No relato de Cid, impressiona a desinibição com que agiam os conspiradores

Bolsonaro participou da edição do decreto golpista, confirma Mauro Cid |  Radioagência Nacional

Desta vez, Mauro Cid depôs perante sete dos acusados por ele

Dora Kramer
Folha

A expressão do título é emprestada do discurso de posse do então ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, em maio de 2006, auge do mensalão. “Uma rotina de desfaçatez” é o que ele dizia assolar o Brasil e contra a qual chamava o país a reagir.

Pelo visto no interrogatório do tenente-coronel Mauro Cid no Supremo, não apenas não houve a necessária correção de rumos como o que se passou no governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, notadamente no período pós eleição presidencial, foi uma adesão total à prática do desaforo institucional, da corrupção de valores, da roubalheira de princípios.

FALTA DE CERIMÔNIA – Na condição de ajudante de ordens do então presidente, o militar relatou a existência de um ambiente em que autoridades do governo davam-se ao desfrute de completa falta de cerimônia na abordagem de tratativas para a ruptura democrática.

A intenção por trás das declarações certamente era a de amenizar o efeito da delação tida como fio condutor, eixo da denúncia contra o núcleo de poder que conspirou para anular o resultado das eleições com prisão de autoridades, criação de uma junta de próceres golpistas para instituição de nova ordem e decretação de medidas de exceção.

Na tentativa de reduzir a gravidade das ações, Mauro Cid traçou paralelo ao que Marco Aurélio Mello chamou naquele discurso de realidade de “faz de conta”, em que agentes públicos negavam os fatos para escapar de suas responsabilidades.

CONVERSAS DE BAR – Lá, a referência era ao roubo de dinheiro justificado sob a rubrica da prática comum do caixa dois. Aqui, tivemos a subtração de preceitos da legalidade, travestida de “conversas de bar”, na versão do delator.

A informalidade desenhada por ele, no entanto, no lugar de amenizar só agrava a evidência de que havia naquele governo autorização para se urdirem violações legais no uso distorcido da Constituição.

A mesma que agora enquadra os conspiradores à inescapável formalidade do Estado de Direito.

9 thoughts on “No relato de Cid, impressiona a desinibição com que agiam os conspiradores

  1. Pobres bolsotários não aprendem.

    ‘Foram surpreendidos novamente’ com a postura tchutchuca (diante de Xande) do ex-mito, que os chamou sem nenhum constragimento de ‘malucos’, com viés de ‘idiotas’.

    • Pobres bolsotários não aprendem.

      ‘Foram surpreendidos novamente’ com a postura tchutchuca (diante de Xande) do ex-mito, que também os chamou abertamente de ‘malucos’, com viés de ‘trouxas’, ‘idiotas’, como queiram.

  2. No relato da articulista, impressiona a desinibição com que agiam e agem os “jornalistas”.
    Essa narrativa cansativa, minuta e golpe, segue a cartilha velha e empoeirada. É sempre assim: Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é!

    E continua a Festa no Apê, como canta Latino:
    “Hoje é festa lá no meu apê
    Pode aparecer, vai rolar bundalelê
    Hoje é festa lá no meu apê
    Tem birita até amanhecer”…

    É o novo normal.
    Valha-nos Deus!

    Tudo uma enorme brincadeira (com fogo, sem graça e com muita irresponsabilidade):

    “Chega aí, pode entrar
    Quem tá aqui, tá em casa
    Chega aí, pode entrar
    Quem tá aqui, tá em casa
    Chega aí, pode entrar
    Quem tá aqui, tá em casa”.

    O parquinho pegando fogo e a rapaziada viajando na maionese…
    Acordem!
    Pode ficar difícil para apagar…

    A festa da hipocrisia segue e sem limites. Verdadeira ópera bufa. Quase todos se antecipam para ganhar a simpatia do novo poder político do país. Tudo uma grande galhofa.

    Curtinhas

    PS. : “Quando a partida de xadrez termina, o peão e o rei vão para a mesma caixinha.” Essa frase, de Mário Sérgio Cortella, que muitas vezes é usada como uma metáfora para a vida, significa que, independentemente da posição ou importância que alguém tenha durante a partida, no fim, todos são iguais.

    PS. 02: O Poder Moderador foi um poder de Estado que fazia parte do sistema político do Império do Brasil, criado pela Constituição de 1824. Este poder era exercido pelo imperador, que acumulava o Poder Executivo, e tinha como objetivo harmonizar os outros poderes, garantindo a estabilidade política.
    Lembra disso, Nicolau?

    PS. 03: “Primeiro eles vieram buscar os socialistas, e eu fiquei calado — porque não era socialista.
    Então, vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado — porque não era sindicalista.
    Em seguida, vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado — porque não era judeu.
    Foi então que eles vieram me buscar, e já não havia mais ninguém para me defender. (Martin Niemöller)

  3. Após dois anos e seis meses, só 28% avaliam positivamente Lula, conforme o Datafolha.

    Nem mesmo os beneficiários de programas sociais (Bolsa Família etc etc etc) parecem estar mais todos com ele.

  4. Curtinhas:

    O peão e o rei vão para a mesma caixinha. Direita e Esquerda estão no mesmo saco. Qual a razão de acumular tanto dinheiro e buscar o poder a qualquer custo, se ricos e pobres vão para o buraco eterno?

    Na monarquia constitucional, o Poder Moderador é exercido pelo monarca. No regime Democrático, não cabe o Poder Moderador, o Poder é exercido pelo povo, através do voto na urna. Artigo 142 é uma falácia, uma mentira.

    Se a Tentativa de Golpe fosse exitosa, muitos brasileiros seriam torturados, assassinados e outros mais sortudos, exilados.
    Disseram que seriam mais cruéis do que os 21 anos da Ditadura.

  5. Dona Dora não captou que roubar descaradamente os velhinhos é mais feio que golpe de tiro de feijão.
    Portanto roubemos à vontade mas sem atentar contra a democracia.
    Frigindo os ovos alheiros, é melhor conservar a cleptocracia que criticar a democradura canhestra.
    Para elucubrar, estamos vivendo os Últimos Dias de Pompeia, antes da regulação das mídias.
    Curro e Haddad são mentirosos natos, e será que essa nova censura vai enquadrá-los também ou só os adversários políticos?

  6. A Dora Kramer ficou igual a Dilma, só com o Tico e o Teco. Só que os dois estão de mal e os neurônios não se conectam.

    As Vestais voltaram!

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