Não se pode confundir o integralismo brasileiro com o fascismo de outros países

Tarcísio Padilha, o 'filósofo da esperança', reúne sua obra - Jornal O Globo

Tarcísio Padilha era conhecido como o “filósofo da esperança”

José Carlos Werneck

Numa época difusa e confusa, em que se fala muito em ressurgimento do fascismo e lembra-se também a atuação do integralismo brasileiro, criado pelo deputado Plínio Salgado sob o lema “Deus, Pátria e Família”, que recentemente veio a ser recriado pelo então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, é preciso esclarecer muita coisa aos mais jovens.

Aqui no Brasil, o integralismo era uma corrente nacionalista sem a radicalização do fascismo italiano e que contava com a simpatia de grandes personagens, como o próprio presidente Getúlio Vargas e o então bispo Helder Câmara, famoso por suas atividades de assistência social.

NACIONALISMO -Um dos destaques do integralismo foi o economista Raymundo Padilha, braço direito de Plinio Salgado e que depois se tornaria deputado federal pelo Partido de Representação Popular (PRP) e governador do Estado do Rio de Janeiro.

O casal Raymundo e Mayard Padilha era protestante e teve vários filhos que se notabilizaram em suas atividades profissionais, entre eles o notável jornalista Moacir Padilha, que foi editorialista e diretor de O Globo nas décadas de 60 e 70.

Outro dos filhos que teve enorme sucesso profissional foi o filósofo, sociólogo, escritor, professor universitário e magistrado brasileiro Tarcísio Meirelles Padilha, um notável pensador, que chegou a presidente da Academia Brasileira de Letras.

ERA INTEGRALISTA – Na juventude, nas décadas de 1940 e 1950, Tarcísio Padilha militou no PRP e no chamado Movimento Águia Branca, contando-se, assim, entre os representantes da denominada Segunda Geração Integralista.

Se mais tarde se afastou da militância, jamais deixou ele, no entanto, de sustentar os princípios fundamentais da sua Doutrina, bem sintetizados na tríade “Deus, Pátria e Família”, defendendo sempre as virtudes do patriotismo e do nacionalismo. Uma de suas principais obras. “Brasil em Questão”, publicada em 1975 pela Livraria José Olympio Editora e reeditada no ano seguinte pela Biblioteca do Exército, analisa a crise do mundo moderno.

Assim, cito esse exemplo de Tarcísio Padilha para esclarecer que há semelhanças e diferenças entre o lema Deus, Pátria e Família do antigo Integralismo e o mesmo signo agora usado por Bolsonaro.

28 thoughts on “Não se pode confundir o integralismo brasileiro com o fascismo de outros países

  1. Sr. José Carlos Werneck, o Prof. Tarcísio Padilha foi também destacado e respeitadíssimo membro do então Conselho Federal de Educação.

  2. A ignorância laureada pelos os tais gênios imbecilizados, que dominam a Academia, ligados ao petismo é algo muito abjeto, que pode, com uma abordagem senso comum e partidarizada podem causar atos insanos. O pior deles tem sido a defesa do clepto-patrimonialismo estatal, inclusive em conluio com o bolsonarismo. Que, por vez tem o PT como um partido de cunho comunista, esquecendo que fora representante, nos seus Governos, dos interesses da burguesia cleptopatrimonialista.

    Vejam bem a que interesses os “comunistas” petistas foram e são defensores:

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pessoas_condenadas_na_Opera%C3%A7%C3%A3o_Lava_Jato

  3. Nada a ver realmente. O governo anterior era somente uma fraude para enganar incautos.

    Não tinha nada de nacionalismo, mas o engodo usando a fé e família foi ao encontro de boa parte da população que vê a maior relevância nos costumes.

  4. Por falar em comunista, Erico Veríssimo, um grande escritor gaúcho ao ser taxado de comunista, escreveu:

    “Comunista é o pseudônimo que os conservadores, os conformistas e os saudosistas do fascismo inventaram para designar simplesmente todo o sujeito que clama e luta por justiça social”.

    • Ele estava na época do Prestes, que o PT colocou-se como uma esquerda que não coadunava com o estalinismo, fingindo serem a vassoura a varrer o clepto-patrimonialismo da secular burguesia. Ledo engano, juntaram-se a essa burguesia pra atacar os cofres do Estado.

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pessoas_condenadas_na_Opera%C3%A7%C3%A3o_Lava_Jato

      E, o pior, tomaram de assalto o Mecanismo Estatal.

      Segundo as más línguas é que a Lava Jato chegaria ao capital financeiro e a membros do Judiciário.

      De qualquer modo, será muito difícil passar borracha na implacável História.

    • Como o sujeito Lule, que luta ferrenhamente por justiça social do alto de suas estadias em suites de hoteis de luxo ao redor do mundo, ao custo de 400, 500, 700 mil reais por míseros 2 dias de hospedagem. O LADRÃO GASTADOR é um exemplo de altruísta, que nunca pensa em si mesmo, mais sempre no próximo. Blahhh… vou vomitar!

      • Lula é outro lixo político, é aquela história, quem nunca comeu mel quando come se lambuza. E o pior, curte a vida às custas da módica carga tributária brasileira, que seu governo insiste em querer aumentar…

  5. Raymundo Padilha e meu pai eram amigos próximos, me recordo das inúmeras reuniões em nossas casas de Petrópolis. Nada a ver com uma figura patética como a de Bolsonaro.

  6. Que artigo bem escrito! Que redação perfeita! Quão oportuno é!. Quanta riqueza de conteúdo! É um pedaço da História do Brasil em poucas linhas, suficientes para fazer compreender até os menos letrados. Diz o magnífico José Carlos Werneck “que é preciso esclarecer muita coisa aos mais jovens”.

    Não, doutor Werneck, não é só aos mais jovens, aos mais idosos também, como eu, que saboreei palavra por palavra, linha por linha deste seu estupendo artigo. Tão simples, histórico e oportuno, que vou imprimi-lo em seguida, para guardá-lo.
    Todos agradecemos.
    Palmas, muitas palmas.

  7. Do ponto de vista da Ciência, o lulobolsonarismo é a pior conjunção que estamos tendo. Com a observação que, diferentemente do bolsonarismo, que também deve estar buscando isso, o PT conseguiu dominar um dos principais Aparelho Ideológico, a Educação. Sendo que conseguiram transformar nossos doutores e phds em gênios imbecilizados há
    serviço do interesse de um lado, – não muito diferente que o do outro.

    A substituição da Ciência, ainda que nas creches, pelo senso comum e ideológico é selar nosso futuro.

    Como pode um jovem que não domina os conteúdos básicos, colocar-se como críticos com alguma consistência argumentatista?

    Sem nenhum desprejo pelo senso comum, mesmo porque percebe concretamente as consequências de um Estado há serviço sas elites, notadamente as que dominam os governos.

  8. Retórica sofista

    O cerne do INTEGRALISMO “brasileiro” é IDÊNTICO ao cerne do FASCISMO adotado em quaisquer regiões do planeta.

    (Tal qual o cerne do Capitalismo e sua balela de autorregulação pelo “mercado”. Vide crise no setor financeiro de 2008.)

    Não existe “meia verdade”. Existe uma narrativa FALSA que se pode entremear com alguns fatos verdadeiros. Dito doutra forma – pura RETÓRICA SOFISTA.

    É o caso da citação de Dom Hélder Câmara e sua passagem (rápida) pelo integralismo.

    Pergunto:

    Dom Hélder Câmara foi perseguido pela ditadura milico-servil por sua passagem pelo integralismo?

    Dom Hélder Câmara foi ou não foi figura atuante no Concílio Ecumênico Vaticano II?

    Dom Hélder Câmara – ao lado de Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Pedro Casaldáliga -, teve ou não atuação destacada na Teologia da Libertação?

    Ah!, essa retórica sofista da Direita reacionária brasileira…

    Arre, égua!

  9. Não há um filme de norte-americanos em que, pelo menos uma vez, não apareça na tela a bandeira dos USA.

    Dez vez em quando fazem músicas (canções) para engrandecer seu país: Born in the USA, God bless America, America the Beautiful, God bless the USA, This Land is your Land, New New York …

    Aqui, temos os “adevogados”, a macacada, as ovelhas, os filhos de rapariga e os velhos velhacos contestando o equilíbrio da tríade fundamental.

    A propósito:

    Non coinvolgete l’Italia nelle vostre fake news!
    16/07/2023 di admin
    La notizia ampiamente divulgata dalla stampa brasiliana di un’aggressione subìta dal ministro Alexandre di Moraes e della sua famiglia (moglie e figli) all’aeroporto di Roma, con immediata reazione sdegnata di molti leader del governo brasiliano ma non confermata da alcun organo di stampa italiano, fa parte di una perfida strategia di vittimizzare il ministro, così da creare un alone di solidarietà per uno dei personaggi-chiave del nuovo corso della politica di quel Paese, ma tali affermazioni non sono corroborate da alcuna immagine a supporto di tale affermazione.

    La supposta aggressione si è verificata in un luogo ampiamente dotato di telecamere di sicurezza, ma “stranamente” non esistono.
    Tali fatti sono avvenuti in Italia, un Paese nel quale il ministro Alexandre de Moraes non ha alcun potere e non ha senso l’affermazione che la Polizia Federale brasiliana abbia già individuato gli aggressori. Se fosse vero, sarebbe intervenuta la Polizia italiana, non quella brasiliana.
    Le foto degli aggressori sono state divulgate dalla stampa brasiliana, in cui i presunti hanno un cappello di lana e una giacca a vento invernale, la cosa è assurda in quanto in questi giorni a Roma ci sono circa 40 gradi. Qui in Italia le temperature si avvicinano ai 40 gradi, quindi è impossibile che la gente si vesta in quel modo, per gli italiani sarebbe ridicolo.
    Sembra che qualcuno in Brasile stia creando una specie di fake news e che molti giornalisti alimentino queste false notizie, così da creare il vittimismo tipico della politica di quel Paese.
    Non coinvolgete noi italiani in queste pagliacciate da quartierino. Alexandre de Moraes rimanga nel suo Paese e non venga in Italia a inventarsi delle fake news.

    Não envolva a Itália em suas notícias falsas!

    A notícia amplamente divulgada pela imprensa brasileira de uma agressão sofrida pelo ministro Alexandre di Moraes e sua família (esposa e filhos) no aeroporto de Roma, com imediata reação indignada de muitos líderes do governo brasileiro, mas não confirmada por nenhum órgão da imprensa italiana, faz parte de uma pérfida estratégia de vitimização do ministro, de modo a criar uma aura de solidariedade a uma das figuras-chave do novo rumo da política daquele país, mas tais afirmações não são corroboradas por nenhuma imagem que as sustente.

    A suposta agressão ocorreu em um local amplamente equipado com câmeras de segurança, mas “estranhamente” elas não existem.
    Esses fatos ocorreram na Itália, país no qual o Ministro Alexandre de Moraes não tem poder algum, e a alegação de que a Polícia Federal brasileira já identificou os agressores não faz sentido. Se isso fosse verdade, a polícia italiana teria intervindo, não a polícia brasileira.
    As fotos dos agressores foram divulgadas pela imprensa brasileira, nas quais os supostos autores do crime estão usando um gorro de lã e um casaco de inverno, o que é absurdo, já que está fazendo cerca de 40 graus em Roma atualmente. Aqui na Itália as temperaturas estão próximas dos 40 graus, portanto é impossível que as pessoas se vistam assim, para os italianos isso seria ridículo.
    Parece que alguém no Brasil está criando um tipo de notícia falsa e que muitos jornalistas estão alimentando essa notícia falsa, de modo a criar o vitimismo típico da política desse país.
    Não envolva nós, italianos, nessas palhaçadas de bairro. Alexandre de Moraes deveria ficar em seu país e não ir à Itália para inventar notícias falsas.

    Fonte: https://enricozonca.it/?cat=4

  10. Valeu pelos dados históricos que eu não conhecia.
    O que conheço de fascismo é quando questiono argumento de um comunista e sou adjetivado como fascista, e o pior, bolsonarista. Taxar um cara que votou no Bolsonaro de fascista ou bolsonarista é o máximo de ofensa que pode parir o intelecto engarrafado do militante.

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