Militares “acompanham” investigações, porém nada comentam sobre o “golpe”

Exército foge 3 vezes da mesma pergunta: polícia sabia de militar  infiltrado? - Ponte Jornalismo

Charge do Junião (Arquivo Google)

Carlos Newton

Apesar de ex-comandantes e oficiais-generais estarem na mira da Polícia Federal nas investigações determinadas no Supremo pelo ministro Alexandre de Moraes, as Forças Armadas não comentam a Operação Tempus Veritatis, que atingiu integrantes da cúpula do governo Jair Bolsonaro, além do próprio ex-presidente e três ex-ministros, com envolvimento de militares até da ativa no que está sendo descrito pelos investigadores como uma tentativa de golpe de Estado.

Exercito e Marinha emitiram discretas notas oficiais, sem qualquer comentário sobre os acontecimentos, mas a Força Aérea nem quis se manifestar.

DIZ O EXÉRCITO – Em sua nota oficial, o Exército afirmou apenas que “acompanha” as investigações e presta informações caso necessárias:

O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Exército Brasileiro (EB) acompanha a operação deflagrada pela polícia Federal na manhã desta quinta-feira (8 de fevereiro de 2024), prestando todas as informações necessárias às investigações conduzidas por aquele órgão“, afirma o comunicado oficial.

A operação atingiu uma série de oficiais-superiores e generais. Entre eles, estão três ex-ministros militares, todos generais de quatro estrelas: Walter Souza Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa).

DIZ A MARINHA – A nota oficial da Marinha é ainda mais seca, embora um dos principais alvos da Operação seja o almirante de esquadra Almir Garnier Santos, que era comandante da Força Naval no governo Bolsonaro e foi denunciado como entusiástico defensor do golpe no depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro;

Em relação à Operação da Polícia Federal Tempus Veritatis, a Marinha do Brasil (MB) reitera que não se manifesta sobre processos investigatórios em curso, sob sigilo, no âmbito do Poder Judiciário. Consciente de sua missão constitucional, a MB, Instituição nacional, permanente e regular, reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência“, diz a nota oficial.

A Força Aérea Brasileira (FAB) foi a única das três Forças Armadas a não se manifestar. A investigação até cita o ex-comandante, brigadeiro Carlos Baptista Júnior, mas as informações são de que ele foi ferrenho opositor da tentativa de golpe, e a Aeronáutica está fora da mira.

DIZ MOURÃO – Em tradução simultânea, ninguém conseguirá saber a opinião das Forças Armadas (leia-se: dos seus Altos-Comandos), porque não existem vazamentos.

A única alternativa é acompanhar os sucessivos pronunciamentos do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-presidente do Clube Militar, que funciona como uma espécie de porta-voz informal do Exército.    

“Temos militares que eventualmente podem ter cometido crimes em função militar. O Exército deveria ter aberto há muito tempo inquérito policial militar, estar conduzindo essa investigação e, caso se comprovasse que essas pessoas tivessem cometido crime que não fosse afeto à Justiça Militar, passasse às mãos de quem estaria conduzindo o restante dos inquéritos”, disse o senador, em entrevista coletiva com parlamentares da oposição.

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P.S. 1
Aqui na Tribuna, não passaremos paninho em militares envolvidos na tentativa de golpe. Pelo contrário, vamos exigir que sejam exemplarmente punidos, na forma da lei. Mas o fato concreto é que o ministro Alexandre de Moraes não está obedecendo às leis na investigação e julgamento dos invasores da Praça dos Três Poderes, conforme temos denunciado na TI.  

P.S. 2 – Uma das muitas ilegalidades cometidas por Moraes é processar e julgar no Supremo os envolvidos no 8 de Janeiro. O ministro jamais poderia exigir“foro privilegiado” a quem não tem essa prerrogativa. Isso significa que o réu perde direito aos recursos, em flagrante prejuízo do devido processo legal. No afã de condená-los, Moraes e outros ministros têm cometido muitas  ilegalidades. Mas será que terão coragem de continuar agindo à margem da lei ao processar e julgar oficiais-generais? Esse filme eu quero assistir e já comprei as pipocas.

P.S. 3Por fim, o senador Mourão está errado na avaliação sobre o general Augusto Heleno. Ao contrário do que o parlamentar pensa, Heleno está envolvido até o pescoço. E as ilegalidades dele eram conhecidas desde que participou da reunião com a advogada Luciana Pires, para combinar como a Abin iria auxiliar a defesa do filho Zero Um (Flávio Bolsonaro), que na época estava ameaçado pelas rachadinhas. Sem dúvida, Mourão vai se decepcionar muito quando souber das trapalhadas de seu amigo Heleno. (C.N.)

Ao fingir que vai punir chefes militares, Moraes está brincando com a verdade

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Carlos Newton  

Já dissemos aqui na Tribuna da Internet que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tomou uma decisão audaciosa, arriscada e altamente irresponsável, ao determinar a operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, dois ex-ministros da Defesa, dois ex-comandantes militares da gestão passada, outros militares e ex-assessores palacianos.

Explicamos que a decisão significa, em tradução simultânea, que o ministro estaria disposto a processar e julgar chefes militares como se fossem terroristas, com punições idênticas às aplicadas àqueles bolsonaristas fanáticos que participaram do 8 de Janeiro.

EXÉRCITO APOIA? – Estranhamos também uma reportagem do site g1, por afirmar que “o Exército acompanha o cumprimento dos mandados ligados aos militares, em apoio à PF”.

Se for confirmada essa informação, isso significaria que o Alto Comando do Exército concorda com os “exotismos e excessos” de Moraes e entende que há provas materiais suficientes para incriminar Bolsonaro e o grupo inteiro como “terroristas”.

Se confirmadas, as condutas do grupo militar liderado por Bolsonaro podem ser enquadradas em crimes como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, exatamente como acontece com os invasores dos palácios em 8 de janeiro de 2023, que estão pegando entre 17 e 21 anos de prisão.

“ISSO NON ECZISTE” – Padre Óscar Quevedo não seria enganado com essa conversa fiada de Moraes. O mundo acaba e o Alto Comando do Exército não aceita que oficiais-generais sejam julgados e condenados pela Justiça comum, sem provas materiais, sem direito de defesa oral e sem possibilidade de recurso, com a acusação baseada no disse-me-disse de um tenente-coronel corrupto e que desonrou a farda por causa de 30 dinheiros.

Moraes está fazendo espuma, ao vazar notícias escandalosas para destruir Bolsonaro e o grupo de militares que o cercava. General Braga Netto disse isso, general Augusto Heleno afirmou aquilo, a minuta do golpe ia prender fulano, beltrano e sicrano, um verdadeiro festival para a mídia.

ESQUECIMENTO – Um dos problemas de Moraes é a memória curta. Esquece, por exemplo, que Bolsonaro simboliza um sentimento anti-Lula que é consensual nas Forças Armadas.

Os militares somente permaneceram quatro anos coesos com Bolsonaro por dois motivos: 1) pelos favores concedidos, como a manutenção da Previdência e os vultosos aumentos salariais, que os retiraram da situação de inferioridade a que estavam relegados desde a era do trêfego Fernando Henrique Cardoso; 2) o sentimento de desprezo que sentem em relação a Lula, porque sabem que foi um erro grosseiro do Supremo a libertação da alma mais honesta deste país. Por tudo isso, mal o suportam e  muito a contragosto batem continência a ele.

Mas o ministro Moraes parece não perceber (?) essa realidade e se comporta como se os militares já preparassem as masmorras do Forte Apache para os generais cumprirem pena. Seria a Super-Piada do Ano, às vésperas do Carnaval, como se o Alto Comando estivesse de porre.

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P.S. 1
A imprensa amestrada está se deliciando, ao reproduzir os diálogos indiscretos e as mensagens capciosas da entourage  militar de Bolsonaro. Nenhuma novidade quanto a isso. Como dizia o filósofo norte-americano Ralph Emerson, “os liderados são uma imagem piorada do líder”. E a assessoria de Bolsonaro não escapou dessa regra.

P.S. 2 – Este é o assunto mais importante e delicado desse início de ano e vamos voltar a ele, sempre com detalhes rigorosamente verdadeiros. Aliás, como a espetaculosa operação foi chamada pela Polícia Federal de “Tempus Veritatis” (“Hora da Verdade”, em latim), Moraes deveria saber que não se deve brincar com a verdade. Se é que vocês me entendem, como dizia o jornalista Maneco Muller. (C.N.)

Alexandre de Moraes comporta-se como Nero e tenta colocar fogo neste país

Meio Senado Federal está envolvido de alguma maneira nas delações da Lava Jato, da Acrônimo ou de alguma outra investigação. Por conta disso, o indicado por Michel Temer para a vaga de Teori Zavascki deveria primar pela mais inquestionável independência em relação a quem o indicou e a partidos políticos

Charge do Aroeira (Arquivo Google)

Carlos Newton  

Ao determinar a operação que foi chamada pela Polícia Federal de “Tempus Veritatis” (“Hora da Verdade”, em latim), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tomou uma decisão audaciosa, arriscada e altamente irresponsável, porque sua decisão significa, em tradução simultânea, que está disposto a processar e julgar como terroristas o ex-presidente Jair Bolsonaro, dois ex-ministros da Defesa, ex-comandantes militares da gestão passada e outros ex-chefes militares.

Ao todo, a PF cumpre 33 mandados de busca e apreensão. Há ainda medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos.

E foram expedidos mandados de prisão preventiva contra Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro; Marcelo Câmara, coronel do Exército, ex-assessor citado no caso das joias e relógios e na fraude nos cartões de vacina; Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército; e Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército.

SEM JUSTIFICATIVA – Não há fato novo nem maior justificativa. Segundo a PF, o grupo investigado “se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”.

O grupo investigado se dividiu em dois “eixos”, ou núcleos de atuação para tentar minar o resultado das eleições 2022. O primeiro “eixo” era voltado a construir e propagar informações falsas sobre uma suposta fraude nas urnas, apontando “falaciosa vulnerabilidade do sistema eletrônico de votação”. Esse discurso foi reiterado pelos investigados desde 2019 e persistiu “mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo “eixo”, por sua vez, praticava atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito – ou seja, para concretizar o golpe. Essa etapa, de acordo com as investigações, tinha o apoio de militares ligados a táticas e forças especiais, diz a PF, baseada na decisão do Moraes.

EXÉRCITO APOIA? – Reportagem do site g1 afirma que “o Exército acompanha o cumprimento dos mandados ligados aos militares, em apoio à PF”. Se for confirmada essa informação, isso significaria que o Alto Comando do Exército concorda com os “exotismos e excessos” de Moraes e entende que há provas materiais suficientes para incriminar Bolsonaro e o grupo inteiro como “terroristas”.

De acordo com as investigações, se confirmadas, as condutas do grupo militar liderado por Bolsonaro podem ser enquadradas em crimes como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, exatamente como aconteceu com os invasores dos palácios em 8 de janeiro de 2023.

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P.S. 1 –
As gravações de conversas e de mensagens chamando general de “cagão”, são provas fracas. O general Heleno, por exemplo, falava sempre na condicional: se isso, se aquilo… Essas supostas provas que Moraes vazou para o Globo não têm valor defnitivo num tribunal de verdade, embora até possam ser levadas em consideração pela versão atual do Supremo.

P.S. 2 Acho que a decisão de Moraes é espantosamente irresponsável e não acredito que o Exército esteja dando cobertura, porque na vida tudo tem limites. Estava parecendo que Moraes arranjou provas sensacionais e só agora vai revelá-las, para justificar essas novas prisões, buscas e apreensões. Mas na verdade o ministro não tem nada de novo para revelar. Ao que parece, entrou no bloco de Toffoli, que é outro tremendo irresponsável. Neste carnaval, Moraes vai se fantasiar de Nero, tentando incendiar o país, e Toffoli vai desfilar com sua toga do Supremo, que todo mundo sabe ser apenas uma fantasia. (C.N.)

Toffoli achou (?) que não havia limites e colocou o Supremo em péssima situação

Dias Toffoli | Jornalistas Livres

Charge do Cau Gomez (Arquivo Google)

Carlos Newton

Inebriado pelo abundante poder que os ministros do Supremo acumularam, em meio aos excessos que caracterizam as decisões monocráticas de Suas Excelências, o ministro Dias Toffoli estava tranquilo devido à conivência da Procuradoria-Geral da República, especialmente depois que o novo procurador Paulo Gonet, às vésperas do Natal, engoliu com casca e tudo a suspensão da multa bilionária que a J&F acertara pagar.

Como o procurador permaneceu submerso, Tofolli não teve dúvidas e repetiu a dose 42 dias depois. Ainda em pleno recesso, na véspera do reinício dos trabalhos do Judiciário, o ministro resolveu suspender também a multa bilionária da Novonor, que pode ser chamada de NeoOdebrecht. E o procurador Gonet continuou omisso.

EXISTEM LIMITES – No primarismo da visão egocêntrica de Toffoli, não existiriam limites para o poder dos ministros do Supremo. Mas nem é preciso ser uma inteligência artificial para perceber que padre Óscar Quevedo tinha razão, porque isso “non ecziste” e na vida tudo tem limites.

Infelizmente, o extravagante ministro do Supremo não tem esse alcance intelectual e levou adiante a aventura. Não contava com a reação da opinião pública, representada pelos três maiores jornais do país (Folha, O Globo e Estadão), que protestaram violentamente contra as decisões de Toffoli, fazendo com que o procurador-geral da República enfim despertasse do torpor, antes que sobrasse para ele, e apresentasse recurso contra a suspensão da multa da J&F, que substituiu a Odebrecht como maior corruptora brasileira.

Não foi difícil para Gonet encontrar justificativas contra a decisão de Toffoli, especialmente depois que o repórter Breno Pires, da revista Piauí, provou que os argumentos apresentados a Toffoli pelo advogado Francisco Assis e Silva, defensor da J&F, eram falsos e ardilosos.

ILAÇÕES ABSTRATAS – O procurador Paulo Gonet foi obrigado a reconhecer que Toffoli fez “ilações e conjecturas abstratas” a respeito da suposta coação sofrida pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, e isso não é suficiente para suspender o acordo.

“Não há como, de pronto, deduzir que o acordo entabulado esteja intrinsecamente viciado a partir de ilações e conjecturas abstratas sobre coação e vício da autonomia da vontade negocial”, sustenta o procurador-geral da República.

No Supremo, o clima é de desespero e constrangimento, porque todos os ministros, de uma forma ou outra, estão envolvidos e foram coniventes com a quebra dos limites.

LIBERDADE DE LULA – Lembremos que tudo começou com libertação de Lula, em 2019, em sessão presidida por Toffoli. Depois de aberta essa porteira, os ministros do Supremo foram quebrando limites, um após o outro, a pretexto de estarem redemocratizando o país, sem pedir licença ao cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia Helio Fernandes.

Os últimos limites quebrados foram o julgamento direto no Supremo de réus sem foro privilegiado, a condenação mediante provas coletivas, a dispensa da defesa oral e o fim da suspeição de juiz em processo com participação de réu defendido por cônjuge do magistrado, esculhambando cada vez mais o chamado “devido processo legal”.

A Procuradoria ficou omissa diante de todas essas irregularidades jurídicas, muitas delas para acabar com a Lava Jato, como o uso da incompetência territorial absoluta, que “descondenou” Lula da Silva com uma norma que só existe em questões imobiliárias.

Agora, pela primeira vez, a Procuradoria-Geral da República desperta no berço esplêndido e decide lembrar a Toffoli a existências de limites, que ele está atirando na lata de lixo.

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P.S. 1
Antes tarde do que nunca, diz o ditado. Mas ficam pendentes algumas dúvidas: 1) Será que a coisa é séria? 2) O procurador-geral promete recorrer também no caso da Odebrecht? 3) Vai fazer pé firme e exigir uma Justiça limpa? 4) Por que a Procuradoria demorou tanto até mostrar que ainda existe? (C.N.)

É impressionante a podridão a que chegou o Supremo, no afã de destroçar a Lava Jato

Tribuna da Internet | Com Dino no Supremo, Lula escancara que a Corte se tornou um órgão político

Charge do Bier (Arquivo Google)

Carlos Newton

De repente, não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes ao detectar a mudança de foco da grande imprensa a respeito do trabalho de desmonte da Lava Jato, que vem sendo desenvolvido pelo Supremo desde 2019, quando tirou da prisão Lula da Silva, a pretexto de ainda não ter sido julgado em nível de recurso pela própria Suprema Corte.

Com isso, o STF colocou o Brasil numa situação vexaminosa, como único país da ONU que não prende criminoso após condenação em segunda instância. E os ministros devem achar que valeu a pena submeter o Brasil a essa vergonha, pois até agora, quase seis anos depois, ainda não reconheceram o erro.

MINISTRO NÃO ERRA? – É claro que os ministros erram – e feio. O problema é que não reconhecem. Só lembro de um caso, quando Marco Aurelio Mello se equivocou, admitiu a falha e chegou a chorar no plenário. Depois, cometeu outros erros, como libertar o chefão André do Rap, do PCC, porém não chorou mais.

Os outros não erram nem em pensamento. Mas tudo tem limites, e as mais recentes decisões do ministro Dias Toffoli causaram revolta à grande imprensa.

Primeiro foi a Folha, que sexta-feira (dia 2) publicou um editorial demolidor contra Dias Toffoli, considerando “um escárnio” a decisão de suspender a multa bilionária da Odebrecht, que mudou de nome, mas continua com a mania de subornar autoridades. Depois, o Estadão e O Globo também publicaram editoriais investindo contra as insanidades do ministro.

ALEGAÇÕES MENTIROSAS – A combativa revista piauí entra na briga e demonstra que Toffoli se baseou em alegações falsas e mentirosas da defesa da J&F, para suspender a multa bilionária. Mas não é apenas Toffoli que está enrolado. Os outros ministros se omitem e fingem não saber que as anulações das multas são baseadas em provas ilegais – as gravações de hackers com o então procurador Deltan Dallagnol, o juiz Sérgio Moro e outros membros da força-tarefa da Lava Jato.

Mas Toffoli e todos os ministros estão informados de que a obtenção daquelas gravações foi constitucionalmente ilegal, conforme se pode comprovar pelo Inciso LVI do art. 5º da Constituição: “São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.

Também estão cansados de saber que o relatório da Polícia Federal concluiu, em abril de 2021, que não é possível confirmar a autenticidade das mensagens hackeadas da força-tarefa. Mesmo assim, usaram essas provas ilegais para anular as condenações de Lula, beneficiar centenas de corruptos, inclusive o notório e insuperável Sérgio Cabral, e anular multas bilionárias de empresas reconhecidamente corruptoras no Brasil e em muitos outros países do mundo, em processos que levaram à prisão sete presidentes na América do Sul, e um deles, o peruano Alan Garcia, se suicidou.

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P.S.
Na vida, tudo precisa ter limites. Houve excessos na Lava Jato, mas a operação deveria ser aplaudida e saudada pelos brasileiros. O que se vê, porém, é um movimento enorme para defender bilionários corruptos e punir os membros da força-tarefa que tiveram coragem de investigá-los e condená-los. O próximo passo agora é cassar o mandato de Sérgio Moro, que cometeu excessos e errou ao abandonar a magistratura, porém o conjunto de sua obra é admirável e merece ser preservado. Mas quem se interessa? (C.N.)

Mais uma estupidez! Lula considera “baixo” o teto salarial de R$ 44 mil

Crime organizado está metido do futebol à política', afirma presidente Lula - Fato a Fato

Piada do Ano! Salário das autoridades é baixo, diz Lula

Carlos Newton

Realmente, não dá para levar a sério um governante como Lula da Silva, que é capaz de fazer uma afirmação idiota atrás da outra, com um espantoso repertório de estultices. Justamente num momento em que aumenta o desconforto da opinião pública contra altos salários, mordomias e penduricalhos das cúpulas dos três Poderes, Lula tem a desfaçatez de esbofetear a República e humilhá-la, ao proclamar que são baixos os salários recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Lula está cansado de saber que os integrantes do STF recebem R$ 44 mil mensais, mas são favorecidos com sofisticadas mordomias tipo “cordon bleu”, com direito a morar de graça em confortáveis apartamentos, servidos por carros blindados de luxo e com combustível liberado.

Além disso, os ministros têm direito a jatinhos e passagens aéreas para se deslocar pelo Brasil e pelo mundo, garantidos com plano de saúde classe A, contando como motoristas, seguranças e assessores à disposição, e com as contas de luz, gás e telefone e muito mais, tudo por conta do cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia o genial Helio Fernandes.

E DISSE LULA… – Segundo o presidente petista, somente quando os magistrados se aposentam da Suprema Corte podem “ganhar um pouco de dinheiro” e “trabalhar em outras coisas”. 

Lula fez essas espantosas declarações na cerimônia de posse do novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Pensando (?) que estava fazendo piada em apresentação stand up comedy, o bem-humorado governante disse que as remunerações dos ministros do Supremo são “irreais” para a “qualidade da função”.

E seguiu adiante com a pilhéria, dizendo ter ficado com receio de que o ministro Ricardo Lewandowski, aposentado do STF, não quisesse aceitar assumir a vaga de ministro da Justiça. Revelou que, durante o convite, pôde ouvir Lewandowski comentar sobre como “a vida estava ficando razoável do ponto de vista da melhoria econômica dele”, e até as pilastras do Supremo sabem que Lewandowski rapidamente ganhou milhões na sua primeira negociata jurídica pós-STF, a serviço dos irmaõs Joesley e Wesley Batista.

LULA ENLOUQUECEU? – Do outro lado do balcão, o que deve estar pensando o cidadão-contribuinte-eleitor? Será que Lula enlouqueceu? Ou ele é assim mesmo irresponsável?

Afinal, trata-se de um metalúrgico subletrado que entrou na política e enriqueceu ilicitamente, foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro por dez magistrados, sempre por unanimidade até no Superior Tribunal de Justiça, e cumpriu 580 dias de cadeia.

Na verdade, Lula acha normal enriquecer na vida pública. É como se fosse uma forma de retribuir os serviços prestados por ele aos cidadãos. Nessa falsa concepção de vida, julga-se o maior estadista do mundo, é como se o Brasil tivesse de agradecer diariamente a ele, por aceitar nos governar recebendo salários inexpressivos e mordomias de baixo nível, a ponto de sua atual terceira-dama ser obrigada a sair comprando móveis de luxo e roupas de cama de algodão egípcio, usando o cartão corporativo, é claro, como fazia a segunda-dama Rosemary Noronha.

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P.S. 1  –
Com essa declaração de Lula, todos os sindicatos de servidores públicos dos três Poderes, federais, estaduais e municipais, estão liberados para exigir aumentos imediatos de salários e mordomias, incluindo penduricalhos.

P.S. 2  Diante desses fatos, ninguém, nem mesmo os mais fanáticos petistas, pode acreditar que Lula esteja em seu juízo perfeito. É óbvio que ele está variando, com um parafuso a menos. Mesmo assim, insiste em ser releeito em 2026, para continuar na ilusão de que administra o país, embora esteja se comportando como um Napoleão de hospício, digamos assim. (C.N.)

Lula tem razão! É preciso parar o estardalhaço sobre manipulação da “Abin Paralela”

Abin paralela | Charges | O Liberal

Charge do J.Bosco (O LiberaL)

Carlos Newton

O estardalhaço que estão fazendo em relação ao uso político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) chega a ser patético. A imprensa amestrada sai em disputa para ver quem defende com mais vigor os interesses do governo Lula, ou seja, competem para ver quembajula mais intensamente o chefe, a ponto de até lhe causar desconforto, levando o presidente a pedio moderação até que as investigações se concluam.

Em entrevista à rádio CBN Recife, nesta terça-feira (30/01) Lula afirmou que é fundamental respeitar a presunção de inocência de investigados.

“Todo mundo sabe, tanto PF (Polícia Federal) quanto MP [Ministério Público]: quer investigar, investigue, mas não faça show pirotécnico, não fique divulgando nome da pessoa antes de ter prova concreta, não fique destruindo imagem das pessoas antes de investigar”, disse.

NO RUMO CERTO – Lula está com toda razão. Percebeu o exagero nas acusações, pois a investigação está apenas no início. Sabe-se que foi usado um programa israelense de localização de pessoas, porém ainda não se tem maiores detalhes nem os nomes de quem teve sua movimentação acompanhada.

Nessa perspectiva, o presidente tentou que o diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, se defendesse no cargo, mas a pressão de aliados e de ministros do Supremo foi muito forte, e Lula teve de se curvar, alegando que não há “clima” para Moretti seguir no governo.

Na entrevista, Lula demonstrou insegurança em relação à Abin. “A gente nunca está seguro”, disse. “O companheiro que indiquei para ser diretor-geral da Abin é companheiro que foi meu diretor-geral da PF entre 2007 e 2010, é pessoa que tenho muita confiança e por isso chamei, já que não conhecia ninguém dentro da Abin. E ele montou a equipe dele, mas dentro da equipe tem cidadão que está sendo acusado de que mantinha ligação com Ramagem, que é ex-presidente da Abin do governo passado”, afirmou, resumindo a confusão.

NINGUÉM LIGA – O pior são as conclusões apressadas do ministro Alexandre de Moraes, que não questiona os atos da Polícia Federal.  “Como ressaltado pela autoridade policial, as ‘demandas’ eram tratadas por meio de assessoras, e não diretamente entre os investigados, corroborando ainda mais o zelo em relação aos vestígios das condutas delituosas”, afirmou Moraes, repetindo a informação que recebeu da PF.

Uma conversa entre assessoras de Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem é citada pelo ministro do Supremo para justificar a ação da PF, porque esse diálogo demonstraria que o vereador integrava o “núcleo político” da chamada “Abin paralela”.

Pelo WhatsApp, Luciana Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro, pede “ajuda” a Priscilla Ferreira e Silva, a serviço do então diretor-geral da Abin. Ela envia o nome da delegada Isabela Muniz Ferreira, do núcleo da PF responsável por investigações sensíveis, e cita dois inquéritos, afirmando que envolvem “PR e 3 filhos”, em menção à família Bolsonaro.

ILAÇÃO TEMERÁRIA – Trata-se de uma afirmação sem base, uma ilação verdadeiramente temerária. Para quem conhece as entranhas do Planalto, o diálogo entre as duas pode significar que algum auxiliar de Bolsonaro soube das investigações e queria ter detalhes.

É óbvio que a família Bolsonaro era informada sobre essas investigações diretamente por Ramagem (Abin) ou Augusto Heleno (GSI). Esse tipo de assunto não é da competência de assessorias de baixa escalão. Portanto, a PF e Moraes viajaram na maionese, pensando (?) terem encontrado o fio da meada nesse diálogo de servidoras.

Fico com pena das assessoras, que devem estar apavoradas com a investigação a que estão submetidas, sofrendo busca e apreensão e tudo o mais.

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P.S.
De tudo isso, fica uma grande lição. No Brasil de hoje, as autoridades não têm medo do ridículo, e o famoso inquérito do fim do mundo – prorrogado por mais 90 dias “atendendo a pedidos”, segundo o relator Moraes – está sendo transformado numa peça de humor, que nem pode ser chamada de “humor negro”, porque agora isso representa “racismo intelectual”. (C.N.)

Mídia amestrada omite que Lula também mandava a Abin espionar seus adversários

Paulo Lacerda assume Abin com antigos assessores - Consultor  JurídicoConsultor Jurídico

Gilmar Mendes foi espionado por Lula e se tornou amigo dele

Carlos Newton

Nesses novos tempos de redes sociais e imbecialização geral, o que seria dos brasileiros se não existissem mais jornalistas de verdade? Por isso, é preciso prestigiar quem leva a sério a profissão e não permite ser usadoscomo mero divulgador do grupo político que ocasionalmente estiver no poder.

Estamos numa fase tão delicada que já não é mais possível confiar nas instituições, especialmente quando se constata que existe um verdadeiro conluio entre dois Poderes da República – o Executivo e o Judiciário.

Seus dirigentes só não transformaram este país numa ditadura porque não puderam convidar o Legislativo para esse banquete democrático, já que o número de cadeiras à mesa do Poder ainda é limitado.

CONGRESSO E IMPRENSA – Na verdade, Executivo e Judiciário não conseguiram – nem jamais conseguiriam – cooptar o Legislativo, porque se trata dos “representantes do povo” em amplo sentido, ao defenderem importantes categorias empresariais e sociais.

Governo e Supremo também não conseguiram curvar a imprensa como um todo. Em gravíssima crise econômico-financeira, a mídia está de joelhos, depende muito das verbas publicitárias estatais. No entanto, não é possível manipular inteiramente as informações, e a verdade é como uma erva daninha, que sempre dá um jeito de sobressair em meio a essa plantação de notícias oficiais.

Agora, por exemplo, a dobradinha Executivo/Judiciário inunda a mídia com informações bombásticas sobre um esquema de espionagem montado no governo passado, por causa de um software que informa localização de celulares e dá algumas facilidades de infiltração.

CESSA TUDO – De repente nada mais interessa. A intromissão para levar um criminoso como Guido Mantega à presidência da Vale, a interferência nas prerrogativas do Congresso em vários temas, o boicote ao déficit zero, a ameaçadora escalada da dívida pública – tudo isso perde importância, por causa de espionagem.

Foi uma manobra brilhante, via Alexandre de Moraes e sua fábrica de notícias. A imprensa amestrada mergulhou fundo no assunto. Mas ainda há jornalistas de verdade e que têm boa memória, como Hugo Marques, da Veja, que neste sábado tratou de restabelecer a verdade dos fatos.

O repórter cita que, na autorização de busca e apreensão no gabinete e na casa do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), o ministro Moraes fez várias menções à criação de uma estrutura paralela dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro.

PIADA DO ANO – Ao fazer essas afirmações, o ministro do STF demonstrou que ele e sua numerosa equipe de assessoria jurídica não conhecem o assunto e agem com frivolidade, tipo Piada do Ano, porque Hugo Marques conseguiu comprovar que a espionagem clandestina da Abin no governo Bolsonaro – se for confirmada – não é a menor novidade.

Marques relata que, no segundo governo Lula, por exemplo, a Abin investigava secretamente políticos e ministros do Supremo, em especial o então presidente Gilmar Mendes, que teve as conversas com um senador da oposição gravadas por arapongas. Quem chefiava a Abin era o delegado Paulo Lacerda, que tinha sido diretor-geral da Polícia Federal no mesmo governo Lula.

O escândalo foi ainda maior quando se descobriu que a Abin colocara mais de 50 agentes para investigar juízes, políticos, jornalistas e um banqueiro considerado como desafeto do governo. Mesmo assim, nada aconteceu a Lula ou a Paulo Lacerda, substituído pelo delegado Luiz Fernando Corrêa, que voltou à direção da Abin no ano passado.

DILMA, TAMBÉM – O jornalista da Veja lembra que, em 2013, o governo Dilma Rousseff enviou quatro agentes da Abin ao Porto de Suape, em Pernambuco, para investigar o então governador Eduardo Campos, do PSB, um dos pré-candidatos à Presidência da República.

Mas os quatro espiões foram identificados e detidos ao ingressarem em Suape. Eduardo Campos era um dos mais fortes concorrentes à Presidência e morreu em 2014, na queda suspeita de um avião, em plena campanha.

O repórter da Veja dá um show e mostra que também nas gestões de Fernando Collor (PRN) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) havia espionagem política, sem falar no festival que aconteceu na ditadura militar, cujos arquivos estão à disposição do público. Quanto ao governo Itamar Franco, não é citado, vejam que há muita diferença entre um político e outro.

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P.S. 1
O mais impressionante no artigo de Hugo Marques é a citação do desabafo de Gilmar Mendes: “O próprio presidente da República precisa ser chamado às falas, ele precisa tomar providências”, disse o então presidente do Supremo. “Não há mais como descer na escala da degradação institucional. Gravar clandestinamente os telefones do presidente do Supremo Tribunal Federal é coisa de regime totalitário. É deplorável. É ofensivo. É indigno”, frisou Gilmar Mendes, que hoje é grande amigo do político que mandou espioná-lo e costuma frequentar o Palácio da Alvorada com bastante frequência democrática.

P.S. 2 – É por essas e muitas outras que a imprensa tornou-se conhecida como Quarto Poder. Ninguém jamais conseguirá cooptar a mídia inteira. Sempre haverá um jornalista como Hugo Marques para trabalhar sob o signo da liberdade. (C.N.)

Lula manda a imprensa amestrada atacar plano industrial de Mercadante e Alckmin

Biocombustíveis e elétricos são destaque em nova política industrial

Lula “não leu e não gostou” do novo programa industrial

Carlos Newton

Sinceramente, Lula da Silva parece não estar bem. Discursa, dá entrevistas faz declarações todo santo dia, está sempre criticando alguém ou alguma instituição, não importa quem seja, podendo atingir até mesmo pessoas ligadas diretamente a ele, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do BNDES, Aloizio Mercandante, e o vice Geraldo Alckmin.

Usando seu extraordinário carisma, o presidente se comporta como se fosse dono da verdade, não se vislumbra nele nenhum vestígio de humildade, discorre com irresponsável verborragia sobre os mais importantes problemas do mundo e do país, como se estivesse tomando cerveja no boteco com os amigos, sem perceber que na vida tudo tem limites, é preciso ter conhecimento para opinar sobre temas políticos e socioeconômicos.

NÃO ENTENDE NADA – O problema de Lula é igual ao da grande maioria das pessoas – ele não consegue entender o que está acontecendo, fica meio perdido e deita falação, sempre apontando erros dos outros, inclusive dos ministros que tentam trazer benefícios ao governo e, consequentemente, ao próprio governante.

Alveja impensadamente quem está servindo ao país, como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cujo passe será disputadíssimo pelo mercado quando deixar o cargo em dezembro deste ano. Ataca duramente também Fernando Haddad, a maior estrela de sua trupe, e agora investe contra Aloizio Mercadante e Geraldo Alckmin.

Lula só poupa das críticas os serviçais de sempre, como o casal Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, o líder José Guimarães (aquele dos dólares na cueca) e o ministro Rui Costa, que fazem o que o petista manda, seja certo ou errado, não interessa.

POLÍTICA INDUSTRIAL – Nesta semana, Lula passou a atacar Aloizio Mercadante e Geraldo Alckmin, responsáveis pela nova política industrial. O presidente mandou plantar reportagens na imprensa amestrada, divulgando que ele “se queixou a interlocutores sobre o pacote de medidas voltadas ao setor industrial”. Motivo: “a proposta não continha pontos concretos, dando margem para as críticas de que se tratava de uma reedição de medidas antigas”. Também apontou falhas no documento, como “problemas nos prazos para cumprimento das metas estabelecidas”.

Tudo mentira. Se tivesse lido as 102 páginas do programa, Lula saberia que é uma proposta econômica abrangente, com pontos concretos e metas estabelecidas, capaz de alavancar o desenvolvimento do país, se for bem executada. Mas Lula preferiu repetir Oswald de Andrade e só faltou dizer: “Não li e não gostei”.

Em tradução simultânea e resumindo tudo, Lula não aceita, de forma alguma, que surja um sucessor próximo a ele, por isso tenta cortar as asas de Haddad, Mercadante e Alckmin, para chegar hegemônico em 2026 e disputar a eleição aos 81 anos.

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P.S. 1
Já dissemos aqui na Tribuna que essa politica de Lula é suicida, porque logo as pessoas começarão a perceber a perseguição que ele move contra os principais aliados. Lula é o político mais carismático surgido no país desde Getúlio Vargas, que errou ao indicar o marechal Eurico Dutra como candidato em 1945, para preterir Oswaldo Aranha, um estadista de verdade e não um simulacro como Dutra.

P.S. 2 – Agora, é Lula quem está errando, ao insistir em destruir novas lideranças no PT, para continuar primeiro e único, algo que só existe na cabeça dos egocêntricos e megalomaníacos, que não enxergam a dura realidade – os cemitérios estão repletos de insubstituíveis. (C.N.)

Calma, pessoal… O governo nem sempre erra e a nova política industrial é excelente

Mercadante: “O Brasil não pode ser só a fazenda do mundo” | Metrópoles

Mercadante acerta em cheio com o apoio à industrialização

Carlos Newton

Devido à exacerbada vaidade e aos absurdos que fala diariamente, o presidente Lula da Silva está perdendo o apoio de jornalistas que desde sempre aplaudiam entusiástica o PT e seus governos. Mas é preciso ter calma e reconhecer que nem tudo está errado no atual governo. Nos últimos dias, por exemplo, foram publicadas muitas matérias criticando a Nova Indústria Brasil, a política setorial que o economista Aloizio Mercadante anunciou, com R$ 300 bilhões reservados pelo BNDES para apoiar os empreendimentos nacionais.

Ao fazê-lo, Mercadante não está inovando em nada, apenas deu seguimento, 20 anos depois, à vitoriosa estratégia implantada por seus amigos Carlos Lessa e Darc Costa no BNDES, quando foram plantadas as bases que possibilitaram o reerguimento da economia nacional, com o PIB chegando a aumentar espantosos 7,5% em 2010, último anos do governo Lula.

RECORDAR É VIVER – Quando assumiu o BNDES em 2003, tendo como vice-presidente o consultor Darc Costa, especialista em desenvolvimento econômico, Carlos Lessa teve uma surpresa – o PT não tinha plano de governo. Assim, ele e Darc Costa puderem implantar as próprias ideias e transformaram o BNDES num vetor de desenvolvimento, apoiando todos os setores da economia e financiando até os microempresários, através do Cartão BNDES, com os menores juros do mercado.

Agora, Mercadante refaz a trilha de Lessa, reproduz a política industrial criada por seus amigos, e o que acontece? Ao invés de a iniciativa ser saudada pelos brasileiros, saem críticas de todos os lados – exceto, é claro, dos setores industriais, que estão vibrando com a possibilidade de retomada do crescimento do setor que mais abre empregos qualificados.

Há até quem diga que o governo vai investir muito (R$ 300 bilhões) com o que já deu errado – exigência de conteúdo nacional, crédito subsidiado e compras do governo. Palavras, palavras, leva-as o vento da política mesquinha.

CRÍTICAS ESPÚRIAS – Essas críticas despudorada são feitas por brasileiros que odeiam esse país e querem vê-lo subjugado aos interesses externos, porque desde o século passado, via John Mainard Keynes, já se sabe que é fundamental o papel do Estado como indutor do crescimento econômico.

Foi assim no desenvolvimento dos Estados Unidos pós-recessão e da Alemanha pós-guerra. Depois, confirmado por Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan e Vietnam, que acaba de ultrapassar o Brasil como 25º maior exportador do mundo. Nenhum deles chegou aonde chegou sem papel ativo do governo.

A nova política industrial deveria ser saudada, mas a paixão político-ideológica sempre acaba falando mais alto. É como se o governo de Lula fosse proibido de acertar. Ou seja, deve ser criticado por todos os seus atos, sem distinção.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Aqui na Tribuna da Internet, os acertos do governo – não importa se é de direita, de esquerda ou enviesado – serão sempre aplaudidos. Aliás, o jornalismo não pode ser amestrado nem atrelado, precisa caminhar sempre sob o signo da liberdade. Assim, podemos dizer que Mercadante errou ao contratar a mulher de Chico Buarque, mas acertou em cheio com a nova política industrial. (C.N.)

Investigação sobre padre Lancellotti está arquivada desde 2020, diz Arquidiocese

MBL nega participação em CPI contra padre Júlio Lancellotti, mas ataca o  religioso nas redes

Padre Lancellotti, distribuindo comida aos necessitados

Carlos Newton

A Arquidiocese de São Paulo emitiu nota informando que arquivou mais uma vez a denúncia sobre o padre Júlio Lancellotti, que se baseiam em um vídeo enviado pelo presidente da Câmara, vereador Milton Leite (União Brasil), nesta segunda-feira (22), conforme antecipou a coluna Painel. O material, sem autenticidade comprovada, retrata um homem se masturbando.

Na nota distribuída nesta terça-feira (23), a liderança da Igreja Católica em São Paulo informou que manteve a decisão tomada em 2020, quando o mesmo vídeo foi analisado pela primeira vez, e citou parecer do Ministério Público sobre o mesmo caso, pelo arquivamento do inquérito, que foi acolhido pelo juiz de primeira instância, quatro anos atrás.

BAIXARIAS É odienta essa perseguição ao padre Lancellotti, movida por motivos exclusivamente eleitoreiros por meia dúzia de políticos desclassificados, como Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, e Rubinho Nunes.

Caso se tratasse de uma denúncia procedente, não teria sido arquivada em 2020 pelo Ministério Público e pela Justiça de primeira instância, sem abertura de processo. E agora, no ano eleitoral, é ressuscitada a mesma denúncia, como se fosse novidade.

Como se vê, o padre Lancellotti sofre perseguição ainda maior do que os miseráveis que ele assiste, incansavelmente, há mais de 30 anos.  

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INQUÉRITO ARQUIVADO DESDE 2020

Leia a íntegra do posicionamento:

“A Arquidiocese de São Paulo, mediante ofício enviado por e-mail ao vereador Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo, no dia 6 de janeiro, protocolado na Câmara Municipal no dia 8 sucessivo, solicitou-lhe que fosse enviado o material referente à suposta denúncia contra o Padre Júlio Renato Lancellotti.

Finalmente, na tarde do dia 22 de janeiro, o material foi entregue na Cúria Metropolitana de São Paulo. Tomado conhecimento do material recebido, constatou-se que se trata do mesmo conteúdo divulgado em 2020. Naquela ocasião, a Cúria Metropolitana de São Paulo, conforme prescreve as normas da Igreja para esses casos, realizou um procedimento investigativo para apurar a denúncia recebida.

Concomitantemente, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) passou a investigar a dita denúncia, conforme inquérito aberto junto ao Setor de Atendimento de Crimes da Violência contra Infante, Idoso, Pessoa com deficiência e Vítima de tráfico interno de pessoas.

O MPSP, considerando ausência de materialidade, a seu tempo, emitiu parecer contrário à instauração de uma ação penal, acompanhado pelo D. Juiz que decidiu pelo arquivamento do inquérito.

A Arquidiocese de São Paulo, não chegando à convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia e considerando as conclusões do MPSP, bem como da Justiça Paulista, também decidiu pelo arquivamento e informou a Santa Sé.

Distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade, a Cúria Metropolitana de São Paulo permanece atenta a ulteriores elementos de verdade sobre os fatos denunciados.”

Por vaidade, Lula está jogando fora essa segunda chance que a vida lhe ofereceu

Lula e Jan Paul Prates, presidente da Petrobras, no anúncio da retomada das obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco

Lula e Jean Paul Prates, junto na refinaria Abreu e Lima

Carlos Newton

Conforme já mencionamos aqui na Tribuna da Internet, o presidente Lula da Silva teve uma surpreendente segunda chance em sua vida, quando em 2019 o Supremo decidiu encontrar uma forma nada jurídica de libertá-lo. Depois, em 2021, a pretexto de evitar a reeleição de Jair Bolsonaro e um golpe de Estado, o mesmo Supremo devolveu ao político petista os direitos políticos, para que o ex-presidiário pudesse recompor sua trajetória de forma positiva.

O problema é que Lula é desprovido de humildade. Ao invés de tocar a vida em frente, ele hoje se dedica a tentar limpar seu passado tenebroso. Para tanto, não se esquiva de contar lorotas, alterar fatos que já estão na História, para chegar ao cúmulo de se comparar a Vargas, um político de passado impecável, que não enriqueceu um centavo na vida pública.

LEVÁ-LO AO SUICÍDIO  – Com seus exageros e mentiras, misturando as coisas e até incluindo o Departamento de Justiça dos EUA num plano mirabolante contra a Petrobras, Lula diz que os adversários queriam levá-lo ao suicídio, como aconteceu com Vargas.

Seu delirante discurso na refinaria Abreu e Lima, semana passada, desmorona toda a campanha desenvolvida nos últimos anos contra a Lava Jato e seus condutores. Com essa sucessão de “fake news”, Lula vai acabar recuperando a imagem da Lava Jato, do ex-juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol.

A situação é tão grave que constrange jornalistas simpáticos ao PT e que atuaram claramente a favor dele na campanha eleitoral. Nos jornais, revistas, portais, sites e blogs, percebe-se claramente as restrições que esses analistas passaram a fazer ao presidente, porque na vida tudo tem limites.

LEVADO PELA VAIDADEJá mencionamos aqui na Tribuna da Internet que o maior defeito de Lula é a vaidade, embora ele demonstre que também opera com a mesma naturalidade em outros pecados capitais.

O fato concreto é que a vida lhe deu uma segunda chance. Porém, por falta de humildade, o ex-presidiário está mentindo desbragadamente e deixando escapar essa oportunidade de ouro, que lhe possibilitaria fechar de forma positiva sua biografia de operário iletrado que chegou a presidir um país importante como o Brasil, algo inédito no mundo, conforme é preciso destacar.

Desse jeito, Lula acabará sendo lembrado como o personagem “Barba”, o informante do regime militar que se tornou uma espécie de Cabo Ancelmo que deu certo e acabou chegando à Presidência da República.

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P.S.
O mais curioso de tudo isso é que Lula está certíssimo em apoiar a expansão da Abreu e Lima, uma refinaria moderníssima, preparada para operar óleos pesados, que pode reduzir e até zerar a importação de petróleo leve e derivados, especialmente o diesel, consolidando o Brasil como grande exportador de petróleo.

Portanto, se não colocarem uma mordaça em Lula, ele conseguirá chegar totalmente desmoralizado em 2026, abrindo a vaga para algum preposto de Bolsonaro ou para a terceira via, o que seria ótimo para o país, aliás. (C.N.)

Haddad tem de convencer o Congresso sobre o fracasso total da desoneração

junho | 2014 | Plataforma Política Social

Charge reproduzida da Plataforma Política Social

Carlos Newton

Entre as múltiplas idiotices do governo Dilma Rousseff, famosa estocadora de vento e maquiadora de contas públicas, uma das piores foi a desoneração de 17 importantes setores empresariais, a pretexto de abrir empregos. O resultado foi desastroso, porque não foram criados novos empregos, a Previdência Social quase foi a pique e teve de ser reformada no governo Bolsonaro, com altos prejuízos aos trabalhadores civis, mas blindagem dos supostos direitos dos militares.

Agora, 13 anos depois, não é mais possível manter esse execrável privilégio da desoneração, quando está sendo procedida a tão ansiada reforma tributária. Manter esses benefícios seria uma afronta à tese jurídica de que todos são iguais perante a lei.

LOBBY MASSACRANTE – Quando o assunto passou a ser discutido no Congresso, os líderes empresariais dos 17 poderosos setores da economia armaram um lobby massacrante, que conseguiu convencer a maioria dos parlamentares sobre a necessidade de manter a desoneração, conforme veio a acontecer

O culpado pela derrota foi o próprio governo, que não se deu ao trabalho de esclarecer as bancadas sobre o fracasso dessa tal desoneração, que em 2011 a então presidente Dilma Rousseff propôs em forma de Medida Provisória, mas o Congresso devolveu a MP e exigiu a apresentação de um projeto de lei.

Foi uma jogada de mestre dos empresários, que conseguiram maximizar os lucros através da redução de impostos, ao invés de tentar o aumento da produtividade.

APOIO DE PACHECO – O presidente Lula não moveu uma palha para eliminar a desoneração. Pelo contrário, está pouco ligando. Se a Fazenda, o Tesouro e o Banco Central liberarem recursos à vontade, para ele está tudo no melhor dos mundos.

Quem está se movimentando sozinho é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Tem falado como  presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e conseguiu convencê-lo a não devolver a MP de Lula. Agora, é preciso negociar com os líderes das bancadas para lhes mostrar que a desoneração vem dando um tremendo prejuízo aos cofres públicos, sem propiciar a sonhada abertura de empregos.

Para levar esse trabalho adiante, Haddad não conta com apoio de Lula, que não está nem aí, como diz a axé music. E o ministro está consciente de que, se a desoneração não for derrubada, a reforma tributária já começa capenga.

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P.S.
A opinião pública precisa se unir e dar apoio irrestrito a Haddad, que se tornou uma esperança para os brasileiros. Se ele fracassar na busca do déficit zero, a irresponsabilidade de Lula pode transformar o Brasil numa enorme Argentina, porque a inflação não foi vencida e está hoje como a sétima mais alta dos países do G-20. Todo cuidado é pouco. Já assistimos a esse filme no governo Sarney e não temos mais Itamar Franco para dar um jeito. (C.N.)    

Supremo precisa de reforma e limpeza para recuperar a credibilidade perdida

Charge do Zé Dassilva: STF - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Carlos Newton

Certas situações são incompreensíveis e inaceitáveis na chamada democracia à brasileira, que o jurista Sobral Pinto dizia não existir, porque democracia é uma só, não tem variedades, e o que exatamente existe é o peru à brasileira, principal atração das ceias de final de ano aqui na filial Brazil e do Dia de Ação de Graças, na matriz USA.

Infelizmente, existem muitas diferenças entre matriz e filial, que são sempre desonrosas para nós, pois não sabemos nem imitar direito as instituições democráticas. Veja-se o Supremo, por exemplo. O gigantesco Ruy Barbosa empenhou-se entusiasticamente para criar na filial um tribunal aos moldes da Suprema Corte da matriz. Depois de sua morte, porém, as coisas foram mudando, e hoje o Supremo à brasileira (outro prato típico, com frango no lugar do peru) é uma Piada do Ano em relação ao norte-americano.

E TUDO MUDOU… – Exatos 100 anos após a morte de Ruy Barbosa, aquele intelectual brasileiro que se asilou em Londres e botou uma placa na porta de casa dizendo “Ensina-se Inglês”, seu trabalho está irreconhecível e desqualificado.

Aqui na filial Brazil, o Supremo está totalmente descaracterizado, os ministros se metem em política acintosamente, não há mais suspeição, funcionam como procuradores e juízes individuais, reina a esculhambação.

A pretexto de preservar a democracia à brasileira, descumpriram leis sobre suspeição de magistrados, usaram provas ilícitas, inventaram a incompetência territorial absoluta em direito penal e levaram o Brasil à vexaminosa situação de ser o único país da ONU (são 193) que não prende criminosos após condenação em segunda instância, tornando-se o paraíso da impunidade. E ainda querem ser elogiados por isso, exibem o maior orgulho por essas presepadas.

COMEÇAR DE NOVO – Quando se chega a tal situação de paroxismo, é preciso dar um freio de arrumação, para depois começar de novo, como ensinam os geniais Ivan Lins e Vitor Martins.

Se os ministros tivessem um mínimo de humildade, eles próprios pegariam o Regulamento do Supremo e fariam as necessárias correções, para desafogar a pauta, cada vez mais sobrecarregada. De 2019 para cá, por causa da decisão que tirou Lula da Silva da prisão, o Supremo passou a ser obrigado a julgar todas as ações penais, porque a prisão agora somente ocorre somente após a quarta instância, que é o próprio STF.

O fato concreto é que, do jeito que está, não pode continuar. Se o Supremo não quiser se aperfeiçoar,  o Congresso deveria então votar uma legislação que o faça, porque este país precisa desesperadamente de justiça.

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P.S. 1
Se o Supremo e o Congresso não se interessarem por esse indispensável aperfeiçoamento, o editor da Tribuna então terá de fazer como Ruy Barbosa e colocar uma placa na porta de casa, dizendo: “Reformam-se tribunais”.

P.S. 2 – Realmente, tenho algumas ideias que acredito farão sucesso. Entre elas, a proibição de juiz soltar monocraticamente criminoso de alta periculosidade, como acaba de acontecer com o chefe de facção Elvis Cantor, preso na Bolívia e imediatamente solto aqui na filial Brasil. (C.N.)

É muita ingenuidade achar que Gleisi ataca Haddad sem autorização de Lula

Gleisi Hoffmann diz que Lula entrará na campanha de Boulos em São Paulo | Exame

O jogo é simples assim: Lula manda e Gleisi obedece…

Carlos Newton

Quem frequenta a Tribuna da Internet sabe que, em matéria de política e politicagem, as aparências sempre enganam. O principal motivo é a atuação da chamada imprensa amestrada, que trabalha de maneira serviçal e colabora para difundir as falsas narrativas difundidas pelo grupo político que integram. Fazem esse serviço sujo sem questionamentos, simplesmente aceitam a versão que lhes empurram goela abaixo, e passam adiante a notícia.

Nos últimos dias, por exemplo, foi impressionante o número de reportagens e artigos “plantados” para divulgar a versão de que o presidente Lula da Silva nada tem a ver com a briga entre a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e o ministro Fernando Haddad, chefe da equipe econômica.

QUEM ACREDITA? – Os jornalistas amestrados espalham a informação de que Gleisi e Haddad estão brigando pela candidatura à sucessão de Lula na eleição de 2030. Caramba! Uma disputa tão intensa e desavergonhada, com sete anos de antecedência? Quem pode acreditar numa bobagem dessas? Gleisi e Haddad não têm mais o que fazer?

O pior é alegar que Lula não sabe de nada, não interfere nem participa dessa briga. É justamente por isso que a política requer tradução simultânea. Como todos sabem, Lula é dono do PT. É ele quem manda no partido. Ponto Final. Gleisi Hoffmann jamais ousaria provocar e atacar o principal ministro do governo se não estivesse autorizada pelo presidente.

Lula está determinando que Gleisi Hoffmann assuma a briga contra Haddad, porque não seria cabível que um presidente da República investisse contra seu principal ministro, sem demiti-lo. É por isso que Gleisi usa dois pontas de lança para fustigar Haddad – o próprio companheiro Lindbergh Farias, com quem está vivendo há alguns anos, e José Guimarães, aquele deputado dos dólares na cueca.

Eles também só criticam Haddad porque estão servindo ao presidente da República, sempre prontos a atendê-lo e agradá-lo.

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P.S.
Outra balela difundida pela imprensa amestrada é a justificativa de que Gleisi e Haddad estão brigando por causa da candidatura petista em 2030, quando Lula promete abandonar a política, após ser reeleito em 2026. Mais uma tremenda conversa fiada, porque a sucessão de Lula é para ontem, pois ele está com 78 anos. Segundo o IBGE, a expectativa de vida do homem brasileira, na última medição (2022) é de 72 anos. Isso significa que Lula já está fazendo seis anos de hora extra. É por isso que Gleisi aceita atacar Haddad, pois todos sabem que o tempo não para, como diziam Cazuza e seu parceiro Arnaldo Brandão.  (C.N.)

Ausências famosas exibiram insatisfação com uso político do 8 de Janeiro por Lula

Bancada evangélica anuncia apoio a Arthur Lira para presidência da Câmara

Na última hora, Lira decidiu jogar a toalha

Carlos Newton

Cada um deu uma desculpa, que o Planalto terá de engolir. Mas o fato concreto é que o presidente Lula da Silva tentou fazer uso político da invasão dos Três Poderes no 8 de Janeiro, mas o tiro saiu pela culatra, porque o sonífero evento acabar por levantar as múltiplas contradições e injustiças que têm sido cometidas em nome da democracia.

Como destaque na ala dos insatisfeitos, 14 governadores não compareceram ao evento em referência ao 8 de Janeiro e muitos dos que marcaram presença agora está arrependidos e sentem que foram usados por Lula.

FALTARAM À FESTA – Entre os que faltaram estão os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); de Goiás, Ronaldo Caiado (União), entre outros.

Todos eles lamentaram uso político do ato, inclusive o governador mineiro Romeu Zema, que tinha confirmado sua participação, já que se encontrava em Brasília, mas depois achou melhor não comparecer.

Zema disse pelas redes sociais que não participou do evento porque estava negociando, com o governo federal, a dívida de Minas Gerais. Além disso, ele criticou o uso político do evento.

Zema sobre dívida bilionária de MG: 'Se fosse fácil teria resolvido'

Zema criticou o uso político do ato

DISSE ZEMA – “Estou em Brasília para vários compromissos, o mais importante dele é tratar a dívida gigante de Minas Gerais que foi construída nas últimas décadas e que precisa ser solucionada. Estava prevista a minha ida a um evento constitucional no Congresso, mas infelizmente recebi informações que ele se transformou em um evento político e não irei mais”, disse Zema nas redes sociais, na manhã desta segunda-feira.

A falta mais sentida e significativa foi a do deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que estava escalado para fazer discurso, mas desistiu de ir. O parlamentar alegou que não participaria do evento por motivos pessoais, dizendo que teve de cuidar da saúde de alguns familiares.

LIRA PEDE PUNIÇÃO – Em nota publicada nas redes sociais, o presidente da Câmara pediu que os responsáveis sejam punidos.

“Há um ano as sedes dos 3 Poderes da República foram atacadas e depredadas num ato de violência que merece ser permanentemente repudiado. Todos os responsáveis devem ser punidos com o rigor da lei, dentro do devido processo legal. A liberdade de manifestação e o direito fundamental de protestar jamais podem se converter em violência e destruição. Devemos sempre celebrar a democracia e cuidar do futuro de nosso país”. 

Como Renan Calheiros planeja substituir o Centrão de Lira no governo Lula | VEJA

Renan alegou ter feito uma cirurgia

Outro ausente foi a do senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado de primeira hora do presidente Lula. Renan alegou que fez uma cirurgia e, “por expressa restrição médica”, não pôde comparecer.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, não dá para comemorar a punição de pés de chinelo, cujo crime foi seguir líderes irresponsáveis e sem caráter, enquanto continuam impunes os organizadores do golpe frustrado e os militares que traíram a pátria. Como disse Arthur Lira, “todos os responsáveis devem ser punidos com o rigor da lei, dentro do devido processo legal”. Neste processo, porém, o que menos se vê é punição dos verdadeiros responsáveis, e os processos não têm seguido a lei, vamos ser francos”. (C.N.)

Governo Lula imita a ditadura militar e comemora a derrota do golpismo

A linguagem combativa das charges no Brasil - Portal Jornalismo ESPM

Charge do Zé Dassilva (Portal NSC)

Carlos Newton

O governo federal, responsável pela iniciativa, denominou a solenidade desta segunda-feira de “Democracia Inabalada”. Com todo respeito, acho que houve um equívoco. Certamente, o nome mais adequado seria “Democracia Inacabada”, porque ainda falta muito para que o Brasíl possa se tornar um país verdadeiramente democrático.

Sobre essas dúvidas, é sempre bom consultar o grande pensador inglês Kenneth Clark, que dizia: “Civilização? Nunca encontrei nenhuma… Mas tenho certeza de que, se algum dia encontrar, saberei reconhecê-la”. O mesmo raciocínio do Lord Clark vale para democracia, é claro.

RECORDAR É VIVER – Aqui na filial Brasil, ainda estamos longe de poder comemorar a democracia, uma situação que somente se consolida quando há divisão dos Três Poderes e respeito mútuo, algo que decididamente não acontece no Brasil, onde reina a promiscuidade institucional. Portanto, estaríamos apenas fantasiados de democracia, à espera do carnaval.

Por isso, é de estranhar esta solenidade relativa à Intentona Golpista. Fica parecendo aquelas cerimônias que a ditadura militar realizava todos os anos, em 23 de novembro, para marcar o aniversário da Intentona Comunista de 1935, quando o país nem vivia sob regime democrático.

Nunca entendi o motivo daquelas festividades militares, sempre realizadas em ato público na Praia Vermelha, Zona Sul do Rio de Janeiro, em homenagem aos mortos da Intentona Comunista, que foram mais de 100, entre civis e militares.

APENAS UM MORTO – Agora, a cerimônia é para lembrar a Intentona Golpista de 2022, em que só morreu o réu Cleriston da Cunha, justamente por falta de democracia. Se estivéssemos num regime verdadeiramente democrático, ele estaria sendo julgado na primeira instância e nem estaria preso, por não ter sido apanhado em flagrante, não ter antecedentes e sofrer de doença incurável.

Na verdadeira democracia, também não haveria um inquérito comandado por um ministro do Supremo que ia ser enforcado em praça pública, como Tiradentes, e que funciona no processo como, vítima, assistente do promotor e juiz.

Esse ministro tríplice coroado classificou democraticamente como “terroristas” os 1.404 réus pés-de-chinelo que invadiram os Três Poderes, porém o relator nada faz para apurar a culpa dos organizadores do golpe e dos militares que os apoiavam.

SESSÃO LEXOTAN – Assim, nesta segunda-feira. a democracia é louvada pela cúpula do país numa Sessão Lexotan, na qual todos terão de lutar contra o sono. O programa começa com o Hino Nacional, cantado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, aquela que tem débitos com a Lei Rouanet e nunca irá saudá-los, democraticamente.

Em seguida, será exibido um vídeo institucional sobre os prejuízos à democracia. Na sequência, começa a Sessão Lexotan propriamente dita, com seis discursos seguidos – a governadora petista Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, os presidentes de Câmara, Senado e Supremo, o relator-vítima-juiz do processo e o presidente da República, para dizer que nunca antes, na História deste país, houve uma democracia como essa.

E assim fica mais do que comprovado que é fácil defender a democracia, como diria Kenneth Clark, mas é muito difícil exercê-la.

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P.S. –
Quanto à família do réu Cleriston Cunha, que morreu devido à incúria da democracia, tem todo direito de recorrer à Justiça e pedir uma indenização, porque ainda há juízes em Berlim e o tal regime  democrático brasileiro pode ter evoluído até a data do julgamento. (C.N.)

Tribuna da Internet despreza a polarização e prefere seguir o “caminho do meio”

Charge, tirinha e notícia – Cadernos Virtuais

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

Quem está por aqui há mais tempo sabe que não adianta pressionar a Tribuna da Internet, porque não nos desviaremos do curso que seguimos. Buscamos a possibilidade de viver sob o signo da liberdade, pairando acima de ideologias, partidarismos, crenças políticas ou religiosas. Com esse utópico modo de vida, ferimos os interesses de todos aqueles que seguem algum partido ou corrente do pensamento, como se pode constatar na variedade dos comentários recebidos diariamente.

Paga-se um preço alto pela liberdade, é claro. Não foi por mera coincidência que a Tribuna da Internet se tornou um dos espaços mais hackeados da web. Um dos objetivos desses ataques é desformatar nossos arquivos. Com isso, muitas denúncias exclusivas ficaram sepultadas. Hipoteticamente, temos contrato de garantia com o servidor UOL para preservação do chamado “back up” dos arquivos, mas na prática isso não funciona.

VAMOS EM FRENTE– Lamentamos a danificação dos importantes arquivos, que pulverizaram  trabalhos de Helio Fernandes, Carlos Chagas, Sebastião Nery, Pedro do Coutto e outros jornalistas verdadeiramente imortais, mas isso não nos desanima e vamos em frente, ligados no presente e no futuro.

Por ser livre, nossa linha editorial sofre muitos ataques, sobretudo em tempos de polarização, porque não apoiamos incondicionalmente nenhuma das vertentes predominantes, mantendo a liberdade aplaudir o que elas têm de certo e criticar seus erros.

Vamos continuar sempre assim, buscando o “caminho do meio”, popularizado inicialmente por Sidarta Gautama, um dos 24 Budas do Oriente, nascido no Nepal 583 anos antes de Cristo, e depois seguido pelos sábios gregos Sócrates, Platão e Aristóteles, todos também precursores de Cristo, que acompanharia a mesma vertente de dar a César o que é de César, mas apoiar o que é certo e questionar o que é errado.

EQUILÍBRIO DO HOMEM – Para Sócrates, cujos ensinamentos foram seguidos por todas as grandes religiões do mundo, inclusive o Espiritismo, o meio-termo era o equilíbrio do homem, que não deveria nem ser covarde, nem audacioso, mas corajoso; nem mesquinho, nem perdulário, mas generoso.  Para ele “a virtude deve ter a qualidade de visar ao meio-termo”.

Seus discípulos Platão e Aristóteles lembravam que só por meio do equilíbrio e da moderação é que podemos ser felizes.

Conforme a ética aristotélica, o meio-termo deve ser buscado por todas as pessoas como principal caminho para uma vida virtuosa, tanto nas ações como nas paixões humanas, a fim de se equilibrarem os vícios, tanto os decorrentes do excesso como aqueles que resultam da escassez.

BALANÇO DE DEZEMBRO – Assim, não adianta reclamar e pressionar a Tribuna da Internet para mudar de rumo, porque seguiremos essa utopia, tentando apoiar o que é certo e desfazer o que é errado, não importa quem esteja no poder. Aqui, o pensamento é livre, porém não permitimos ofensas nem escárnios, como aconteceu recentemente com Nélio Jacob, um comentarista de altíssimo nível, que deve ser respeitado por todos os participantes.

Só estamos aqui e conseguimos abrir esse espaço livre, porque há quem nos entenda e nos apoie, contribuindo para a manutenção da Tribuna, que não tem patrocinadores fixos.

De início, agradecesmos as contribuições na Caixa Econômica Federal:

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Agora, os depósitos na conta do Itaú/Unibanco:

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28  TED 033.3591.ROBER SN……….200,00
28  PIX TRANSF ISABEL ……………….100,00

Por fim, na conta do banco Bradesco:

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Agradecendo muito aos amigos e amigas que nos acompanham nessa utopia, vamos em frente, sempre juntos. (C.N.)

Gilmar pode recriar o marco temporal e resolver crise entre os Três Poderes

Em nova decisão, Gilmar Mendes reafirma inocência de Lula – CartaExpressa – CartaCapital

Gilmar sabe que o STF fez uma lambança e precisa consertar

Carlos Newton

Em pleno recesso, a crise institucional se complica cada vez mais com a decisão do PT, que está movendo ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a validade da lei que estabelece o marco temporal para demarcação de terras indígenas. O pedido foi protocolado pelo PT junto com PCdoB e PV, porque as três legendas integram uma única federação partidária.

A ação é repetitiva e desnecessária, porque o PSOL, a Rede e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) já haviam questionado a lei no Supremo. Ou seja, a nova petição encabeçada por PT, PCdoB e PV serve apenas como uma provocação ao Congresso.

Para aumentar a crise, os três partidos de oposição ao governo (PP, PL e Republicanos) também recorreram ao Supremo, pedindo que seja reconsiderada a constitucionalidade do marco temporal, sob o argumento de que a última palavra deve ser do Legislativo.

ESCULHAMBAÇÃO – Durante 35 anos, o marco temporal esteve em vigor, sem contestação, mas a lei que o regulamentou só foi aprovada pelo Congresso em setembro, no mesmo dia em que o Supremo rejeitou a tese de que apenas as terras ocupadas por povos indígenas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição, podiam ser demarcadas.

O presidente Lula da Silva vetou esse trecho, mas o Congresso derrubou o veto no mês passado e a norma foi promulgada no final de dezembro.

Agora, reina a esculhambação, porque não se sabe o que está em vigor nem se os indígenas podem reivindicar outras terras que já ocupavam antes de 1988, quando a Constituição foi aprovada.

DISPUTA DO RELATOR – As três ações têm como relator o ministro Gilmar Mendes, embora os partidos aliados do governo argumentassem que as petições deveriam ser distribuídas “por prevenção” ao ministro Edson Fachin, por ter sido relator da declaração de inconstitucionalidade do marco temporal.

Tanto Fachin como Gilmar votaram contra a tese do marco temporal, mas a grande diferença é que, enquanto Fachin atendeu integralmente aos indígenas e não quis discutir a indenização dos proprietários em caso de remoção, Gilmar fez ressalvas à amplitude das terras demarcadas e disse que “não falta terra”, mas “falta apoio”.

“É preciso que tenhamos essa dose de realidade no nosso raciocínio, sob pena de estarmos a oferecer soluções ilusórias. Pode ser revogado o marco temporal, e a dificuldade vai continuar”, ressalvou o ministro quando votou, em setembro.

APOIO A CONTRAGOSTO – A verdade é que Gilmar Mendes sabe que acabar com o marco temporal é uma irresponsabilidade, porque os índios poderão requerer a posse de cidades inteiras, caso não haja uma ressalva impeditiva.

Ele sabe que o marco temporal deve valer nos casos das terras que não estivessem sendo reivindicadas pelas tribos antes de 1988. Sabe também que, nas situações mais polêmicas, será preciso indenizar os produtores rurais.

Gilmar está corretíssimo ao dizer que há muita terra, porque nada impede que as tribos possam ganhar  áreas em outros locais, no caso de disputas que causem convulsão social.

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P.S. 1
Gilmar Mendes é uma figura paradoxal. O ministro domina o Supremo e cresce nos momentos de crise. Não será surpresa se ele encontrar uma saída conciliadora, que atenda a todos os envolvidos (indígenas, produtores rurais, governo e Congresso), como deveria ter acontecido lá atrás, ao invés de o Supremo fazer essa lambança de revogar um marco temporal sem substituí-lo por nenhuma outra regra. O Brasil já está cheio de crises, de vez em quando é bom encontrar soluções. (C.N.)

Haddad sabe por que está sendo fritado por Lula e começa a responder à altura

O ministro Fernando Haddad faz um balanço de seu primeiro ano na Fazenda

Haddad deu uma entrevista elegante, sem citar nomes

Carlos Newton

A crise no governo é gravíssima, porque já está em jogo a sucessão presidencial de 2026, com uma antecipação provocada pela ansiedade do presidente Lula da Silva, que está preocupadíssimo com o prestígio que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem conseguindo junto ao mercado financeiro, aos empresários e à classe média.

Ao invés de aproveitar esse apoio consensual que pouquíssimos governantes conseguem, Lula está jogando tudo por terra, ao mandar o PT atacar diretamente o chefe da equipe econômica, lançando críticas ao arcabouço fiscal, ao déficit zero e à tentativa de Haddad evitar que o governo faça gastos demasiados, que possam reavivar a inflação.

HADDAD REAGE – Depois de vários ataques do presidente Lula e de seus porta-vozes políticos (Gleisi Hoffmann, presidente do partido, seu companheiro Lindbergh Farias e o líder do governo José Guimarães, aquele deputado dos dólares na cueca), Haddad enfim decidiu reagir e deu uma entrevista ao repórter Alvaro Gribel, de O Globo.

O jornalista foi direto ao ponto, ao dizer que aprovação de reformas, boa relação com lideranças do Congresso e números da economia acima do esperado são requisitos que colocam Fernando Haddad como possível sucessor do presidente Lula na visão de economistas, parlamentares e cientistas políticos.

Indagado sobre o tema, Haddad disse que o nome de Lula é consenso no PT para 2026, mas alertou que o partido precisa começar a se preparar para essa transição, porque o problema “vai se colocar” na eleição seguinte.

RESOLUÇÃO DO PT – O fato é que a corrente majoritária do PT, liderada por Lula e Gleisi, aprovou recentemente um documento de críticas a Haddad. que fala de ‘austericídio’ (suicídio econômico por políticas de cortes de gastos). Indagado a respeito pelo repórter de O Globo, disse o ministro:

“Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: “A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!” E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver. Não dá para celebrar Bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala “está tudo errado, tem que mudar tudo”. Alguma coisa precisa ser pensada a respeito, mas não tenho problema com isso”.

Em tradução simultânea, Haddad está pedindo, educadamente, que parem a campanha contra ele, caso contrário irá reagir.

ARGUMENTOS POLÍTICOS – Até agora, o mnistro apresentou apenas argumentos econômicos. Já explicou que nas gestões anteriores de Lula, em que houve superávit primário de 2%, a economia cresceu, em média, 4%. Também já mostrou que “não é verdadeira a justificativa da resolução do PT (leia-se: resolução de Lula) de que déficit faz crescer.

“De dez anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia”, disse o ministro, ao responder aos ataques de Gleisi Hoffmann na reunião do Diretório Nacional do PT, em 8 de dezembro.

De lá para cá, ficou calado, mas as críticas petistas prosseguiram. Por isso aceitou dar entrevista ao repórter Alvaro Gribel, mas falou com muita cautela, em nenhum momento ultrapassou os limites nem fez críticas diretas a Lula, Gleisi, Lindbergh e Guimarães.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O mais incrível é que, nessa briga de cachorro grande, a economia é o que menos importa. Tudo gira em torno da reeleição de Lula, que já revelou o desejo de que todos votem nele para sempre. Bem. como já tivemos um presidente que se dizia “imbroxável”, é natural que agora apareça um “imorrível”, vejam a que ponto chega a desfaçatez desse tipo de político. Haddad está de férias, mas volta a Brasília dia 8, para participar da festa do 8 de Janeiro, na “Sessão Lexotan”, em que um discursa e todos os outros dormem.  Seis discursos seguidos, sem entrar no palco um palhaço, uma bailarina, um acrobata, uma equilibrista, realmente não há quem aguente esse circo dos horrores. Para amenizar eles vão exibir um filme sobre os estragos. Mesmo assim, vai ser uma disputa para ver quem vai roncar primeiro. (C.N.)