
Presidente foi recebido com protestos na Marcha dos Prefeitos
Pedro do Coutto
As vaias direcionadas ao presidente Lula da Silva durante um evento com prefeitos em Brasília evidenciam um cenário político cada vez mais complexo para o governo federal. Embora o encontro tenha reunido lideranças municipais de diferentes espectros, o predomínio de representantes do chamado “centrão” expôs com clareza as dificuldades de articulação política enfrentadas pelo Palácio do Planalto. Lula se vê diante de uma classe política majoritariamente pragmática, que, apesar de integrar a base aliada formalmente, tem demonstrado crescente insatisfação com decisões que afetam sua autonomia orçamentária.
As manifestações de desaprovação ocorreram em momentos simbólicos: ao ser anunciado no palco, ao iniciar seu discurso e ao encerrar sua fala. Ainda que também tenha havido aplausos, o clima geral foi de constrangimento político. Esse tipo de recepção, em um evento institucional, representa não apenas um gesto de desrespeito à figura presidencial, mas também um sinal de que a base municipalista já não se sente plenamente representada ou contemplada pelas ações do governo federal.
CAPILARIDADE – O pano de fundo dessa tensão remonta ao desempenho eleitoral dos partidos do centrão nas eleições municipais de 2024. Siglas como PSD e MDB saíram fortalecidas, governando um número expressivo de municípios — o que lhes confere não apenas capilaridade, mas também poder de barganha. A leitura feita por muitos prefeitos é de que suas demandas locais têm sido negligenciadas em função de uma pauta federal mais centralizada e fiscalizadora, especialmente no que diz respeito ao uso de emendas parlamentares.
É nesse ponto que surge a figura do ministro Flávio Dino, agora no Supremo Tribunal Federal, como um elemento central da irritação dos gestores municipais. Suas decisões, voltadas para a moralização e transparência na liberação de recursos públicos, afetaram diretamente a fluidez dos repasses de emendas. O episódio mais recente foi a suspensão do pagamento de emendas de comissão, que expôs fragilidades no modelo de destinação dos recursos e resultou na abertura de um inquérito pela Polícia Federal.
A medida foi motivada por representações feitas por partidos como o PSOL, que denunciaram supostas irregularidades na liberação de R$ 4,2 bilhões em emendas. O argumento era de que os repasses ocorreram sem critérios claros de transparência e com base apenas na assinatura de um grupo restrito de líderes partidários. A resposta do STF, ao exigir explicações da Câmara dos Deputados, colocou ainda mais lenha na fogueira da disputa entre os poderes.
ENTRAVE – Para os prefeitos, no entanto, a questão transcende o mérito jurídico ou ético da decisão. O que se impõe é a percepção de que o governo federal passou a ser um entrave ao funcionamento do sistema político tal como ele operava até então — baseado em trocas, emendas e alianças informais. E, mesmo que a atuação de Flávio Dino seja independente, a associação simbólica com o governo Lula é inevitável, reforçada ainda pelo histórico político do ministro e sua ligação com o campo progressista.
Nesse contexto, a impopularidade do presidente em certos círculos políticos locais se intensifica. Prefeitos e vereadores, especialmente aqueles que dependem de emendas para fazer frente às demandas básicas de suas cidades, sentem-se desamparados por Brasília. A lógica de que “o culpado está no Planalto” ganha tração, mesmo que as decisões tenham origem no Judiciário ou no Legislativo. Trata-se, em última instância, de um problema de comunicação política, que o governo ainda não soube resolver adequadamente.
Esse episódio também reforça um ponto que tem sido recorrente desde o início do terceiro mandato de Lula: a dificuldade em consolidar uma base política confiável, mesmo entre aliados tradicionais. O centrão, apesar de compor formalmente a coalizão governista, se comporta com crescente independência — ora pressionando por mais recursos, ora demonstrando insatisfação em público, como ocorreu nesse encontro com os prefeitos.
VOLATILIDADE – O contraste com episódios anteriores, como as vaias direcionadas a Jair Bolsonaro em 2022 por públicos similares, mostra como a popularidade entre as bases municipais é volátil e sujeita a cálculos conjunturais. Aquilo que hoje se apresenta como descontentamento com Lula pode, em outro momento, ser redirecionado para outro ator político, dependendo de quem estiver no controle dos recursos e da agenda institucional.
Por fim, o episódio deve servir de alerta para o governo federal sobre os limites de sua capacidade de articulação em tempos de escassez fiscal e judicialização da política. O ruído gerado por decisões judiciais, somado à fragmentação do sistema partidário, cria um ambiente propício para a erosão da autoridade presidencial. E, enquanto isso, prefeitos seguem na busca por visibilidade, autonomia e recursos — mesmo que isso signifique vaiarem o presidente da República em rede nacional.
É o prazeroso pedágio pago para cumprir o nefasto papel como “Barba”, o nefasto Agente Khazariano da banca, aquele “para tanto alçado Alcoviteiro, locupleto, fraterno e servil “Conglomerado” com “idéia fixa”(NOM), tal qual o cão de Asterix & Obelix ! https://www.facebook.com/share/16ZEuZcrSH/
Afinal, quem conseguiria desencaminhar à tantos sem nada ofertar em troca e quem tem esse montante sobrando para aplicar “cangando” regimentos de sabotadores apátridas e inexcrupulosos?
Vaiado pelos prefeitos e vaiado em qualquer lugar que vá. O governo do Lula derreteu e está longe do fundo do poço. Por isso que ele só quer viajar para o exterior porque lá as vaias não são tão contundentes e são melhor escondidas pela imprensa Secom.
O PSOL tem mais sucesso com o stf que qualquer advogado.
O artigo tratou de diluir as desgraças entre todos os agentes envolvidos.
Isso posto fica consignado que Dom Curro é tão culpado como qualquer outro.
Não existe nada de podre no reino da Dinamarca, epa, no governo do $talinacio, é uma simples falha de comunicação.
E o jornalismo engajado de esquerda se encarrega de suprir a falha de comunicação, vão dourando a pílula ao surgir novas diatribes.
Para eles o rei nunca está ou vai ficar nu.
Eis um tema que deveria ser discutido. Para que esse mundaréu de municípios, alguns sem nenhuma possibilidade de sobreviver à sua custa e com uma população que é menor que qualquer bairro de uma cidade média.
O resultado está aí, municípios sempre com o pires na mão e dependendo de emendas.