Lula investe em “boas relações” com militares nos 60 anos do golpe de 64

Ministro da Defesa, José Múcio acertou com comandantes que não haverá manifestação oficial no 31 de março

Ministro José Múcio combinou que não haverá manifestações

Caio Sartori
O Globo

A cerca de duas semanas do aniversário do golpe militar de 1964, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém a estratégia de não fustigar as Forças Armadas. Decisões como a suspensão das celebrações oficiais em memória daquele 31 de março de 60 anos atrás e a demora para recriar a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, no entanto, viraram alvo de críticas de historiadores que pesquisam as relações entre a política e a caserna.

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou este mês a recriação da comissão, uma bandeira do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Desde março de 2023, Lula tem pronta uma minuta de decreto para reinstalar o colegiado, mas ainda não bateu o martelo sobre quando isso ocorrerá.

NOVO GOLPISMO – A interlocutores, conforme noticiou a colunista Bela Megale, Lula tem dito que se preocupa mais com o golpismo contemporâneo, manifestado no processo que culminou no 8 de janeiro do ano passado, do que com o de 1964.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já acertou com os comandantes das Forças Armadas, segundo a colunista Malu Gaspar, que não haverá manifestação oficial dos militares da ativa no próximo dia 31 de março. A intenção de Múcio, endossada pelos comandantes, é deixar o assunto de lado, em mais um esforço para distensionar o ambiente entre o Palácio do Planalto e a caserna.

Há forte resistência nas Forças Armadas à volta da comissão, a ponto de o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Joseli Parente Camelo, ter declarado que o retorno do colegiado é “completamente desnecessário” e falar que não se pode “olhar o país pelo retrovisor”.

MINISTRO REAGE – No fim do ano passado, o ministro Silvio Almeida rebateu Camelo: “Desnecessário é achar que podemos virar a página da História de um passado de dor, simplesmente varrendo a sujeira para debaixo do tapete”.

Na intenção de superar a relação de desconfiança com os militares e em um momento delicado, com depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas sobre a suposta tentativa de golpe de Estado por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula acaba, na visão de pesquisadores, tentando “virar” de forma equivocada uma página da História.

Recordar o golpe, diz João Roberto Martins Filho, professor da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e autor de diversos livros sobre a atuação da caserna na República, seria um meio de construir memória e evitar a repetição de capítulos lamentáveis do passado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Lula está corretíssimo. Ele sabe que não é hora de peitar as Forças Armadas. Muito pelo contrário, é preciso haver conciliação, para tocar o país em frente. (C.N.)

5 thoughts on “Lula investe em “boas relações” com militares nos 60 anos do golpe de 64

  1. A magoa deixou sequelas, queriam uma republica sindicalista ou um socialismo moreno do Brizola.
    Não de certo, os militares não deixaram. Agora temos esse bregueço aí com papo de comunista.

  2. Bem! Pelo que dizem, e segundo o Romeu Tuma Júnior, o próprio lula é a “fruta” mais vistosa e o maior beneficiário do período militar.
    Seria ele, criatura criada pelo General Golbery do Couto e Silva, para servir de antídoto contra o Brizola.
    Portanto não é totalmente alheio a data.

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