
Conflito contou com ação conjunta de filhos do ex-presidente
Gabriel Sabóia
O Globo
O desentendimento público entre os filhos de Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), após discurso dela no Ceará, têm como pano de fundo a disputa por protagonismo político da família enquanto o ex-presidente cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília.
No domingo, Michelle participou do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo do estado e, no palco, criticou a aproximação do PL local com Ciro Gomes, articulação conduzida pelo deputado André Fernandes (PL). Em uma ação coordenada, os filhos de Bolsonaro a criticaram publicamente e trataram o caso como um “desrespeito” à ordem dada pelo patriarca do clã.
PIADA – O conflito, entretanto, começou na última semana, após uma piada de Michelle, e no mesmo dia em que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se autoproclamou porta-voz do pai, sem ter combinado com a madrasta. Na ocasião, caciques da legenda bolsonarista faziam uma reunião para definir a estratégia do partido a partir da prisão.
Com o microfone em mãos, Michelle contou para os correligionários que havia preparado milho cozido para que o marido comesse naquele dia e expôs um apelido íntimo, já que se refere ao ex-presidente como “meu galo”, pelo fato de Bolsonaro gostar do prato.
Na sequência, ela fez uma brincadeira que, na opinião dos filhos de Bolsonaro, o expôs. Michelle disse que Bolsonaro seguia firme na prisão e que havia chegado a hora de provar ser “imbrochável”, como diz ser na medalhas dos “3 is” — na qual presenteia aliados que considera “imbrocháveis, imorríveis e incomíveis”.
GRAVAÇÃO – De acordo com os presentes, Flávio pediu a palavra e foi direto ao dizer que todos deveriam ter cuidado com as palavras, já que a reunião poderia estar sendo gravada. Segundo ele, àquela altura, seria danoso que fosse vazado um áudio no qual se associava Bolsonaro à impotência. O senador reforçou que toda decisão dali em diante emanaria exclusivamente do ex-presidente.
O motivo da manifestação de Flávio era impedir qualquer “ganho de terreno” de Michelle na escolha do nome do PL que vai representar a família ao Senado por Santa Catarina. No estado, Carlos Bolsonaro (PL) foi escolhido pelo pai, enquanto Michelle prefere Caroline de Toni (PL). Sem consultar Michelle, o senador ainda se autoproclamou porta-voz do pai na entrevista coletiva realizada na sequência.
Em uma curta conversa na sede do PL, Michelle tentou conversar com o enteado, que reforçou que toda escolha deveria passar pelo pai. Segundo pessoas próximas à ex-primeira-dama, Michelle só esteve no evento de lançamento da pré-candidatura de Girão porque recebeu um pedido direto de Bolsonaro, que queria a sua presença na largada da pré-campanha.
DIVERGÊNCIA – Aliados da primeira-dama alegam que a fala no Ceará refletiu uma divergência conhecida com Ciro, sem intenção de desautorizar o próprio ex-presidente. O discurso, no entanto, foi lido pelos filhos como uma intervenção indevida em uma articulação que, segundo eles, havia sido autorizada por Bolsonaro. No evento, Michelle disse:
“É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como”.
REAÇÃO – O senador Flávio Bolsonaro foi o primeiro a reagir publicamente. Ao Metrópoles, ele afirmou que Michelle “atropelou” a orientação do pai e classificou a postura como “autoritária”: “A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora”.
Na sequência, Eduardo Bolsonaro endossou o irmão, em publicação no X, e reforçou que o acordo com Ciro havia sido conduzido com aval do ex-presidente: “Meu irmão Flávio Bolsonaro está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo; foi uma posição definida pelo meu pai.”, escreveu o deputado.
Carlos Bolsonaro também se alinhou aos irmãos nas redes sociais e criticou a madrasta: “Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças.”
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Setores financeiro e do agro avaliam apoio a nomes da direita e rejeitam clã do ex-mito na corrida presidencial em 2026
Com a inelegibilidade do ex-mito e sua prisão, os setores do agronegócio e financeiro avaliam o apoio a outros nomes da direita na eleição presidencial de 2026.
Representantes desses segmentos acreditam que apesar do capital político do ex-mito, ninguém da família deverá enfrentar nas urnas o Barba.
— A possibilidade de exclusão do ex-mito do processo eleitoral já estava incorporada aos preços dos ativos. Por isso, não houve reação do mercado. A expectativa agora se volta para o reposicionamento da direita e a identificação de possíveis nomes com potencial eleitoral — diz Fabio Murad, CEO da Spacemoney Investimentos.
Fonte: O Globo, Política, 01/12/2025 03h30 Por João Sorima Neto — São Paulo
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O ex-mito sempre foi por longos anos uma figura insuportável e evitado: Que o digam o pessoal da Câmara Federal.
Por isso, muitos dos hoje interessados em seus votos preferem vê-lo na cadeia, e não solto.
E dentre os que querem seus votos, mas preferem-no à distância estariam, além de Tarcínico, talvez até a própria Micheque. Não duvidem.
Os bolsotários ‘adoram’ o ex-mito porque só o conhecem à distância e através das fake News enviadas a incautos pelas redes sociais.
Os não pertencentes à curiola e que foram eventualmente próximos do ex-mito, querem-no bem longe.
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Começou a bater desespero na ‘família’ bolsonaro com o ex-mito inelegível e preso e a direita preferindo Tarcínico como candidato a presidente.
O ex-mito vai acabar tendo que apoiar Tarcínico e tentar indicar alguém da ‘familia’ para ser vice na chapa do governador de SP.
Mas o ex-mito terá outro nó a desatar: Tarcínico prefere Zema, governador de Minas, como candidato a vice.
“Os bolsotários ‘adoram’ o ex-mito porque só o conhecem à distância e através das fake News enviadas a incautos pelas redes sociais.”
A Famiglia Bolsolepra é isso ai
Vão tumultuar tudo, inclusive a eleição do ano que vem…
Sr. Newton
Veja o que produziu os cinco mandatos da Facção Criminosa Vulgar com o maior especialista em roubos, fraudes, furtos, latrocinios, golpes, falcatruas, trambicagens, Narcola X9…
Demõnios comunistas tentando dar o golpe do banco…
“”Radialista grava criminoso se passando por atendente de banco para tentar aplicar golpe..””
https://www.youtube.com/watch?v=XMppp7UjpgI
PS..
Desse jeito os Cieps do Lixonel Brizolixo com o método Merducacional do paulixo farinheire não vai dar nenhum Prêmio Nobel para o Bostil…
Ah, Zamboba…….
eh!eh!eh
aquele abraço
O ex-mito e o erro como método
A prisão, a crise na Câmara e o recuo de Laranjão formam o retrato mais claro do declínio político do ex-mito
A imagem que expressa a profunda crise do bolsonarismo é a do ex-mito admitindo, de maneira curta e grossa, que violou sua tornozeleira eletrônica: “meti ferro nisso aí”.
A cena resume uma sucessão de erros de um líder que age por impulso, sem medir consequências. Paciência estratégica lhe falta, e por isso acumulou derrotas, dilapidando seu próprio capital político.
Tem sido assim desde a derrota nas urnas — um revés que, apesar de duro, ainda deixara o ex-mito com quase metade dos votos e força política considerável.
Não é preciso ir ao 8 de Janeiro para mostrar como seu voluntarismo e improviso minaram seu patrimônio. Foram erros crassos, em série, explorados por adversários.
Assim, tropeçando nas próprias pernas, o ex-mito e sua família se enredaram em improvisos, reações intempestivas e inquietação permanente, impedindo qualquer construção estratégica sólida.
A convocação apressada de uma vigília — associada à violação da tornozeleira — reforçou a sensação de pânico no núcleo familiar. Ao que tudo indica, perceberam que já não contam com o apoio irrestrito de Laranjão.
Foi aí que se revelou o erro estratégico mais sério: acreditar que “afinidades ideológicas” moveriam a política externa dos EUA. Ignorou-se que grandes potências se pautam por seus próprios interesses.
Com 65% dos americanos queixando-se da inflação, recuar das tarifas era impositivo. Só restou a Laranjão um lamento quando soube da prisão em regime fechado: “uma pena”. Vida que segue.
Com a violação da tornozeleira, o ex-mito inviabilizou, ao menos no início, o cumprimento da pena em regime domiciliar e mergulhou seu movimento na mais profunda crise desde 2018, com risco real de fragmentação da direita e centro-direita.
Os primeiros sinais desse inferno astral estão dados. Desde a decretação da prisão, a dificuldade em mobilizar a base ficou evidente.
As redes sociais, termômetro decisivo para o bolsonarismo, revelam queda nas menções diretas ao ex-mito.
Os poucos picos ocorreram apenas quando surgia alguma expectativa de reviravolta jurídica — expectativas que, como agora se sabe, eram castelos de areia.
A “vigília” convocada por Flávio Racadinha reuniu cerca de CEM pessoas. As ruas seguem tranquilas, sem comoções com a prisão na PF — nem a favor, nem contra — e isso é positivo para um país que precisa respirar.
Uma das últimas cartas possíveis era transformar ex-mito em mártir — líder injustiçado, capaz de unir o conservadorismo sem recorrer à radicalização explícita. Mas a divulgação do vídeo da tornozeleira foi devastadora.
A tese de que ele agiu em surto psicótico pode ajudar juridicamente, mas arrasa sua imagem política. Não combina com a figura de autoridade que tentou projetar ao longo de anos.
Outro erro grave — talvez o mais autodestrutivo — foi o motim na Câmara, que inviabilizou politicamente a bandeira da anistia. Na lógica do tudo ou nada, o ex-mito e seus filhos desprezaram articulações moderadas que poderiam ter garantido uma dosimetria capaz de reduzir sua pena.
Ao rejeitar acordos e isolar potenciais aliados, aprofundaram sua própria vulnerabilidade jurídica. Agora, dificilmente haverá clima institucional para flexibilizar as penas dos condenados pelo 8 de Janeiro — e o ex-mito pode ter desperdiçado sua última oportunidade real de mitigação legal.
No curto prazo, presidenciáveis expressam solidariedade pública ao ex-mito para não alienar seu eleitorado mais fiel. Na prática, todos buscarão manter distância prudencial.
A toxicidade política associada ao ex-mito — ampliada pela prisão e pelo desgaste moral — torna arriscado a qualquer aspirante carregar integralmente seu legado.
O processo que culminou na prisão revela não apenas a queda de um líder, mas o esgotamento de uma estratégia baseada na impulsividade, no confronto permanente e na ilusão de que a política se resolve com pressão externa ou gestos improvisados.
O bolsonarismo paga o preço de seus próprios erros e, pela primeira vez desde 2018, parece deixar de ser o centro gravitacional da direita. Ela seguirá viva, mas talvez, sem ex-mito como estrela maior.
Fonte: Metrópoles, Opinião, 26/11/2025 10:41 Por Hubert Alquéres
Pelo jeito, Michelle não acredita nos 3 “is”.