga ata do julgamento que manteve condenação de Bolsonaro e núcleo golpista

Análise dos recursos foi concluída na sexta-feira

Sarah Teófilo,
Mariana Muniz e
Daniel Gullino
O Globo

O Supremo Tribunal Federal (STF) publicou a ata do julgamento que confirmou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros seis réus por tentativa de golpe de Estado. A Primeira Turma concluiu na última sexta-feira a análise dos recursos apresentados pelas defesas, abrindo prazo para novas contestações.

Os quatro ministros da Primeira Turma já haviam votado no dia 7, o do julgamento, para rejeitar os embargos de declaração, tipo de recurso utilizado. Entretanto, a análise continuou no plenário virtual por uma semana.

RECURSOS – Os ministros também decidiram rejeitar os recursos dos ex-ministros Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos e do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Dos oito condenados, apenas o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, não recorreu. Ele foi condenado a dois anos de prisão em regime aberto. Ainda será publicado o acórdão, documento que oficializa o resultado do julgamento. A partir daí, começa o prazo para a apresentação de novos recursos. Os advogados podem optar por protocolar novos embargos de declaração (os chamados “embargos dos embargos”). Nesse caso, o prazo é de cinco dias.

Outra possibilidade é a interposição dos embargos infringentes. Os dois recursos têm finalidades diferentes. Os embargos de declaração servem para esclarecer dúvidas, contradições ou omissões de uma sentença.

SEM ALTERAÇÃO – No julgamento que terminou, os ministros da Primeira Turma já consideraram que não havia o que ser alterado no resultado do julgamento que condenou Bolsonaro e aliados. As defesas, contudo, podem tentar insistir que alguns dos seus questionamentos não foram abordados.

Não existe um limite definido para os embargos de declaração, mas o Código de Processo Civil estabelece que não serão admitidos novos recursos desse tipo quando os dois anteriores tiverem sido considerados “meramente protelatórios”.

Já os embargos infringentes servem para questionar julgamentos não unânimes. O entendimento atual do STF, no entanto, é que esse tipo de recurso só pode ser apresentado quando houver dois votos divergentes, nas análises pelas turmas. No caso de Bolsonaro e da maioria dos réus, só houve um voto pela absolvição, do ministro Luiz Fux. Por isso, uma tentativa nesse sentido não deve prosperar.

Trump admite negociar com Maduro enquanto intensifica pressão militar no Caribe

Se você perguntar se a democracia acabará um dia, a resposta será sim

Democracia neste sete de abril - Rede Humaniza SUSRede Humaniza SUS - O SUS  QUE DÁ CERTO

Charge do Solda (soldacaustico.com)

Luiz Felipe Pondé
Folha

O que é a história? Vejamos o que diz o historiador francês Fernand Braudel. “A história não é outra coisa senão uma constante interrogação feita ao tempo passado em nome de problemas e curiosidades —e mesmo de inquietações e angústias— do tempo presente que nos cerca e nos assola”. O trecho está na coletânea “La Méditerranée”, pela editora Flammarion, apresentada pelo historiador François Hartog, que tem um ensaio de Georges Duby e cinco textos do próprio Braudel, que a organizou.

Braudel dirá que se trata de um diálogo entre os tempos. Diálogo este em que o tempo presente busca no tempo passado as causas do que ele é. “Ter sido é uma condição para ser.” Quem não conhece o passado não sabe o que ele é no presente. Quem não tem passado não existe propriamente. E sabemos que quando falamos de tempo em Braudel, falamos da “longue durée” — longa duração —, uma história que se declina mesmo em tempo geográfico.

VOCAÇÃO AO VAZIO – A partir desse enquadre historiográfico, percebemos que a modernidade tem um problema estrutural com relação ao conhecimento de si mesma, devido à dinâmica que a caracteriza como aquele tempo que despreza a priori o passado. Sendo assim, poderíamos dizer que a modernidade tem uma vocação intrínseca ao vazio em termos de identidade.

Indicativo dessa dinâmica está presente de forma evidente no manifesto futurista de 1909, escrito pelo italiano Fillippo Tommaso Marinetti, em que a velocidade, a modernidade e a máquina são celebradas como valores de um tempo voltado ao novo e despreza o passado.

Tratava-se de um daqueles movimentos artísticos bobos em que a partir do seu discurso estético escorria um gozo com a “destruição regeneradora” que deveria caracterizar o tempo futuro. Apesar de não se poder reduzir o futurismo ao fascismo, muitos futuristas aderiram a Mussolini como representante dessa modernidade violenta e regeneradora da Itália e do mundo.

SOMBRA FASCISTA – O elemento fascista na modernidade é algo que lhe é intrínseco, e temos que lembrar disso. Quando se celebra a modernidade há que se dar conta da sombra fascista que a acompanha. O culto da transformação violenta e do novo como valor em si, integra a dinâmica moderna tanto no fascismo italiano e alemão quanto na revolução bolchevique na Rússia.

Há um vínculo essencial entre modernidade, progresso e movimentos políticos totalitários, independentemente da bandeira ideológica que os anima.

Quando se interrompe o diálogo com o passado, como diz Braudel, interrompe-se o conhecimento do presente. Por isso mesmo, a modernidade carrega uma condição zumbi. Inquietações, angústias, curiosidades, problemas giram no vazio sem a capacidade de produzir consciência de si mesmos, principalmente na “longue durée” que caracteriza as questões humanas.

PASSADO/PRESENTE – Outro historiador, Dan Edelstein, professor em Stanford, no seu essencial livro “Revolution to Come: A History of an Idea from Thucydides to Lenin”, da Princeton University Press, indaga acerca da história da ideia de revolução desde a guerra do Peloponeso —século 5º a.C.

Num vasto trabalho de erudição, Edelstein dá um exemplo primoroso do que Braudel chamaria de diálogo entre o passado e o presente no qual, ao sabermos o que fomos, podemos melhor lidar com o que somos. No caso de Edelstein, se trata especificamente da história política ocidental.

Quando nos perguntamos sobre o conceito e valor das revoluções modernas, devemos saber de onde vem a expressão. O termo de origem é “stasis” em grego, usado por Tucídides, significando conflito, catástrofe social.

VALOR DO NOVO -A noção de progresso ou do valor intrínseco do novo como critério absoluto do que é bom é coisa do século 18 iluminista —como no caso do ingênuo e guilhotinado Condorcet. Mas mudanças políticas nem sempre foram vistas como valor positivo para a vida política de um povo. Durante a maior parte da história, mudanças políticas foram vistas como tragédia.

Segundo Políbio (200-118 a.C.), historiador grego radicado em Roma, autor de “Histórias”, os gregos e romanos viam os sistemas políticos como necessariamente perecíveis e vocacionados, antes de degenerar, a evitar que a sociedade ficasse pior do que já era, ao contrário de nós modernos, que vemos na política um modo de fazer o mundo melhor. Haveria algo de entrópico na ordem política. Concordo com os antigos: não há avanço.

No espírito de Braudel —e dos antigos—, se alguém se perguntar angustiado se a democracia acabará um dia, a resposta é, evidentemente, que sim. Olhando para o passado, vemos que tudo que é humano é efêmero.

Orçamento secreto não morreu e a emenda panetone faz a festa de Natal

Charge do Sinfrônio (Arquivo do Google)

Ranier Bragon
Mateus Vargas
Folha

Apesar de o Congresso Nacional controlar a destinação do valor recorde de cerca de R$ 50 bilhões em emendas parlamentares, a Comissão Mista de Orçamento do Legislativo negocia com o governo Lula (PT) uma palavra extra de fim de ano para cada um de seus membros, chamada por alguns de “emenda panetone”.

Sob o argumento de que essa é uma tradição não escrita, mas sempre cumprida todos os anos, os valores planejados são de R$ 3 milhões para cada membro da comissão, sendo R$ 5 milhões para os relatores setoriais. Além do valor final ainda não estar definido, a fonte do recurso também é objeto de disputa.

EMENDAS DE COMISSÃO – Segundo relatos de parlamentares ouvidos pela Folha, o governo quer que a verba seja retirado das chamadas emendas de comissão, dinheiro que teoricamente deveria ter a aplicação decidida pelas comissões temáticas da Câmara e do Senado, mas que na prática é usado pelo governo, líderes partidários e a cúpula do Congresso para obter apoio às suas demandas.

Já os membros da Comissão de Orçamento defendem que uma “emenda panetone” seja realizada no Orçamento do próprio governo, na rubrica RP2, em mais um drible à tentativa de fiscalização e rastreabilidade das emendas parlamentares.

REPÚDIO – Em nota, a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, comandada por Gleisi Hoffmann, afirmou que “nega e repudia as denúncias que a reportagem atribuída a fontes anônimas”. A Folha comprovou a existência de negociação com oito parlamentares, quatro deles do PT, partido de Gleisi. Todos falaram na condição “off the record”, jargão jornalístico que significa que a fonte consultada passou a informação através de uma condição de não ser identificada.

A Comissão Mista de Orçamento do Congresso é composta por 30 deputados federais e 10 senadores titulares, com igual número de suplentes. Ela tem como função a cada ano analisar e aprovar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que serve como base para a LOA (Lei Orçamentária Anual). As duas ainda não foram votadas, mas o objetivo é concluir a análise até dezembro. A reportagem também contou com os relatores da LDO, Gervásio Maia (PSB-PB), e da LOA, Isnaldo Bulhões Jr.

Há R$ 50,3 bilhões reservados no Orçamento de 2025 para emendas parlamentares. Deste valor, o governo já envolveu R$ 32,23 bilhões e pagou R$ 21,9 bilhões. Cerca de R$ 38,8 bilhões são de emendas impositivas individuais e das bancadas estaduais. Ainda há R$ 11,5 bilhões de verbas definidas pelas comissões temáticas do Congresso, a parcela mais vulnerável aos cortes e ao ritmo de execução imposto pelo Planalto.

SALTO – A explosão de palavras de emendas parlamentares ocorreu a partir de 2020, quando o recurso empenhado saltou de R$ 18,2 bilhões para R$ 50 bilhões de um ano para o outro. O aumento restringiu o orçamento dos ministérios, que tem até 70% dos recursos de custódia e investimentos definidos por parlamentares. Mesmo com controle inédito dos parlamentares, o governo federal tem negociado com o Congresso, não só no fim do ano, verbas extras que não ficam marcadas como emendas.

Na prática, os recursos também fogem dos controles de impostos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), como critério de plano de trabalho ou de criação de contas únicas para receber determinados tipos de emendas.

EMENDA INFORMAL – No Ministério da Saúde, repasses que se aproximam de R$ 5 bilhões são tratados nos bastidores como emenda informal. O governo nega que a palavra seja usada em negociações com o Congresso, ainda que os próprios parlamentares se refiram à palavra como uma indicação própria em ofícios, redes sociais e diálogos com os estados e municípios, como mostrado a Folha.

Nos anos 1990, uma comissão foi o epicentro de um dos principais escândalos políticos do final do século passado, o chamado esquema dos anões do Orçamento —a CPI que apurou o caso apontado que um grupo de deputados recebeu a propina de prefeitos e empresas para direcionar suas emendas.

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Reinvindicação dos guardas municipais é justa e necessária

Da Agência Câmara

Representantes das guardas municipais reivindicaram nesta terça-feira (11), durante audiência pública na Câmara dos Deputados, mudanças na Constituição que levem ao reconhecimento desses agentes de segurança como policiais.  Segundo o presidente do Conselho Nacional das Guardas Municipais, Gerson Nunes, decisões recentes do Supremo Tribunal Federal reconheceram as guardas municipais como força policial. “Já somos a polícia municipal nas ruas”, afirmou.

“O reconhecimento das guardas municipais como polícia não é mudar nada, não é inventar a roda, é reconhecer aquilo que já é e sempre foi”, disse o presidente da Associação Nacional de Guardas Municipais, Reinaldo Monteiro da Silva. Por sua vez, Reinaldo Silva explicou que “a palavra ‘polícia’ significa ‘guarda da cidade’, é usada para designar corporações e indivíduos cuja principal função é o exercício de poder de polícia. Então, por que não fazer essa correção no texto constitucional?”, indagou

HÁ 30 ANOS – “Precisamos do reconhecimento constitucional do que fazemos há 30 anos e de isonomia nas regras previdenciárias”, completou a diretora jurídica da Federação Nacional de Sindicatos de Guardas Municipais do Brasil, Rejane Soldani.

O deputado Alberto Fraga (PL-DF), um dos que sugeriram a audiência pública na comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição da Segurança Pública (PEC 18/25), ponderou: “Sou favorável, sim, ao avanço das guardas municipais. Agora, não da forma como vocês estão querendo. Temos que ter algumas regras. Para ser polícia, tem o ônus e o bônus, não é assim, da noite para o dia”.

O relator da comissão especial, deputado Mendonça Filho (União-PE), também pediu prudência. “A transformação nessa área ocorrerá de forma lenta e gradual. Eu me reservo o dever de buscar os avanços na direção correta”, disse.

MUDANÇAS – Elaborada pelo governo federal, a PEC 18/25 altera a estrutura de segurança pública no Brasil, buscando maior integração e coordenação entre diferentes níveis federativos e órgãos de segurança.

São três alterações principais: o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), hoje previsto em lei ordinária (Lei 13.675/18), passará a fazer parte da Constituição; as competências de alguns órgãos de segurança, como a Polícia Federal, serão ampliadas; e o papel do governo federal no planejamento e na coordenação da segurança pública acabará fortalecido.

Além de Alberto Fraga, a audiência pública foi proposta também pelos deputados Capitão Alden (PL-BA), Delegada Adriana Accorsi (PT-GO), Delegada Ione (Avante-MG) e Sanderson (PL-RS). Os deputados Sargento Fahur (PSD-PR) e Célio Silveira (MDB-GO) participaram da reunião.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A reivindicação dos guardas municipais é muito justa e necessária. Eles estão sendo autorizados a andar armados. A decisão do STF pacificou o entendimento de que as guardas municipais têm direito ao porte de arma de fogo, pois integram o sistema de segurança pública. Bem, se andam armados e fazem o trabalho de polícia, têm de ser considerados policiais. Isso é apenas o óbvio ululante que Nelson Rodrigues tanto exaltava. (C.N.)

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