
Charge do Cláudio (Arquivo do Gogle)
Pedro do Coutto
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e 25 militares, entre eles os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, integrantes do governo passado, por conspiração, visando um golpe de Estado contra a posse dos eleitos em 2022 através de um plano sinistro que previa o assassinato do presidente Lula da Silva, do seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moares.
A execução de Lula previa envenenamento ou uso de químicos. A ideia dos militares, segundo a PF, era colocar o plano em prática em 15 de dezembro de 2022, três dias após Lula ter sido diplomado presidente eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral.
PLANO – “Para execução do presidente Lula, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, diz a PF. Militares presos chegaram a se deslocar até a casa de Alexandre de Moraes em Brasília em 15 de dezembro, mas mensagens e registros de antenas de celular e deslocamento de carros indicam que eles desmobilizaram de última hora após a sessão do STF que estava ocorrendo no dia ser encerrada mais cedo.
Segundo a PF, os militares já estavam monitorando os trajetos feitos pelo ministro e tinham levantado os armamentos necessários para sequestrar ou executar o ministro. O documento apreendido com o general Mário Fernandes falava em “danos colaterais possíveis e aceitáveis”, que incluíam a morte de toda a equipe de segurança do ministro do STF.
AGRADECIMENTO – O presidente Lula disse que tem que agradecer por estar vivo, após a revelação do plano golpista.“Sou um cara que tem que agradecer agora muito mais porque eu estou vivo. A tentativa de envenenar eu e o Geraldo Alckmin não deu certo, estamos aqui”, disse.
Lula prosseguiu com recados ao ex-presidente Bolsonaro, investigado na condição de mentor nas iniciativas golpistas: “Não quero envenenar ninguém, não quero nem perseguir ninguém. Quero é que, quando terminar meu mandato, a gente desmoralize com números aqueles que governaram antes de nós. Quero medir com números quem fez mais escolas nesse país, quem cuidou mais dos pobres, quem fez mais estrada, mais ponte, mais salário mínimo. Isso que quero medir, isso que conta no resultado da governança”, afirmou.
SEM ARGUMENTOS – Os integrantes do plano criminoso não possuem argumentos capazes de sustentar as suas ideias que ficaram evidentes e caíram no vazio, sobretudo no meio militar. Braga Neto, que concorreu à Vice-Presidência na chapa de Bolsonaro, é um dos indiciados pela PF.
Talvez isso explique o motivo pelo qual o general Hamilton Mourão, hoje senador pelo Rio Grande do Sul, tenha preferido se afastar da disputa política junto ao ex-presidente para não se envolver na denúncia tendo como personagens os que planejavam cometer atos criminosos. Caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, tomar os depoimentos dos indiciados em sessão da Corte Suprema. Portanto, Moraes e Bolsonaro estarão frente a frente em breve.