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Proposta altera regras do arcabouço fiscal
Pedro do Coutto
Finalmente, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o texto-base do projeto de lei complementar que compõe o pacote de cortes de gastos elaborado pelo governo de Lula da Silva. A proposta altera regras do arcabouço fiscal e permite o bloqueio de emendas parlamentares. O placar foi de 318 votos favoráveis e 149 contrários. Os deputados iniciaram a análise dos destaques ao texto (possíveis mudanças), mas a conclusão ficou para ontem. Em seguida, o projeto segue para o Senado.
O avanço do pacote fiscal na Casa foi um lance destinado a conter a disparada do dólar. No entanto, mesmo com o BC já tendo vendido US$ 12,7 bilhões desde a última semana, na maior injeção de recursos no câmbio desde a pandemia, em março de 2021, o dólar voltou a fechar em alta nesta terça-feira, renovando a máxima histórica em relação ao real. A moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 6,096, avanço de 0,04%.
LEILÕES – Ao todo, foram US$ 7 bilhões em três leilões de linha, que representam a venda de moeda com compromisso de recompra, e outros US$ 5,76 bilhões por meio de quatro leilões à vista. O BC tem mapeado diariamente com os operadores de câmbio a previsão de saída de dólares do país. Os leilões pontuais têm servido para garantir a liquidez, oferecendo moeda conforme a demanda, diante de um fluxo de saída significativo.
Segundo analistas, a preocupação com o quadro fiscal e o receio de que o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo — já considerado aquém do necessário para evitar a escalada da dívida pública — possa ser ainda mais desidratado no Congresso voltaram a pesar nos negócios.
O foco dos investidores segue sobre a tramitação das medidas de contenção de gastos no governo, em meio a preocupações de que o pacote possa não ser votado até o fim do ano ou que as propostas sejam desidratadas. A previsão é que os parlamentares entrarão em recesso nesta sexta-feira.
ANÁLISES – Segundo o presidente da Casa, Arthur Lira, os outros dois textos que compõem o pacote do governo — um projeto de lei e um projeto de emenda à Constituição — deveriam ser analisados pelo plenário ainda no dia de ontem.
No entanto, as notícias positivas não pareciam suficientes para impedir a alta do dólar. De acordo com Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o mercado deve acalmar quando todas as propostas do governo forem aprovadas nesta semana. “A ideia é que caso (os parlamentares) consigam aprovar tudo dentro dos trabalhos legislativos de 2024, o mercado se tranquilizaria”, disse.
APROVAÇÃO – A votação do Congresso aprovou regras para um futuro regime de impostos. Entretanto, foram definidos os produtos que terão isenção em taxas maiores ou menores do que a futura alíquota padrão a ser criada com a unificação dos impostos.
Essa alíquota padrão apresentou na semana passada uma tendência a ser fixada em 28%. Chegou-se à conclusão de que sem um sistema de câmbio estável, estrangeiros não investem no país. O futuro dos impostos parte desse princípio. Agora, porém, há de se esperar que o avanço do pacote fiscal na Câmara consiga conter a disparada do dólar.