Governo Lula precisa perder as ilusões e se preocupar com as lambanças de Trump

Imagem colorida mostra Lula e Trump - Metrópoles

Lula não entende bem o que está se passando no mundo

Mario Sabino
Metrópoles

Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora de patrimônio do mundo, com ativos de US$ 11,6 trilhões, quase 6 vezes o PIB do Brasil, disse que os Estados Unidos já estão em recessão ou muito perto de entrar em recessão por causa das lambanças de Donald Trump.

Recessões americanas costumam ter efeito dominó devastador, mas estranhamente o Brasil continua a se sentir imune aos desastres mundiais, as exceções confirmando a regra.

COMO O BRASIL… – Quando tinha 27 anos, eu era como o Brasil. Recém-casado, morando de aluguel, sem lenço nem documento, mas com a certeza de que estava cumprindo o meu destino, eu queria voltar ao jornalismo, depois de passar quase cinco anos em uma editora de livros.

Saí do emprego na editora pouco antes da eleição presidencial, o que não costuma ser uma época boa para ficar desempregado, e fui colhido pelo Plano Collor, no qual houve o confisco de todos os depósitos bancários dignos desse nome. Para conter a inflação, Fernando Collor e o seu entourage tiveram a ideia de deixar os cidadãos sem dinheiro durante um ano e meio. Brilhante.

Sem emprego, sem dinheiro na conta corrente, sem poupança, sem família rica ou mulher rica, eu tinha apenas US$ 750 debaixo do colchão, literalmente.

IMUNE AO CHOQUE? – Como a minha pobreza me distanciava do desespero de quem havia sido roubado pelo governo, eu tinha a sensação de estar imune ao choque causado pelo Plano Collor.

Era uma sensação ilusória, evidentemente. Na sequência do Plano Collor, todas as empresas entraram no modo emergencial e suspenderam novas contratações. Fui achar emprego de verdade somente um ano depois de ter saído da editora, e com um salário mais baixo do que eu precisava, embora tenha ficado feliz da vida por finalmente ter um salário na profissão que escolhi. Não tive dinheiro confiscado, mas tive o meu futuro adiado.

O Brasil se sente imune às lambanças de Donald Trump, porque é tão insignificante quanto esse rapaz de 27 anos que já fui.

UMA MIXARIA – Duas medidas que gosto de utilizar: o país representa meio por cento do comércio mundial e a mesma porcentagem da carteira de investimentos global. O Brasil é uma mixaria.

Alguém poderá dizer que as nossas reservas cambiais são grandes. Verdade. Mas boa parte dos nossos US$ 362 bilhões poderá ser queimada rapidamente, se houver um terremoto de grandes proporções na economia do planeta, da mesma forma que queimei os meus US$ 750 até encontrar emprego.

Não deveríamos nos sentir imunes. Deveríamos sentir preocupação e vergonha. Os motivos da nossa insignificância estão bem visíveis na política, mas nos recusamos a enxergá-los, como se a nossa insignificância nos permitisse viver no melhor dos mundos possíveis. Só se cresce quando as ilusões são perdidas.

Quem é contra vacinas pode ser secretário de Saúde? Ora, só nos EUA…

A imagem mostra dois homens em um ambiente formal. Um deles está usando um terno escuro e tem cabelo loiro, enquanto o outro está vestido com um terno azul e tem cabelo grisalho. Eles estão se olhando, com expressões sérias, e um dos homens está tocando o braço do outro. Ao fundo, há cortinas douradas e uma decoração que sugere um ambiente de evento oficial.

Kennedy Jr., secretário de Saúde, não acredita nas vacinas

Hélio Schwartsman
Folha

Fãs que somos do Iluminismo, gostamos de imaginar a História como um processo pelo qual a razão e a ciência avançam paulatina, mas irresistivelmente. Ao fazê-lo, vão banindo os preconceitos e as superstições que colonizam as mentes das pessoas, num jogo que culminará na emancipação da humanidade.

Isso, é claro, nunca passou de “wishful thinking”, algo em que a gente quer acreditar. O homem não é nem nunca será um ser perfeitamente racional, e a própria razão tem seus limites. Não obstante, nos últimos dois séculos, obtivemos grandes conquistas civilizatórias baseadas em avanços científicos e filosóficos.

DOIS EXEMPLOS – Reduzimos drasticamente a mortalidade infantil e reconhecemos a existência de direitos humanos universais, para dar apenas dois exemplos.

E isso não ocorreu porque a maioria das pessoas se converteu ao Iluminismo. Já comentei aqui o ótimo livro de Jonathan Rauch (“The Constitution of Knowledge”) em que ele mostra que, demograficamente, não chegamos nem mesmo a um consenso sobre quais são os fatos que precisamos considerar.

Dois terços dos americanos acreditam que anjos e demônios atuam no mundo; 75% creem em fenômenos paranormais; e 20% pensam que o Sol gira em torno da Terra. Num tributo à paranoia, um terço julga que o governo age em conluio com a indústria farmacêutica para esconder “curas naturais” que existem para o câncer.

DESCRENÇA DOS FATOS – Conhecimento e democracia avançavam apesar de ideias como essas estarem bem enraizadas nas mentes das pessoas. Mas não é tão grave. Não precisamos que haja unanimidade em torno de quais são os fatos que devem ser levados em conta, mas apenas que uma elite de políticos, cientistas e outros detentores de postos-chave estejam de acordo sobre o método para estabelecê-los.

O que preocupa neste segundo mandato de Donald Trump é que chegaram a esses postos-chave pessoas que rejeitam o método para reconhecer fatos. O novo secretário de Saúde, por exemplo, faz parte dos 33% que creem no complô para esconder as curas naturais, além de ser contra vacinas.

Não tem como dar certo.

Dr. Wickfield, o juiz que não existe, talvez seja melhor do que os juízes que existem

O juiz Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que segundo o Ministério Público do Estado na verdade é José Eduardo Franco dos Reis.

A Identidade do juiz José dos Reis tem outro nome inglês

J.R. Guzzo
Estadão

De infâmia em infâmia, o sistema judicial brasileiro construiu nos últimos anos o que a violação serial, sistêmica e mal-intencionada da lei sempre acaba construindo nos regimes totalitários: a cessação dos serviços de fornecimento de justiça por parte do Estado. Mas o Brasil, sendo o Bananistão que geralmente é, foi além disso. Não só privatizou o Poder Judiciário em favor dos magistrados e suas facções políticas. Reinventou-se como uma palhaçada geral.

Nada poderia atestar de forma tão óbvia a comédia a que foi reduzido o Judiciário brasileiro do que a prodigiosa história do juiz de São Paulo que passou no concurso público para a magistratura, deu sentenças durante trinta anos e se aposentou no cargo (salários de fevereiro último: R$ 166 mil) usando, o tempo todo, um nome falso.

LORDE INGLÊS – Na justiça paulista ele sempre foi o dr. Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, e é nesse nome que estão registrados os milhares de despachos que deu. Na vida real é apenas o José dos Reis, de Águas da Prata.

Agora, com a descoberta da fraude, Lord Wickfield sai dos sagrados anais da justiça paulista. Em seu lugar, entra o dr. Zé. Sinceramente: dá para levar a sério um sistema que, além das “audiências de custódia”, do flagrante perpétuo do ministro Moraes e da “saidinha” para criminosos, faz o papel de palhaço para um juiz?

Nada menos que um juiz, que falsifica o seu próprio nome durante 30 anos – e só foi pego por um descuido que ele mesmo praticou junto aos serviços policiais de identificação?

SE FOSSE JÉSSICA? – O pior são as perguntas que se poderia fazer em seguida. Tudo bem. O dr. Zé não pode assinar sentenças com o nome de dr. Wickfield.

Mas num plano ideológico-inclusivo, digamos, porque raios ele não teria o direito de se identificar com um barão inglês – se tantos cidadãos que se chamam Sebastião, por exemplo, têm o direito de se identificarem como Jéssica?

O próprio STF, aliás, parece decidido a discutir seriamente se as palavras “pai” e “mãe” devem ou não continuar aparecer nas certidões de nascimento. A Unicamp acaba de criar cotas para quem se identifica como transgênero.

MELHOR QUE TOFFOLI – Mais que tudo, a realidade mostra que o juiz em questão, goste-se ou não dele, foi aprovado limpamente no concurso para a carreira – enquanto o ministro Dias Toffoli levou pau duas vezes seguidas e está no Supremo há dezesseis anos.

O falso lorde não perdoou multas de R$ 20 bilhões de empresários corruptos, nem anulou suas confissões de culpa. Não condenou a 14 anos de prisão a “cabeleireira golpista” do batom. Sua mulher não defendeu causas julgadas por ele.

Talvez o juiz que não existe seja melhor do que os juízes que existem.

Motta afirma que vai consultar líderes partidários sobre o projeto da anistia

Quem é Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados | Política | Valor  Econômico

Motta não esperava que os deputados aprovassem urgência

Lucas Pordeus León
Agência Brasil

Um dia após o pedido de urgência para o projeto de lei (PL) que prevê anistia aos golpistas envolvidos no 8 de janeiro ser protocolado na Câmara, o presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu que é o colégio de líderes que define as votações do plenário.

“Democracia é discutir com o Colégio de Líderes as pautas que devem avançar. Em uma democracia, ninguém tem o direito de decidir nada sozinho”, afirmou Motta, acrescentando que é preciso ponderar os riscos que cada pauta tem para a estabilidade institucional do país.

“É preciso também ter responsabilidade com o cargo que ocupamos, pensando no que cada pauta significa para as instituições e para toda a população brasileira”, completou o parlamentar em uma rede social.

PEDIDO DE URGÊNCIA – A fala de Motta ocorre após o líder do Partido Liberal (PL), Sóstenes Cavalcante (PL/RJ), protocolar, nessa segunda-feira (14), pedido de urgência para o PL com assinatura de 264 deputados, mais da metade da Câmara, sendo a maioria de partidos da base governista.

Como o PL não vinha tendo apoio do colégio de líderes, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar o movimento golpista, usou a brecha do regulamento da Câmara que permite a apresentação de pedidos de urgência com a assinatura de, pelo menos, 257 parlamentares.

Questionado pela Agência Brasil sobre a posição do Motta, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, disse que não comenta postagens em rede social. “Para mim política é feita olho no olho, conheço bem o presidente que ajudamos a eleger”, comentou.

PRESSÃO TOTAL – Ainda na segunda-feira, o líder do PL pressionava Motta a pautar o tema. “O presidente da Câmara foi eleito para servir ao Brasil — não para obedecer recados do Planalto. Quem tem palavra, cumpre. Quem tem compromisso com o Parlamento, respeita os deputados”, disse Sóstenes.

Se aprovada a urgência, a matéria será analisada diretamente no plenário da Câmara, sem precisar passar pelas comissões. A decisão de pautar, ou não, a urgência do tema depende do presidente da Câmara, Hugo Motta.

Deputados contrários à anistia defendem que existem outros 2,2 mil projetos tramitando com urgência e que não há por que privilegiar o PL da Anistia.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O presidente da Câmara tem de obedecer ao Regimento, que não fala em consulta aos líderes. O artigo 155 diz que o requerimento assinado pela maioria absoluta dos deputados tem de ser votado em plenário, para confirmação. Se o requerimento for aprovado de novo em maioria absoluta, o projeto entra imediatamente em discussão e votação. O máximo que o presidente Hugo Motta pode fazer é alegar o adiantado da hora e transferir para o dia seguinte a “urgência urgentíssima”. Quem manda na Câmara é o Regimento e os líderes não podem ser contra as normas existentes. No Congresso, não é proibido espernear, mas isso não muda nada. (C.N.)

Nada garante que o Supremo pretenda mesmo diminuir penas do 8 de Janeiro

Débora, presa por pichar estátua em frente ao STF, durante os atos do 8 de Janeiro

Classificar Débora como terrorista é um erro insano

André Marsiglia
Poder360

Não se enganem. Não houve recuo do Supremo no caso Débora e a comoção de setores progressistas, advinda do desespero público da moça que pichou uma estátua, não resistirá ao tempo.  Pareço pessimista? Tenho cinco boas razões para isso.

1) Moraes não recuou, não revogou sua prisão, embora devesse, pois a moça não preenche mais nenhuma condição exigida para a prisão preventiva. Trocou Débora de cativeiro apenas. Deixou-a em casa, longe do clamor público, em uma prisão sem grades. Ela não pode receber visitas, sair, usar redes sociais e dar entrevistas. São medidas cautelares inconstitucionais, pois o próprio STF, quando Lula esteve preso, considerou censura impedir a imprensa de falar com o atual mandatário do país.

2) Recuo seria se Moraes revogasse a prisão preventiva de Débora e, em seguida, de boa parte dos presos do 8 de Janeiro, soltasse-os enquanto aguardam julgamento, pois, em sua maioria, são réus primários que portavam estilingues, bolas de gude, e batons, que agiram com violência branda e sem intenção de golpe. E, se intenção havia, inviável seu desejo se realizar nestas circunstâncias. Não eram criminosos, mas manifestantes. 

3) Advogados progressistas e outros personagens que se sensibilizaram com o caso logo voltarão para a toca. Isso porque não há como defender que as penas daqui para frente sejam menores que a de Débora, sem aceitar que os réus do 8 de Janeiro não tentaram golpe. Veja, golpe de Estado tem pena média de 10 anos de prisão, somada à de vandalismo, temos os 14 a 17 anos que, de baciada, estão sendo impostos a todos, indiscriminadamente.

4) A única forma de diminuírem as penas será admitir que aquelas pessoas não tentaram golpe. Mas se a esquerda admitir que o dia 8 não foi tentativa de golpe, como condenar Bolsonaro como mandante do dia 8? A humanidade ocasional da esquerda em relação à Débora não é maior do que o desejo político de prender Bolsonaro e extirpar o bolsonarismo do tabuleiro político de 2026.

5) E a vontade de alguns ministros exporem sua dissidência não é maior que o receio de que sua dissidência exponha Moraes, a Corte e, em efeito dominó, os próprios ministros dissidentes. A discordância, se houver, neste momento delicado e, às vésperas das eleições presidenciais, será mínima, ainda que por um sentimento de autopreservação.

No Brasil, o errado é permanente e poucas solidariedades são sinceras, tudo se resume a interesses políticos e, claro, os interesses políticos se resumem a interesses pessoais e privados. A institucionalidade, no Brasil, é uma lenda urbana. Quem puder, faça as malas e peça o quanto antes asilo à Venezuela. Lá, o futuro não é diferente do nosso, mas é menos incerto.

Homens enfim reagem à intolerância do feminismo radical e da geração trans

Título: Os legendários  
A ilustração de Ricardo Cammarota foi executada em técnica digital, vetorial, em linguagem estilizada, com cores chapadas.  Na horizontal, proporção 13,9cm x 9,1cm, a imagem mostra a silhueta de uma pessoa no topo de uma formação montanhosa preta, de formato ondulado, contrastando com um fundo laranja uniforme. A figura está de braços abertos, com uma capa esvoaçando. Atrás dela, há um círculo amarelo com o símbolo de radiação no centro, lembrando um sol.

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Certa feita ouvi de um colega, um homem trans, que eu, como “homem natural”, carregava sobre mim o peso da opressão que “nós” causamos ao longo da história, enquanto ele nunca havia exercido opressão alguma, como mulher que nascera. Por isso, não tinha culpa nenhuma, mas sofrera a opressão causada pelos “meus semelhantes”. A ideia era de superioridade moral.

Sorri diante do comentário e mudei de assunto, mas antes esclareci que nunca senti culpa nenhuma por opressão nenhuma a mim imputada e aos “meus semelhantes”. A ideia de que os homens são uma raça nefasta tem estatuto de conceito nas ciências humanas.

ADOLESCÊNCIA – Imagino o que um comentário semelhante a esse pode causar num moleque adolescente numa sala de aula. Bem não vai fazer. Mas a maioria dos responsáveis pelos jovens perderam totalmente a noção do que andam fazendo. “Como educar meninos para deixarem de ser doentes? Por que eles são tão ruins? Agressivos? Por que tanto ódio?”

Com a série “Adolescência”, da Netflix, virou moda descer ainda mais o cacete nos meninos sob o disfarce de que querem “ajudar os meninos a evoluírem”. A síndrome do “horror aos meninos” inundou o discurso dos inteligentinhos. Mas o “hype” dessa minissérie logo passa, tenho certeza.

A ordem do dia é, de todas as formas possíveis, transformar os meninos numa patologia a ser sanada. Sempre é chocante como ficamos incapazes de olhar o mundo sem os olhos míopes das ideologias.

VERGONHA DE SI MESMO – O que as missionárias feministas esperam é que as novas gerações de meninos sejam “educadas” a ter vergonha de sua própria condição. A vergonha de si mesmo e de seus semelhantes é o primeiro passo para a redenção masculina. A histeria virou discurso político e psicológico.

Se Vladimir Lênin, em 1917, instaurou a luta de classes no seio do campesinato russo, alimentando o ódio da imensa maioria dos camponeses miseráveis contra os poucos bem-sucedidos, instaurando um massacre destes por aqueles, hoje a luta de classes está instalada entre meninos e meninas nas salas de aulas, nas escolas e nas famílias. E, como acontece em toda luta de classe, seu alimento é o ódio justificado.

Está em curso um processo em que os homens são forçados a pensar na sua masculinidade, seja lá o que isso for, e as missionárias feministas lideram essa “revolução”. Se não existe nenhuma clareza sobre o que é “ser mulher”, por que haveria, então, sobre a masculinidade?

HORROR AOS MENINOS – Mas o rolo compressor do “horror aos meninos” não vai parar. Pais amedrontados, que temem ter filhos homens, professores, jornalistas, psicólogos, cientistas sociais, intelectuais, artistas, agentes culturais, todos se juntam na construção desse fenômeno cultural que é o “horror aos meninos”, que só podem ser redimidos se aceitarem que são doentes, maus e, por isso mesmo, se submeterem à autoridade das missionárias.

A reação de muitos homens aos desdobramentos da transformação do papel social e sexual das mulheres está só começando. Se nesse momento as reações são basicamente infantis e ressentidas —lembremos que o ressentimento é a paixão política básica das reações sociais—, a tendência é que esse processo se torne mais complexo, associando elementos culturais, sociais, psicológicos e políticos mais densos e que nem por isso deixe de ser elementar como movimento vital.

LEGENDÁRIOS – O movimento “Legendários” é um fenômeno dessa ordem de maior densidade cultural. Operando no seio do evangelicalismo, nascido até onde sei na Guatemala, esse movimento mescla uma base forte de cristianismo vivencial com laivos importantes de “coaching” masculino. O legendário número um é Cristo, claro.

O mote é “devolver os heróis para as famílias”, isto é, homens que “desfrutam” da subida à montanha — típica metáfora espiritual — com outros homens têm uma vivência um tanto mística, ouvem a voz de Deus, se ajoelham e choram diante dele. A partir daí, viram homens que caminham com Deus. E mais, e isso é essencial: descobrem que os homens devem andar juntos, um apoiando o outro, pois assim “o inimigo” —as diversas formas do Diabo— não os atingirá.

PEREGRINAÇÕES – Trata-se de uma iniciativa ancorada na tradição de peregrinação comum a várias religiões, transformação espiritual e superação das fraquezas.

Como toda peregrinação, experimenta-se o desafio de seus próprios limites e demônios — jornada do herói — e, assim, esse homem fica mais forte junto aos seus semelhantes.

A ideia do monge guerreiro — não são monges, claro, são protestantes — é um clássico medieval das cruzadas. Nenhum traço de machismo ou misoginia evidentes. Mas, sim, de homens que cuidam das suas mulheres e filhos. A ver.

Advogados se excedem e Moraes não intimará as testemunhas de acusação 

A imagem mostra uma sessão judicial com três pessoas. À esquerda, um homem calvo, vestido com uma toga preta e gravata, está falando. Ao centro, uma mulher com cabelo grisalho, também vestida com toga, escuta atentamente. À direita, um homem com cabelo curto e óculos, vestido com uma toga preta e camisa branca, observa. Ao fundo, há uma bandeira do Brasil e várias pastas de documentos sobre a mesa.

Advogados pretendiam intimar Lula e o próprio Moraes

Cézar Feitoza
Folha

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), adotou como procedimento para os casos do 8 de janeiro a intimação só das testemunhas de acusação, obrigando as defesas a levar os depoentes para as audiências no tribunal.

A prática tem causado receio entre os advogados dos acusados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de articular um golpe de Estado após a eleição de Lula (PT) em 2022.

INÍCIO DO PROCESSO – Na sexta-feira (11), a ação penal do núcleo central da trama golpista foi aberta pelo tribunal, após a publicação do resultado (acórdão) da sessão da Primeira Turma que aceitou a denúncia da PGR. São réus nessa ação o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete pessoas. O ato dá início ao andamento do processo penal, fase que inclui a oitiva de testemunhas de defesa e acusação.

Cinco advogados disseram à Folha que a falta de intimação de testemunhas pode inviabilizar depoimentos considerados cruciais para os acusados.

A estratégia de Moraes ainda pode frustrar os planos de alguns denunciados de tumultuar o processo, com a inclusão de testemunhas sem relação com a trama golpista.

ATRASAR OS PROCESSOS – Três ministros do STF ouvidos sob reserva afirmaram que o procedimento adotado por Moraes, mesmo não sendo o mais convencional, é um antídoto válido contra as defesas que tentam arrastar o processo por longos períodos.

A DPU (Defensoria Pública da União) questionou a falta de intimação das testemunhas em processo de uma ré pelos ataques de 8 de janeiro e pediu a mudança de procedimento.

“Tem-se, de fato, um tratamento desigual entre acusação e defesa, uma vez que a exigência de apresentação de testemunhas vem pesando sobre as defesas em geral, mesmo quando indicam servidores públicos para serem inquiridos”, disse o defensor Gustavo Zortéa da Silva ao Supremo.

MORAES REJEITA – O ministro negou o pedido: “As testemunhas arroladas deverão ser apresentadas pela defesa em audiência, independentemente de intimação”.

O procedimento é descrito por Moraes nas decisões de abertura das ações penais do 8 de janeiro. Ele define que as testemunhas devem ser levadas pela defesa no dia do depoimento do réu, mesmo sem intimação, e devem falar antes do acusado.

“Fica indeferida, desde já, a inquirição de testemunhas meramente abonatórias, cujos depoimentos deverão ser substituídos por declarações escritas, até a data da audiência de instrução”, acrescenta o ministro.

ADVOGADO EXTRAPOLA – O advogado Sebastião Coelho, defensor do ex-assessor da Presidência Filipe Martins, arrolou 29 testemunhas e incluiu o próprio Alexandre de Moraes e seu ex-assistente no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Eduardo Tagliaferro.

Jeffrey Chiquini, advogado do tenente-coronel Rodrigo de Azevedo, incluiu o presidente Lula (PT) e o ministro do STF Flávio Dino na lista de testemunhas. A defesa de Marcelo Camara elencou os delegados da Polícia Federal responsáveis pela investigação.

O Código de Processo Penal estabelece em seu artigo 401 que, na instrução do processo, poderão ser inquiridas até oito testemunhas da acusação e oito da defesa. Esse número, porém, pode ser ampliado por decisão do juiz, considerando a complexidade do caso e a quantidade de réus e de crimes imputados.

Com Bolsonaro inelegível e doente, Lula beira os 80, cansado e impopular. E agora?

Embate entre Lula e Bolsonaro deve sacudir Portugal - CrusoéEliane Cantanhêde
Estadão

A nova cirurgia de Jair Bolsonaro, de 12 horas, joga luzes sobre a grande incógnita das eleições presidenciais de 2026, quando os dois principais líderes políticos do país, Bolsonaro, pela extrema direita, e Luiz Inácio Lula da Silva, pela esquerda, dão sinais de que terão dificuldades para se candidatar e, portanto, para manter a sólida polarização brasileira.

Bolsonaro, 70 anos, tem sofrido efeitos colaterais bastante graves da facada que quase o matou durante a campanha de 2018, que ele venceu, e não se pode dizer que tenha exatamente uma saúde de ferro. Mas o pior é que ele, além de inelegível, enfrenta um julgamento difícil e carregado de provas como “chefe da organização criminosa”, segundo a PGR, que planejou e tentou dar um golpe de Estado no País. Seu grande risco é estar atrás das grades na eleição.

LULA ENVELHECIDO – Lula, 79 anos, curou-se de um câncer de garganta, mas, já no terceiro mandato, levou um tombo no banheiro e teve de fazer mais de um procedimento para estancar um sangramento intracraniano. Terá 81 anos na posse do futuro presidente e 85 no fim do próximo mandato presidencial.

Além disso, Lula enfrenta popularidade preocupante, Congresso hostil, oposição muito articulada e uma montanha de críticas, inclusive da mídia e entre aliados. A diferença entre os dois é o tipo de problema para cobrir o próprio vácuo, se vácuo houver.

TARCÍSIO CRESCE – Bolsonaro está rouco de tanto dizer, e tentar convencer, que será candidato, mas sofre uma competição cada vez menos disfarçada e mais atuante dentro do próprio ambiente bolsonarista.

O nome mais em evidência é o de Tarcísio Gomes de Freitas, governador de São Paulo, mas ele é seguido pela ex-primeira dama Michelle, governadores como Ratinho Jr. e Ronaldo Caiado, e os tais “outsiders” que usam as pesquisas e abusam das redes

O problema de Lula é inverso: a falta de um sucessor, como já lhe cobraram um ícone da esquerda e um ícone indígena latino-americanos, Pepe Mujica e o cacique Raoni.

LULA OU LULA? – É como se a esquerda nacional só tivesse uma alternativa, ou Lula ou Lula. De uma pobreza de dar dó. Dó e um certo pânico, que permeia os debates de Brasília, mas é tratado sob constrangimento. Quem mais tem, ou teria coragem de botar o dedo nessa ferida para Lula, como Mujica e Raoni?

Bolsonaro é vítima do seu “problema”, já que não quer, não permite e se esgoela, mas sofre a profusão de candidatos disputando o seu próprio eleitorado.

Lula, porém, não se pode dizer vítima da falta de nomes, não só do PT, mas de toda a esquerda, porque foi ele quem criou e agora alimenta esse seu “problema”, na base do “se não for eu, não vai ser ninguém”. E é assim que Lula vem desautorizando e enfraquecendo a melhor aposta dele, do partido e das esquerdas, Fernando Haddad, e não sobra ninguém.

TUDO INCERTO – Ou melhor, quem sobra, por melhor que seja, é novo, inexperiente, tem de comer muito feijão para chegar a candidato com chances reais. Estamos falando do prefeito de Recife, João Campos, do PSB, que disputou a reeleição e não apenas venceu como levou o troféu de mais votado do País.

Sim… Se as candidaturas de Lula e Bolsonaro são incertas e não sabidas e a polarização parece claudicar, ou caducar, era de se esperar que o centro (atenção: não o Centrão, que é outra história) se articulasse para entrar de cabeça nesse vácuo, mas daí vem a dúvida cruel: quem e o que sobrou do centro no Brasil?

O País é dividido entre 30% da esquerda, 30% do bolsonarismo e 30% que não é de nenhum dos dois lados. Está num limbo, sem ver a luz no fim do túnel. Um ano e meio antes das eleições, 2026 é uma enorme incógnita.

Anistia! Partidos da base aliada de Lula deram mais da metade das assinaturas 

Envergonhada: Charge por Emerson Oliveira

Charge do Emerson Oliveira (Arquivo Google)

Victoria Abel
O Globo

Os partidos da base do governo Lula colaboraram com 146 assinaturas para o projeto de lei da projeto de lei que anistia acusado e condenados pela participação na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, protocolou no sistema da Câmara dos Deputados o requerimento de urgência pedindo a votação da proposta.

O PL apresentou 88 assinaturas. Duas foram consideradas inválidas, do líder do PL, Sostenes Cavalcante (RJ) e do líder da oposição, coronel Zucco (RS). Isso porque ambos assinaram como líderes e não como deputados, o que se considera inválido para o tipo de documento.  Veja os números de assinaturas por partido da base: União 40, Republicanos 28, PSD 23, MDB 20, PP 35.

SEM OBRIGAÇÃO – Mesmo com o número de assinaturas alcançadas, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não é obrigado a colocá-lo em votação. As assinaturas são apenas uma forma de demonstrar apoio a matéria.

Na semana passada, Motta afirmou que não pautaria propostas que pudessem gerar “crises institucionais”. Aos líderes mais próximos disse que “não é o momento” para avançar com a proposta.

O requerimento de urgência, depois de aprovado em plenário, acelera a análise de propostas na Casa. Uma vez aprovado o requerimento de urgência por maioria em plenário, a matéria precisa ser analisada pelos deputados em até 45 dias.

HÁ MUITOS OUTROS -Desde 2010, cerca de mil e 38 pedidos de urgência para propostas estão com status de “pronto para a pauta” na Câmara e estariam prontos para votação em plenário, seja com as assinaturas necessárias, ou com apoio de líderes dos partidos. Todos esses ainda não foram votados.

Partido de Bolsonaro protocolou nesta segunda-feira o pedido para votar urgência do projeto de anistia do 8/1 na Câmara, para ser analisado após a Semana Santa.

Hugo Motta está de férias até o dia 22 de abril, deixando o Altineu Cortes (PL-RJ), vice-presidente da Câmara, e aliado de Jair Bolsonaro, no comando da Casa. Aliados afirmam que Motta deve estar nos EUA, mas o presidente não divulgou sua agenda de viagem.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– O informante da repórter agiu de má fé e plantou essa fake news no portal de O Globo, com a maior tranquilidade. Fez a jornalista tratar o assunto da anistia como mero “pedido de urgência”, que não tem obrigatoriedade de ser pautado. Mas no caso trata-se da famosa “urgência urgentíssima”, artigo 155 do Regimento da Câmara, que obriga a Mesa Diretora a dar prioridade à matéria: “Poderá ser incluída automaticamente na Ordem do Dia para discussão e votação imediata, ainda que iniciada a sessão em que for apresentada, proposição que verse sobre matéria de relevante e inadiável interesse nacional, a requerimento da maioria absoluta da composição da Câmara, ou de Líderes que representem esse número, aprovado pela maioria absoluta dos Deputados”. (C.N.)

Lula não entende nem aceita a evolução da mulher, seu machismo é execrável

Janja Lula Silva on X: "Feliz Brasil Novo!!! ❤️ https://t.co/cBUVmJWNvb" / X

Lula afirma que “Janja não nasceu para ser dona de casa”

Josias de Souza
do UOL

Quando parece que tudo está normalizado — o Juscelino substituído no ministério por outro chapa do Alcolumbre, o Hugo Motta refugiado da anistia no exterior, nenhuma nova tarifa do Trump na última meia hora—, surge no noticiário, do nada, a penúltima declaração machista do Lula. Ele chamou de “mulherzinha” a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva.

Não foi a primeira vez que Lula falou sobre o encontro que teve com Georgieva, em janeiro de 2023, na cidade japonesa de Hiroshima, durante reunião do G7. O relato dessa conversa tornou-se uma ideia fixa.

CRESCIMENTO DO PIB – Lula adora repetir que ouviu da chefe do FMI que “a coisa estava difícil para o Brasil” e que o país só cresceria 0,8% no primeiro ano do seu terceiro mandato. Tudo para chegar a um arremate autocongratulatório: “A resposta veio no final do ano. O Brasil cresceu 3,2% em 2023.”

Dessa vez, discursando para empresários da construção, Lula adicionou uma dose de misoginia à desconstrução da búlgara Georgieva. “Lá [em Hiroshima] eu encontro com uma mulherzinha…” Blá, blá, blá…

A “mulherzinha” é doutora em Economia, mestre em Economia Política e Sociologia. Foi diretoria-geral do Banco Mundial antes de chegar ao FMI.

JÁ VIROU ROTINA – Quando Lula fala de improviso, as mulheres são acometidas da síndrome do que está por vir. Já disse que nomeou Gleisi Hoffmann para a coordenação política do Planalto por ser “mulher bonita”. Declarou que os homens “são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres”. Sustentou que a violência contra mulher cresce depois dos jogos de futebol, “mas se o cara é corintiano tudo bem”. Ensinou que mulher precisa de salário “para comprar batom e calcinha.”

Em certa ocasião, Lula chegou mesmo a encostar sua retórica no “imbrochável” de Bolsonaro. Alardeou que tem um “tesão de 20 anos” de idade. Invocou o depoimento de uma feminista insuspeita: “Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para a Janja. Ela é testemunha ocular.”

UM LOBO MAU – Sempre que deprecia as mulheres, Lula é tratado como um personagem da carochinha. Embora exiba focinho de lobo, orelhas de lobo e dentes de lobo, aliados, devotos e sabujos juram que não passa de uma inocente vovozinha disfarçada.

Convém encarar a realidade. Lula tornou-se um machista indisfarçável. Com a consciência de gênero estacionada na década de 1950 do século passado, não consegue acompanhar a evolução da mulher.

Primeiro mandato ensinou Trump a chutar portas, distribuir tapas e alterar o sistema

How Donald Trump's criminal charges are defining his White House race

Trump tem objetivos de poder que ficam muito evidentes

Ruy Castro
Folha

Hollywood era formidável em filmes de tribunal. Para ficarmos só nos clássicos, “O Vento Será Tua Herança” (1960) e “Julgamento em Nuremberg” (1961), ambos de Stanley Kramer; “Anatomia de um Crime” (1959), de Otto Preminger; “O Sol É para Todos” (1963), de Robert Mulligan; e o talvez melhor de todos, “Doze Homens e uma Sentença” (1957), de Sidney Lumet.

Em suas disputas entre advogados ou jurados, sempre a luta por uma causa perdida. Em todas, a vitória da Justiça, baseada num princípio inarredável: a lei.

NAS QUATRO LINHAS – Foi como sempre enxergamos os EUA —arrogantes e sem escrúpulos no exterior, mas internamente sujeitos a um sistema legal de quase 250 anos e sólido demais para ser abalado por arroubos fora das, olha só, “quatro linhas”.

Agora Donald Trump está provando que não era nada disso. Bastaria que surgisse alguém chutando a porta, distribuindo tapas na cara e mandando todo mundo ficar de nariz contra a parede para que esse sistema se acoelhasse —com todo respeito pelos coelhos.

Trump descobriu em seu primeiro mandato que, se reeleito, o sistema não resistiria a um peteleco. Novamente de posse do Executivo e tendo reduzido seu outrora grande partido, o Republicano, a um bando de zumbis, só teria pela frente a Suprema Corte, esta já composta em maioria por seus homens, nomeados da outra vez. – Para sua surpresa, são exatamente esses juízes que, ainda respeitosos à lei, estão tentando peitar suas indignidades.

NÃO É BURRO – Há dias, Hillary Clinton chamou Trump de “burro”. Incrível, uma mulher com a tarimba de Hillary afirmar isso. Trump, por mais tresloucadas suas falas e atitudes, sabe o que diz e o que faz.

Precisa destruir o sistema para impor outro, em que possa aplicar suas pretensões. A Groenlândia, por exemplo, não lhe interessa para fins turísticos —quer derretê-la para explorar seus minérios e petróleo. Há interesses em todos os aparentes absurdos que comete.

Para isso, Trump precisa imperar sem contestação. Como aqui faria Bolsonaro, se tivesse sido reeleito.

China acelera a compra de soja brasileira em meio à escalada das tarifas com EUA

Maiores Produtores de Soja do Brasil e do Mundo

Tarifaço impede a China de importar soja norte-americana

Graciliano Rocha
do UOL

Em meio à escalada da guerra comercial entre as duas maiores economia do planeta, a China já está acelerando a compra de soja brasileira como meio de evitar a produção dos Estados Unidos. Nessa semana, houve a aquisição chinesa de uma “quantidade incomumente grande de soja brasileira”, na definição da Bloomberg – primeiro sintoma visível, no agronegócio, da escalada das tarifas. A soja é a principal base da alimentação de suínos e aves na China.

Pelo menos 2,4 milhões de toneladas de soja foram contratadas no início desta semana — quase um terço do volume médio que a China costuma processar por mês —, segundo noticiou a Bloomberg, com base em pessoas familiarizadas com o assunto, sem identificá-las.

GRANDE E RÁPIDO – Conforme a agência, o movimento comprador da semana foi “excepcionalmente grande e rápido”. O Brasil já é o maior exportador de soja para a China, e os Estados Unidos são o segundo. Metade da receita dos EUA com exportações de soja vem de embarques para a China.

É um movimento importante, mas convém não concluir antecipadamente que a soja brasileira vai substituir toda a produção americana na China.

Entre produtores e exportadores, há uma percepção de que o grão brasileiro pode ganhar mais espaço na China em relação ao americano, mas há uma limitação natural importante: enquanto a soja brasileira abastece os mercados globais no primeiro semestre, a americana é colhida e vendida no segundo semestre.

SEGUNDO SEMESTRE – Dada a volatilidade provocada por anúncios e recuos de Trump sobre a tarifa, ainda prevalece a incerteza entre especialistas sobre como estará o mercado da soja no segundo semestre, quando as lavouras americanas começam a ser colhidas.

O movimento reportado pela Bloomberg, contudo, indica uma busca de alternativas, pelo maior comprador do mundo, para reduzir sua dependência da soja americana.

Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil já colheu 85% das lavouras de soja plantadas na safra 2024/25. O dado, o mais recente disponível, foi fechado em 6 de abril.

Enquanto em Mato Grosso, principal produtor do país, 99,5% da colheita já foi finalizada, no RS, onde a colheita começa a acelerar a partir de agora, só 35% da produção já havia sido colhida.

HORA DE COLHEITA – No seu último relatório para a soja, da semana passada, o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo) já havia detectado o avanço da demanda internacional por soja brasileira através do crescimento das negociações no mercado spot no fim de março.

Impulsionadas pela valorização do dólar frente ao real — que torna a commodity mais competitiva no exterior — e pela necessidade de caixa dos produtores para custear a próxima safra, as vendas internas de parte da soja 2024/25 ganharam fôlego nas últimas semanas do mês passado, segundo o Cepea.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do governo federal, citados pelo Cepea, o Brasil embarcou 10,25 milhões de toneladas de soja até o dia 21 de março, um salto de 59,5% em relação a fevereiro. A média diária de exportações no período foi 25,2% superior à registrada no mesmo mês do ano passado.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A China só comprará soja americana se a sobretaxa for suspensa. Com toda certeza, o Brasil vai aumentar muito a exportação de soja para a China. O problema será venderem demais e o preço das rações e do óleo aumentar também demais no Brasil, como tem acontecido com outros produtos agrícolas, porque o governo Lula desconhece o que seja o estoque regulador. (C.N.)

“Abusos na internet devem ser punidos, mas não podem ser evitados”, diz Rosenthal

Rosenthal diz que é inútil defender censura na internet

Deu na Folha

O advogado criminalista Sergio Rosenthal defende a manutenção do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que é objeto de discussão em duas ações que estão sendo julgadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

 O dispositivo determina que provedores de conteúdo nas redes sociais só devem remover postagens por decisão judicial.

ANATEL DISCORDA – Na semana passada, durante reunião do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, o presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Carlos Baigorri, defendeu mudanças no artigo, para que as big techs sejam obrigadas a remover postagens contendo desinformação ou discurso de ódio mesmo sem determinação de um juiz.

Mas Rosenthal não aceita essa colocação, porque significa estabelecer censura, o que nenhuma democracia pode aceitar.

“A liberdade de expressão pressupõe a existência de abusos. Onde há liberdade, há a possibilidade de serem praticados abusos. É por isso que os abusos devem ser punidos, mas não podem ser evitados. A única forma de evitar que haja abusos é cortando a liberdade de expressão, o que é indesejável, além de inconstitucional”, afirma.

Rosenthal diz que as redes, por outro lado, não podem permitir o anonimato nas redes. “A Constituição federal não admite o anonimato. Dessa forma, as redes sociais devem ser responsabilizadas caso permitam a prática de abusos por indivíduos que não possam ser identificados”, afirma.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sérgio Rosenthal é referência em Direito Penal. Suas declarações sintetizam uma realidade que o Supremo tenta desconhecer, ao apoiar a posição de Alexandre de Moraes, que tenta controlar as big techs, grande sonho de democratas como Putin, Jinping, Diaz-Canel e Maduro. A esperança de Moraes é vencer a resistência das democracias e culpar as big techs por abusos de usuários. O ministro pensa (?) que vai conseguir, mas é um tremendo engano; ele comprou uma briga sem fim, na qual será sempre derrotado. Moraes não vai conseguir mudar o nome da censura. O resto é folcore, diria Sebastião Nery. (C.N.)

Com 264 assinaturas, o PL protocola “urgência” para o projeto da anistia

Oposição protocola pedido de urgência para PL da Anistia

Sóstenes prometeu arranjar as assinaturas e conseguiu

Rebeca Borges e Emilly Behnke
da CNN

O líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), protocolou nesta segunda-feira (14) o requerimento de urgência sobre o projeto de lei que anistia condenados pelos atos de 8 de janeiro.

O texto recebeu o apoio de 264 deputados, mas dois signatários foram considerados inválidos pela Câmara. Para que o requerimento fosse protocolado, eram necessárias 257 assinaturas.

ATÉ DA BASE ALIADA – Das assinaturas, 90 são de deputados do PL. Outros 146 parlamentares de partidos que possuem representantes na Esplanada do governo Lula também assinaram o pedido, sendo: 40 do União Brasil; 35 do PP; 28 do Republicanos; 23 do PSB; e 20 do MDB.

Caso os deputados aprovem o requerimento de urgência, o projeto de lei poderá ser analisado diretamente pelo plenário da Câmara, sem necessidade de passar por comissões temáticas ou especiais.

Agora, para que o pedido seja analisado, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), precisa pautá-lo no plenário. Se for a plenário, o documento precisa de maioria absoluta (257 deputados presentes) para ser votado. E será considerado aprovado por maioria simples (129 votos, no mínimo).

BUSCA DE CONSENSO – Motta tem buscado diálogo com representantes dos Três Poderes para chegar a uma alternativa de consenso, já que o governo é contrário à proposta.

Na última semana, ele teve reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — que tem articulado a proposta com parlamentares e chefes de partidos.

O líder do PL espera se reunir com Hugo Motta para discutir o tema no dia 22 de abril. A expectativa é de que o assunto seja levado ao colégio de líderes da Casa no dia 24 de abril. A bancada do PL trabalha para que o requerimento seja pautado na última semana do mês.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front. Há meses temos afirmado aqui na Tribuna que a anistia será facilmente aprovada. Sóstenes (que significa sutiã em espanhol) segurou mesmo as pontas, digamos assim. Ninguém aceita 17 anos para ”terroristas” tipo pé-de-chinelo e donas de casa. Só na cabeça de Alexandre de Moraes, mesmo, é que poderia surgir tanto radicalismo. (C.N.)

Nova multa a Filipe Martins, por sair em vídeo do advogado, é absurdo total

Filipe Martins e Sebastião Coelho

Filipe foi multado em R$ 20 mil por “aparecer” no video

André Marsiglia
Poder360

A liberdade de expressão serve, dentre outras coisas, para nos fazer pessoas, para nos sabermos alguém no mundo. A censura é exatamente o oposto, ela quer que não nos saibamos de alguém, quer que nos escondamos de nós e das descobertas. Mas a censura, por pior que seja, ainda se diferencia do que as decisões do ministro Moraes têm imposto a Filipe Martins, transformando-o em uma não-pessoa, em um morto-vivo.

Definitivamente, essa não é a função do direito, de um juiz ou de um Tribunal em uma sociedade democrática e civilizada. Na segunda-feira (7.abr.2025), soube-se pela imprensa que Moraes multou Filipe Martins por um post de seu advogado nas redes sociais. 

MUITAS PROIBIÇÕES – Filipe está proibido por Moraes de “utilizar redes sociais”, e já denunciei diversas vezes que essa medida é inconstitucional, mesmo presos têm o direito de se expressar. O próprio STF havia decidido sobre o tema quando Lula, preso, foi impedido de falar à imprensa, e o STF, à época, reformou a decisão, dizendo se tratar de censura.

Quem não se lembra também das antológicas entrevistas dos jornalistas Roberto Cabrini, com traficantes, e Marcelo Rezende (1951-2017), com o assim chamado “maníaco do parque”.

Mas, para Filipe, que não é maníaco, nem é traficante, e que não sabe muito bem até agora por qual razão foi preso, a lei parece ser diferente. 

REDES SOCIAIS – Filipe cumpriu a medida cautelar imposta, não “utilizando redes sociais”, no entanto, cometeu o pecado de aparecer mudo, em um vídeo de seu advogado, publicado pelo defensor, em suas próprias redes e foi multado.

Ou seja, está sendo punido pelo ato de um terceiro a que não deu causa. 

Se levarmos a sério essa decisão, basta agora um inimigo filmar Filipe e postar nas redes o conteúdo que ele será multado. Se forem 2 os inimigos, Moraes entenderá que Filipe é reincidente, revogará seu benefício e o prenderá.

DIREITO DE IR E VIR – É um completo absurdo sem precedentes punir alguém pelo ato dos outros, sobretudo restringindo suas liberdades individuais, como a de expressão e a de ir e vir. As nossas liberdades não valem mais nada para o STF.

Filipe Martins é mais um recado de que a democracia não está pujante, nem inabalada coisa alguma.

A nossa mais alta Corte não quer que Filipe não use suas redes, quer que ele não exista, quer seu banimento e, para tanto, pratica o banimento do próprio direito. E ai de quem ousar não chamar a isso de democracia. 

Bolsonaro ficará internado no Hospital DF Star durante quinze dias, pelo menos

Jair Bolsonaro no Hospital Rio Grande, em Natal

Bolsonaro tem de se cuidar para não ter novas recaídas

Deu na CNN

Depois de passar por uma longa e arriscada cirurgia neste domingo (10), em Brasília, para liberar aderências intestinais e reconstruir o abdome, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá ficas internado durante pelo menos quinze dias, segundo informação da equipe médica, que ainda não divulgou o boletim.

Foi a sexta operação do presidente desde 2018 e a mais longa já feita pelo ex-presidente, pois durou quase 12 horas.

SEXTA OPERAÇÃO – O procedimento deste domingo, feito no hospital DF Star, é a sexta operação de Bolsonaro em decorrência da facada sofrida por ele durante a campanha presidencial de 2018.

A primeira cirurgia feita pelo ex-presidente foi no dia da facada que Adélio Bispo lhe desferiu, em 6 de setembro de 2018, e durou cerca de duas horas. Bolsonaro recebeu atendimento em Juiz de Fora (MG) para reparar lesões nos intestinos delgado e grosso.

Dias depois, em 12 de setembro do mesmo ano, o ex-presidente precisou de uma segunda cirurgia para desobstruir o intestino, realizada em São Paulo. O procedimento durou aproximadamente uma hora.

OUTRAS CIRURGIAS – Em 28 de janeiro de 2019, em operação que durou quase sete horas, Bolsonaro retirou a bolsa de colostomia que usava enquanto se recuperava da primeira intervenção médica por conta da facada.

Em 8 de setembro de 2019, quase um ano depois da facada, o político do PL enfrentou mais um atendimento médico, dessa vez para tratar uma hérnia que surgiu na cicatriz. A operação durou aproximadamente cinco horas.

Em 2023, durante o mês de setembro, o político do PL foi submetido a mais duas operações. A primeira era para corrigir outra hérnia e uma segunda tratou o desvio de septo dele.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Espera-se que Bolsonaro enfim entenda que tem um grave problema de saúde, com necessidade de cuidados permanentes. Não pode fazer nenhuma atividade que force o abdômen e tem de seguir uma dieta rigorosa. Se continuar se excedendo e subindo na “cacunda” dos militantes, para tirar uma onda de “mito”, terá pouco tempo na ativa, digamos assim. (C.N.)

Com rito acelerado, a anistia pode ser aprovada este mês na Câmara

ANISTIA É O CA**LHO!!! #anistia #terrorismo #bolsonarismo #democracia

Charge do Eri (Arquivo Google)

Juliano Galisi
Estadão

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse ter obtido as assinaturas necessárias para pedir a urgência da tramitação do projeto de lei que anistia os envolvidos nos atos de vandalismo de 8 de Janeiro. Se o requerimento for aprovado, o texto pode ser remetido ao plenário da Casa, dispensando a apreciação dele nas comissões permanentes. A urgência, na prática, dá ao projeto um rito acelerado.

Na noite desta sexta-feira, 11, Sóstenes afirmou, apesar de ter número suficiente de apoios, avalia só apresentar formalmente o requerimento depois do feriado, a partir do dia 22 de abril. Ele alega que ainda quer recolher mais assinaturas endossando o projeto.

MANIFESTANTES – O projeto de lei de autoria do deputado federal Major Vitor Hugo (PL-GO) pretende anistiar “todos os que tenham participado de manifestações em qualquer lugar do território nacional” desde o dia 30 de outubro de 2022. O requerimento de urgência ao texto precisava de ao menos 257 assinaturas para ser protocolado na Casa.

A petição superou esse índice na noite desta quinta-feira, 10, com a adesão do deputado federal Paulo Azi (União Brasil-BA).

O PL é o partido com o maior número de apoiadores ao requerimento de urgência, com 89 assinaturas. A maior sigla da oposição ao presidente Lula da Silva (PT) é seguida por União Brasil, com 39 apoios, PP, com 34, e Republicanos, com 26. O PSD registra 23 assinaturas e o MDB, 21

E BOLSONARO? – A anistia aos réus e condenados no ataque aos Três Poderes é uma das bandeiras do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A eventual anistia aos envolvidos nos atos de vandalismo pode beneficiar o ex-presidente, réu no STF por tentativa de golpe.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Bolsonaro foi responsável por uma tentativa de ruptura institucional que teve no 8 de Janeiro seu ato derradeiro.

A assinatura do requerimento não implica em apoio ao mérito do projeto de lei. Como mostrou o Placar da Anistia do Estadão, há 201 deputados federais favoráveis a conceder anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, enquanto 127 parlamentares são contrários e 105 não quiseram responder. O apoio ao mérito do projeto cai se Bolsonaro é inserido no rol de beneficiados com a medida.

MISSÃO DE MOTTA – Ainda que mais da metade da Câmara apoie a urgência do texto, pautá-lo em plenário ainda é uma atribuição de Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Casa.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Motta busca um acordo com o Planalto e com o STF antes de pautar a revisão das penas aos condenados no 8 de Janeiro. O objetivo é construir um consenso de pacificação nacional entre os Poderes.

Quanto ao projeto, ganha prioridade se for apresentado com mais de 256 assinaturas.

Cassação de Glauber transformará o Congresso num circo de horrores

Recebi essa foto com minha mãe da minha tia Nagel hoje pela manhã com uma mensagem linda. Muita Saudade!

Gabriel Braga com a mãe, chamada de “Doutora Saudade”

Carlos Newton

A atual geração de políticos está conseguindo transformar o Congresso Nacional num circo de horrores. Depois de dois impeachments presidenciais e dos escândalos do mensalão e do petrolão, com o presidente Lula da Silva passando 580 dias na cadeia, quando se pensa que já vimos tudo em matéria de baixarias e esculhambações, surge agora a possibilidade de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que não foi apanhado com dólares na cueca ou algum desvio de verbas públicas.

A mais nova vergonha institucional da política começou a ocorrer no dia 2, quando o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), relator do Conselho de Ética da Câmara, pediu a cassação de Glauber Braga por haver expulsado com chutes um militante do Movimento Brasil Livre, Gabriel Costanero, que ofendera a honra de sua mãe, a ex-deputada Saudade Braga.

OFENSOR HABITUAL – Em 16 de abril de 2024, o deputado Glauber Braga foi abordado na Câmara por Gabriel Costanero, um agente provocador, que costuma ofender parlamentares e figuras políticas de esquerda, para gravar suas reações e exibi-las suas redes sociais, para conquistar os votos que lhe faltaram na última eleição.

Vídeos compartilhados na internet mostram Costanero discutindo e chamando o parlamentar de “burro” e “fraco”, enquanto fazia a transmissão online.

No momento da discussão, Glauber Braga afirmava que Costanero responde por violência doméstica contra uma ex-companheira, enquanto o militante de direita respondia tratar-se de difamação e repetia xingamentos contra o parlamentar. A discussão aumentou quando Costanero mencionou a mãe de Glauber Braga e a chamou de “safada”. Foi quando o deputado chutou o militante e o empurrou para fora do prédio, por uma das portas laterais. A cena foi testemunhada e registrada por dezenas de pessoas.

À BEIRA DA MORTE – Certamente o militante do MBL não sabia que a mãe de Glauber estava à beira da morte, enfrentando um quadro avançado de Alzheimer e viria a falecer poucos dias depois, em 8 de maio de 2024, aos 75 anos.

Certamente, o provocador do MBL também não sabia que Maria da Saudade de Medeiros Braga era conhecida na Região Serrana do Rio de Janeiro como Doutora Saudade, pela atuação como médica de família durante muitas décadas, com destaque para seu trabalho na zona rural.

O reconhecimento por sua dedicação se revelou em suas eleições para deputada e para prefeita de Nova Friburgo em dois mandatos.

FORTE EMOÇÃO – No Direito, a ocorrência de “forte emoção” é considerada circunstância atenuante. Mas o estado emocional de Glauber Braga, ao reagir à ofensa contra sua mãe em estado terminal, não foi levado em consideração pelo Conselho de Ética.

Mas o pior mesmo é que seu principal acusador, o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), jamais poderia pedir a cassação de Braga, porque ele próprio foi protagonista de episódio semelhante dentro da Câmara, porém ainda mais grave.

Em abril de 2001, Paulo Magalhães era deputado e desfechou “socos e pontapés” no jornalista e escritor baiano Maneca Muniz, que autografava o livro “As Veias Abertas do Carlismo” na Câmara dos Deputados.

À época, o escritor acompanhava deputados baianos que denunciaram esquemas de corrupção e achaques do então senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), o ACM, tio de Paulo Magalhães, que desfez a noite de autógrafos e sequer foi submetido ao Conselho de Ética..

SETE MANDATOS – Por ser sobrinho de ACM, Paulo Magalhães já está no sétimo mandato, e continua a ser um ilustre desconhecido, que nada fez e nada faz em defesa do povo, rigorosamente nada.

Defendeu “a socos e pontapés’ a honra de ACM, mas não aceita que Glauber Braga tenha feito o mesmo, em defesa da honra da própria mãe, e agora propõe que a Câmara casse o parlamentar por ser de um partido diferente, com ideias também diferentes, nada a ver com o entrevero com o militante do MBL..

Agora, até o evangélico Silas Malafaia surpreende aliados ao se opor à cassação do deputado Braga, e o pastor tem toda razão, é preciso admitir que o pastor tem o direito de acertar, porque é mais do que óbvio que a cassação de Glauber Braga seria uma vergonha histórica na Câmara, uma casa criada para defender a democracia.

Bolsonaro resiste a mais de 11 horas de cirurgia e ficará em tratamento na UTI

Apoiadores de Bolsonaro fazem uma vigília em frente ao hospital

No hospital, jornalistas aguardam o primeiro boletim médico

Mariah Aquino e Madu Toledo
Metrópoles

Após mais de 11 horas de duração, terminou na noite deste domingo a mais longa cirurgia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O procedimento médico começou às 10h, no Hospital DF Star, e teve como objetivo liberar aderências intestinais e reconstruir a parede abdominal.

Pelas redes sociais, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro anunciou o término do procedimento. “Cirurgia concluída com sucesso! A Deus, toda honra e toda glória! Estou indo agora para a sala de extubação, onde poderei vê-lo.”

OBSTRUÇÃO INTESTINAL – Bolsonaro está internado em Brasília desde a noite desse sábado (12/4), depois de ser transferido de Natal (RN), onde precisou ser hospitalizado às pressas na sexta-feira (11/4), para tratar um quadro de subobstrução intestinal. A previsão é que ele siga internado durante vários dias até haver a completa recuperação.

No Hospital Star DF, dezenas de repórteres continuam aguardando a divulgação do primeiro boletim médico após a cirurgia de alto risco.

O médico pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Cláudio Birolini, chegou a afirmar que, apesar de não ter acompanhado presencialmente as outras ocasiões, o quadro enfrentado pelo ex-mandatário nessa sexta-feira foi o pior desde o ataque a faca sofrido durante a campanha presidencial de 2018.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG  –  
A equipe médica está de parabéns. Para operar Jair Bolonaro é preciso não somente ser um cirurgião de referência mundial, como também ter grande preparo físico. Mais de 11 horas em pé numa sala de operação, com anestesia geral, não é para qualquer equipe médica. O quadro médico de Bolsonaro é sempre grave, porque ele é um paciente impaciente, que não se preocupa em se resguardar e viver dentro dos limites que seus médicos recomendam.

O paciente deste tipo de doença tem de evitar sobrecarregar o abdômen, nada de exercícios ou procedimentos que forcem a região, como andar a cavalo, de moto ou jet-ski, assim como Bolsonaro jamais poderia permitir que multidões o carreguem nos ombros, como ocorreu semana passada, antes de ter a crise de obstrução intestinal, que demorou dois dias até se detectada. E deve manter uma alimentação leve e moderada, nada de pastel com caldo de cana, como costuma fazer.

Quando o trem de pouso toca a pista, até aquele quicada do avião na aterrissagem pode lhe fazer mal. E toda cirurgia é de alto risco, devido à longa duração e ao uso de anestesia geral, mas ele não está nem aí. Com essa infantil falta de cuidados, é claro que Bolsonaro não vai longe. Se tivesse juízo, deveria abandonar a política e aproveitar o resto de vida que ainda tem, porque nenhum médico pode garantir que ele resistirá a uma sétima cirurgia. (C.N.)

Guerra de Trump vai bater no bolso dos americanos e afetar a política do mundo

 - Folha PE

Milhares já saem às ruas nos EUA contra Donald Trump

Vinicius Torres Freire
Folha

Pessoas que perderam seus parentes para a Covid votaram em indivíduos que não davam a mínima para a epidemia mortífera, como Jair Bolsonaro. Também votaram em Jair Bolsonaro tantas pessoas que padeceram na grande miséria de 2021, a maior em décadas, pois haviam perdido o auxílio emergencial, cortado ainda durante o desastre epidêmico. Temos visto muito surto de servidão voluntária, por assim dizer, piorado pelas redes insociáveis.

Assim, é temerário dizer que americanos vão se revoltar quando sentirem os efeitos da guerra comercial de Donald Trump.

VAI SER DIFERENTE? – Quem sabe se invente um meme de dourar pílula ou um veneno algorítmico ou uma alquimia virtual capaz de transformar sofrimento em ouro. No caso do governo de Joe Biden, a possibilidade de vitória do Partido Democrata foi para o vinagre muito também porque os salários perderam a corrida da inflação por quase três anos. Desta vez vai ser diferente?

Para começar, 62% das famílias americanas têm ações de empresas, de modo direto ou por meio de algum tipo de fundo ou conta de aposentadoria.

Os dados são de pesquisa Gallup de 2024. Na pesquisa mais recente do Fed, o Banco Central americano, de 2022, 58% das famílias teriam recursos aplicados em ações.

AÇÕES AFETADAS – Antes das reviravoltas de quarta e sexta-feira, os principais índices de preços de ações americanas haviam baixado cerca de 20% em relação ao pico recente ou estavam mais ou menos no mesmo nível de 12 meses antes. Ainda não seria um desastre, mas o ganho gordo e talvez exagerado de 2024 para 2025 desapareceu. Algum sentimento de perda houve, o que influencia o consumo.

O efeito da guerra comercial ainda não elevou preços —ao contrário. A inflação foi menor do que a esperada em março. Segundo entendidos, os consumidores compraram menos passagens de avião, combustíveis e foram menos a restaurantes.

As companhias aéreas foram as primeiras a alertar para o risco de resultados ruins adiante. Há indícios de que os americanos estão em média com medo de gastar; os índices de confiança do consumidor desabam.

EVIDÊNCIAS ANEDÓTICAS – Há sinais dispersos, “evidências anedóticas”, de que canadenses cancelam viagens para os Estados Unidos. O governo chinês tenta induzir seus cidadãos a não viajar para o país ora sob Trump.

O que a suspensão das tarifas de Trump significa para o comércio mundial? Carros ficarão mais caros —ou já ficaram. Comidas também, como tantas que chegam do México. Os americanos compravam cerca de US$ 450 bilhões de produtos chineses, por ano.

Agora, os impostos de importação tornaram impossível o comércio entre Estados Unidos e China. Ou os americanos vão pagar mais caro, ou vão comprar produtos e insumos piores ou não conseguirão produzir e vender, talvez exportar, por causa de preço e qualidade pior.

ALTA DOS PREÇOS – Alguma inflação haverá. Pessoas perderão empregos. Nesses danos, não estão incluídos possíveis efeitos daninhos de outras políticas econômicas de Trump.

Não se sabe o tamanho do estrago da caça aos imigrantes. Trump ainda não deu sinal de como vai conter o déficit do governo. Ao contrário: por ora tem uma fantasia de arrecadação e um plano de cobrar menos impostos de ricos.

No final do ano que vem, haverá eleição parlamentar nos EUA. Logo, é possível que Trump perca suas maiorias mínimas no Congresso. Não vai haver reparo nos danos permanentes que terá causado a seu país e ao planeta. Mas seria um sinal para aventureiros cafajestes, autoritários e ignorantes do mundo.