
Brasil investe apenas 1% do PIB em serviços policiais
Dimitrius Dantas
O Globo
Apesar do aumento da preocupação da população com a criminalidade, o Brasil não registrou crescimento proporcional nos recursos destinados à segurança pública, especialmente em relação ao policiamento.
Dados analisados pelo O Globo indicam que, embora União, estados e municípios tenham ampliado seus gastos em valores absolutos, esses investimentos permanecem praticamente estagnados quando comparados ao Produto Interno Bruto: o índice, que era de 1,4% em 2021, está em 1,3% desde 2022. Em relação a outros países emergentes, o país também gasta menor proporção do PIB em ações diretamente vinculadas ao policiamento.
COORDENAÇÃO – Especialistas, porém, ressaltam que a principal dificuldade não é a falta de verba, mas a ausência de coordenação e padronização nacionais, já que mais de dois terços das despesas estão sob responsabilidade dos estados, sem um sistema unificado que organize e compare as ações.
Na segunda-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, defendeu que parte dos gastos em segurança seja excluída do arcabouço fiscal, o que facilitaria um incremento. Embora exista uma função específica para segurança pública no orçamento federal, ela inclui rubricas que vão além do policiamento, como recursos destinados à Defesa Civil. Em 2024, o crescimento das despesas da União foi influenciado principalmente pelas transferências emergenciais ao Rio Grande do Sul após a tragédia climática do ano anterior.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os gastos federais passaram de R$ 15,4 bilhões em 2021 para R$ 21 bilhões em 2024. No entanto, essa elevação decorre sobretudo do salto da verba da Defesa Civil, que subiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 5,4 bilhões. Já os investimentos no policiamento tiveram variação modesta, de R$ 4,3 bilhões para R$ 4,6 bilhões. Responsáveis pela atuação direta na Segurança Pública, os estados também pouco alteraram seus gastos na área nos últimos dois anos, indo de R$ 115,7 bilhões em 2023 para R$ 118,5 bilhões em 2024.
ABAIXO DA MÉDIA – Mesmo sob outra metodologia, o Brasil segue abaixo da média internacional de países emergentes em gastos com serviços policiais. Relatório do Tesouro Nacional mostra que o país investe 1% do PIB nesse setor, enquanto economias emergentes como África do Sul, Bulgária e Turquia registram média de 1,2%. Essa classificação, baseada no padrão da OCDE, agrega despesas com polícia, tribunais de justiça, sistema penitenciário e proteção contra incêndios. Os dados revelam ainda que, embora gaste ligeiramente menos com policiamento, o Brasil tem despesa muito superior com o Judiciário: são 1,3% do PIB, frente a 0,5% em países emergentes e 0,3% em economias avançadas.
De acordo com Ursula Peres, professora de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, os dados sublinham um problema nacional: a falta de padronização entre municípios, estados e o governo federal. Os números, publicados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontam, por exemplo, que os gastos de municípios têm crescido, mas sem uma política pública unificada nacional, como a que ocorre, por exemplo, no Sistema Único de Saúde.
DESAFIO – Para Ursula Peres, professora de Gestão de Políticas Públicas da USP, o grande desafio é a falta de um modelo nacional que organize o financiamento da segurança. Enquanto a saúde dispõe de um sistema único, o SUS, que define programas, métricas e padrão de gastos para todos os entes, a segurança permanece fragmentada. Cada estado cria suas prioridades, categorias de despesa e até classificações criminais, dificultando o planejamento e a comparação.
— A existência de um sistema único na saúde faz com que seja possível organizar, de forma coordenada, os tipos de gastos de todos os entes e dar transparência ao que se faz no âmbito dos estados — afirma.
Filhos do ex-mito atrapalharam governo, afastaram aliados e anteciparam prisão do pai
Ações desastradas de Dudu Bananinha e Flávio Rachadinha levaram ex-mito mais cedo para a cadeia
O ex-mito mal havia vestido a faixa quando aliados começaram a reclamar das ações de seus filhos. O primeiro a se queixar em público foi o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Acabou demitido antes de completar dois meses no cargo.
“Os filhos do presidente atrapalham muito, são o maior problema do governo”, disse Bebianno, poucos meses depois da queda. “São mimados, nunca trabalharam na iniciativa privada, nunca enfrentaram um ambiente de trabalho normal. Sempre mamaram nas tetas do Estado”, acrescentou.
Eleito por um partido de aluguel, o ex-mito não tinha quadros para montar o governo. Loteou a Esplanada entre militares e permitiu que os filhos Rachadinha, Carluxo e Bananinha interferissem à vontade na gestão federal.
Ao longo de 2019, não foram poucos os aliados que advertiram o capitão para o risco de dar tanto poder aos herdeiros. “O que está desgastando muito o presidente são filhos com mania de príncipes”, disse em outubro o senador Major Olímpio.
“Esses moleques precisam de camisa de força. São um risco para o Brasil e para o mandato do presidente”, emendou dias depois a deputada Joice Hasselmann.
Os alertas não convenceram o ex-mito a reduzir a influência da prole no governo. Ao contrário: ele ampliou o espaço dos filhos e afastou todos os aliados que se queixaram — alguns deles, com requintes de crueldade.
Rachadinha, o senador, foi promovido a líder informal do governo no Congresso. Carluxo, o vereador, ganhou o comando das redes sociais do Planalto. Bananinha, o deputado, quase virou embaixador nos Estados Unidos.
Terminou aboletado na liderança do PSL na Câmara, o que deixou mais alguns bolsonaristas insatisfeitos pelo caminho.
A defesa incondicional dos filhos não foi bom negócio para o ex-mito. A cada crise, o então presidente viu aumentarem o desgaste público e o isolamento político. Os herdeiros atrapalharam o governo e afastaram aliados. Agora ajudaram a antecipar a prisão do pai.
Há três meses, a atuação de Bananinha levou o STF a impor as primeiras medidas cautelares ao capitão.
O deputado fugiu para os States e passou a tramar contra as instituições brasileiras. Convenceu a Casa Branca a baixar o tarifaço e presenteou o pai com uma tornozeleira eletrônica — mais tarde convertida em prisão domiciliar.
Nesta sexta, Rachadinha incitou seguidores a se concentrarem na porta do condomínio de Bolsonaro em Brasília. Em vídeo nas redes sociais, o Zero Um convocou uma “vigília” em favor do pai, que usou ferro quente para tentar se livrar do monitoramento eletrônico.
Xande não quis pagar para ver. Na madrugada de ontem, decretou a prisão preventiva do ex-mito para a garantia da ordem pública. A decisão equipara as ações da família Bolsonaro às de uma quadrilha.
“O vídeo gravado por Rachadinha incita o desrespeito ao texto constitucional, à decisão judicial e às próprias instituições, demonstrando que não há limites na organização criminosa na tentativa de causar caos social e conflitos no país”, anotou o ministro.
Fonte: O Globo, Opinião, 22/11/2025 17h00 Por Bernardo Mello Franco
A única organização existente é a do crime principalmente em Brasília. As emendas parlamentares são um caso a parte. Bilhões para o bolso dos gatunos. A mudança tem que vir de cada brasileiro. “Seja você a mudança que deseja no mundo” (mais ou menos assim a frase). Enquanto prevalecer a lei de Gerson, o jeitinho, a venda de votos e similares nada feito. Ou se muda uma cultura e costumes enraizados na mentalidade do brasileiro comum ou só piorará essa situação. Somos uma nau sem rumo. Cada um remando para um lado e olhando o próprio umbigo. Civilidade zero ã!!
Se formos depender desse Estado para termos segurança estamos lascados.
Estão transformando o Brasil inteiro num imenso campo de guerra entre grupos criminosos.