Um soneto triste como um olhar de despedida, na poesia de Henriqueta Lisboa

Henriqueta, retratada por Aurélia Rubião

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta mineira Henriqueta Lisboa ( 1901-1985), no soneto “Olhos Tristes”, tem a sensação de uma despedida através de renúncias repetidas.

OLHOS TRISTES
Henriqueta Lisboa

Olhos mais tristes ainda do que os meus
são esses olhos com que o olhar me fitas.
Tenho a impressão que vais dizer adeus
este olhar de renúncias infinitas.

Todos os sonhos, que se fazem seus,
tomam logo a expressão de almas aflitas.
E até que, um dia, cegue à mão de Deus,
será o olhar de todas as desditas.

Assim parado a olhar-me, quase extinto,
esse olhar que, de noite, é como o luar,
vem da distância, bêbedo de absinto…

Este olhar, que me enleva e que me assombra,
vive curvado sob o meu olhar
como um cipreste sobre a própria sombra.

1 thoughts on “Um soneto triste como um olhar de despedida, na poesia de Henriqueta Lisboa

  1. Manhâ na Fazenda
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    A brisa húmida soprava fria e fraca
    E a neblina espessa quase tudo cobria
    No chão, pássaros saltitantes petiscavam
    E o sol, no horizonte, lentamente subia…

    No pasto, o gado avançava lento
    De toiça em toiça, em harmonia
    E, no galinheiro, o galo vermelho
    Nervoso, atrás das galinhas corria

    Manhã perfeita para a indolência
    E um bom cafezinho quente
    Pena que o nevoeiro foi-se embora
    E o sol nos trouxe um dia ardente

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