Haddad vira peça-chave de Lula para 2026 e PT prepara sua candidatura em São Paulo

Ministro da Fazenda deixará equipe depois do carnaval

Vera Rosa
Estadão

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é o curinga do PT para as eleições de 2026. Embora diga que não quer concorrer nem a síndico de prédio, no ano que vem, Haddad sabe que não terá como dizer ‘não’ ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E Lula não deseja ver o chefe da equipe econômica apenas na coordenação de seu programa de governo.

Em público, o presidente afirma que o ministro da Fazenda será “o que ele quiser”. A portas fechadas, no entanto, já disse que precisa de Haddad em São Paulo e é possível que dê algum recado a ele na reunião ministerial desta quarta-feira, 17.

PALANQUE – Até agora, o PT não conseguiu montar um palanque para a campanha do presidente no principal colégio eleitoral do País. Nem no segundo, que é Minas Gerais. No Rio, o terceiro, também não tem nome competitivo e vai apoiar o prefeito Eduardo Paes (PSD) ao Palácio Guanabara.

“Não podemos nos dar ao luxo de não ter Haddad disputando o processo eleitoral”, disse o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). “Ele é uma das maiores forças que a gente tem: é importante para o projeto, para o Lula e para a democracia”.

De ministro alvejado por petistas como Lindbergh, por causa da proposta de arcabouço fiscal e ajuste das contas públicas, Haddad passou a ser visto como “a aposta” para 2026 nas fileiras do partido. “No começo, realmente tive divergências com ele, mas hoje o vejo como um quadro extraordinário”, afirmou Lindbergh. “Termino o ano encantado com Haddad”.

NOME FORTE – Até meados do ano, ministros e dirigentes do PT diziam que Haddad só deveria disputar a eleição ao Palácio dos Bandeirantes se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não fosse candidato. Agora, porém, o quadro mudou: Haddad é considerado para qualquer cenário. “Precisamos de um nome forte em São Paulo”, admitiu o líder do PT.

Nem no Palácio do Planalto nem na cúpula do PT encontra-se alguém disposto a cravar um diagnóstico certeiro sobre o destino político de Tarcísio. Apesar do discurso oficial de que “adversário não se escolhe”, Lula prefere enfrentar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao governador de São Paulo na corrida pelo quarto mandato.

Na avaliação do Planalto, Tarcísio tem mais chances de conquistar eleitores de centro que não querem saber do PT. Ministros observam, ainda, que o confronto direto com um nome totalmente identificado com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como seu filho Flávio, é bem mais fácil porque temas como a tentativa de golpe, por exemplo, voltam à tona com mais ênfase na campanha.

TENDÊNCIA – A não ser que haja uma reviravolta na estratégia desenhada por Lula, a tendência é que Haddad seja candidato ao governo de São Paulo e o secretário executivo da Fazenda, Dario Durigan, fique no seu lugar. Se Haddad não ganhar, e o presidente for reeleito, há outro plano para ele: a chefia da Casa Civil. É, na prática, o primeiro passo para o atual comandante da Fazenda ser ungido como sucessor de Lula.

Em 2022, Haddad perdeu a eleição para o Bandeirantes. Foi derrotado por Tarcísio, até então um ministro desconhecido de Bolsonaro. Sofreu críticas do PT, mais ainda do que quando era prefeito de São Paulo. À época, o PT também não gostou nada da articulação feita por ele para emplacar a chapa “Lula com chuchu”. Geraldo Alckmin, como se sabe, virou vice sob ataques do PT.

Hoje, porém, Alckmin é chamado de “companheiro” no Planalto. Pode até mesmo ser candidato ao Senado, mas, ao que tudo indica, fará novamente dobradinha com Lula. E Haddad, quem diria, se tornou o salvador da pátria petista. Está tão feliz que já foi visto até cantando “Ai, ai, ai, ai, está chegando a hora, o dia já vem raiando meu bem, eu tenho que ir embora…”

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