Ao invés de bajular Aras, Toffoli deveria pagar a dívida que diz ter com a História

Toffoli ainda não é a constituição | VESPEIRO

Charge do Iotti (Gaúcha/Zero Hora)

José Casado
Veja

O juiz/ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo, acha que o país teve “a graça divina” da presença de Augusto Aras na chefia da Procuradoria-Geral da República nos últimos quatro anos. Aras serviu por dois mandatos no período Jair Bolsonaro, tentou um terceiro com Lula, mas não conseguiu. Deixa hoje a procuradoria-geral.

Juízes de tribunais superiores são políticos vestidos de toga e Toffoli acaba de celebrar 14 anos no Supremo, onde não sobra espaço para ingenuidade. É lugar de disputa permanente sobre o que as leis e a Constituição permitem, com autoridades criando suas próprias regras e definindo seus limites — inclusive, se têm limites.

FICOU ENCANTADO – É notável o encanto de Toffoli com “a responsabilidade, a paciência, a discrição e a força do silêncio de sua excelência, Augusto Aras” — como disse numa festa em Brasília, nesta segunda-feira (25). Sem isso, acrescentou, “talvez nós não estivéssemos aqui, nós não teríamos, talvez, democracia”.

Soou exagerado. E é mesmo, considerando-se a controversa atuação pública de Aras na pandemia, na zelosa e quase sempre excessiva proteção ao projeto autoritário de Bolsonaro, certificado nos ataques permanentes ao regime democrático e às instituições, entre elas o STF.

Mas Toffoli é um juiz do Supremo e, nessa condição, é um portador de segredos de Estado. Deixou claro que seu elogio plangente a Aras tinha fundamento em fatos que ainda não foram expostos à luz do sol, sempre o melhor detergente, e que compõem o mosaico da história recente:

À FRENTE DA HISTÓRIA – “Faço essas referências porque são coisas que serão contadas mais à frente na História, que poucas pessoas sabem. Nós estivemos muito próximos da ruptura (…)”

Toffoli confessou, dessa forma, possuir uma dívida com a História. Do tipo que só é possível pagar com testemunho detalhado, datas, horários, locais, nomes e relatos bem circunstanciados.

Poderia contar, por exemplo, as várias reuniões em que ele e Aras estiveram com Bolsonaro, assessores civis e militares, da ativa e aposentados, para discutir a crise política, o confronto aberto com o STF e a Justiça Eleitoral.

A SÓS COM BOLSONARO – A última, sabe-se, aconteceu na casa do então ministro das Comunicações Fábio Faria, em Brasília. Foi na segunda-feira, 19 de dezembro de 2022. Toffoli e Aras conversaram a sós com Bolsonaro, que voltou para o Palácio da Alvorada aparentemente decidido a fazer a malas e viajar aos Estados Unidos, sem passar o cargo e a faixa presidencial ao sucessor — só embarcou dez dias depois, na sexta-feira 30 de dezembro.

O juiz Toffoli deveria liquidar essa sua fatura pendente com a História o mais rápido possível.

Quanto a Aras, não cabem expectativas: ele acaba de imprimir um livro de autoelogios na chefia da Procuradoria-Geral da República.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGMais um excelente artigo de José Casado, na Veja. Quanto ao personagem Toffoli, ficará na História como um dos ministros mais fracos e incompetentes da Suprema Corte. (C.N.)  

10 thoughts on “Ao invés de bajular Aras, Toffoli deveria pagar a dívida que diz ter com a História

  1. E continua a farra nos jatos da FAB

    https://www.cnnbrasil.com.br/politica/anielle-franco-usa-aviao-da-fab-para-ato-do-governo-na-final-da-copa-do-brasil-e-e-criticada/

    “Também estiveram presentes na ação o ministro Silvio Almeida, de Direitos Humanos e da Cidadania, e André Fufuca, do Esporte, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues. Durante o jogo, houve também divulgação do Disque 100 para violações de Direitos Humanos no telão do estádio”.

  2. Eu não poderia ver isso sozinho ❤️ ·
    Ronaldo Capra ·
    5 d
    ·
    QUEM MATOU JÚLIO CÉSAR?
    Depois do assassinato da megera Odete Roitman na novela global Vale Tudo, esse talvez seja o homicídio mais famoso da história. Mas já faz um tempinho. Foi em 44 a.C.
    Gaius Iulius Caesar (latim) ou Caio Júlio César nasceu em 100 a.C. e ingressou no exército bastante jovem. Com 19 anos ganhou a mais alta condecoração por ter arriscado a sua vida pra salvar um parça militar. Ele manejava armas e montava num cavalo como ninguém. Pouca gente sabe, mas o homem chegou a fazer uns bicos de advogado. Ninguém é perfeito, né?
    Sua carreira no exército foi meteórica. Acabou virando general e é considerado um dos maiores gênios militares de todos os tempos. Ele conseguiu expandir as fronteiras de Roma a limites impensáveis, vencendo diversas batalhas. Ficou famosão.
    Com esse currículo de respeito, a política veio no embalo. Vários cargos como tribuno, edil, pretor, síndico de condomínio, governador… A carreira militar e política seguiam paralelas.
    Num desses passeios militares, acabou conhecendo Cleópatra. Namoraram e tiveram um filho. Julinho não era fraco mesmo… Até o título de César surgiu por causa do seu sobrenome e passou a ser utilizado pelos imperadores romanos depois dele. As variantes Czar e Kaiser vêm daí.
    Ele acabou com a alegria do rei Farnaces, rei de um lugar chamado Ponto, num estalar de dedos. Depois de vencer uma guerra-relâmpago, soltou a voz cheio de si: “Vim. Vi. Venci.”
    Em 60 a.C., quando o poder romano foi dividido por três, o tal do Triunvirato, lá estava ele governando ao lado de Pompeu e Crasso. E foi eleito cônsul, dando ao cara mais poderes ainda.
    Mas quando estava numa campanha militar na Gália, a aliança entre o trio começou a desmoronar. Pior pros outros. JC venceu a guerra, estava cheio da moeda e era adorado pelos seus soldados e pela população. Tava com a bola toda!
    Como ninguém queria largar o osso, começou uma guerra civil. Mas Crasso morreu numa batalha vergonhosa – origem da expressão erro crasso. E quando Júlio César voltava da guerra com seu exército, Pompeu deu no pé. César se tornou ditador perpétuo.
    Fez diversas reformas: alterou o calendário, reviu a dívida pública, distribuiu terras, abaixou o preço da gasolina… Agradou o povão? Yes. E os senadores? No.
    Aí, começou a se achar… Ordenou confeccionar moedas com o seu rosto e espalhar estátuas suas por Roma. A oposição ficou ciumenta e furiosa. Estavam receosos de que o homem acabasse com a República. Então, resolveram eliminar o problema.
    Os senadores marcaram a data do assassinato para os idos de março, que era como chamavam o dia 15. Parece que ele recebeu vários sinais: a esposa, Calpúrnia, teve um pesadelo; um vidente lhe disse pra tomar cuidado com esse dia; e, quando estava chegando perto do Senado, recebeu uma mensagem no Whatts App avisando da trama, mas deixou pra ler depois…
    Tão logo a sessão começou, 60 senadores que estavam envolvidos na conspiração deram 23 facadas no maioral romano. Sem dó nem piedade! Quando o SAMU chegou já era tarde…
    E quando César viu um sujeito chamado Bruto entre os seus assassinos proclamou a frase “Até tu, Bruto?”. As fofoqueiras diziam que esse Bruto era filho bastardo do JC, por isso a sua perplexidade na hora da morte.
    Na verdade, a frase ficou famosa graças a William Shakespeare. Na peça “Júlio César”, o protagonista fala assim. Já o historiador Suetónio relata que a vítima teria dito em grego algo como “Até você, moleque!”
    Depois de matar o líder romano, seus carrascos fizeram uma bela homenagem ao defunto, batizando um mês com o seu nome: Julho.
    Curiosidade: existe um corte de cabelo chamado Caesar baseado no estilo que ele usava. Eu conheço como tigela…
    Em tempo: Odete Roitman (Beatriz Segall) tomou um tiro da Leila (Cássia Kis), por engano. Plim Plim!
    Autor: Ronaldo Capra

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