Democracia do Brasil atual trata os presos políticos com mesmo rigor dos ditadores

Charges sobre democracia - 07/08/2020 - Política - Fotografia - Folha de  S.Paulo

Charge do Benett (Folha)

Mário Sabino
Metrópoles

O início de ano nos trópicos inzoneiros costuma ser particularmente agradável por dois motivos: o carnaval da batucada, da bunda e da birita, festa muito edificante, e o programa Big Brother Brasil, outra contribuição inestimável da Rede Globo para a cultura do bê. Samba e paredão.

Neste início de 2024, o carnaval e o BBB terão um concorrente de peso: o 8 de janeiro será instituído como o “Dia em Defesa da Democracia” para relembrar o quebra-quebra bolsonarista na Praça dos Três Poderes. Um monte de democratas revigorados pela folga de final de ano deve prestigiar a cerimônia prevista para ocorrer em Brasília na data memorável.

FALSA DEMOCRACIA – Na verdade, temos vivido o dia em defesa da democracia já faz cinco anos (em demonstração prática que todo dia é dia de defender a democracia), desde que o STF abriu de ofício o primeiro inquérito sigiloso, nos quais sempre cabe mais um e que não têm previsão para terminar.

A partir de 2019, a defesa da democracia vem se dando às expensas da própria democracia, em caráter de permanente excepcionalidade. Os inquéritos não cabem na Constituição de 1988, mas os constituintes de 1988 não sabiam o que é ameaça à democracia.

Em nome da manutenção da democracia, a liberdade de expressão foi relativizada e o devido processo legal, ignorado. Vivemos em permanente estado de autocensura. Quem ousa discordar publicamente com mais veemência corre o risco de ser processado e preso, como se fosse um guerrilheiro do Araguaia, um sequestrador, um assaltante de banco da esquerda, nas décadas de 1960 e 1970.

PERGUNTAS RETÓRICAS – A comparação parece forçada, afinal de contas atualmente não há tortura e assassinato de presos políticos (embora haja presos grande número de presos políticos).

Mesmo assim, apresento o meu ponto com perguntas retóricas que devem soar simplórias aos ouvidos dos juristas eminentes que nos cercam. Sou simplório, reconheço mais uma vez.

Os guerrilheiros do Araguaia, os sequestradores e os assaltantes de bancos da esquerda eram terroristas? Sim, embora muita gente discorde nesse aspecto. Eles eram realmente capazes de derrubar a ditadura militar? Não. Foram submetidos a processos com direito à ampla defesa? Não. Os presos foram condenados sem apelação? Sim. Havia proporcionalidade nas penas? Não.

E VICE-VERSA… – Bolsonaristas praticaram ato de terrorismo ao tentar intimidar as instituições promovendo um quebra-quebra? Sim, embora muita gente discorde nesse aspecto. Eles eram realmente capazes de derrubar a democracia brasileira? Não. Foram submetidos a processos com direito à ampla defesa? Não. Os presos foram condenados sem apelação? Sim. Há proporcionalidade nas penas? Não.

Ou seja, a democracia brasileira trata formalmente os presos políticos como a ditadura militar tratava formalmente os presos políticos.

O dado irônico é que os bolsonaristas que vandalizaram as sedes dos Três Poderes atingiram o objetivo contra si próprios. Mas, em 8 de janeiro, um monte de democratas vai rasgar a fantasia. Samba, exceção e paredão no Brasil brasileiro.

3 thoughts on “Democracia do Brasil atual trata os presos políticos com mesmo rigor dos ditadores

  1. Ou tu não tá “sabino” tudo, ou não quer, ou nào pode dizer, mas isso náo é a realidade no tocante à destrambelhada “Falsa Bandeira”, protagonizada multilateralmente, quer voluntáriamente, quer agendada e obrigatóriamente e sob ameaças à integridade pessoal e familiar!

  2. Há “dendos”, em:
    “Abrolhos!” – És obrigado a votar, mas não és obrigado a votar em quem quer que seja, portanto não seja sado-masoquista, dando aval à um sistema corrupto, que “alçará” tão somente os seus “fiéis” e “abismais” discipulos, tidos e havidos como “algozes da humanidade”.

    ” Não votar”

    “Não votar é muito fácil. Há muitas maneiras de não votar…
    Contar para pessoas que você não vota não é tão fácil.

    Uma entrevista recente entre um apresentador da BBC e o comediante Russell Brand continha o seguinte:

    BBC: “Como você imagina que as pessoas ganham poder?”

    Brand : “Bem, eu imagino que existem sistemas hierárquicos que foram preservados por gerações …”

    BBC: “Eles conseguem o poder ao serem votados, é assim que eles ganham o poder”

    Brand : “Bem, se você diz …”

    BBC: “Você nem sequer se importa em votar?”

    Brand : “Ha um parâmetro bastante prescritivo que muda dentro do …”

    BBC: “Em uma democracia, é assim que funciona!”.

    Brand : “Bem, eu não acho que esteja funcionando muito bem. Dado que o planeta está sendo destruído. Dado que existe uma disparidade econômica imensa. O que quer dizer? Que não há alternativa? Apenas esse sistema? ”

    BBC: “Não, não estou dizendo isso. Estou dizendo que se você não dá a mínima para a votação, porque deveríamos ouvir o seu ponto de vista político?”

    Há uma mentalidade nestes sistemas chamados democráticos, de que não votar é uma coisa negativa, não um ato de desafio, mas uma falta de vontade de querer representar-se, ou pior, um desejo de menosprezar aquelas pessoas que lutaram para lhe dar o direito de votar.
    Tenho um grande respeito por quem luta pelo que realmente acreditam ser o certo, mesmo que isso possa ser enganoso, mas, no mais selvagem dos sonhos, alguém realmente já lutou pelo simples direito de votar? Claro que não.

    A resposta de Brand para a última pergunta da BBC elucidou isso claramente:

    Brand: “Você não precisa ouvir meu ponto de vista político. Mas não é que não votei por apatia. Eu não vou votar pela absoluta indiferença, cansaço e exaustão das mentiras, traição, engano da classe política, que vem acontecendo há gerações agora.”

    É imperativo revertermos a mensagem de que não votar é uma coisa negativa.
    É um ato de desafio, mas mais do que isso, é uma mensagem clara de que não votar é uma rejeição do sistema existente que não representa, e nunca representou a vontade de pessoas comuns.
    Se votar ou não pode, por si só, fazer a diferença, é inteiramente outra questão.

    E se ninguém votasse?

    Entrei em contato com os escritórios eleitorais nos EUA, no Reino Unido, no Canadá, na Holanda com uma pergunta simples: Existe uma participação mínima de eleitores que deve ser alcançada para que as eleições nacionais sejam válidas, ou seja, abaixo da porcentagem do eleitorado outra eleição deve ser chamada devido à participação insuficiente?

    Em todos os casos, a resposta foi a mesma: não há um número mínimo de pessoas que têm que votar para que uma eleição seja válida.
    Independentemente de quão poucas pessoas votem, presume-se que um governo é representativo do eleitorado.

    A suposição por trás dessa configuração bizarra é que as pessoas tiveram a chance de votar e, se não votaram, então, boa sorte.
    Mas isso é uma besteira, certamente?
    Qualquer governo que pretenda representar as pessoas, mas que não foi votado pela maioria do eleitorado, não pode ter nenhum direito moral de representar esse eleitorado, e muito menos a população inteira.

    Qualquer governo sem mandato não tem escolha senão governar pela força, ou pelo menos enganar em massa. Há uma palavra para isso: regime.

    Então, suponhamos que apenas uma pequena minoria de pessoas vote para o partido ou o indivíduo que tem poder sobre eles …
    Espere, isso já não aconteceu?

    O número total de pessoas que votaram nas eleições presidenciais dos EUA em 2012 foi de 41% da população.
    Em 2012, o presidente Obama foi eleito por apenas 65,9 milhões de pessoas, ou apenas 21% da população dos EUA.

    Quão pouco representativo é isso? No entanto, é inteiramente típico dos sistemas de votação do Ocidente Industrial “democrático” que passa a ilusão de que os governos representam os desejos das pessoas.

    Mas acho que precisamos fazer uma pergunta diferente. E se as pessoas não aceitarem a autoridade do governo?
    Dado que menos de um quarto das pessoas em qualquer nação são representadas pelo “seu” governo e que o “seu” governo está vinculado a um conjunto de regras que colocam o crescimento econômico e a riqueza do capital acima das reais necessidades do planeta e das pessoas que vivem nele, estamos realmente falando sobre algo mais do que a retirada do mandato.

    Não há meio termo – os sistemas não podem ser melhorados, eles nunca existiram para servir as pessoas, eles só existem para servir seus próprios sistemas.

    Nada menos do que a rejeição completa dos sistemas de poder dominantes será suficiente para romper o imenso vazio moral entre o que precisamos como espécie e o que os governos “democráticos” nos impõem. Apenas uma razão entre muitas do porque precisamos começar a minar a “civilização eleitoral industrial.”
    https://originalearthblog.wordpress.com/2013/10/31/what-if-no-one-voted/
    What If…No One Voted?
    October 31, 2013 by farnishk

  3. “Bolsonaristas praticaram ato de terrorismo ao tentar intimidar as instituições promovendo um quebra-quebra? Sim, embora muita gente discorde nesse aspecto. Eles eram realmente capazes de derrubar a democracia brasileira? Não.
    Também acho que houve exageros nas ações do judiciário. Já das forças legais que deveriam ter defendido as casas das instituições, não! Nem apareceram na área!!!
    Um grupo invade um banco, quebra tudo e não consegue abrir o cofre e levar o dinheiro: não tinham ferramentas, bombas, etc. Fizeram apenas uma tentativa de roubo, assalto, etc. Eles não tinham condições materiais e físicas e levar o dinheiro! Serão julgados apenas pela quebra do prédio, dos móveis, etc?
    Ao contrário do que dizem, pelo menos a maioria, você não precisa ter armas para tomar posse de algo. Dirão alguns: “não, se arma e mortes, é impossível!” Em muitos casos, não é bem assim!
    Os que agiram com força e destruição no dia 08 de janeiro de 2023, fizeram tudo aquilo com que intenção? Brincar é que não era! Os comandos usaram o que tinham em suas mãos e usaram também incultos e incautos como bala de canhão!
    Pelo desconhecimento e babaquice, muitos participaram sem a intenção de derrubar nada, nem a grama. Outros, foram vândalos e queriam colocar medo e angariar mais apoio.
    Lá no grupo, não tem só inocentes úteis. Tem gente que pensa, organiza e trabalha para outros que lá não estavam, mas são parte de tudo!
    Reforço. O STF não pode fazer tudo que está fazendo. Mas a lei tem de ser aplicada, corretamente.
    Precisavam punir os que orquestraram e os que vandalizaram NOSSAS INSTITUIÇÕES! Aquilo lá tem como donos o povo brasileiro e não apenas parcela dele!
    Se eu estiver errado, me mostre que quero melhorar e corrigir-me!

    Fallavena

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