Aproximação com China e Europa é da maior importância para o país

Na imagem, dois homens estão se cumprimentando com um aperto de mão. Ao fundo, há bandeiras do Brasil e da China. O ambiente parece ser uma sala de reuniões formal, com uma mesa à frente e flores decorativas. O homem à esquerda está vestindo um terno escuro e uma camisa clara, enquanto o homem à direita está usando um terno escuro. Ambos parecem sorrir durante o cumprimento.

Único problema da viagem foi a gafe da primeira-dama

Maria Hermínia Tavares
Folha

Muito além do ‘Sul Global’, as relações entre Brasília e Pequim, importantes no plano comercial, não são um diálogo entre iguais. Manter o equilíbrio nas relações com os Estados Unidos, a China e a União Europeia talvez seja o principal desafio da política externa brasileira. Há muito tempo, o país chegou à maturidade em suas relações com a grande potência do Norte e com as nações da zona do euro.

AMADURECIMENTO – Escapando do realinhamento político automático, o amadurecimento se expressa no baixo grau de conflito; na discussão pragmática das divergências; na cooperação onde possível; no distanciamento quando necessário; na autonomia sempre.

O relacionamento oficial, gerido no dia-a-dia por diplomatas de carreira, independe em boa medida da linha dos governos de turno. (Exceção feita ao curto período em que o comando do Itamaraty foi assaltado pelo bolsonarismo delirante do ministro Ernesto de Araujo).

Convém avaliar sob esse prisma a construção de relações maduras com a China, do que a recente visita do presidente Lula – e enorme comitiva – é um episódio.

VISITA OPORTUNA – Foi uma viagem mais do que oportuna. Quando Donald Trump desorganiza o comércio mundial com a ameaça de tarifas exorbitantes, o Brasil mostrou serem muitas as oportunidades a explorar com o gigante asiático, seu principal parceiro comercial.

Dali saiu com promessas de investimentos de empresas locais da ordem de R$27 bilhões na produção automobilística, em energia renovável, transporte e delivery, insumos farmacêuticos e até bebidas.

Como se pouco fosse, 0 Banco Central explora a possibilidade de empresas brasileiras captarem recursos por meio de lançamento de títulos em yuan, a moeda chinesa.

DIÁLOGO DESIGUAL – Mas convém lembrar que as relações entre Brasília e Beijing, embora tenham adquirido envergadura no plano comercial nestas últimas décadas, não configuram um diálogo entre iguais.

Como observou o professor Maurício Santoro, da UFRJ, no livro “Brazil-China relations in the 21st century” publicado na Inglaterra, e a merecer tradução para o português, sob a retórica da cooperação Sul-Sul, o comércio entre os dois países se assemelha ao padrão da tradicional dependência Sul-Norte: vendemos commodities e importamos manufaturados.

Além do mais, a diferença de regimes políticos, inexistente no relacionamento com os Estados Unidos e a União Europeia, sugere cautela adicional no trato com a China autoritária.

“SUL GLOBAL” – A ideia do “Sul Global”, se já teve serventia no passado, hoje mais atrapalha do que ajuda a definição de uma política externa realista do Brasil para com a China. Disso são prova certas declarações do presidente Lula e alguns vídeos oficiais sobre a viagem postados no seu Instagram oficial.

O escorregão da primeira-dama no diálogo com Xi Jin Ping parece provir da mesma falta de clareza dos limites da cooperação sino-brasileira. No já remoto ano de 1946, o deputado Octavio Mangabeira, da conservadora UDN (União Democratica Nacional) curvou-se e beijou a mão do general Dwight Eisenhower, comandante das forças aliadas na Segunda Guerra Mundial e futuro titular da Casa Branca.

Com o gesto, entrou para a História como exemplo da subserviência da oposição antigetulista ao chamado “Grande Irmão do Norte”. Quase 80 anos depois, pega mal um presidente de esquerda, por ingenuidade ou erro de cálculo, agir de forma assemelhada diante dos poderosos da vez.

Com o dom de se iludir, Lula não vê que o governo leva uma surra atrás da outra

Por que Nikolas retirou pedido para derrubar decreto do IOF do governo |  Metrópoles

Nikolas Ferreira tem conseguido levar o governo à loucura

Dora Kramer
Folha

Não ficou muito claro o que o presidente Lula (PT) quis dizer quando anunciou que a partir de junho vai voltar a “fazer política”, percorrendo o país para “combater a canalhice”.

Talvez tenha querido dar um aviso aos navegantes de que aquele Lula, que na oposição arrasava quarteirões e na Presidência não dava moleza aos adversários, estará de volta, mostrando com quantos paus se faz um embate de mestre.

NIKOLAS CRESCE – Se foi esse o significado de suas palavras, vai ter de começar dando um jeito de não levar um baile de Nikolas Ferreira (PL-MG) a cada trapalhada do governo.

O jovem deputado de primeiro mandato, que antes havia sido vereador durante dois anos, virou referência de temor para o experiente PT em sua quinta estadia no Palácio do Planalto. Um contraste e tanto com Lula pela terceira vez presidente, tarimbadíssimo nas lides da política, às quais já dedica mais da metade de seus 79 anos de idade.

Haveria até sentido em atribuir as dificuldades comparativas a uma questão geracional se o deputado dos temidos vídeos fosse o único combatente em campo. Ele é apenas o mais estridente integrante de uma oposição composta majoritariamente por gente formada na escola de professores que a antiga crônica política chamava de raposas felpudas.

TUDO ERRADO – A esses seres matreiros o governo tem fornecido matéria-prima de trabalho com decisões atabalhoadas, declarações inapropriadas, arrogância desmedida e recuos improvisados. Tudo isso embalado numa repetição sistemática de erros que deveriam ter sido aprendidos e corrigidos.

Nenhuma lição parece ter sido tirada dos episódios das blusinhas, do Pix, dos atropelos ao Congresso, da crise no INSS e da confusão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

É uma sucessão de surras autoinfligidas, das quais adversários e aliados de ocasião obviamente se aproveitam sem que o governo esboce capacidade de reação. E Lula acha que vai resolver tudo a partir de junho, quando, anuncia, percorrerá o país para “fazer política e combater a canalhice”.

Estratégia de Moraes e Gonet é direcionar respostas para justificar as acusações

A imagem mostra um grupo de pessoas em um ambiente de tribunal. Um homem com cabelo grisalho e óculos está em primeiro plano, olhando com uma expressão séria. Ao fundo, há uma mulher com cabelo longo e grisalho e um homem careca. A bandeira do Brasil está visível ao lado.

Gonet levanta controvérsias dar sustentação às acusações

Cézar Feitoza
Folha

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, mudou nesta quinta-feira (22) o estilo de inquirição das testemunhas no processo pela trama golpista. O novo perfil foi adotado após ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) criticarem a forma como o procurador conduziu o depoimento do ex-chefe do Exército Freire Gomes.

Assim, Gonet passou a a ser mais firme na audiência com as testemunhas escolhidas pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid, na avaliação de dois integrantes do tribunal. Em especial com o general Júlio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército.

FUGIU DO TEMA – O procurador interrompeu a fala de Arruda quando o general fugiu do tema central das perguntas e explorou trechos do depoimento considerados controversos.

A mudança de postura de Gonet ficou clara já no início da inquirição. Ele perguntou ao ex-chefe do Exército se confirmava o teor de reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo que mencionava um encontro entre Arruda e o general da reserva Mario Fernandes, acusado de planejar o assassinato de autoridades na trama golpista.

“A imprensa coloca muitas coisas, né. Eu conheço o general Mario e ele foi meu aluno no curso de comandos, em 1988. Eu fiz o curso em 1987, em 1988 fui instrutor. E ele era um dos oficiais mais modernos. Servimos juntos”, disse Arruda.

ESTEVE LÁ – Gonet interrompeu a resposta por avaliar que o general fugiu do tema. Ele queria saber se o encontro era verdadeiro. “Não foi isso que perguntei. Confirma que ele [Mario] esteve lá?”, perguntou Gonet.

Arruda acabou confirmando que o encontro ocorreu, em 28 de dezembro de 2022, em seu gabinete no Departamento de Engenharia e Construção do Exército. Negou, porém, que o general tenha feito apelos golpistas ou que tenha expulsado o colega da sala.

O procurador ainda explorou uma divergência no depoimento de Arruda sobre os motivos da visita de Mario Fernandes. Na primeira versão, o depoente disse que o general da reserva queria saber se Arruda seria realmente nomeado comandante do Exército.

DIVERSOS ASSUNTOS – Em segunda resposta sobre o mesmo tópico, Arruda disse que a pergunta não foi feita porque a nomeação já era de conhecimento público. “Conversamos sobre diversos assuntos”, disse o general, sem dar detalhes sobre a conversa.

Na segunda-feira (19), primeiro dia de depoimentos, parte dos ministros do Supremo avaliou que o procurador não conseguiu se contrapor à versão considerada mais amena apresentada por Freire Gomes sobre as articulações golpistas.

Em vez de explorar controvérsias no depoimento, o PGR fez digressões para confirmar se a resposta do ex-chefe do Exército poderia ser entendida conforme foi narrada na denúncia.

MINUTA DO GOLPE – Uma dessas intervenções ocorreu quando o ex-chefe do Exército disse que não se espantou quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou aos comandantes militares a primeira minuta do decreto golpista.

Freire Gomes disse que Bolsonaro apresentou o documento como um estudo, embasado na Constituição, e que o então presidente informou que voltaria ao assunto após consultar outros auxiliares.   

“Posso dizer, então, que ele estava preparando os senhores, com razões jurídicas, para apresentar mais a seguir medidas de intervenção que ele já estava antecipando que ia tomar?”, perguntou Gonet.

DIRECIONAR A RESPOSTA – O advogado Celso Vilardi, defensor de Bolsonaro, disse que a pergunta buscava direcionar a resposta do general. O ministro Alexandre de Moraes negou a questão de ordem, e o microfone de Vilardi foi cortado.

“Doutor Paulo Gonet, não necessariamente”, respondeu o ex-comandante. “Talvez ele tenha nos apresentado por questão de consideração, já que alguns aspectos dos documentos se referiam a GLO [Garantia da Lei e da Ordem], estado de defesa e estado de sítio”.

Moraes acabou interrompendo o interrogatório de Freire Gomes, sob a justificativa de que ele estaria mudando versões, e disse que o general deveria falar a verdade em juízo.

O mais vergonhoso equívoco da Procuradoria Geral da República em toda a história do Direito pátrio, foi, sem dúvida, o de ignorar a tese universalmente aceita pelas ciências sociais e políticas, dentre essas o Direito, de que o indivíduo em grupo e sob influência de um líder se despersonaliza (Freud em Psicologia das massas e analise do eu), de modo a provocar a desarmonia social entre uma condenação gigantesca de Débora Rodrigues dos Santos ao lado de Bolsonaro sem julgamento e solto. Namastê!

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Namastê significa “eu me curvo diante de ti”. Está evidente que o golpe estava sendo planejado e que Bolsonaro tentava o apoio das Forças Armadas. Mas está evidente também que o ministro Moraes, com auxílio do procurador Gonet, direciona respostas para justificar suas teses, e ainda há quem chame isso de Justiça. (C.N.)  

Supremo sob suspeição, com parentes de ministros disputando ação bilionária

Tribuna da Internet | Esses ministros do Supremo fazem por merecer algum  respeito da sociedade?

Charge do Bier (Arquivo Google)

Guilherme Seto e José Marques
Folha

Uma disputa bilionária em diferentes tribunais entre gestores financeiros e Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, das cervejas Itaipava e Petra, mobilizou nos últimos anos pelo menos dez familiares de membros da cúpula do Judiciário brasileiro que atuam como advogados nas causas.

Entre os que defendem ou defenderam algum dos lados do litígio estão parentes dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Kassio Nunes Marques. Também participa do processo um filho do ministro Luis Felipe Salomão, vice-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

TUDO EM FAMÍLIA – Os familiares dos ministros atuam ou atuaram como advogados de um dos lados de processos que tramitam no STJ, na Justiça do Paraná e na Justiça Federal em Brasília. A causa certamente chegará ao Supremo, se não houver acordo.

Quando isso acontecer, pode haver uma enxurrada de impedimentos de ministros nas ações. O motivo é que, segundo a legislação, um magistrado não pode julgar um caso no qual seu cônjuge ou parente tenha atuado.

Walter Faria e os empresários Renato Mazzucchelli e Ruy del Gaiso brigam desde 2019 pelo controle da Imcopa, empresa paranaense de produção de derivados de soja que está em recuperação judicial desde 2013. Os créditos da recuperação foram estimados em mais de R$ 3,3 bilhões.

DURANTE A PRISÃO – Faria acusa os demais de terem dado “um golpe” durante sua prisão na Operação Lava Jato, em 2019. Ele foi investigado sob suspeita de manter uma estrutura de pagamento de propinas e de agir em conluio com a Odebrecht. Em 2022, Gilmar anulou decisões tomadas em instâncias inferiores sobre o caso e determinou o arquivamento de ações penais.

Faria diz que tinha um acordo com Mazzucchelli, Gaiso e Naede de Almeida, seu ex-braço direito, de que eles investiriam recursos seus na Imcopa, para que ele não aparecesse publicamente como interessado. Segundo Faria, o combinado era o de que ele se tornaria o dono dos créditos da Imcopa, mas ele passou a ser impedido de exercer esse direito por meio de uma suposta alteração fraudulenta em contrato.

Os outros negam qualquer manobra e afirmam que Faria é quem tenta modificar termos acordados previamente. Mazzucchelli e Gaiso dizem que Faria concordou que a operação seria encabeçada por eles e abriu mão, em carta, de resgatar seu investimento antes do vencimento, estipulado para 2025.

EM INSTÂNCIAS – A briga judicial tem diversos ramos. No STJ, discute-se a responsabilidade de cada tribunal para tomar decisões específicas a respeito do imbróglio e da recuperação judicial.

No ano passado, o ministro Antonio Carlos Ferreira derrubou determinações feitas no Paraná, por entender que invadiam a competência da Justiça Federal no DF. O caso ainda deverá ser levado a análise de colegiado no STJ.

Atualmente, a Imcopa é administrada pelo Grupo Petrópolis, que teve decisões favoráveis em Brasília e no Paraná. Na disputa judicial, a família de Gilmar Mendes tem representantes nos dois lados envolvidos.

FILHA E PRIMOS – Em setembro do ano passado, Laura Schertel Ferreira Mendes, sua filha, foi incluída como uma das advogadas do Petrópolis no processo que tramita no STJ. Um mês depois, ela deixou o caso, e entraram Maria da Conceição Sabo Mendes e Pedro Anísio Sabo Mendes, filhos do juiz federal Ítalo Mendes, que foi presidente do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) e é primo do ministro do Supremo.

Maria Carolina Feitosa Tarelho, enteada de Gilmar e filha da advogada Guiomar Mendes, esposa do ministro, também fez parte da equipe de advogados do Petrópolis na disputa.

Do outro lado do processo, estão as representantes da Crowned, empresa criada em Luxemburgo e que foi usada para receber recursos de Faria e investir em créditos da Imcopa.

MAIS PARENTES – Guiomar Mendes e sua filha Daniele, irmã de Maria Carolina (advogada da Petrópolis) e também enteada do ministro, foram contratadas para compor a equipe de advogados da Crowned. As duas trabalham para o escritório Sergio Bermudes. Valeska Zanin Martins, esposa de Cristiano Zanin, ministro do STF, também foi integrada ao grupo.

A Crowned, no entanto, também atravessa briga pelo controle. Na sexta-feira (16), um dos lados da disputa, o advogado Ricardo Bocchino Ferrari, solicitou a destituição de toda a equipe jurídica da empresa para que Tiago Limongi assuma o caso no STJ.

A R2C Holdings, de Mazzucchelli e del Gaiso, protocolou uma contestação em que afirma que Ferrari não é proprietário da Crowned e não tem poderes para substituir advogados. A peça é assinada por Guiomar, Daniele, Valeska e outros advogados.

OUTROS MINISTROS – Além dos já citados, o Grupo Petrópolis também tem como advogados no processo Karine Nunes Marques e Viviane Barci de Moraes, respectivamente irmã de Kassio Nunes Marques e esposa de Alexandre de Moraes, ministros do STF, como mostrou a coluna Painel, da Folha, e Luis Felipe Salomão Filho, filho de Luis Felipe Salomão, ministro do STJ.

Procurados, os ministros do STF e do STJ não quiseram se manifestar sobre o tema. Também procurados, não se pronunciaram Valeska Zanin Martins, Karine Nunes Marques, Viviane Barci de Moraes e Salomão Filho.

Guiomar Mendes afirma que, assim como em outras áreas, filhos de advogados muitas vezes buscam seguir carreiras jurídicas e que as relações familiares não influenciam nos desempenhos profissionais dos que trabalham no caso em questão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Desculpem os excelentes repórteres da Folha, mas a matéria está fora de época. Realmente, a lei proíbe essa promiscuidade de laços familiares entre advogados e juízes, mas há alguns anos essa atual formação do Supremo jogou a lei no lixo e está pouco ligando para parentada que enriquece ilicitamente nessas causas bilionárias. Já houve tempo em que advogados e juízes se preocupavam com ética e moral. A gente era feliz e não sabia. (C.N.)

Governo quer “abrigar” na AGU mais 8,5 mil procuradores num prédio colossal

Foi um freio de arrumação na litigância predatória contra o Estado no Brasil”, diz Messias à CNN | Blogs | CNN Brasil

Messias não explica por que pretende “entupir” a AGU…

Claudio Dantas

Enquanto o governo Lula promove sob pressão um corte bilionário no orçamento federal, dentro da Advocacia-Geral da União de Jorge Messias está sendo engatado um verdadeiro trem da alegria, que aumentará o número de integrantes do órgão em pelo menos 8.500 servidores, ou seja, um incremento de 126%.

Um projeto de lei em preparação prevê incorporar à AGU os procuradores federais e do Banco Central, que, atualmente, integram a Procuradoria-Geral Federal e o BC e são apenas vinculados.

DIZ A LEI – A criação da AGU previu, como membros, apenas os Procuradores da Fazenda Nacional (total aproximado de 2.694, incluindo aposentados e pensionistas) e os Advogados da União (4.069 aproximadamente, com aposentados e pensionistas), totalizando cerca de 6.763 servidores que representam juridicamente a União.

Ou seja, os membros originários são em número inferior até aos servidores que podem vir a ingressar na estrutura da AGU. Os procuradores da Fazenda Nacional e advogados da União reclamam nos bastidores, classificando a medida como inoportuna, inconstitucional e irregular.

Os defensores do projeto alegam que os procuradores federais e do Banco Central já tem remuneração igual à das demais carreiras e que não haveria aumento de despesa.

NÃO HÁ CÁLCULOS – Porém, fontes internas do órgão dão conta de que não há como evitar o impacto orçamentário-financeiro da medida, mas que o seu valor é desconhecido e não foi apurado até o momento, o que está causando estranhamento, já que o corte de gastos é hoje a tônica na Esplanada.

Além disto, afirmam que os números do trem da alegria podem ser ainda maiores, pois há milhares procuradores autárquicos e fundacionais e assistentes jurídicos dos entes descentralizados, hoje procuradores federais, que ficaram em quadros em extinção sob gestão do MPDG quando da LC 73 e que podem migrar para a AGU, pois há pleito destes servidores, que buscam sua inclusão na proposta em estudo.

Quem é contra a proposta da AGU, além do aumento da despesa da União, levanta outros aspectos relacionados à estrutura e imagem institucional do órgão. Alertam que, à época da criação da AGU, o Partido dos Trabalhadores, base do atual governo, posicionou-se, expressamente, contra o trem da alegria, especialmente com o suporte do deputado Hélio Bicudo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A notícia do site de Cláudio Dantas não tem outra explicação. O que se diz é que Messias quer construir mais um palácio em Brasília para abrigar essa super-AGU e render propinas para a campanha do PT no ano que vem. Apenas isso, não há outra justificativa. (C.N.)

Itamaraty abre um canal com Supremo sobre as ameaças de sanções a Moraes

Deputada exibe foto de Moraes em sessão sobre censura no Brasil: 'Não sei  se é socialista ou tolo'

Na Câmara dos EUA, deputada mostrou quem é Moraes

Mariana Muniz
O Globo

Em meio às ameaças do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro tem mantido os ministros da Corte informados sobre os desdobramentos diplomáticos envolvendo o imbróglio.

O episódio ainda não é visto nos bastidores do Supremo como uma “crise”. Interlocutores do STF ouvidos pelo GLOBO afirmam que o Itamaraty tem estado em permanente contato com o tribunal para dar informações atualizadas sobre o tema.

NA NORMALIDADE? – No Supremo, a avaliação é que o assunto corresponde à esfera diplomática e que o desenrolar está ocorrendo “dentro da normalidade”.

Na Corte também há o entendimento de que esse é um assunto que não cabe ao próprio tribunal conduzir, e sim às autoridades diplomáticas.

Na semana passada, a possibilidade de punição a Moraes foi comentada pelo chefe do Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante seu depoimento na Comissão de Relações Exteriores do Congresso americano, na última quarta-feira.

GRANDE POSSIBILIDADE – Ao ser questionado pelo deputado republicano Cory Mills, que comentou sobre a “perseguição política” da oposição no Brasil, o auxiliar de Trump disse que há “grande possibilidade” de imposição de sanções contra o magistrado.

— Isso está sob análise neste momento, e há uma grande possibilidade de que isso aconteça — afirmou Marco Rubio, ao responder a uma pergunta nesse sentido feita pelo deputado republicano Cory Mills (Flórida).

O governo americano usa como base a Lei Global Magnitsky, que permite punições a autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou graves violações de direitos humanos. O ministro poderia enfrentar bloqueio de bens e contas bancárias no país, além de ter o visto cancelado e ser proibido de entrar nos EUA.

INVESTIGAÇÃO – Na segunda-feira, Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e abriu um inquérito para investigar a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.

No pedido encaminhado ao Supremo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, menciona postagens em redes sociais e entrevistas a veículos de imprensa dadas por Eduardo Bolsonaro.

Moraes é o relator do caso pelo fato de o procurador-geral da República ter vinculado o pedido ao inquérito das fake news e à ação penal da trama golpista, ambas conduzidas pelo ministro.

ATOS DE EDUARDO – No pedido, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, menciona postagens em redes sociais e entrevistas a veículos de imprensa dadas por Eduardo Bolsonaro.

“Há um manifesto tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na Ação Penal, percebendo-se o propósito de providência imprópria contra o que o sr. Eduardo Bolsonaro parece crer ser uma provável condenação”, aponta a Procuradoria-Geral de República.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria necessita de tradução simultânea. A informação de que o Itamaraty está acompanhando o caso não significa nada, porque nada é o máximo que os diplomatas podem fazer. Dizer que o Supremo entende que tudo está “na normalidade” é uma Piada do Ano. Na verdade, Moraes está apavorado e os outros ministros, também. Todos podem ser classificados e punidos por abusos de poder e infrações de direitos humanos. No desespero, Moraes decidiu processar Eduardo Bolsonaro, e isso é outra cagada do ministro, como diz o procurador Gonet. Daqui a pouco a gente volta ao assunto. (C.N.)

No Brasil e na África do Sul existem as testemunhas que não viram nada…

Plural on X: "Charge do dia. Por Benett. https://t.co/j47PqRHQIJ  https://t.co/a2ASmvK4up" / X

Charge do Benett (Folha)

Luís Ernesto Lacombe
Timeline

De militar de alta patente a jornalistas enviesados, há um bando que chafurda na mentira. É uma nova e triste era. Os acusadores agora estão liberados do ônus da prova. Suas mentiras podem ser mal encaixadas em narrativas esdrúxulas, para transformar alvos previamente escolhidos em criminosos.

As defesas, apegadas aos fatos, despejam provas de verdade, concretas, irrefutáveis, e mais provas, e mais provas… Mesmo assim, as condenações vão sendo impostas. A realidade é picotada, estraçalhada, numa série sem fim de abusos, arbítrios e ilegalidades. Chegaram ao cúmulo de inventar as testemunhas que não testemunharam nada, que nada viram e nada ouviram.

“TENTATIVA DE GOLPE” – O brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, que comandou a Aeronáutica na gestão de Jair Bolsonaro, é uma dessas figuras. Na última quarta-feira, ele depôs por cerca de uma hora e meia à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no processo sobre a tal “tentativa de golpe de Estado”.

O processo todo é uma baboseira. Se Jair Bolsonaro estudou dispositivos constitucionais para evitar que um condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro voltasse à presidência da República, Dilma Rousseff fez o mesmo em 2016, quando estava com a corda do impeachment no pescoço. E ela nunca foi acusada de ser golpista.

E tudo o que houve de quebra-quebra na Praça dos Três Poderes em Brasília em 2006, 2013, 2014, 2016 e 2017 não teve nada a ver com golpe de Estado? Congresso invadido, depredado… O Palácio do Itamaraty, a sede do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto atacados… Tentativa de incendiar prédios de pelo menos quatro ministérios… Carros e ônibus destruídos pelo fogo… Dezenas de policiais feridos…

TURMA DO AMOR – Mas era a turma do amor, a turma do Lula, dos partidos comunistas e socialistas, das centrais sindicais, do MST. Não havia golpistas, nem terroristas, nem selvagens que merecessem ser extirpados. Muito pelo contrário, foram todos protegidos, como se democratas e respeitadores das leis fossem.

Voltando ao brigadeiro Baptista Júnior, ele confirmou essa semana que houve uma reunião dos comandantes das Forças Armadas com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, depois do segundo turno das eleições de 2022. E o que foi discutido? O uso de “algum instituto previsto na Constituição” para impedir a posse de Lula. Esses meios seriam uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou a implementação de um Estado de Defesa ou de Sítio.

Ou seja, seria um “golpe” com base na Constituição… Baptista disse que testemunhou o planejamento de uma “ruptura institucional”, que ele preferiu não denunciar.

NÃO SOUBE DIZER – O ex-comandante da Aeronáutica, uma “testemunha de cativeiro”, como definiu o advogado Jeffrey Chiquini, não soube dizer se o ex-ministro da Justiça Anderson Torres participou da tal “reunião do golpe”, mas afirmou que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, não estava no encontro. E, destruindo-se como testemunha, ele disse que não chegou a ver a tal “minuta do golpe” porque se retirou da reunião. O brigadeiro contou que decidiu ir embora porque “não compactuava com nada daquilo”, mesmo sem saber exatamente o que era “aquilo”, já que não leu o documento que foi apresentado…

A nova velha imprensa também está cheia de gente como o brigadeiro, gente que não sabe de nada, mas sabe de tudo.

ATÉ NA GLOBONEWS– Em debate com Eliane Cantanhêde na GloboNews sobre as sanções do governo americano contra Alexandre de Moraes, Guga Chacra disse, de certa forma, que compreendia a reação dos Estados Unidos contra a tirania do ministro do Supremo.

Falando especificamente sobre dois perseguidos por Moraes – os jornalistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo –, Guga afirmou que acompanha as redes sociais deles e que nunca os viu fazer ameaças ou mentir:

“Se alguém comete crime de calúnia e difamação, você pode processar a pessoa, mas calar é algo muito forte. Eu fico muito preocupado que as pessoas não possam exercer a liberdade de expressão”.

DEFESA DA CENSURA – Eliane Cantanhêde, que já afirmou que “criticar o governo é crime”, como mais uma “testemunha ocular” que nada vê e nada ouve, acusou Constantino e Figueiredo de mentir e ameaçar ministros do Supremo e seus parentes, defendendo a perseguição e a censura que eles sofrem.

Cantanhêde não teve vergonha de dizer que não acompanha o trabalho dos jornalistas, que não acessa os conteúdos produzidos pelos dois, que “não teria paciência para isso”, mas declarou que eles fazem, sim, ataques, mentem e “instigam a sociedade contra as instituições, as autoridades, as eleições e a Constituição”.

Talvez ela seja uma reencarnação da Mãe Dinah… Se a jornalista não quer saber do que eles escrevem e dizem, em que se baseia para acusá-los?

OUTRO EXEMPLO – No bando de testemunhas com vendas nos olhos e tampões nos ouvidos da GloboNews também está Marcelo Lins. “Comentando” o encontro, no Salão Oval da Casa Branca, entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o jornalista disse o seguinte:

“Não tem nenhum órgão de imprensa independente, sério da África do Sul ou de fora que fale que esteja havendo perseguição sistemática, muito menos genocídio contra a minoria branca da África do Sul. Isso é uma mentira criada por grupos contrários ao governo. Isso beira o inacreditável… Esse é um tema fake, que não aguenta uma checagem bem feita”.

O vídeo exibido por Trump ao presidente sul-africano prova o contrário. Nele, o político Julius Malema, que já foi do partido que governa a África do Sul, grita “mate o bôer”, que é o descendente dos colonizadores holandeses, dinamarqueses, alemães e franceses.

BRANCOS COVARDES – O Tribunal Constitucional do país, há cerca de dois meses, liberou o slogan, afirmando que aquelas palavras não devem ser interpretadas literalmente. Ou seja, segundo o STF sul-africano, “mate o bôer” não quer dizer “mate o bôer”…

O próprio presidente Ramaphosa já fez discurso zombando dos brancos que deixam o país com medo de serem atacados e mortos. Ele disse: “Brancos covardes, fiquem e aceitem as coisas como homens”.

Para piorar, Cyril Ramaphosa incluiu na comitiva dele na visita aos Estados Unidos cinco jogadores de golfe sul-africanos brancos. Um deles, Retief Goosen, disse a Trump que os fazendeiros brancos vivem protegidos por cercas elétricas e que, mesmo assim, amigos do pai dele, que também tem uma fazenda, já foram mortos.

PERSEGUIÇÃO – O jogador Goosen afirmou que a perseguição aos produtores do campo é constante e que muitas áreas rurais são atacadas, queimadas e que máquinas agrícolas são roubadas.

Marcelo Lins não quer saber de nada disso, e ele ainda acha que o governo da África do Sul pode defender os terroristas do Hamas e acusar Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza… É mais uma “testemunha ocular” que confia apenas nos jornalistas enviesados como ele, nos organismos internacionais globalistas, em terroristas e, claro, no Lula, no Alexandre de Moraes, em toda a turma xexelenta do STF.

E ficamos assim, revoltados com os donos da “verdade” construída mal e porcamente. Eles tomaram conta de tudo, mas é da revolta justamente que vem a força maior para reagir contra isso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importante artigo enviado por Mário Assis Causanilhas. Mostra que a Tribuna da Internet está no caminho certo, sob o signo da liberdade, ao abrigar o livre debate de ideias. É certo que o país está num momento difícil, dominado por fake news de ambos os lados. Somente quando a poeira baixar é que a nitidez mostrará em que estágio de democracia estamos. (C.N.)

O destino do inquérito contra Eduardo Bolsonaro já está com a Polícia Federal

Por que STF vai investigar Eduardo Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro se considera “perseguido político”

Malu Gaspar
O Globo

A determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, para que seja aberto um inquérito para investigar se houve coação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou à Polícia Federal (PF), e a cúpula da corporação já definiu o seu destino.

A apuração sobre a atuação do filho 03 do ex-presidente da República vai para a alçada da mesma equipe que investigou a trama golpista na PF, dentro do departamento de inteligência.

JUSTIFICATIVA – Embora o novo inquérito não esteja formalmente ligado à ação da trama golpista, a PF avalia que os policiais que já investigaram Bolsonaro e os outros acusados “já investigaram fatos correlatos e têm conhecimento profundo do cenário”, como definiu uma fonte que participou da definição.

No pedido ao STF pela abertura da investigação, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pede que a PF faça o “monitoramento e preservação de conteúdo postado nas redes sociais do sr. Eduardo Bolsonaro” que tenha relação com a investigação, além de convocar para depor o ex-presidente para falar sobre “a circunstância de ser diretamente beneficiado pela conduta descrita e já haver declarado ser o responsável financeiro pela manutenção do filho nos Estados Unidos”.

MORAES RELATA – A mesma equipe também investigou a fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e de sua filha, Laura, o desvio das joias sauditas e foi também responsável pela negociação que levou ao acordo de delação premiada com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

A decisão da PF segue ainda a lógica de Barroso, que já enviou o inquérito diretamente para a relatoria de Alexandre de Moraes.

E sinaliza também que vai ser muito difícil o deputado escapar do indiciamento.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Comprem pipocas, porque teremos muitas cenas desta novela da incrível guerra diplomática entre Estados Unidos e Brasil, uma nova versão do filme “O Rato que Ruge”, que mostra um paiseco europeu tipo Mônaco declarando guerra aos States e… vencendo. O papel de Peter Sellers está nas mãos de Alexandre de Moraes, que pretende concorrer ao Oscar de Defeitos Especiais. O ministro Luís Roberto Barroso, que interpreta o amigo do Xandão, também será condenado e passará a cantar apenas “Ninguém me Ama”. (C.N.)

Promover acareação entre militares é possibilidade a ser imediatamente afastada

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

José Perez

Não há dúvida de que promover acareação entre os militares já é demais, é uma hipótese que deveria ser afastada liminarmente. Esses ministros do Supremo deveriam estudar um pouco mais a História do Brasil. Em 1964 existia realmente o risco de comunização do país. Na época, havia enorme encantamento com Cuba, Castro e Guevara.

O presidente João Goulart estava perdendo as rédeas e até permitindo que sargentos quebrassem a hierarquia nas Forças Armadas, esta era a realidade, muito diferente dos dias de hoje, em que a esquerda está em decadência no Brasil e no mundo, pela “alternância ideológica” que deve ser considerada tão normal quanto a “alternância de poder”.

TRANSGRESSÃO ÀS REGRAS – No momento atual, a cultura de transgressão às regras tomou conta. Os maus exemplos vêm de cima, com as interpretações de leis pela Suprema Corte, num fenômeno que começou com a soltura ilegal de Lula da Silva e quatro anos depois é sucedida pela descondenação de corruptos confessos, cancelamento de multas, arquivamento de processos, agora vêm os absurdos pedidos de indenização.

O resultado é essa promiscuidade entre empresários, políticos, governantes e magistrados, com desrespeito às antigas leis ainda em vigor. O mundo está muito complicado, com Trump, Netanyahu e Putin fazendo o que bem entendem, desrespeitando tratados internacionais, e o Brasil vem se deixando levar no turbilhão, no momento errado, que estava a exigir união e força.

Torço para que o clima de paz retorne ao país, mas está difícil. Os idiotas da objetividade citados por Nelson Rodrigues hoje são os fanáticos da polarização.

IR DEVAGAR – É hora de evitar radicalismos. Esses processos políticos devem ser julgados na forma da lei, sem humilhação aos militares, que na verdade evitaram o golpe, com o posicionamento firme do Alto Comando do Exército.

1964 foi ontem, pois 60 anos na História significam muito pouco e não estou aqui a afirmar que os militares eventualmente estariam ou estão tramando um outro golpe.

No entanto, não gostaria de lembrar que não se deve chegar ao limite com quem tem armas de guerra e constitucionalmente o poder de garantir a lei e a ordem nesse amontoado de gente diferente e com interesses próprios, mesquinhos e distintos, chamado Brasil.

Moraes manda investigar “trama” de Eduardo nos EUA e ouvir Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro será representante do pai e não do Brasil, diz americano  que estuda América Latina há 5 décadas - BBC News Brasil

Levou um bom tempo até Moraes entender a situação

Rayssa Motta
Estadão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizou a abertura de um inquérito para investigar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.

A PGR atribui ao deputado uma campanha de intimidação e perseguição contra integrantes do Supremo Tribunal Federal, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal envolvidos em investigações e processos contra bolsonaristas.

Em publicações em seus perfis nas redes sociais, Eduardo afirmou que abertura de investigação é “medida injusta e desesperada” e que o procurador-geral Paulo Gonet age “politicamente”.

EM DEZ DIAS – Além da instauração do inquérito, Moraes já autorizou as primeiras medidas da investigação: o monitoramento e a preservação das publicações de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais e a coleta de depoimentos do deputado e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a decisão, eles devem ser ouvidos dentro de dez dias.

A Procuradoria-Geral da República pediu para ouvir o ex-presidente por considerar que ele é “diretamente beneficiado” pela campanha e já declarou “ser o responsável financeiro pela manutenção do sr. Eduardo Bolsonaro em território americano”.

Como Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos, o ministro autorizou que ele seja notificado por e-mail e responda às perguntas por escrito.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Conforme a imprensa publicou nesta segunda-feira, enfim caiu a ficha no Supremo e os ministros passaram a entender que a possibilidade de os EUA baixarem sanções contra Moraes é uma ameaça verdadeira, e eles também estão na reta, porque apoiam tudo o que faz o condutor do inquérito do fim do mundo, aquele que não acaba nunca. Censura e perseguição política estão proibidas em países democráticos, mas há quem sonhe (?) com isso no Brasil. (C.N.)

“Golpe armado” é um morto que o Supremo se condenou a manter vivo

Tribuna da Internet | É desanimador notar que quase todos os bolsonaristas  iriam apoiar o golpe

Charge do Clayton (O Povo/CE)

J.R. Guzzo
Estadão

É sempre muito mais confortável, ou menos incômodo, desviar o olhar das coisas que incomodam – o aleijado que pede esmola no sinal de trânsito, o carente que precisa do seu tempo, as fotos de gente morrendo de fome da Somália.

Talvez nenhum de todos esses movimentos de autodefesa esteja sendo praticado com tanta aplicação no Brasil de hoje quanto a indiferença diante da injustiça mais indiscutível que já foi montada na história deste país: os Processos de Brasília para julgar o “golpe armado” de janeiro de 2023.

TRIBUNAL INFRATOR – Pense em qualquer violação da lei que possa ser cometida contra o réu de um processo penal – o Supremo já cometeu. Pense em ofensas diretas ao raciocínio lógico, em falsificação de fatos ou em mentiras fisicamente comprovadas – o STF, a Procuradoria e a Polícia Federal estão usando cada uma dessas baixezas para fabricar realidades e montar fábulas contra os acusados.

Pense, enfim, que os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, as bombas atômicas da acusação, não disseram absolutamente nada de útil em seus depoimentos. É melhor ficar de olhos fechados.

Os processos de Brasília tiveram, têm e vão continuar tendo um problema insolúvel: não houve, simplesmente, a tentativa de golpe de Estado que se pretende punir.

FORJANDO PROVAS – Como não houve golpe, não há nenhuma prova séria de que tenha havido. Como não há golpe e nem há provas, não há culpados. Culpados de que, se não houve crime? A saída que o ministro Alexandre de Moraes e o STF acharam para essa dificuldade foi um decreto simples: tudo o que a polícia diz, e a PGR repete, é prova.

A PF diz, por exemplo, que um oficial do Exército ficou rondando a casa do ministro Moraes, dia tal, a horas tantas, com más intenções – e por isso o homem está preso há seis meses, a caminho de 30 anos de cadeia. E a prova? O STF diz que foi isso o que aconteceu, porque a PF diz que foi. Estão querendo o que mais?

A defesa provou, com posicionamento do celular do acusado, que ele estava na festa de seu aniversário no momento em que, segundo a polícia, estaria na campana do ministro. A PF sequer incluiu isso no seu relatório.

PURO ABSURDO – É tudo assim – e daí para pior, até o absurdo em estado puro. Talvez nada demonstre tão bem essa fraude gigante quanto a cena do ministro Moraes interrogando o delator que ele próprio e a PF apresentam como a sua testemunha-chave.

Moraes diz que o delator tem de “sanar lacunas” na sua delação – ou sana, ou vai a cadeia, ele, o pai, a mulher e a filha. Ou seja: a principal peça da acusação não vale juridicamente nada.

O “golpe armado” é um morto que o Supremo se condenou a manter vivo. A cada dia vai se enterrar mais, exibindo ao mundo sua infâmia.

(Artigo enviado por José Carlos Werneck)

Por que a esquerda virou um bando de mimados e perdeu a coragem?

À procura de uma esquerda que seja contemporânea do futuro - Flávio Chaves

Charge do Duke (Arquivo Google)

Luiz Felipe Pondé
Folha

É comum se dizer que a esquerda hoje perdeu a capacidade de propor modelos mais criativos de sociedade. Outros criticam, como uma espécie de fogo amigo, que a esquerda deixou de pensar de forma mais assertiva e acabou se transformando num bando de ressentidos que gemem o tempo inteiro porque não reconhecem seus direitos de viver como plantas livres.

A esquerda teria se perdido em queixas chatinhas em vez de ir para cima do capitalismo. Eu penso que o que a esquerda perdeu não foi apenas seu objeto —a crítica e a busca da destruição do capitalismo—, mas perdeu algo mais essencial —seu método. E esse método era o bolchevique.

USO DA VIOLÊNCIA – Para uns, ela ficou civilizada. Para outros, ficou frouxa. No limite, o que quero dizer é que qualquer forma de utopia política só pode sonhar com qualquer mudança se fizer uso da violência sistemática contra seus alvos, os reacionários, defensores do status quo. Ou seja: sem guerra civil contra as forças do status quo, nada adianta. Portanto, o método bolchevique pressupõe um terror sistemático e a destruição do tecido social através de muito sangue derramado.

Que fique claro para os inteligentinhos da direita que não se trata de elogiar ou pregar o “terror vermelho” de volta, mas, sim, de tentar compreender a razão de a esquerda ter se transformado num mimimi de riquinhos e ressentidos. A esquerda de hoje faria xixi nas saias diante do método bolchevique.

Esse método, como bem mostrou Leonard Shapiro no seu clássico de 1960, “The Communist Party of the Soviet Union”, nascia da centralização radical, da disciplina impiedosa, do desrespeito pela lei, da criação da guerra civil como estratégia de desestabilização absoluta da sociedade russa de então e da hipótese, provada como certa àquela altura, de que quem fosse mais violento e cruel levaria o poder na Rússia.

“BIOGRAFIA” DO PC – O livro foi publicado em 1960 e sua segunda edição saiu em 1970. Essa distância no tempo garante uma perspectiva ainda não contaminada pela derrocada do partido comunista soviético. Shapiro escreve seu livro, nas palavras dele mesmo, “como uma biografia do partido, como se este fosse uma pessoa”.

Apesar do culto envergonhado a figuras como Lênin, Trótski ou Stálin, a verdade é que o método bolchevique hoje seria demais para a esquerda, que se vê como moralmente superior, enquanto os bolcheviques se viam como um partido cuja missão era destruir o sistema russo de então e empregar qualquer ação necessária para isso.

Muito longe da suposição de que eram moralmente superiores, eles se viam como capazes de fazer todo o trabalho sujo necessário.

LINGUAGEM NEUTRA – A esquerda hoje está preocupada em impor linguagem neutra e conseguir espaços identitários na máquina de exploração capitalista. Ela se esconde sob a batina de papas progressistas.

Há ainda um complicador que atrapalha a aplicação do método bolchevique hoje. A Europa vivia um caos geopolítico àquela altura. A revolução de 1917 estava no meio da Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. No caso específico do Brasil, a América Latina hoje é pura várzea geopolítica. Ninguém dá a mínima bola.

Vejamos um bom exemplo. Se pensarmos na crítica que Serge Latouche faz sobre a economia do “fetiche do PIB”, como ele se refere em seu “La Décroissance”, de 2019 — O Decrescimento —, percebemos que ele tem razão em muitas coisas que diz. A vida esmagada pelo imperativo categórico de ou cresça ou desapareça, asfixia esta à qual estamos todos submetidos. A economia da produtividade é uma catástrofe existencial e espiritual.

Mas, como garantir medicina avançada, comida para bilhões de pessoas, sistemas de comunicação “de ponta” —termo superbrega, aliás—, mobilidade global, sem a pressão da produtividade?

VIOLÊNCIA E MEDO – Latouche fala de desenvolver a solidariedade entre as pessoas. Piada? Um dos males ao qual ele se refere é a “colonização do imaginário social pelo fetiche da produtividade”. Aqui ele segue de perto um “ancestral” da defesa do decrescimento que foi Cornelius Castoriadis (1922-1997), filósofo, economista e psicanalista.

Mas, como realizar a “decolonização” —”décolonisation”— desse imaginário? Ninguém tem a mínima ideia. A mentira dos intelectuais reside aqui: blábláblá de livros e salas de aula, nada além disso.

A proposta de Latouche acaba morrendo na praia, como todas as utopias políticas. Simplesmente não há maneira de mudar o mundo e as pessoas pela educação, pelo audiovisual, pelo teatro ou pela democracia. A natureza humana —aquela mesma que não existe— só responde à violência e ao medo. Os bolcheviques sabiam disso, mas nem assim deu certo.

Lula se diz vítima de “canalhice” e promete mais viagens para “fazer política”

Lula não aceita que dona Janja sofra nenhuma crítica

Gabriela Boechat e João Rosa
da CNN

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (24) que não se pode permitir que a “canalhice” e as “fake news” tomem conta do Brasil. O petista deu a declaração durante evento de lançamento do Programa Solo Vivo, no Mato Grosso.

Ele falava sobre medidas governamentais que planeja implementar e citou um programa para baratear o gás de cozinha. Afirmou que a medida seria lançada ainda neste mês e que, em junho, iria “começar a andar o país” para combater as fake news.

VERDADE SOTERRADA – “O mês que vem eu vou fazer política nesse país. Mês que vem vou começar a andar esse país porque acho que chegou a hora de a gente assumir a responsabilidade e não permitir que a mentira, a canalhice e a fake news ganhe espaço, e que a verdade seja soterrada nesse país”, afirmou.

O presidente afirmou ainda que fazer com que a verdade se sobreponha à mentira no Brasil é sua “obrigação moral” e defendeu a regulamentação das redes sociais.

“É preciso que a gente discuta com o Congresso Nacional a responsabilidade de regular o uso das empresas. Não é possível que tudo tem controle menos as empresas de aplicativos”, afirmou.

CRISE DO IOF – Nesta semana, a medida econômica do IOF, tomada pelo governo Lula, se tornou alvo mais uma vez de críticas nas redes sociais, assim como o comportamento da primeira-dama na China.

No final da tarde de quinta-feira (22), o governo anunciou o aumento do IOF para empresas, operações de câmbio e planos de seguros usados como investimento. O mercado reagiu mal à medida, que demonstrou desconfiança em relação ao decreto.

Agentes do setor financeiro acusaram a medida de funcionar como um mecanismo indireto de controle cambial. Oposição e críticos nas redes sociais fizeram pressão no governo, que horas depois recuou e revogou parte do decreto.

EXEMPLO DO PIX – O caso tem semelhanças com a crise do Pix. Em janeiro deste ano, o governo publicou portaria que atualizava regras para o monitoramento de movimentações financeiras pela Receita Federal.

A medida gerou uma repercussão negativa, acompanhada por uma onda de notícias falsas que afirmavam que o governo taxaria o Pix, impulsionada pela oposição. Diante disso, o governo decidiu revogar a portaria.

Outro caso de repercussão negativa para o governo nas redes sociais foi o de ataques à primeira-dama Rosângela a Silva após uma “quebra de protocolo” em viagem à China.

PEDIU A PALAVRA – De acordo com relato vazado, Janja teria pedido a palavra durante jantar oficial do presidente Lula com o presidente da China, Xi Jinping, em Pequim.

Pelo protocolo, não haveria previsão de falas durante o jantar. Mesmo assim, a primeira-dama resolveu falar e criticou os algoritmos do TikTok, uma rede social chinesa.

Conforme apurou a CNN, a situação foi vista como “constrangedora” pelos presentes. O caso teve repercussão nas redes com ataques diretos à primeira-dama.

Rigor excessivo de Moraes em depoimentos tem apoio do Supremo e repúdio de defesas

2.518 fotos e imagens de alta resolução de Alexandre De Moraes - Getty  Images

Rigor excessivo de Moraes acaba sendo afronta à Justiça

Cézar Feitoza e Ana Pompeu
Folha

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), colecionou polêmicas na primeira semana de depoimento de testemunhas no processo contra o principal núcleo da trama golpista de 2022.

O perfil combativo do ministro relator ficou em evidência com a insinuação de que o general Marco Antônio Freire Gomes (ex-chefe do Exército) mentia em juízo e chegou ao ápice quando Moraes ameaçou prender o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo por desacato.

APOIO INTERNO – Desde o início do processo, Moraes teve mais demonstrações de apoio dos colegas nos bastidores que críticas à forma como tem conduzido a ação penal. Um dos ministros disse à Folha que a imparcialidade do relator não pode ser confundida com inércia na busca pela verdade.

Advogados dos réus, porém, afirmam que o magistrado não tem contemplado a garantia constitucional do contraditório. Especialistas apontam que a condução do processo tem sido excepcional, com procedimentos diferentes dos usuais.

As polêmicas cresceram ao longo da primeira semana da tomada de depoimento das testemunhas da ação penal contra o grupo do qual faz parte o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que prosseguiu nesta segunda-feira.

VERSÃO AMENA – Logo no primeiro dia, o general Freire Gomes apresentou ao Supremo uma versão que foi considerada como mais amena do golpismo de Bolsonaro. Houve ainda a percepção entre ministros de que o ex-chefe do Exército tentou no depoimento isentar o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos.

Moraes interrompeu a audiência e insinuou que o general mentia. “A testemunha não pode omitir o que sabe. Vou dar uma chance para a testemunha falar a verdade”, disse.

O general respondeu que, “após 50 anos de Exército, jamais mentiria”. “Não posso inferir o que ele [Garnier] quis dizer ‘estar com o presidente’. Eu sei exatamente o que falei e afirmo: ele disse que estava com o presidente, e a intenção do que ele quis dizer com isso não me cabe [interpretar].”

AMEAÇA DE PRISÃO – Na sexta-feira (23), o ministro ameaçou prender Aldo Rebelo por desacato no início do depoimento. O ex-ministro da Defesa fazia uma análise sobre a língua portuguesa para defender que a acusação contra Garnier de que teria se colocado “à disposição” de Bolsonaro na trama golpista poderia ser apenas uma força de expressão, sem efeito concreto.

“Se o senhor não se comportar, vai ser preso por desacato”, disse Moraes, depois de interromper Aldo e de ouvir como resposta “não admito censura”.

Professor de direito processual penal da USP, Gustavo Badaró diz que o Código de Processo Penal brasileiro passou por mudanças em 2008 para retirar o protagonismo do juiz no depoimento das partes. Segundo a nova regra, o juiz passou a ser o último a fazer perguntas adicionais na audiência.

FUROR ACUSATÓRIO – “O que parece da oitiva, do que foi ao público, é uma certa obstinação do juiz em prévias informações acusatórias”, diz Badaró. “Parece que houve insistência no sentido de confirmar a primeira versão [do general Freire Gomes] que era mais acusatória do que a segunda versão, que parecia mais branda”.

Sobre o caso de Aldo, o professor destaca que juízes com frequência advertem testemunhas consideradas mais provocadoras de que o testemunho precisa ser objetivo. “A testemunha só pode manifestar impressões subjetivas quando ela é inseparável da narrativa fática”, acrescenta.

A questão, segundo Badaró, é que os embates “parecem decorrer do Supremo tomar um protagonismo exagerado na produção da prova”.

MANTER DISTÂNCIA – O professor de direito penal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Davi Tangerino avalia que o juiz deveria manter distância das possíveis contradições expostas pelas testemunhas.

“Essa objeção da contradição deveria partir do PGR [Paulo Gonet]. O juízo deve se abster de papel proeminente na condução da prova”, diz Tangerino. Ele destaca, porém, que a prática é recorrente nos tribunais.

Antes da abertura do processo, um outro episódio já havia sido questionado pelas defesas. Em 2024, na fase de investigação, Moraes ameaçou de prisão o delator Mauro Cid em audiência. “Se percebeu que há uma série de omissões e contradições [nos depoimentos]”, disse, na ocasião.

PRERROGATIVAS – O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Beto Simonetti, afirmou à Folha que tem atuado no processo sobre a trama golpista sempre que acionado pelos advogados envolvidos na ação penal.

“A OAB tem atuado de modo firme em defesa das prerrogativas dos advogados que trabalham nesse caso sempre que registram formalmente a noticia de uma violação. Nossa prioridade sempre será defender as prerrogativas dos advogados”, disse.

Os advogados dos réus apontam ainda outros prejuízos ao processo. O principal seria a pressa. De acordo com as defesas de Bolsonaro e do ex-ministro Walter Braga Netto, a Polícia Federal só começou a disponibilizar a íntegra dos dados apreendidos durante a investigação no último dia 14.

BAIXAR OS AUTOS – Os arquivos compactados possuem cerca de 40 terabytes —volume que pode até dobrar após as pastas serem descompactadas. O processo para baixar o material tem demandado até cinco dias, a depender das condições tecnológicas de cada escritório.

Na prática, as defesas afirmam que o calendário de depoimento das testemunhas estabelecido por Moraes impediu que os advogados analisassem o material apreendido pela PF à procura de provas de inocência.

Foi com base nisso que a defesa de Bolsonaro, capitaneada pelo advogado Celso Vilardi, pediu o adiamento dos depoimentos na última sexta. A mesma avaliação foi feita pela defesa de Braga Netto, comandada pelo advogado José Luis Oliveira Lima.

ÍNTEGRA DAS CONVERSAS – “Se mensagens foram destacadas de conversas para imputar os supostos crimes ao requerente, é inadmissível que a instrução ocorra sem esta defesa poder se utilizar da íntegra dessas mesmas conversas”, diz a defesa de Braga Neto, em petição enviada ao Supremo.

Já o professor Gustavo Badaró diz que a prática usual em processos penais é entregar todo o material à defesa após o oferecimento da denúncia pela Procuradoria-Geral da República..

A excepcionalidade do caso, na visão dele, jamais poderia prejudicar o direito ao contraditório.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
E assim segue Moraes, protagonizando o papel duplo de “”O Médico e o Monstro”, segundo a visão de cada lado da polarização. (C.N.)

Setor privado faz manifesto e pede que Congresso derrube o decreto do IOF

Caio Junqueira
da CNN

As maiores confederações do setor privado elaboraram um manifesto no qual criticam o decreto do IOF anunciado pelo governo federal na semana passada e pedem que o Congresso anule a medida.

A Confederação Nacional do Comércio (CNC), da Indústria (CNI), da Agricultura (CNA), das Seguradoras (CNseg), das Instituições Financeiras (CNF), a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas) articularam no final de semana e publicaram na manhã desta segunda-feira (26) uma “Manifestação das Confederações sobre as mudanças no IOF”.

PREOCUPAÇÃO – O documento diz que “o setor privado brasileiro recebe com preocupação as medidas anunciadas pelo Governo Federal de aumento de alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)”.

“A decisão gera imprevisibilidade e aumenta os custos para produzir no país. Com as medidas, os custos das empresas e dos negócios com operações de crédito, câmbio e seguros serão elevados em R$ 19,5 bilhões apenas no que resta do ano de 2025. Para 2026 o aumento de custo chega a R$ 39 bilhões”, afirma.

Depois, diz que “a medida encarece o crédito para empreendimentos produtivos, aumentando a carga tributária do IOF sobre empréstimos para empresas em mais de 110% ao ano e, ao mesmo tempo, expõe assimetrias”;

MÁS CONSEQUÊNCIAS – O manifesto acrescenta que “a tributação no câmbio impacta a importação de insumos e bens de capital necessários para o investimento privado e a modernização do parque produtivo nacional”.

Na sequência, afirma que “a tributação sobre VGBL amplia distorções no mercado financeiro, uma vez que outros produtos não foram tributados e desincentiva a formação de poupança nacional de longo prazo em favor de investimentos de curto prazo”.

Diz também que “Iniciativas arrecadatórias, com aumento de impostos, impactam negativamente a construção de um ambiente econômico saudável” e que “o IOF, aliás, é um imposto regulatório, e não arrecadatório. É preciso enfrentar os problemas crônicos do Orçamento para acabar com a contínua elevação de impostos”.

MAIS EFICIÊNCIA – “Construir um desenho institucional mais eficiente é a forma certa de garantir o equilíbrio fiscal, reduzir o enorme custo tributário que trava o crescimento do país e garantir previsibilidade para investidores”, complementa.

Ao final, pede que o Congresso derrube a portaria: “Esperamos que o Congresso Nacional se debruce sobre o tema e avalie com responsabilidade a anulação do teor do decreto do Governo Federal. O Brasil ostenta uma das maiores cargas tributárias do mundo. Precisamos de um ambiente melhor para crescer — e isso se faz com aumento de arrecadação baseado no crescimento da economia, não com mais impostos. É hora de respeitar o contribuinte.”

O Congresso deve analisar o assunto nesta semana, tendo em vista que desde a semana passada parlamentares apresentaram diversas propostas para derrubar o decreto do governo sobre o IOF.

Rebelo espera pedido de desculpas de Moraes, mas isso jamais haverá

Após ameaça de prisão, Aldo Rebelo critica STF: "situação quase sem limite"  - Gazeta da Jurema

Moraes ameaçou mandar prender Aldo Rebelo no STF

Julia Affonso
Folha

O ex-ministro Aldo Rebelo disse que o ministro do STF Alexandre de Moraes tentou intimidá-lo durante audiência da ação penal sobre tentativa de golpe de Estado, na sexta-feira (23). “Na verdade, o que houve ali foi uma tentativa de intimidação de testemunha”, disse Aldo ao UOL. “O juiz pode desconhecer o depoimento, pode não considerar. Agora, como agiu, pressionar testemunha, não.”

Moraes ameaçou prender Aldo durante o depoimento. O fato ocorreu após o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff responder a um questionamento do próprio ministro do STF. Aldo é testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier no processo.

PEDIR DESCULPAS – “Acho que [Moraes] deveria pedir desculpas”, disse neste sábado (24) ao UOL. “Talvez, não quisesse fazer isso na hora, mas k          que teria sido dita por Garnier ao ex-presidente Bolsonaro na reunião com os comandantes das Forças Armadas em novembro de 2022.

Garnier falou em “colocar as tropas à disposição”, o que é um dos principais pontos da denúncia contra Bolsonaro. Ex-comandantes do Exército e da FAB (Força Aérea Brasileira) afirmaram que ele foi o único dos chefes das Forças Armadas a sinalizar apoio ao plano golpista. A defesa dele tenta contestar essa versão.

Aldo foi interrompido por Moraes. O ministro questionou se ele havia presenciado a reunião dos comandantes militares com Bolsonaro. Ele negou. Moraes mandou que ele tratasse apenas dos fatos.

SEM CENSURA – Na sequência, Aldo respondeu: “Eu não admito censura”. Moraes mandou que ele se comportasse, caso contrário, seria “preso por desacato”.

Após o diálogo tenso, a defesa de Almir Garnier retomou os questionamentos e não voltou mais para a discussão sobre a expressão. Ao final, Aldo respondeu à pergunta da defesa do militar e explicou como funciona a cadeia de comando na Marinha.

Moraes em seguida pediu que a audiência transcorresse de maneira regular. Ele disse que respeitava o advogado de Garnier, Demóstenes Torres, e exaltou o currículo de Aldo após a pergunta da defesa se a Marinha sozinha possuía condições de dar um golpe de Estado.

LER NA IMPRENSA – “Não há conhecimento técnico para saber se a Marinha sozinha consegue dar um golpe de Estado. Aldo Rebelo é historiador e inteligente, ele sabe, por exemplo, que em 64 não precisou de toda a cadeia de comando para dar o golpe de Estado. Por favor, doutor Demóstenes, tenho o maior respeito pelo senhor, mas vamos levar isso com regularidade.”

O procurador-geral Paulo Gonet também chamou a atenção de Aldo Rebelo. “Quem faz as perguntas são os advogados e o procurador.”

O ex-ministro da Defesa chegou a comentar que tinha interesse nos fatos, ao que o Moraes encerrou o assunto. “Se o senhor quer saber, depois o senhor vai ler na imprensa.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Rebelo precisa esperar sentado, porque Moraes é do tipo de gente que nunca pede desculpas, porque acha (?) que jamais erra. Ele é teatral e se julga um deus ex-maquina.  (C.N.)

Ala do Supremo admite fazer acareação entre militares sobre o plano de golpe

Ex-comandante da FAB confirma ameaça de prisão de Bolsonaro por Freire Gomes  | Brasil 247

Há contradições nos depoimentos dos ex-comandantes

Basília Rodrigues
da CNN

Diante de inconsistências no depoimento dos ex-comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) passaram a admitir a possibilidade de fazer uma acareação entre os oficiais.

O relato dos dois militares impacta diretamente na defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, que são réus no processo da trama golpista.

SE HOUVER CONSENSO – À CNN, dois integrantes da Corte afirmaram que a acareação pode ser adotada, mas somente se houver consenso entre o ministro relator, Alexandre de Moraes, e a Procuradoria Geral da República (PGR).

Para auxiliares do STF, apesar das controvérsias das testemunhas, Moraes teria ficado satisfeito com os depoimentos, porque não houve mudança de versão quanto às acusações principais, como sobre a existência de um plano de golpe em andamento.

Freire Gomes negou que tenha ameaçado voz de prisão a Bolsonaro. Baptista, no entanto, afirmou que isso ocorreu. O ex-comandante da Aeronáutica também disse não ter mais certeza da participação do ex-ministro da Justiça em um dos encontros que constam na ação penal do golpe.

Só agora caiu a ficha em Brasília sobre a possível sanção dos EUA a Moraes

Alexandre de Moraes delira e ameaça proibir redes sociais, se não respeitarem a lei - Blog do B.Silva

Charge do Marco Jacobsen (Arquivo Google)

Deu na CNN

A possibilidade de sanções dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já é uma possibilidade vista como real em Brasília, segundo o analista político Leonardo Barreto.

Em entrevista ao programa WW nesta sexta-feira (23), o sócio da consultoria Think Policy afirmou que “caiu a ficha” em Brasília sobre o risco de aplicação da medida.

JOGO DE XADREZ – Barreto destacou que as autoridades brasileiras começam a perceber que a movimentação de líderes bolsonaristas nos EUA, especialmente do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), não se trata apenas de “bravata”.

“Existe agora um jogo de xadrez”, explicou o analista, referindo-se às declarações do secretário de Estado americano, Marco Rubio, sobre a “grande possibilidade” de sanções a Moraes.

“Como o Rubio disse, eles estão num processo de apresentação de provas e a depender do tipo de reação que o governo brasileiro pode ter, a simples ameaça da aplicação dessa lei pode criar o ambiente pra aceleração desse processo político nos Estados Unidos”, analisou Barreto.

DE SURPRESA – O analista ressaltou que as autoridades brasileiras foram pegas de surpresa por essa “tempestade” e agora tentam entender se o processo já está definido ou se ainda é possível uma gestão diplomática da situação.

Barreto concluiu alertando que a falta de atuação da diplomacia brasileira nos Estados Unidos resultou em uma narrativa unilateral sobre o assunto nos EUA.

O pior é que há outros ministros que também podem ser penalizados, caso apoiem nos exageros de Moraes contra a liberdade de expressão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É a matriz USA dizendo à filial Brazil o que pode e o que não pode em matéria de censura à liberdade de opinião nas chamadas redes sociais, que têm baixa sociabilidade e alta porradaria. (C.N.)

Ao processar Ives Gandra Martins, a OAB paulista está degradando a própria imagem

Julgamento de Ives Gandra na OAB-SP por incitação golpista é suspenso após  pedido de vista

O jurista Ives Gandra sofre uma perseguido absurda

Mário Assis Causanilhas 

“Um país que arrasta aos tribunais um jurista de 90 anos por estudar a Constituição não é mais uma democracia. É uma farsa”. Este é o título do artigo de Angela Gandra, filha do ministro aposentado e constitucionalista Ives Gandra da Silva Martins.

Publicado em redes sociais na quarta-feira passada, 21 de maio, é um texto que deveria ser manchete em todos os jornais, motivo de revolta nacional e repúdio internacional. E para nós, da Tribuna da Internet, é um orgulho transcrevê-lo, em nome da liberdade de expressão que Ives Gandra sempre defendeu.

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“UM PAÍS QUE ARRASTA AOS TRIBUNAIS UM JURISTA DE 90 ANOS POR ESTUDAR A CONSTITUIÇÃO NÃO É MAIS UMA DEMOCRACIA. É UMA FARSA”.
Angela Gandra

“Meu pai Ives Gandra teve que defender-se mais uma vez, sustentando oralmente na OAB, contra a acusação de incitação a golpe, com 90 anos, recém-infartado, 66 anos de advocacia, por algo que escreveu em 1988. A obsessão vai anulando completamente a consecução da justiça.”

Dr. Ives Gandra, é um dos maiores juristas do Brasil, professor emérito, membro da Academia Brasileira de Filosofia, autor de dezenas de obras, entre elas a trilogia “Conheça a Constituição”. Foi consultor do Congresso, do Executivo, das Forças Armadas. Ajudou a moldar a Constituição de 1988, e agora é tratado como criminoso por interpretá-la.

DIREITOS VIOLADOS – O processo contra meu pai foi aberto na OAB porque a PF encontrou, no celular de Mauro Cid, arquivos com reflexões jurídicas de Gandra sobre o artigo 142 da Constituição. Um texto legal, discutido em faculdades de Direito há décadas, virou “prova” de crime.

 A ABI – sim, a Associação Brasileira de Imprensa – move um processo ético vergonhoso para punir um jurista por fazer o que qualquer livre pensador deveria ter o direito de fazer: estudar, escrever, debater.

Ives Gandra sempre deixou claro que a possibilidade de intervenção militar prevista no artigo 142 é nula. Ele jamais defendeu rupturas, mas sempre explicou – como mestre do Direito – os limites da ordem constitucional. Mas tudo isso está sendo ignorado pelo tribunal midiático inquisitório.

INCITAÇÃO AO GOLPE – Hoje, basta ler a Constituição em voz alta para ser tratado como criminoso e golpista. Explicar a lei virou “incitação ao golpe”, ensinar virou subversão e pensar virou ameaça.

A Justiça foi corrompida a tal ponto que já não se reconhece nem a si mesma. E os “jornalistas” – servos submissos do sistema – aplaudem, como cúmplices de um teatro farsesco.

Estão salvando o quê? Uma democracia que nunca existiu? Ou estão apenas enterrando, de vez, as últimas liberdades que restavam?

Eventos cristãos com exagero de gastos entram na mira de tribunais de contas

Padre Fábio de Melo se apresenta em Carmo do Rio Claro, no Sul de Minas: cachê de R$ 280 mil

Padre Fábio Melo faturou R$ 280 mil num show religioso

Luiza Marzullo
O Globo

“A nossa meta é, pelos próximos quatro anos, realizar eventos voltados ao público cristão”, afirmou o prefeito Filipe Carielo (PSD) ao subir ao palco antes do show do padre Fábio de Melo em Carmo do Rio Claro, cidade de 20 mil habitantes no Sul de Minas. O cachê do religioso foi de R$ 280 mil. A nível de comparação, o valor equivale à metade do repasse feito ao principal hospital do município em março deste ano.

Um levantamento do Globo identificou que, entre junho de 2024 e o último fim de semana, ao menos 38 prefeituras em 16 estados destinaram recursos públicos a eventos de cunho cristão, somando mais de R$ 13,8 milhões. Foram apoiadas 27 celebrações evangélicas, 13 católicas e uma cristã sem especificação.

SEM CONTROLE – Não há legislação nacional que regulamente a destinação de verbas públicas para eventos religiosos. Mas os gastos — que geralmente se dão por inexigibilidade de licitação — incomodam alguns tribunais de contas estaduais, que veem nesse expediente pouca transparência, e geram representações no Ministério Público.

No Rio de Janeiro, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) tem um histórico crítico aos repasses. Um dos casos, em 2013, multou o então prefeito de Teresópolis Jorge Mario por destinar R$ 119 mil a um evento da Marcha Para Jesus em 2010.

Neste sábado, uma edição do mesmo evento ocorreu no Centro do Rio, com um aporte de R$ 1,9 milhão da Prefeitura. Outros dois eventos religiosos foram bancados recentemente pelo poder público: a Expo Cristã (R$ 3 milhões) e o Cariocão: Desbravando o Rio, promovido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia.

CONTESTAÇÕES – Em nota, a prefeitura explicou que apoia manifestações culturais e religiosas “independentemente de credos” e afirmou que “a fé é uma escolha individual de cada carioca. É papel do poder municipal garantir que todos possam professar sua fé sem discriminação.”

Ainda assim, neste mês, uma representação foi protocolada no Ministério Público Federal contra o prefeito Eduardo Paes por suposto favorecimento ao público evangélico.

Contestações se repetem no Rio Grande do Norte. Lá, o Ministério Público recomendou à Prefeitura de Ouro Branco que evitasse gastar verbas públicas em eventos religiosos — como o Dia do Evangélico. Neste ano, contudo, uma festa católica recebeu R$ 17 mil.

CARNAVAL CRISTÃO – Já em Zé Doca (MA), o Ministério Público tentou suspender o “carnaval cristão” de fevereiro, chamado de “1° Zé Doca com Cristo”. A Justiça negou o pedido, e o evento foi realizado com um aporte de R$ 600 mil.

Municípios pequenos também contratam grandes nomes da música cristã. Em São Miguel das Matas (BA), a cantora gospel Bruna Karla recebeu R$ 180 mil no Dia do Evangélico. A verba representa mais de 80% do orçamento previsto para obras em unidades de saúde neste ano na cidade.

Em Campestre de Goiás (GO), de apenas três mil habitantes, a festa em louvor a São Sebastião e Nossa Senhora das Graças demandou um valor equivalente a 50,7% da arrecadação anual do IPTU.

TEMA COMPLEXO – Rodrigo Vittorino, coordenador do Centro de Estudos sobre Direito e Religião da Universidade Federal de Uberlândia, destaca a complexidade do tema:

— Há uma linha tênue entre religião e cultura. Muitas atividades religiosas têm componente cultural ou turístico, o que dificulta a fiscalização. Precisamos de critérios. Patrocinar proselitismo é inaceitável, mas há festas tradicionais que sempre receberam apoio.

As cidades citadas foram procuradas, mas apenas Carmo do Rio Claro se pronunciou. A gestão afirmou que os eventos seguem os princípios da impessoalidade, legalidade e interesse público: “O Estado, embora laico, não é antirreligioso — sendo legítimo fomentar atividades que contribuam para a formação cultural e espiritual da sociedade.”

No estado de Minas Gerais, onde a cidade é localizada, o TCE tem um entendimento flexível em relação aos eventos religiosos, tendo considerado a Marcha Para Jesus, em 2023, como de “caráter cultural e folclórico”.

DISCRIMINAÇÃO – O cientista político Vinicius do Valle, do Observatório dos Evangélicos, avalia que religiões de matriz africano são negligenciadas nesses eventos:

— Porque sua presença no espaço público é frequentemente reprimida. A ocupação religiosa do espaço público gera controvérsias pela desigualdade de tratamento – admitiu o especialista.