Carlos Newton
Vez por outra um dos mais brilhantes comentaristas da Tribuna da Internet, Batista Filho, faz críticas ao editor, por considerá-lo conivente com a existência das milícias. É um engano e não tenho ideia de onde ele tirou isso. Seja como for, não custa nada explicar o que penso a respeito.
As milícias, fruto da existência da miséria, são favorecidas pela omissão do Estado, que permite a formação de guetos onde a polícia e a fiscalização dos serviços públicos praticamente nem conseguem entrar. Esses bairros ou comunidades abrigam os moradores mais pobres. Os que têm a mínima condição de sair dos guetos se mudam para bairros menos perigosos na primeira oportunidade.
ONDE HÁ MISÉRIA – Isso ocorre em qualquer país do mundo, até mesmo em nações desenvolvidas onde há bolsões de pobreza, como os Estados Unidos e também muitos países da Europa, cujas populações decresceram e por isso tiveram de aceitar imigrantes para trabalhar nos serviços básicos.
Assim, onde existe pobreza surgem milícias, como ocorre até mesmo na Suécia, considerada uma das nações mais civilizadas do mundo. Há alguns anos, o delegado Manoel Vidal, ex-chefe da Polícia no Estado do Rio, enviou-me um vídeo em que a maior autoridade policial da Suécia pedia aos moradores de Estocolmo que não entrassem em determinado bairro, porque estava dominado pela milícia e lá os veículos policiais eram destruídos e incendiados.
No caso do Brasil, da Colômbia e do México, por exemplo, o problema torna-se ainda mais grave, porque é preciso existir uma Justiça rigorosa para enfrentar as milícias, com capacidade de punir exemplarmente esse criminosos. Mas isso “non ecziste”, diria Padre Quevedo.
A JUSTIÇA SOLTA – No Supremo, o então ministro Marco Aurélio Mello soltou André do Rap, líder do PCC, sob o pretexto de que o juiz de primeira instância esquecera de renovar a prisão preventiva. Mais recente, o STJ libertou um traficante preso numa batida policial com vários quilos de cocaína, sob alegação de que os PMs não tinham mandado judicial para interrogá-lo…
Aqui no Brasil, se a polícia prender, a Justiça solta. Há décadas, chefes milicianos vêm se elegendo vereadores e deputados no Rio de Janeiro e em outras grandes cidades, e ninguém se importa, é tudo o novo normal.
Por fim, lembremos que a formação de milícias é um fenômeno que só ocorre no capitalismo democrático. Em ditaduras não há milícias, porque os policiais e militares passam a régua, digamos assim. Em Cuba, na China, na Guiné Ocidental, na Coreia do Norte e na Nicarágua, podem conferir, não há milícias. Na Venezuela, porém, existe uma supermilícia, que tem um milhão de filiados, está a serviço do governo Maduro e é chamada de Exército Popular.
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P.S. 1 – Haverá guetos e milícias enquanto não for reduzida a desigualdade social e continuarem tentando a convivência entre a miséria absoluta e a riqueza total, como ocorre aqui no Brasil, onde a classe média vive hoje literalmente atrás das grades, aprisionada. Assim, se alguém souber como resolver a situação das milícias neste modelo brasileiro, por favor nos informe.
P.S. 2 – Quanto à existência de civilização em nosso mundo, é sempre bom lembrar o britânico Kenneth Clark, um dos maiores pensadores contemporâneos: “Civilização? Jamais conheci nenhuma civilização. Mas sei que, se algum dia encontrar, saberei reconhecê-la. (C.N.)
O que é milícia? No nosso país, fazemos distinção entre membros das milícias (milicianos) e membros de facções criminosas (traficantes).
Mas ambos os bandos atuam ao arrepio da lei. As milícias são organizações que eram ou são formadas por ex-agentes da lei, sendo que muitas agem em conivência com agentes da lei ativos ou até mesmo autoridades.
As facções criminosas, como o PCC, são organizações criminosas organizadas, que foram originalmente formadas nas cadeias, onde há sua fonte de recrutamento.
Ambas as organizações agem dentro de comunidades carentes, mas sua atuação vai muita além destas. Alguns membros expoentes moram em lugares luxuosos e vivem de maneira bem luxuosa, com imóveis e carrões.
As milícias (forças civis) existentes na China, Coreia do Norte, Venezuela, Cuba atuam em sintonia com os interesses do governo desses países, sem que sigam as regras e leis.
No Brasil será muito difícil ou impossível acabar com essas facções e milícias devido à mazela da pobreza. Parece que o avanço das tecnologias piorou a situação, pois as comunicações facilitam muito a formação dessas quadrilhas.
Prisões em vez de redimirem, são escolas de aperfeiçoamento ao crime de muitos dos futuros membros..
Concordo com os argumentos de Carlos Newton e do José Vidal. ambos tocam na principal causa da existência do narcotráfico e das milícias: a pobreza e a miséria.
Darcy Ribeiro, previa o avanço desses criminosos e dizia, futuramente os ricos terão de usar grades nas janelas, muros altos e contratar seguranças particulares.
Entendo que as milícias tomaram vulto no governo de Moreira Franco, que disse, iria acabar com o crime em seis meses. Brizola o apelidou de gato angorá.
Policiais e civis, saíram a caça de criminosos e suspeito nas comunidades pobres, a ordem era matar e passaram a dominar essas comunidade e encontraram um meio de ganhar dinheiro, cobrar taxa para dar segurança. Como todo bom negócio a milícia cresceu e hoje está em toda comunidade pobre que não esteja nas mãos dos traficantes.
A milícia conta com o apoio de alguns políticos e outros.
Se não houver reforma do Código Penal e do Código do Processo Penal e do sistema prisional, será impossível combater esses dois tipos de crimes.
A polícia, subir nas favelas para o enfretamento com os traficantes para acabar com o trafico de drogas, só tem fortalecido os traficantes.
Se a polícia subir nos morros para o enfretamento com os traficantes resolvesse, há muitas décadas não existiria mais tráfico.
Ontem, assisti na televisão, Lira dizendo que não vai aceitar que a reforma mexa nos direitos adquiridos. Está mais preocupado com o bolso da burguesia do que com os crimes organizados que infernizam a vida do povo e do Brasil.
2a emenda da Constituição EUA:
“sendo necessária uma milícia bem ordenada para a segurança de um estado livre, o direito do povo a portar armas não poderá ser violado”.
No Brasil, as milícias se formaram como uma reação dos moradores das áreas dominadas pelo narcotráfico, principalmente políciais de baixa patente, para expulsar as facções criminosas das áreas onde moravam. Por isto a esquerda, eterna cupincha do narcotráfico, ODEIA as milícias.