Copom corta Selic em mais 0,5 ponto, para 11,25% ao ano, mantendo o ritmo

Queda na Taxa Selic pode beneficiar economia brasileira

Charge do Orlando (Arquivo Google)

Renato Machado
Folha

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (31) por unanimidade reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 11,25% ao ano. Dessa forma, o comitê manteve, em seu primeiro encontro de 2024, o ritmo do afrouxamento monetário aplicado desde agosto do ano passado. Este foi o quinto corte consecutivo de mesma magnitude.

O Copom também decidiu de forma unânime manter em seu comunicado o trecho em que os membros anteveem o mesmo ritmo de redução na taxa Selic em seus próximos encontros.

RITMO APROPRIADO – “Os membros do Comitê, unanimemente, […] avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, afirma o texto.

O texto trouxe poucas mudanças em relação ao comunicado anterior, publicado em dezembro, mesmo com a participação de mais dois diretores do BC indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira assumiram seus cargos no dia 2 deste mês e participaram pela primeira vez do Copom nesta quarta.

Com isso, os indicados por Lula acompanharam as decisões e as sinalizações adotadas nos últimos meses pelo comitê, apesar de pressões do PT por um corte maior.

METAS FISCAIS – Entre os trechos mantidos, está inclusive a mensagem do Copom que defende que o governo persiga as metas fiscais já apresentadas.

“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, afirma o texto, repetindo o trecho dos textos anteriores.

Entre as poucas alterações trazidas em relação ao comunicado de dezembro, o Copom acrescentou, ao analisar o ambiente externo, que a conjuntura atual é marcada pelo debate sobre o início da queda dos juros nas principais economias. O colegiado manteve, em seguida, o diagnóstico de que o cenário exige “cautela por parte de países emergentes”.

METAS DE INFLAÇÃO – Apesar de manter as projeções para inflação em seus cenários de referência, em 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025, o Copom modificou levemente as expectativas para os preços administrados —de 4,5% para 4,2% em 2024 e de 3,6% para 3,8% em 2025.

O colegiado também acrescentou a expressão “em grau maior” ao se referir a 2025 quando analisa a capacidade de inflação ficar ao redor das metas. De acordo com o comunicado, a decisão desta quarta é compatível com a estratégia de convergência para o objetivo traçado para o ano de 2024 e, “em grau maior”, para o de 2025.

De qualquer forma, o Copom afirma que o país está em trajetória de desinflação. Por outro lado, aponta que permanecem fatores de risco — como pressões inflacionárias globais e a resiliência na inflação de serviços.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O comunicado do Copom destaca que é preciso manter “serenidade e moderação na condução da política monetária”. Em tradução simultânea, está dizendo que é preciso segurar a onda, para que o Brasil não se transforme numa gigantesca Argentina. Bem, talvez um dia os governantes entendam a necessidade do superávit primário, para evitar que a dívida siga aumentando ameaçadoramente. Enquanto isso não acontece, é preciso combater a irresponsabilidade fiscal. (C.N.)

7 thoughts on “Copom corta Selic em mais 0,5 ponto, para 11,25% ao ano, mantendo o ritmo

  1. Repararam que os gestores do banco central do Brasil e do ministério da economia , sequer mencionaram os mais de 60% do orçamento geral da união , que são canalizados a fundo perdido de juros que governos paga para rolar a tal divida pública , que em nada beneficia o Brasil e menos o seu povo , e que se negam a audita-la até hoje .

  2. Senhor José Vidal , o nó górdio da questão é a falta de verificação da legitimidade dessa dívida pública , daí a necessária e legítima ” auditagem ” da mesmo , por profissionais capacitados e honestos , e congelando-a até a conclusão de sua auditagem.

  3. A manutenção de um nível de juros quase três vezes maior do que a inflação atual tem muito pouco a ver com o combate a essa inflação e muito mais com manter a atratividade dos títulos do governo brasileiro para os investidores estrangeiros para financiar a rolagem da dívida. Que por sua vez estrangula a economia. O COPOM faria bem de pelo menos admitir a situação real. O Brasil está na situação de alguém que vai tomando emprestado num banco para para pagar a rolagem de um cheque especial em outro e que não corta seus custos para poder investir no crescimento de sua renda para poder acabar com o caminho rumo ao precipício.

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