Faça como Ariano, seja contra a morte, não tenha medo de morrer e viva para sempre

Ariano Suassuna sabia viver bem-humorado

Paulo Peres
Poemas & Canções

O dramaturgo, romancista e poeta paraibano Ariano Vilar Suassuna (1927/2014), membro da Academia Brasileira de Letras e considerado um dos maiores intelectuais brasileiros, explicou, sob a forma de soneto, as razões que o levavam a nunca envelhecer.

ABERTURA SOB PELE DE OVELHA
Ariano Suassuna

Falso Profeta, Insone, Extraviado,
Vivo, Cego, a sondar o Indecifrável:
e, jaguar da Sibila – inevitável,
meu Sangue traça a rota desse Fado.

Eu, forçado a ascender, eu, Mutilado,
busco a Estrela que chama, inapelável.
E a pulsação do Ser, fera indomável,
arde ao Sol do meu Pasto – incendiado.

Por sobre a Dor, Sarça do Espinheiro
que acende o estranho Sol, sangue do ser,
transforma o sangue em Candelabro e Veiro.

Por isso, não vou nunca envelhecer:
com meu Cantar, supero o Desespero,
sou contra a Morte e nunca hei de morrer.

7 thoughts on “Faça como Ariano, seja contra a morte, não tenha medo de morrer e viva para sempre

  1. Quem foi maior intelectual, Ariano Suassuna ou Santos Dumont? Para mim, sem a menor dúvida, Santos Dumont, pois sua obra foi mais impactante a nível global. Alguns dirão o contrário. O termo vem do latim “intellectualis”, diz respeito ao intelecto teórico, separado do mundo sensível (é muita onda!). Gosto de mais objetividade, quando falam em dramaturgo, contista, etc. Intelectual é termo muito abarangente para as nossas cabecinhas abarcarem todos, em nossas minúsculas comparações.

  2. O pão e a manteiga.

    Um homem tomava relaxadamente seu café da manhã. De repente, o pão onde acabara de passar manteiga, caiu no chão.
    Qual foi sua surpresa quando, ao olhar para baixo, viu que a parte onde tinha passado a manteiga estava virada para cima! O homem achou que tinha presenciado um milagre: animado, foi conversar com seus amigos sobre o ocorrido – e todos ficaram surpresos, porque o pão, quando cai no solo, sempre fica com a parte da manteiga virada para baixo, sujando tudo.
    – Talvez você seja um santo – disse um. – E está recebendo um sinal de Deus.
    A história logo correu na pequena aldeia, e todos se puseram a discutir animadamente o ocorrido: como é que, contrariando tudo o que se dizia, o pão daquele homem tinha caído no chão daquela maneira? Como ninguém conseguia encontrar uma resposta adequada, foram procurar um Mestre que morava nas redondezas, e contaram a história.
    O Mestre pediu uma noite para rezar, refletir, pedir inspiração Divina. No dia seguinte, todos foram até ele, ansiosos pela resposta.
    – É uma solução muito simples – disse o mestre. – Na verdade, o pão caiu no chão exatamente como devia cair; a manteiga é que havia sido passada no lado errado.

  3. Um homem chegou numa aldeia com uma corneta misteriosa, de onde pendiam panos vermelhos e amarelos, contas de cristal e ossos de animais.
    Esta é uma corneta que afasta tigres – disse o homem.
    — A partir de hoje, por uma modesta quantia diária, eu a tocarei todas as manhãs, e vocês nunca serão devorados por estes terríveis animais.
    Os habitantes da aldeia, aterrorizados com a ameaça de ataque de um animal selvagem, concordaram em pagar o que o recém-chegado pediu.
    Assim se passaram muitos anos, o dono da corneta ficou rico, e construiu um belo castelo para si mesmo. Certa manhã, um rapaz que passava pelo local, perguntou a quem pertencia aquele castelo. Ao saber da história, resolveu ir até lá conversar com o homem.
    — Ouvi dizer que o senhor tem uma corneta que afasta tigres – disse o rapaz. — Acontece, porém, que não existem tigres em nosso país.
    Na mesma hora, o homem convocou todos os habitantes da aldeia, e pediu ao rapaz que repetisse o que dissera.
    — Vocês escutaram bem o que ele disse? – gritou o homem, assim que o rapaz terminou. — Esta é a prova irrefutável do poder da minha corneta!

  4. Gostei muito do Auto da Compadecida na TV Globo. Entusiasmado, comprei o Romance d’A Pedra do Reino. Deve ser interessante, mas chega-se a uma idade que a gente se torna muito exigente com o uso do tempo. Portanto, numa próxima encarnação, como acreditam os cristãos, vou lê-lo, prometo a mim mesmo, se não mudar de opinião.

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