Sindicato de Frei Chico, irmão de Lula, bateu recorde com a arrecadação ilegal

Frei Chico, irmão de Lula, comenta operação da PF

Frei Chico é apelido do irmão sindicalista do presidente

Deu em O Globo

O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) bateu recorde em 2023 no recolhimento de mensalidades associativas por meio de aposentadorias e pensões do INSS, de acordo com dados da Polícia Federal (PF) que fazem parte das investigações de suspeitas de fraudes nesse tipo de dedução na folha de pagamentos do instituto.

O Sindnapi é uma das 11 entidades associativas alvo de medidas judiciais na operação deflagrada na semana passada pela PF e pela Controladoria Geral da União (CGU), de acordo com informações dadas pelo governo. A operação apura suspeitas de descontos irregulares nos benefícios pagos pelo INSS.

FREI CHICO – A entidade tem como diretor vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma planilha da Polícia Federal que faz parte dos documentos da investigação mostra que o montante de contribuições arrecadadas pelo sindicato saiu de R$ 17,588 milhões em 2019 para R$ 90,519 milhões cinco anos depois. Foi uma alta de 414% no período.

O valor arrecadado em 2023 foi o maior pelo menos desde 2019, o dado mais antigo disponibilizado pela Polícia Federal em seu relatório. Para 2024, as informações vão só até março e, naquele ano, havia sido arrecadado R$ 26 milhões nos primeiros três meses. O sindicato tinha 302.360 associados em janeiro de 2025, de acordo com informações do INSS.

irmão de Lula bateu recorde de arrecadação com desconto ilegal

Deu em O Globo

O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) bateu recorde em 2023 no recolhimento de mensalidades associativas por meio de aposentadorias e pensões do INSS, de acordo com dados da Polícia Federal (PF) que fazem parte das investigações de suspeitas de fraudes nesse tipo de dedução na folha de pagamentos do instituto.

O Sindnapi é uma das 11 entidades associativas alvo de medidas judiciais na operação deflagrada na semana passada pela PF e pela Controladoria Geral da União (CGU), de acordo com informações dadas pelo governo. A operação apura suspeitas de descontos irregulares nos benefícios pagos pelo INSS.

FREI CHICO – A entidade tem como diretor vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma planilha da Polícia Federal que faz parte dos documentos da investigação mostra que o montante de contribuições arrecadadas pelo sindicato saiu de R$ 17,588 milhões em 2019 para R$ 90,519 milhões cinco anos depois. Foi uma alta de 414% no período.

O valor arrecadado em 2023 foi o maior pelo menos desde 2019, o dado mais antigo disponibilizado pela Polícia Federal em seu relatório. Para 2024, as informações vão só até março e, naquele ano, havia sido arrecadado R$ 26 milhões nos primeiros três meses. O sindicato tinha 302.360 associados em janeiro de 2025, de acordo com informações do INSS.

“Tribuna” passará a encaminhar suas denúncias diretamente às autoridades

Laerte: Crise política é culpa da imprensa - O CafezinhoCarlos Newton Charge do Laerte (Folha)

Perto dos 81 anos, tornei-me um jornalista descrente. Constatei que aqui no Brasil a imprensa pode denunciar o maior escândalo e isso não significa nada, ninguém é punido. Chega a ser frustrante. Vou dar um exemplo. Recentemente, noticiamos, com absoluta exclusividade, que a ONG espanhola OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos) não poderia estar funcionando aqui, porque nenhum presidente brasileiro assinou tratado nesse sentido.

O único tratado assinado com a OEI, na década de 50, foi firmado por Maurício Montojos, um mero funcionário do Ministério da Educação, e não tem o valor de uma nota de três dólares, porque o presidente da República não pode delegar poderes a ninguém para assinar tratado internacional, nem mesmo à dona Janja, que em 2023 aceitou ser “coordenadora” da OEI, que subitamente  passou a faturar cerca de R$ 1 bilhão em contratos com governos federal, estaduais e municipais, sempre sem licitações.

ÚNICA SAÍDA – Outros escândalos explodem diariamente na imprensa, porém não têm seguimento, as autoridades fingem que não leram, como as denúncias de Consuelo Dieguez esta semana na revista “piauí” sobre o Banco Master. Nenhuma autoridade se interessa a fundo, nenhum político verdadeiramente corre atrás. É raro fazer acontecer, como ocorreu na Lava Jato.

No caso da OEI, houve as primeiras denúncias na CNN, depois aqui na Tribuna da Internet, na Folha de S. Paulo e em outros jornais, mas os espanhóis continuam aplicando impunemente golpes sobre golpes no Brasil. Compreendi, então, que o único caminho é alertar pessoalmente às autoridades, para ver se elas acordam, até porque o almirante Barroso esperava que cada brasileiro cumprisse seu dever.

Resolvi que a partir de agora, vou fazer o seguinte: além de publicar a matéria, comunicarei o assunto diretamente às próprias autoridades. Como primeira experiência, escolhi o caso do Banco Master, porque disponho de informações complementares que não saíram nas matérias da grande imprensa.

ESCLARECIMENTOS – Assim, estou encaminhando representações e pedidos de esclarecimentos a três autoridades – João Pedro Barroso do Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Cristiano Cozer, procurador-geral do Banco Central; e Lucas Furtado, subprocurador-geral do TCU – sobre irregularidades na operação de compra de 58% do Master pelo Banco de Brasília (BRB).

A aquisição, aprovada pelo Conselho do BRB em 28 de março, envolveu a ilusória fatia majoritária do capital do Master (100% das ações preferenciais, mas apenas 49% das ações ordinárias com direito a voto), mantendo assim o controle com o irresponsável empresário Daniel Vorcaro, que gastou R$ 15 milhões na festa da filha e se orgulha de investir pesado na sociedade financeira do Atlético Mineiro…

É óbvio que se trata de uma falsa sociedade anônima, pois Vorcaro vai vender 100% das ações preferenciais, que existem para serem oferecidas ao mercado, Avaliada em R$ 2 bilhões, a operação de salvamento do banco ainda aguarda aval dos reguladores e levantou preocupação no mercado e entre órgãos de controle, devido ao risco que representa ao Sistema Financeiro Nacional.

IRREGULARIDADES – Segundo apurou a Tribuna da Internet, a negociação violou diversas normas de governança e transparência.

Por exemplo, investigações preliminares já indicam que a decisão do BRB de comprar o Banco Master não passou por assembleia de acionistas nem obteve autorização prévia da Câmara Legislativa do Distrito Federal, apesar de envolver uma instituição financeira pública.

O Ministério Público Federal, inclusive, instaurou no início de abril uma apuração de irregularidades na venda do Master, em função da seriedade das suspeitas levantadas.

SEM BALANÇO AUDITADO – Nos ofícios enviados às autoridades, apresentamos fundamentação jurídica robusta para embasar as denúncias. Um dos pontos centrais é a ausência de demonstrações financeiras auditadas quando houve a aprovação da compra pelo conselho do BRB. Na prática, isso significa que o negócio de R$ 2 bilhões foi chancelado sem que estivessem disponíveis balanços auditados recentes do Master, documentos indispensáveis para avaliar com precisão a saúde financeira e o valor real da instituição adquirida.

Vale lembrar que o preço acertado corresponde a 75% do patrimônio líquido consolidado do Banco Master, cálculo que deveria ser feito com base em números auditados – o que levanta a questão se tal avaliação foi feita de forma adequada antes da aprovação do Conselho.

Aprovar a operação sem esses dados configura falha de procedimento que fere princípios de diligência e prudência na gestão pública financeira.

SEM AUTORIZAÇÃO – Outra irregularidade é a infração à Lei das Estatais (Lei nº 13.303/2016). Por se tratar de uma sociedade de economia mista (BRB) que adquire participação em uma instituição privada, é necessário haver autorização específica – seja dos acionistas, seja do poder público controlador – antes de concluir o negócio.

E a nebulosa transação também não foi submetida a prévia autorização legislativa, condição que especialistas consideram obrigatória nesse caso, conforme a Constituição Federal e a própria Lei das Estatais.

Um parecer técnico da Câmara Legislativa do DF já havia concluído recentemente que a compra do Banco Master deveria ter passado pelo crivo dos deputados distritais, pois a exceção prevista na Lei das Estatais permite certas aquisições alinhadas ao plano de negócios e aprovadas apenas pelo Conselho, mas não abarca uma operação desse vulto e impacto estratégico.

FORA DA LEI – Além disso, promotores do Distrito Federal alertaram que até o momento não existe lei autorizando o BRB a adquirir parte de uma empresa privada, conforme exigem a Constituição e a Lei Orgânica do DF.

Esses pontos jurídicos reforçam a tese de falhas de governança e violação de normas legais na condução do negócio, que somente poderá ser fechado se não houver tantos descuidos e favorecimentos.

Assim, estou encaminhando o material nesta segunda-feira, dia 5, às três autoridades mencionadas, para mostrar que a mídia pode ter uma atitude proativa, sublinhando não somente sua função de observar e fiscalizar, mas também como agente ativo na proteção da moralidade administrativa e do interesse público.

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P.S.
Ando meio ocupado, mas estou pensando em apresentar também ações populares à Justiça sobre graves irregularidades administrativas que passam em branco. Se algum escritório de advocacia estiver interessado, por favor entre em contato conosco. (C.N.)

“Piada do Ano!” Lupi se demite e diz esperar que o escândalo seja apurado

Lupi repete roteiro e acumula pedidos de demissão em governos do PT | CNN  Brasil

A política precisa se livrar de Lupi, o mais rápido possível

Leonardo Ribbeiro
da CNN

Não é a primeira vez que Carlos Lupi decide deixar o primeiro escalão de governos petistas. Em meio a denúncias de fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ele pediu demissão do cargo de ministro da Previdência nesta sexta-feira (2).

Em 2011, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), Lupi também pediu para deixar a função de ministro do Trabalho, após acusações de que assessores dele cobravam propina para resolver pendências de Organizações Não-Governamentais (ONGs).

JATINHO ALUGADO – O pedetista foi denunciado ainda por ter viajado, em 2009, em um jatinho alugado por uma organização que obteve, posteriormente, contratos de projetos ligados ao ministério.

Além disso, a revelação de que Lupi era assessor-fantasma do PDT na Câmara dos Deputados também colaborou para seu afastamento. Ele teria somado, ilegalmente, cargos em Brasília e no Rio de Janeiro.

Quando as suspeitas foram tornadas públicas, Lupi chegou a dizer que duvidava que seria demitido. “Duvido que a Dilma me tire. Para me tirar só abatido à bala”, afirmou à época.

“EU TE AMO” – Dois dias depois, em comissão no Congresso, pediu desculpas à presidente e emendou um “eu te amo”, a que Dilma respondeu ironicamente: “Não sou propriamente romântica”. Na ocasião, o então ministro negou todas as acusações.

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República chegou a recomendar à então presidente Dilma que exonerasse o ministro, com base nas denúncias. O grupo ainda advertiu Lupi por descumprir regras previstas no Código de Conduta da Alta Administração Federal.

Depois de resistir por 28 dias, com a imagem desgastada também por suas próprias declarações, o pedetista pediu demissão, antecipando-se, assim, a uma decisão de Dilma, que anunciaria sua exoneração no dia seguinte, seguindo a recomendação da Comissão de Ética.

AGUENTOU 9 DIAS – Agora, no governo de Lula da Silva, o pedido de demissão ocorre nove dias após o escândalo envolvendo fraudes em benefícios do INSS. Nas redes sociais, Lupi agradeceu o presidente da República pela “confiança” e “oportunidade”.

“Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula”, escreveu.

Após Lupi comunicar o presidente Lula, o Palácio do Planalto divulgou uma nota, na qual afirma que recebeu o convite do agora ex-ministro da Previdência. O comunicado ainda confirmou o convite do presidente para que o ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da Previdência, ocupe o cargo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Como se dizia antigamente, já vai tarde. Deveria abandonar o partido de Brizola, que tem cada vez menos importância na política. (C.N.)

Os sinais de ruptura global estão à nossa frente, e cada vez mais intensos

Trump e Zelensky batem boca em encontro tenso na Casa Branca sobre a guerra  na Ucrânia | Jovem Pan

Com Trump faz a política global ficar menos diplomática

 

Allan dos Santos
Timeline   

Desde a eleição de Donald Trump, o cenário geopolítico mundial entrou em uma nova fase — mais explícita, menos diplomática e muito mais tensa. Ao contrário do que muitos esperavam, a elite política da União Europeia não trabalhou pela paz na guerra entre Rússia e Ucrânia, mas contribuiu decisivamente para o prolongamento do conflito.

O apoio financeiro e militar maciço a Kiev não foi acompanhado de esforços sérios de mediação. O resultado é um impasse armado que já custou milhares de vidas e ameaça arrastar o continente para uma nova era de instabilidade.

AVANÇOS DIPLOMÁTICOS – Trump, por sua vez, adotou uma abordagem diferente. Em termos concretos, nenhum outro presidente americano nos últimos 15 anos conseguiu tantos avanços diplomáticos: os Acordos de Abraão no Oriente Médio, a aproximação com a Coreia do Norte, a retirada parcial de tropas do Afeganistão e a redução da presença militar americana em conflitos externos.

Isso não nasce de pacifismo, mas de uma leitura estratégica: os Estados Unidos não estão preparados, no momento, para enfrentar simultaneamente duas potências nucleares e econômicas como Rússia e China — e uma guerra desse porte não interessa nem à economia global, nem à estabilidade interna americana.

É justamente neste ponto que entra a guerra comercial com a China. Ao pressionar Pequim economicamente, Trump tenta impedir que o regime chinês siga financiando — direta ou indiretamente — a máquina de guerra russa. Mas os custos disso são altos: os Estados Unidos, há anos, se tornaram estruturalmente dependentes da produção chinesa.

TARIFAÇO INEFICAZ – As tarifas e restrições de importação adotadas já têm efeitos visíveis: aumento de preços, desabastecimento pontual e impactos sobre a cadeia de suprimentos de setores inteiros. A guerra, hoje, ainda é comercial — mas seus efeitos já são sociais e industriais.

 Diante desse quadro, é legítimo especular que, até janeiro de 2026, possa haver algum tipo de escalada mais grave: um conflito localizado, uma operação militar maior, ou até mesmo um embate indireto que ultrapasse o campo econômico. Trata-se de uma previsão, não de uma certeza, mas os sinais se acumulam.

 O recente apagão que atingiu parte da Europa levanta sérias dúvidas. Há duas hipóteses principais: ou foi uma provocação interna para aumentar a pressão sobre a opinião pública, ou foi um ataque cibernético vindo da Rússia, no contexto da guerra híbrida em curso. Nenhuma das duas possibilidades é reconfortante. Ambas indicam que há pelo menos um lado disposto a radicalizar o conflito, e nenhuma delas favorece a paz.

DISSE TRUMP – Em um de seus discursos, Trump afirmou que “apenas China e Estados Unidos possuem armas que ele não gostaria de usar”. A natureza dessa arma permanece incerta — pode ser tecnológica, cibernética, biológica ou nuclear. Mas a mensagem implícita é clara: os riscos de uma confrontação direta entre superpotências estão sobre a mesa. E uma escalada errada pode levar a consequências irreversíveis.

Paralelamente a isso, há um aspecto econômico ainda mais grave, embora pouco discutido: o colapso iminente do sistema financeiro global. Isso não é teoria conspiratória, é aritmética pura. Se todos os governos, empresas e cidadãos decidissem pagar suas dívidas simultaneamente, não haveria dinheiro suficiente no planeta para saldar os valores.

APENAS CONFIANÇA – O sistema é mantido por confiança, não por lastro. A bolha é estrutural — e inevitável.  É nesse ponto que entra o chamado Great Reset. Contrariando versões simplistas, essa iniciativa não foi criada em resposta à pandemia. O conceito de “resetar” o sistema já circulava entre elites financeiras e tecnocratas do Fórum Econômico Mundial desde a crise de 2008, com propostas públicas já em 2014. A pandemia apenas acelerou o discurso e deu uma justificativa prática para sua implementação.

A elite financeira global — enraizada majoritariamente nos Estados Unidos e na Europa Ocidental — sabe que o sistema atual não se sustenta.

Para alguns de seus representantes, uma grande guerra ou uma ruptura sistêmica seriam meios eficazes para reorganizar os mercados, apagar dívidas impagáveis e estabelecer novas regras monetárias e políticas.

NUMA ENCRUZILHADA – Essa visão não está em documentos oficiais, mas transparece nos discursos, nas alianças e nas decisões de longo prazo que vêm sendo tomadas.

 O mundo está à beira de uma encruzilhada histórica. A tensão entre EUA, China e Rússia é real. A guerra entre Ucrânia e Rússia tornou-se apenas o sintoma visível de um rearranjo muito maior — que envolve poder, finanças, tecnologia e civilização.

O que hoje ainda se apresenta como conflito comercial, guerra informacional ou tensão diplomática, pode, sim, se transformar em algo mais grave. Não se trata de pânico, mas de vigilância. Não é teoria, é leitura estratégica.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Muito interessante a análise de Allan dos Santos, o blogueiro bolsonarista que está exilado nos Estados. Nunca tinha lido nada dele, jamais poderia esperar que Allan dos Santos tivesse capacidade de redigir artigos como este, enviado por Mário Assis Causanilhas. Agora entendo por que os Estados Unidos se recusaram a extraditá-lo, por considerá-lo perseguido político, numa avaliação que leva o ministro Moraes à loucura. (C.N.)

EUA, China e União Europeia disputam parceira com Brasil e América Latina

Reuters O presidente dos EUA, Donald Trump, se reúne com o presidente da China, Xi Jinping, durante a cúpula de líderes do G20 em Osaka, Japão, em 29 de junho de 2019.

Quanto mais eles brigam, é melhor para a América Latina

Jamil Chade
do UOL

Dividida e enfraquecida, a América Latina se transforma em uma zona de disputas de potências internacionais na busca por mercados, influência e matérias-primas. Documentos europeus obtidos pelo UOL revelam que China, EUA e a UE não disfarçam a ambição sobre a região — nem o temor de que rivais possam controlar o continente.

A disputa promete ser feroz nos próximos anos, com o governo de Donald Trump convencido a recuperar seu “quintal”, enquanto Xi Jinping acolherá presidentes de toda a região em duas semanas. Admitindo que perderam oportunidades, os europeus alertam sobre o risco de que sua tradicional presença no continente seja reduzida e planejam ações para não ficar de fora da disputa pela América Latina.

DIZ O ESTUDO – Elaborado para dar subsídios  aos debates no Parlamento Europeu, um informe técnico de fevereiro de 2025 confirma: “A região [latino-americana] tem importância estratégica para o futuro da economia global devido à sua abundância de recursos e matérias-primas essenciais, como o lítio e o cobre.”

A grande preocupação se refere aos avanços feitos pela China e à resposta dos EUA sobre a região. “Em apenas duas décadas, a China passou de um ator insignificante a uma força dominante na América Latina, ao lado dos EUA e da União Europeia. As previsões sugerem que, até 2035, a China poderá até mesmo ultrapassar os EUA como o parceiro comercial mais importante da América Latina”, destaca o relatório.

O documento também constata que, nos últimos anos, “a China está fortalecendo suas relações políticas com a região, principalmente por meio do fórum Celac (China-Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe)”.

MARCANDO PRESENÇA – Em 2024, o presidente chinês Xi Jinping fez sua sexta visita à região desde 2013. Entre 2013 e 2024, ele visitou a região mais vezes do que os presidentes Obama, Trump e Biden juntos.

Xi aproveitou sua recente participação em grandes cúpulas na América Latina para atualizar o acordo de livre comércio com o Peru, inaugurar obras e elevar a parceria estratégica entre o Brasil e a China.

“Isso resultou na assinatura de 37 atos internacionais em áreas como comércio, investimento, energia, mineração e finanças”, observa o levantamento.

INFRAESTRUTURA – Para os europeus, uma das principais ações da China foi incluir a América Latina, a partir de 2018, em sua vasta estratégia de desenvolvimento de infraestrutura global — a Iniciativa Cinturão e Rota.

“Um exemplo recente de investimento estratégico chinês na região é o megaporto de Chancay, no Peru, que pode ser um divisor de águas na logística do subcontinente, pois redirecionará o comércio entre a América Latina e a Ásia, contornando o Atlântico e o Canal do Panamá”, explica.

Desde 2018, a China assinou quase mil acordos bilaterais com países da América Latina para facilitar e promover o comércio, o investimento e a cooperação em uma ampla gama de setores.

POLO ESTRATÉGICO – De acordo com os europeus, um dos principais motivos pelos quais a China está expandindo sua presença na América Latina é “garantir seu fornecimento de matérias-primas essenciais e reforçar seu domínio global em tecnologias estratégicas e emergentes”.

Para a UE, “a negligência de outros permitiu que a China se estabelecesse rapidamente como um importante participante na América Latina”.

“Os EUA e a UE negligenciaram a América Latina por muito tempo. Alguns analistas atribuem a perda da posição exclusiva dos EUA e da UE na região a políticas externas desatentas, ao crescente ceticismo interno em relação aos acordos tradicionais de livre comércio, e à incapacidade de monitorar as implicações de segurança da crescente presença da China no hemisfério ocidental”, afirmou.

TIRO NO PÉ – Para os europeus, porém, o risco é de que a ação agressiva da Casa Branca sob Donald Trump na região seja um tiro no pé.

“As ações recentes do governo Trump com o objetivo de combater a influência da China na América Latina, podem, inadvertidamente, fortalecer ainda mais a posição da China na região, como foi visto durante o primeiro governo Trump”, alertou.

De acordo com o documento europeu, Trump tomou medidas que muitos países da América Latina consideram “inamistosas”. Por exemplo, os EUA suspenderam — e ameaçaram eliminar — muitos de seus programas de assistência externa, deportaram migrantes de volta para a Colômbia, afirmaram que retomariam o Canal do Panamá, alegando que ele era operado pela China, e impuseram mais tarifas comerciais.

RELAÇÃO CRESCENTE – “Além do fato de o governo dos EUA ter obtido alguns possíveis sucessos de curto prazo na limitação da influência do país asiático, as indicações são de que a relação da China com a América Latina continuará a crescer”, diz o informe para o parlamento.

O relatório prevê que um volume de transações sem precedentes, acompanhado por maiores investimentos e fluxos financeiros, aumentará ainda mais a importância econômica do país asiático para os países da região. “Até 2035, a China e os EUA competirão pela posição de principal parceiro comercial da América Latina”, alerta o documento, dizendo que, para a Europa, o Brasil, o Mercosul e América Latina são “mais estratégicos que nunca”

O informe alerta para a urgência da Europa em lidar com a ofensiva dos EUA e da China na América Latina, principalmente votando a aprovação de um acordo comercial com o Mercosul.

MATÉRIAS-PRIMAS – “Para a UE, que precisa urgentemente de um suprimento diversificado de matérias-primas essenciais para navegar na transição limpa e digital de sua economia, a América Latina é agora mais estrategicamente importante do que nunca”, diz.

“A conclusão do acordo com o Mercosul testará o compromisso da UE de aprofundar a parceria com a América Latina. Espera-se que o Parlamento Europeu vote a proposta durante sua atual legislatura”, frisa o documento.

A UE chegou a um acordo político sobre a parceria em 6 de dezembro de 2024, mas sua implementação continua incerta devido à oposição de alguns países-membros da UE, como a França e a Polônia. Enquanto isso, a China, cada vez mais vista pela UE como concorrente e rival sistêmica, está pronta para solidificar ainda mais seus laços econômicos com a América Latina, especialmente com o Mercosul, lembra o documento.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Uma constatação importante. Em tradução simultânea, fica provado que o economista Carlos Lessa e o consultor Darc Costa (presidente e vice do BNDES), junto com o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães (secretário-geral do Itamaraty) tinham razão quando priorizaram as relações com a América Latina, em 2003. Mas o então presidente Lula da Silva não entendeu nada e demitiu Lessa, por causa de uma briga com Palocci, Na sequência, Darc pediu demissão, Guimarães foi cuidar da vida, e a estratégia está sepultada desde então. É decepcionante, não? (C.N.)

Lembrando Vinicius de Moraes sobre as eleições na Academia Brasileira de Letras

Pin de Ivanilda Fonseca em mensagem boas | Frases inspiracionais, Palavras  fortes, Citações inspiracionaisJosé Carlos Werneck

Sobre as últimas escolhas para a Academia Brasileira de Letras, um veterano jornalista lembrava, nesta sexta-feira, em um restaurante de Brasília, um comentário que Vinicius de Moraes fez a respeito dos chamados imortais.

Na década de 70, ao responder a uma pergunta sobre uma possível indicação do poeta e cronista Carlos Drummond de Andrade para a Academia Brasileira de Letras, o poetinha comentou: “Tadinho, que mal que ele fez?”

REPETIR A TIRADA – Agora, quando algum nome realmente consagrado for escolhido para alguma cadeira, os verdadeiros intelectuais poderão repetir a célebre tirada do grande poeta Vinicius de Moraes.

Em tempo: naquela época, como agora, a Academia estava desgastada com a indicação de imortais que nada tinham de intelectuais e viviam longe dos livros, a partir de Getúlio Vargas, e depois de militares e simpatizantes, como o general Aurélio de Lyra Tavares e Roberto Marinho, que estavam longe de serem escritores consagrados.

VINICIUS E OUTROS – O “poetinha”, como era carinhosamente chamado por seus colegas, era um sucesso anunciado em todas as iniciativas culturais de que fazia parte e é lembrado até hoje.

Vinicius com a sua consagrada e extensa bagagem cultural, tinha a mesma opinião de outros intelectuais contemporâneos, que se recusavam a aceitar, com a eleição previamente vencida, como o próprio Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Fernando Sabino, Helio Fernandes e muitos outros.

Com o seu sarcástico comentário, Vinicius fez muita gente sorrir amarelo.

Número dos “sem religião” aumenta nos Estados Unidos, especialmente entre os jovens

A imagem apresenta uma composição artística com um fundo verde. No centro, há uma grande moldura dourada contendo a figura de um homem vestido com uma túnica vermelha, posicionado em frente a uma janela com vitral. Ao redor, há quatro molduras menores, cada uma contendo um objeto histórico: uma televisão antiga, um gramofone, um telefone de disco e uma máquina de escrever. Os objetos estão dispostos de forma simétrica em relação à figura central.

Ilustração de Anette Schwarstman (Folha)

Hélio Schwartsman
Folha

Por um tempo, pareceu que os EUA não seguiriam o caminho da Europa Ocidental e permaneceriam uma nação firmemente religiosa. Não dá mais para acreditar nisso. Os números não são mais favoráveis às igrejas. Em 1991, 6,3% dos adultos americanos diziam não ter nenhuma filiação religiosa. Em 2021, já eram 29,3%.

E as coisas ficam muito piores se deixarmos de olhar para a população como um todo e nos concentrarmos nos jovens. No recorte dos 18 aos 29 anos, os sem religião passaram de 7,9% para 43,4%.

OUTROS INDICADORES – Algo parecido ocorre com vários outros indicadores de fé religiosa. Dados impressionantes de fechamento de igrejas, seminários e escolas religiosas reforçam essa percepção.

Christian Smith, autor de “Why Religion Went Obsolete” (Por que a religião ficou obsoleta), traz esses e muitos outros números. A tese de Smith, como reza o título, é a de que, para os mais jovens, religiões tradicionais se tornaram algo obsoleto. E ele não se limita a constatar isso. Tenta entender as razões que levaram a esse movimento.

Explicações incluem desde o fim da Guerra Fria, que sepultou a ideia do “inimigo ateu”, até os ataques do 11 de Setembro, que tornaram mais difícil identificar a religião como uma fonte de moralidade. Mudanças no estilo de vida, que reduziu o tempo disponível para atividades comunitárias, também entram.

MUITOS DANOS – Há ainda danos autoinfligidos, como os vários escândalos sexuais envolvendo clérigos. Smith é bem extensivo em suas análises.

Uma conclusão surpreendente é que os jovens americanos, embora estejam se afastando das religiões tradicionais, não estão necessariamente se secularizando, como teriam desejado os iluministas. Ao contrário, os dados do autor permitem vislumbrar um movimento de reencantamento do mundo, visível no grande número dos que fazem questão de se dizer “espiritualizados” ou que abraçam crenças esotéricas: 16% dos millennials acreditam firmemente em tarô e 21% acreditam, mas sem certeza absoluta.

Meu comentário: pulamos da frigideira para o fogo.

Se não fosse o efeito dos tarifaços, a economia norte-americana estaria andando bem

Mais um estrago patrocinado por Trump – DW – 15/01/2020

Charge do D. Josw (DW)

Vinicius Torres Freire
Folha

“Talvez as crianças tenham duas bonecas em vez de trinta bonecas, sabe, e talvez as duas bonecas custem uns dólares a mais do que custariam normalmente”, disse Donald Trump nesta quarta. As empresas de brinquedos parecem em pânico. Cerca de 77% dos brinquedos importados pelos Estados Unidos vêm da China.

Com impostos de importação de pelo menos 145%, não tem negócio. Se a encrenca não se resolver em 60 dias, dizem empresas, há risco de faltar produto no Natal. Trump, o Nero Laranja, pode ser também o Grinch.

ALTA DE PREÇOS – O caso das bonecas é, claro, metáfora dos problemas que Trump pode ter com o americano comum. Por exemplo, carros, remédios e comida fresca mais caros a partir de maio. Alguns eletrônicos mais caros, pois Trump reduziu o tarifaço sobre esses produtos que vêm da China, como celulares e computadores, mas não acabou com o problema.

Além disso, pode haver menos emprego. Pela preliminar da empresa ADP, a criação mensal de empregos no setor privado em abril ficou na metade do previsto e nuns 40% do número de março. Não deve ser tomada como indício de tendência, porém.

Empresas dizem na mídia dos EUA e a relatórios de bancos que se congelam vagas abertas: não contratam até que a névoa da guerra comercial se dissipe.

NOVOS ACORDOS – Trump diz que novos acordos comerciais devem ser firmados até julho (na verdade, seriam apenas diretrizes de acordos, se tanto). Com a China, sem prazo à vista.

A disrupção econômica de Trump será difícil de reverter. Haverá no mínimo um trimestre de incerteza extensa: confiança do consumidor em baixas de décadas, grandes empresas projetando números piores e segurando investimento, agricultores gritando que vão falir, empresas que importam peças e partes dizendo que não têm como produzir etc.

Piora em inflação e emprego é facada na popularidade. Na média das pesquisas de Nate Silver, Trump começou com 51,6% de aprovação e 40% de desaprovação; agora está com 43,8% de aprovação e 52,6% de desaprovação (em 30 de abril).

BATER EM RETIRADA? – Vai manter seus planos? Como bateria em retirada sem dar vexame terminal? Recuos há, todas as semanas, sob pressão de grandes empresas e da finança.

Isto posto, como dizer algo sobre o PIB, divulgado nesta quarta? Na maneira americana de divulgar os dados, caiu 0,3% em relação ao do primeiro trimestre de 2024 (taxa “extrapolada” para um ano).

O ritmo médio de 2024 (ante 2023) de 2,8%. No trimestre final do ano passado, 2,4%. Parece um desastre. Ainda não é, nem de longe. Mas também não se pode tirar qualquer perspectiva. Se a “trumponomics” evaporasse hoje, daria para dizer que a economia vai bem.

CONTA DO PIB – Um jeito de fazer a conta do PIB é somar gasto com consumo privado, gasto do governo, despesa de investimento (em novas instalações produtivas e máquinas etc.), e a diferença entre vendas para o exterior (exportações) e importações. Tudo mais constante, o aumento das importações diminui o crescimento do PIB.

Nunca antes, desde 1947, a alta de importações tirou tanto do PIB. É uma aberração causada por antecipação de compras no exterior. Mas tudo mais está alterado: aumento enorme de estoques, ainda alguma alta de consumo privado, menor, afetada por expectativas algo “panicadas”. O número do PIB está tão poluído que, mesmo para o curto prazo de um ano, não quer dizer quase nada.

Muito esquecido: ainda estamos para ver o que Trump vai fazer da política fiscal (gastos e impostos), dos efeitos do desmonte do Estado americano e maluquices extras. Quem sabe uma guerrinha?

Aprenda a envelhecer jovem como o poeta pernambucano Bastos Tigre

Relembrando a vida e a obra de Manuel Bastos Tigre – Biblioo

Bastos Tigre lendo a revista D. Quixote

Paulo Peres
Poemas & Canções

O publicitário, bibliotecário, humorista, jornalista, compositor e poeta pernambucano Manoel Bastos Tigre (1882-1957) explica no soneto “Envelhecer” que cada etapa da vida tem a sua juventude apropriada.

ENVELHECER
Bastos Tigre

Entra pela velhice com cuidado,
Pé ante pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado,
Sonhos de glória, ilusões de amores.

Do que tiveres no pomar plantado,
Apanha os frutos e recolhe as flores
Mas lavra ainda e planta o teu eirado
Que outros virão colher quando te fores.

Não te seja a velhice enfermidade!
Alimenta no espírito a saúde!
Luta contra as tibiezas da vontade!

Que a neve caia! o teu ardor não mude!
Mantém-te jovem, pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude.

Há uma falha (grave) na direção, e Lula se omite claramente no golpe do INSS

Lula e Lupi devem decidir situação do ministro no governo nesta sexta (2) |  Blogs | CNN Brasil

Lula demonstra que não chegado a demitir corruptos…

Dora Kramer
Folha

O escândalo das fraudes bilionárias no INSS está só começando, mas já deu dois recados claros ao presidente da República. Um deles fala sobre o risco de se nomear um ministro da Previdência com histórico de demissão da pasta do Trabalho por causa de convênios suspeitos com organizações não governamentais. Soa familiar.

O outro aviso diz respeito à ideia de que o problema estaria na comunicação. Não está. No horror que se desenha, vemos a evidência de falha grave na gestão, que no caso atinge área sensível sob todos os aspectos; social, criminal e politicamente falando.

ENROSCO MONUMENTAL – O abuso da corrupção alcança os vulneráveis de quem Luiz Inácio da Silva (PT) se diz protetor, envolve sindicatos — agremiações com identificação petista, para onde deve ter ido a maior parte do dinheiro —, devolve a corrupção à cena renovando memórias sobre crimes do passado e cria um enrosco monumental para os planos eleitorais de 2026.

Ainda não sabemos ao certo quantos aposentados e pensionistas foram lesados, mas pela quantidade de reclamações já registradas, fala-se em milhares e milhares, com montante até agora apurado de R$ 6,3 bilhões, imaginando-se que as vítima talvez cheguem à casa dos milhões, aí incluídos os respectivos familiares.

TECLAR O 13 – Qual a possibilidade desse pessoal se dispor a teclar o 13 na urna da eleição do ano que vem? Está complicado jogar a coisa só nas costas de Jair Bolsonaro (PL). Afinal, já se demonstrou que executivos nomeados pela atual gestão levaram propina para facilitar as falcatruas.

Isso sem falar no aumento da fila do INSS que Lula prometeu zerar sob a administração de Carlos Lupi, cuja credencial ao posto é a de ser dono do PDT.

Hoje seria difícil renovar o mandato, mas há uma chance de o governo sair dessa ao menos com o benefício da dúvida se interferir firme Previdência, escolher um novo ministro capaz de recuperar a confiança no sistema e devolver às vítimas todo fruto da rapinagem. Mas Lula perdeu o timing da reação. Talvez uma CPI seja o impulso que falta para fazê-lo agir à altura do abacaxi.

Procurador Gilberto Waller Jr. presidirá o INSS após escândalo de fraudes bilionárias

Ao julgar a mulher do batom, Luiz Fux baseou-se nos fatos e saiu derrotado

Luiz Fux critica judicialização da política - Revista Oeste

F|ux mostrou que os fatos nada mais valem no Supremo

Elio Gaspari
O Globo

A história é mesquinha com quem condena. São comuns os julgamentos em que promotores e/ou magistrados encarceram réus acompanhando a vontade dos poderosos ou ainda o sentimento da opinião pública. Passa o tempo e a poeira acaba encobrindo-os. É o paradoxo da biografia do advogado Sobral Pinto (1893-1991).

Todo mundo se lembra do campeão na defesa das liberdades públicas nas ditaduras do Estado Novo e de 1964. E a poeira cobriu a memória do combativo promotor dos anos 20, que pedia cadeia para os tenentes insurretos. (Passados 40 anos, os tenentes viraram generais da última ditadura e continuavam detestando-o.)

MULHER DO BATOM – O Supremo Tribunal Federal condenou a 14 anos de prisão em regime fechado a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos. No dia 8 de janeiro de 2023, ela escreveu com batom “perdeu, mané” na estátua da Justiça que enfeita a praça dos Três Poderes.

Houve algo de cenográfico na decisão. A maioria dos ministros acompanhou o voto de Alexandre de Moraes. Tudo bem, mas o mesmo Moraes havia concedido a Débora o benefício da prisão domiciliar.

Os ministros derrubaram o entendimento de Luiz Fux, que condenou Débora a um ano a seis meses. Fux baseou-se nos fatos.

DO LADO DE FORA – Débora chegou a Brasília às 13h do dia 7 de janeiro, indo para um dos acampamentos que pediam um golpe de Estado.

Fux disse: “Destaque-se que, durante os atos praticados no dia 8 de janeiro de 2023, só permaneceu na parte externa da Praça dos Três Poderes, não tendo adentrado em nenhum dos prédios públicos então depredados e destruídos (nem do Congresso Nacional nem do Supremo Tribunal Federal nem do Palácio do Planalto)”.

Mais: “Há prova apenas da conduta individual e isolada da ré, no sentido de pichar a estátua da Justiça utilizando-se de um batom.

ACRESCENTE-SE AINDA – Disse Fux que não há qualquer prova do envolvimento da ré com outros réus, tampouco da sua participação, mínima que seja, nos demais atos praticados nas sedes dos três Poderes.

Também não há indício de que a ré tenha adentrado algum dos edifícios, auxiliado outros acusados ou empregado violência contra pessoas ou objetos.

Uma pena de 14 anos atende a uma parte da opinião pública e de poderosos ocasionais, mesmo sabendo-se que Débora foi mandada para prisão domiciliar. O voto de Fux foi para o arquivo das opiniões vencidas.

BOA COMPANHIA – Lá, estará na companhia do voto de 1970 do ministro Alcides Carneiro, no Superior Tribunal Militar, contra a manutenção de uma sentença que condenou o historiador Caio Prado Júnior a 4 anos e 6 meses de prisão por uma entrevista inócua a um jornalzinho de estudantes.

 À época, um marechal aplaudiu a prisão porque “serviria para dar um exemplo aos intelectuais.” Carneiro queria anular a condenação, mas seus colegas decidiram apenas reduzi-la para um ano e seis meses, mantendo-o preso.

BELO EPITÁFIO – Alcides Carneiro morreu em 1976. Em vida, queria ter o seguinte epitáfio: “Foi juiz. Se não absolveu por compaixão, não condenou por fraqueza”.

A História não esqueceu Heleno Fragoso, o advogado de Caio e de dezenas de presos. Em compensação, a poeira cobriu o nome do oficial da Auditoria que perguntou a Caio Prado:

“O senhor é o homem que inventou esse tal de marxismo no Brasil, não é?”

Mantega pediu a Lula que salvasse o Master e seus R$ 100 mil mensais

Guido Mantega renuncia à equipe de transição de Lula - 17.11.2022, Sputnik Brasil

Ministro fracassado, Mantega se dá bem como consultor

Consuelo Diegues
Revista Piauí

Em dezembro passado, o então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, convocou os dirigentes do Banco Master para uma reunião de emergência, na sede da instituição, em Brasília. O presidente do Master, Daniel Vorcaro, liderava a comitiva do grupo. Na reunião, Campos Neto e outros diretores do BC fizeram duas exigências.

Mandaram que parassem com as operações arriscadas e abusivas, como a emissão desenfreada de Certificados de Depósito Bancário (CDBs), e fizessem um aumento de capital – ou seja, colocassem mais 2 bilhões de reais no banco.

PRAZO FATAL – O BC deu um prazo de três meses, até março deste ano, para que os ajustes fossem feitos. Caso contrário, o banco seria liquidado, os donos teriam o patrimônio congelado e ficariam proibidos de operar no mercado.

Era uma medida dura, mas acertada. Afinal, o Master, um banco de pequeno porte, tinha nada menos que 50 bilhões de reais emitidos em CDBs e, para piorar, seu balanço indicava que não tinha fundos para pagar os mais de 12 bilhões de reais de CDBs com vencimento neste ano.

A razão era elementar: a carteira de ativos do banco, que poderia servir de garantia para os CDBs, estava recheada de empresas à beira do precipício ou em plena recuperação judicial. Entre elas, uma construtora (Gafisa), uma companhia de serviços ambientais (Ambipar), uma empresa de saúde (Alliança), uma rede de serviços médicos (Oncoclínicas), uma telefônica (Oi) e uma distribuidora de energia (Light), todas em dificuldades.

PRECATÓRIOS – Os outros ativos não passavam de uma batelada de precatórios e direitos creditórios, que ninguém sabe quando serão pagos, pois tudo depende de decisão judicial. Caso o Master viesse a quebrar, os investidores tinham uma única fonte de garantia de pagamento: o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), mantido pelos próprios bancos, que garante o pagamento de depósitos de até 250 mil reais. A liquidação do Master consumiria quase metade do patrimônio do FGC, que é de 132 bilhões de reais.

O mineiro Vorcaro buscou a ajuda de seus dois sócios, o baiano Augusto Lima e o carioca Maurício Quadrado, para atender ao ultimato do BC. Contou ainda com os préstimos do seu maior parceiro de negócios, o também baiano Nelson Tanure, que o mercado suspeita ser sócio oculto do Master.

Mas a turma não se empenhou em fazer o ajuste, ou aportar capital no banco, como queria o BC. Em vez disso, pediram socorro aos seus padrinhos políticos, em todas as latitudes ideológicas, de bolsonaristas a petistas.

NOTÍCIA DE SURPRESA – Na tarde de 28 de março, o mercado foi surpreendido pela notícia de que o Banco de Brasília (BRB), uma instituição estatal de médio porte controlada pelo governo do Distrito Federal, cujo patrimônio líquido não passa de 3,7 bilhões de reais, decidiu comprar o Master por 2 bilhões de reais – exatamente o valor do aporte de capital que o BC exigira.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já estava a par do negócio: ele já recebera um relatório de 2,6 mil páginas com a análise feita pela equipe técnica do BC da operação do Master e do BRB. Agora, tem 360 dias para avaliar o caso, prazo que o mercado considera uma temeridade.

Dúvidas começaram a pipocar: afinal, por que o BRB, que não tem maior expressão, compraria o Master, uma instituição de reputação tão duvidosa?

OPERAÇÃO POLÍTICA – “Não foi uma operação econômica. Foi uma operação política. Eles jogaram uma crise privada para o BRB pagar. Querem empurrar o problema para o povo de Brasília”, diz o jornalista Ricardo Cappelli, pré-candidato ao governo do Distrito Federal pelo PSB.

O alvo de suas críticas é o atual governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, do MDB. “Essa maluquice do Ibaneis coloca em risco a sustentação financeira do Distrito Federal como um todo. Quem vai arcar com as consequências é o Tesouro do Distrito Federal e, em última instância, o contribuinte.”

E por que Ibaneis Rocha teria interesse em colocar o BRB no negócio? “Vai ver que é porque a QL 15 é muito próxima da QL 5”, disse um ex-governador do Distrito Federal à Consuelo Dieguez, na edição deste mês da “Piauí”.

QUADRA DO LAGO – Traduzindo: QL é a sigla de “Quadra do Lago” em Brasília, e a quadra de número 5, onde mora Ibaneis Rocha, não fica muito longe da quadra de número 15, onde vive o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro que desenvolveu uma relação sólida com Vorcaro.

A geografia da influência do banco não fica restrita às duas quadras. Quando comprou o Máxima e o transformou em Master, Vorcaro procurou cercar-se de nomes influentes. Para os membros do Comitê Consultivo, estabeleceu salários na faixa de 100 mil reais e recorreu a figuras que pudessem dar credibilidade à instituição.

Entre os consultores, estão Guido Mantega, que foi ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff, e Henrique Meirelles, que comandou a economia no governo Michel Temer. Como noticiou o jornal O Globo, Mantega não demorou a bater à porta do presidente Lula para pedir que ajudasse a evitar a bancarrota do banco e seu “trabalho” de R$ 100 mil mensais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Quando o negócio é vultoso, a lama respinga em todo mundo. O principal atingido, além dos controladores do Master, é o governador Ibaneis Rocha, que sonha ser eleito senador e está todo enlameado. Será que o banco central ou a CGU não deveriam auditar o compliance do banco master, diante de tantos indícios de práticas potencialmente ilícitas?  O compliance de fachada não pode ser tolerado pelas autoridades reguladoras, porque a conta sobra para os consumidores . (C.N.)

Roubo no INSS mostra que o Supremo “legalizou” a corrupção e a impunidade

Juízes auxiliares do STF ganham mais que os ministros da corte - Espaço Vital

Charge do Alpino (Yahoo Brasil)

J.R. Guzzo
Estadão

Cada nação tem os seus usos e costumes. Há países onde é legal açoitar as mulheres em público em casos de infração às leis muçulmanas. Há países onde é legal o consumo de narcóticos. Há países onde é legal o suicídio assistido, com todos os recursos da medicina moderna. Há países onde é legal o porte de armas. No Brasil, como resultado do processo de recivilização empreendido pelo Supremo Tribunal Federal, é legal roubar o erário público.

Faz parte da melhor jurisprudência do STF hoje em dia – os indivíduos ou as empresas que provam a prática de atos de corrupção e têm relações afetivas com o governo Lula, estão legalmente autorizados a meter a mão no dinheiro público, venha de onde ele vier.

FORA DA LEI – Não foi necessário, no caso, o Congresso aprovar legislação específica para determinar que a corrupção é legal no Brasil. Quem faz isso, diretamente e na prática, é o STF, com a absolvição automática de todo e qualquer caso de corrupção que chegue até lá.

É resultado do trabalho de “edição do Brasil” desenvolvido pelo ministro Dias Toffoli. O Código Penal diz que é proibido roubar, mas isso é coisa velha, de 1940, e não atende mais as necessidades modernas de defesa da democracia, e outros altos propósitos de natureza cívica.

Editado pelo STF, o código, e tudo o mais que possa ser “interpretado” pelos ministros, passou a ser um instrumento de proteção aos corruptos do governo e de todo o baixo mundo que gira em torno dele. De outro lado, o combate a corrupção, como na Lava Jato, é tratado hoje como crime inafiançável.

BRASIL DO INSS – A soma da vontade de roubar com a vontade de absolver teve como resultado inevitável o Brasil do INSS que está aí – o Brasil do INSS e de todo o conto de terror que está sendo o governo Lula em matéria de ladroagem desesperada.

Em pouco mais de dois anos de governo, conseguiram roubar, só ali, cerca de R$ 4 bilhões – a demonstração mais didática do que a legalização virtual da roubalheira está fazendo com esse País. Passou a valer realmente tudo, até roubar os velhinhos aposentados do INSS fazendo descontos ilegais sobre os trocados que recebem ali.

CASO ENCERRADO – O pior é o argumento da esquerda e suas milícias de apoio: não fomos nós que começamos esse roubo, a gente só continuou com o que já vinha sendo feito. Dois erros fazem um acerto; caso encerrado.

Aliás, ficar falando nisso é coisa de fascista, golpista, direitista, bolsonarista etc. etc. que estão aí para acabar com a nossa democracia. Alexandre Moraes deveria prender quem espalha essas fake news.

O que ninguém quer fazer é a pergunta mais simples: como seria possível não roubar se a justiça, na vida prática, permite que se roube?

LUPI INOCENTE – Não foi demitido até agora nem mesmo o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, um notório e experiente frequentador do noticiário policial desde os tempos de Dilma Rousseff. É aí que está o carnegão do tumor: Lula criou esse Ministério da Previdência Social, que não existia, exatamente para esse tipo de coisa. Seu próprio irmão, ninguém menos, está metido até o talo nessa história, como dono de um “sindicato de aposentados” (pode isso, sindicato de quem parou de trabalhar?) que recebia descontos que foram roubados da remuneração dos velhinhos.

A Contag, que vive na sala de Lula combinando a “reforma agrária”, também meteu a mão. Não vai acontecer nada com nenhum deles. Já podem preparar a próxima rapinagem.

Cristovam pode desistir da Academia, que virou feudo da Organização Globo

Cristovam Buarque chega a Curitiba para lançar novo livro | UNINTER NOTÍCIAS

Cristovam teve 14 votos e perdeu para Miriam Leitão

Vicente Limongi Netto

Sugiro ao ex-ministro, ex-governador, ex-senador e escritor com grande número de livros, Cristovam Buarque, que na próxima vez que decidir disputar vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL), decline da disputa se o concorrente for ligado ou, pior, pertencer ao grupo Globo.

A Casa fundada por Machado de Assis virou feudo da Vênus Platinada. Irretocável constatação. O presidente atual, Merval Pereira, é colunista do Globo e analista da GloboNews. O próprio Roberto Marinho foi empossado na ABL em 1993.

Depois de Miriam Leitão, o fardão poderá ficar elegante e vistoso, por exemplo, em outros globais, como Pedro Bial, Fernando Gabeira, ou, ainda, em Ancelmo Goes.

SORRISO AMARELO – Imortais da ABL como Rui Barbosa, Olavo Bilac, Marcos Vilaça, Eduardo Portela, Josué Montelo, Dias Gomes e Barbosa Lima Sobrinho sorriem amarelo, na confraria do céu. Acadêmicos da ABL não ganham salários, mas jetons pelo comparecimento nas reuniões. Têm plano de saúde e vaga no mausoléu da Casa. 

Buarque, teve 14 votos contra 20 obtidos por Miriam. Números que asseguram a ele a possibilidade de nova chance de vir a sentar, breve, ao lado de José Sarney, Ruy Castro e Ignácio Loyola Brandão. Vaga no mausoléu dos acadêmicos, com sábios como Machado de Assis e Rui Barbosa, também cativa o coração e a vaidade de Cristovam Buarque. Glória suprema.

MÃES MERECEM– Projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que vendas do Dia das Mães devem aumentar para 14,37 bilhões de reais este ano.

O crescimento deve ser apenas de 1,9% em relação às vendas do ano passado. Ou seja, os números avançam, mas seguem tímidos, para a segunda data comemorativa mais importante do varejo. A entidade explica que a razão é o encarecimento do crédito.

Collor se dá bem no mesmo golpe de Maluf e já conseguiu a prisão domiciliar

Moraes prorroga inquérito das milícias digitais por mais 90 dias | Jovem Pan

Moraes não pediu exames e foi logo liberando Collor

Deu no UOL

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), acolheu a recomendação da PGR (Procuradoria-Geral da República) e concedeu a prisão domiciliar ao ex-presidente Fernando Collor, detido desde 25 de abril.

Collor passará a cumprir prisão em casa. A decisão de Moraes acolhe o pedido da defesa do ex-presidente e o parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet. As manifestações consideram que Collor tem idade avançada, é bipolar e sofre de Parkinson e apneia do sono.

ENDEREÇO RESIDENCIAL – Concedo a prisão domiciliar humanitária a Fernando Collor de Mello (…), a ser cumprida, integralmente, em seu endereço residencial a ser indicado no momento de sua efetivação.

Ex-presidente será liberado com o uso de tornozeleira eletrônica. A decisão de Moraes determina que o equipamento seja instalado como condição para a saída de Collor do complexo prisional. A Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social de Alagoas deve fornecer dados da central de monitoramento.

Decisão também suspende o passaporte e limita visitas a Collor. Ficam liberados para se encontrar com o ex-presidente apenas advogados, equipe médica e familiares, além outras pessoas previamente autorizadas pelo STF.

SITUAÇÃO DE SAÚDE – Defesa alega que Collor faz uso de oito medicamentos. Diante da situação, Gonet avaliou que os laudos médicos apresentados pelos advogados apontam que a situação de saúde do ex-presidente é frágil. Segundo o procurador, a condição pode ser agravada na prisão.

“A manutenção do custodiado em prisão domiciliar é medida excepcional e proporcional à sua faixa etária e ao seu quadro de saúde, cuja gravidade foi devidamente comprovada”, escreveu Paulo Gonet, procurador-geral da República

Presídio em que Collor estava dizia ter condições de tratar saúde de Collor. A decisão favorável à prisão domiciliar foi dada mesmo após a alegação encaminhada pela direção do presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió (AL). No complexo, o ex-presidente vinha ocupando uma cela individual.

HAVIA CONDIÇÕES – Defesa de Collor diz receber a decisão com “serenidade e alívio”. Em nota, os advogados Marcelo Luiz Ávila de Bessa e Thiago Lôbo Fleury afirmam que Moraes tomou a decisão correta.

“Conforme comprovado e reconhecido, a idade avançada e o estado de saúde do ex-presidente, em tratamento de comorbidades graves, justificam a medida corretamente adotada”, diz o texto.

Ex-presidente deve permanecer em casa e só sair com liberação judicial. “O condenado deverá requerer previamente autorização para deslocamentos por questões de saúde, com exceção de situações de urgência e emergência, as quais deverão ser justificadas, no prazo de 48 horas, após o respectivo ato médico”, diz documento.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Collor está tão doente que conseguiu se aprontar todo e chegar ao Aeroporto de Maceió às 4 da madrugada, totalmente sozinho, sem a mulher, filhos ou algum empregado. Estava tão doente que não levava nenhum medicamento para viajar a Brasília e se entregar, conforme declarou. Fez igual a Maluf, que se declarou canceroso e ficou em domiciliar, apesar de fazer 17 anos que havia operado a próstata e tinha superado o câncer. O rigorosíssimo Moraes não pediu nenhum exame, foi logo declarando inviável a prisão de Collor, enquanto Roberto Jefferson, cheio de comorbidades, continua preso no hospital, sem conseguir domiciliar. E ainda há quem chame isso de Justiça. (C.N.)

Como 1º de maio não é 1º de abril, Lula ficou no palácio, longe dos trabalhadores

Lula determina intervenção no INSS e governo age para retirar assinaturas de apoio à CPI - Estadão

Piada do Ano! Lula diz que acabou com a corrupção no INSS

Mario Sabino
Metrópoles

Lula resolveu não passar vexame desta vez e não compareceu ao ato de comemoração do 1º de maio, em São Paulo. No ano passado, havia minguadas 1.600 pessoas reunidas no estacionamento do estádio do Corinthians, à espera dele.

A esquerda brasileira não consegue mais levar gente para a rua, seja para manifestações contra, a favor ou muito pelo contrário. É o caso curioso de esquerda sem povo. Tudo fica ainda mais pitoresco, porque a direita ainda consegue. Não tanto, como na época da Lava Jato, mas ainda dá para enganar com fotos aéreas.

ESQUERDA SEM POVO – Os motivos de o Brasil ter uma esquerda sem povo, e estamos falando do Partido dos Trabalhadores, do qual as demais agremiações fazem o papel de linhas auxiliares, com mais ou menos gosto, são todos desinteressantes.

O PT aburguesou-se; o PT é mais um partido populista; o PT é parte do Centrão corrupto; o chefão Lula envelheceu juntamente com as suas ideias, sem criar herdeiro político.

Mais interessante seria pensar, para além das constatações pedestres, que talvez não exista mais povo, pelo menos não o mesmo conceito de povo como massa de manobra de um partido.

MILHÕES DE VOZES – O povo talvez tenha se fragmentado em milhões de vozes individuais, que gritam catarticamente nas redes sociais até, quem sabe, ter voz coletiva para chegar aos trending topics e ganhar força política canalizada por oportunistas ou por lideranças efêmeras, mas genuínas.

Divago, e vou parar antes de especular sobre o povo, no singular, ter sido substituído por consumidores, no plural, porque não quero ver esquerdistas esperneando ainda mais na área de comentários, por causa de tantas ilusões perdidas.

Fato é que vencer eleição não significa necessariamente apelo popular ou revigoramento partidário, e está aí o terceiro mandato de Lula para provar o ponto. O PT passou a depender exclusivamente do adversário para impor-se nas urnas, e não com folga. No caso, passou a depender desesperadamente do bolsonarismo.

UM MAL MENOR – Em palavras mastigadas, como não é mais possível vender-se como o bem, muito poucos agora caem nesse estelionato, o PT vende-se como mal menor. Mal menor, contudo, não arrasta ninguém para as ruas.

Tudo fica mais complicado com o 1º de maio, a data mais importante da esquerda. É simbólica demais para transformá-la em 1º de abril ou para simplesmente ignorá-la. Sem poder enganar de corpo presente, resta ficar no palácio e enganar na televisão, como fez ontem o presidente da República. Aliás, você viu como ele está magro?

A enrascada do BRB no Banco Master e o silêncio estrondoso da grande mídia

Negócio entre BRB e Banco Master | LinkedIn

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

No Brasil, quando o noticiário se cala de forma sincronizada sobre um fato público e notório, é preciso acender o sinal de alerta. A velha máxima do jornalismo — “o silêncio, às vezes, diz mais do que mil palavras” — nunca foi tão atual quanto agora, diante do escandaloso caso da aquisição do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília).

Um tema que deveria estar estampado nas manchetes e nas mesas de debate foi varrido para debaixo do tapete. E tudo indica que essa operação está cercada por uma névoa densa de irregularidades, com o beneplácito de setores que deveriam zelar pela lisura do sistema financeiro.

ANTES DO BALANÇO – Vamos aos fatos. A suspeitíssima “aprovação” da compra do Banco Master pelo Conselho de Administração do BRB ocorreu antes da publicação do último balanço do próprio Master.

Sim, leitor, você leu certo. A operação foi aprovada no escuro — ou então com base em informações privilegiadas, o que configuraria, em tese, crime de “insider trading”. Nenhum diretor de banco sério aprova uma aquisição dessa magnitude sem consultar, com lupa, os números mais recentes da instituição-alvo.

Para confirmar a gravidade da situação, basta consultar o parecer da auditoria — documento público que data de 1º de abril. Ora, para que esse parecer estivesse pronto, o balanço já teria de estar fechado e auditado, e já publicado muito antes.

ALTERNATIVAS NEFASTAS – Isso indica duas possibilidades, ambas nefastas: ou o Conselho do BRB aprovou a aquisição sem ter visto o balanço (o que seria imprudência temerária e talvez até improbidade), ou teve acesso prévio e exclusivo aos dados contábeis do Master, o que sugere violação grave das normas da CVM e do Banco Central.

Mas o enredo não para por aí. A coluna apurou que pelo menos um conselheiro do BRB manifestou sua indignação formalmente ao presidente da instituição, demonstrando inconformismo com a forma açodada e obscura com que se deu a aprovação da compra. Trata-se de uma informação de bastidor que já circula nos meios regulatórios e é motivo de inquietação no próprio Banco Central e na CVM.

Essa reação interna revela que a decisão não foi unânime nem pacífica — e reforça a tese de que o negócio está sendo empurrado com urgência artificial, talvez para evitar a exposição de problemas contábeis ou riscos ocultos nas operações do Master.

MÍDIA CALADA – E onde está a grande imprensa nesse vendaval? Curiosamente, em silêncio, como se nada estivesse acontecendo. Nenhuma reportagem investigativa. Nenhuma análise crítica. Nenhuma nota de rodapé nos cadernos de economia. Tudo em silêncio.

Um silêncio estrondoso, como se houvesse uma “concordata jornalística” para não incomodar Daniel Vorcaro, o controlador do Master, tampouco o próprio BRB — um banco estatal, que deveria agir com transparência redobrada, mas que tem a influência do poderoso Ibaneis e seus aliados.

A ausência de cobertura é ainda mais estranha considerando que estamos diante de um fato público, documentado, com potencial de repercussão institucional. Há risco real de dano ao erário, de quebra de confiança do mercado, e até de responsabilidade penal e administrativa por parte de conselheiros e dirigentes.

BANCO CENTRAL E CVM – Diante de tudo isso, impõe-se uma postura firme das autoridades reguladoras. O Banco Central não pode homologar essa transação sem uma devassa prévia e rigorosa.

A CVM deve investigar se houve vazamento de informações, omissão de deveres fiduciários e quebra do princípio da simetria informacional. A pressa, nesse caso, é o inimigo da legalidade.

Se houver o mínimo de prudência institucional, essa negociação será suspensa até que se esclareçam todas as circunstâncias. Caso contrário, estaremos diante de mais uma página vergonhosa da história do nosso sistema financeiro — com o aval tácito da mídia que deveria fiscalizar o poder.

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P.S. – A Tribuna está aberta aos esclarecimentos do BRB, do Banco Master, de Daniel Vorcaro e dos reguladores. Mas é preciso dizer com todas as letras: essa operação fede, e a blindagem midiática só agrava o mau cheiro. Quem cala, consente. E quem investiga, previne desastres. (C.N.)

O homem de amanhã inspira o Primeiro de Maio de Chico e Milton

Domingo com Música. Chico e Milton, 'O que será, À For da Pele'

Milton e Chico, nos anos de ouro da MPB

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, escritor, poeta e compositor carioca Chico Buarque de Holanda, na letra de “Primeiro de Maio”, usou o infindo lirismo para inverter os papéis diários do casal de trabalhadores que, neste dia, através do amor, personificarão a usina e a ferramenta tecendo o homem de amanhã. A letra dessa música foi musicada por Milton Nascimento e gravada por Milton e Chico no Compacto Cio da Terra, em 1977, pela Philips/Phonogram.

PRIMEIRO DE MAIO
Milton Nascimento e Chico Buarque

Hoje a cidade está parada
E ele apressa a caminhada
Pra acordar a namorada logo ali
E vai sorrindo, vai aflito
Pra mostrar, cheio de si
Que hoje ele é senhor das suas mãos
E das ferramentas

Quando a sirene não apita
Ela acorda mais bonita
Sua pele é sua chita, seu fustão
E, bem ou mal, é seu veludo
É o tafetá que Deus lhe deu
E é bendito o fruto do suor
Do trabalho que é só seu

Hoje eles hão de consagrar
O dia inteiro pra se amar tanto
Ele, o artesão
Faz dentro dela a sua oficina
E ela, a tecelã
Vai fiar nas malhar do seu ventre
O homem de amanhã

Por ironia do destino, Jorge Béja nasceu dentro do tribunal e se tornou advogado

Museu da Justiça - O que saber antes de ir (ATUALIZADO Abril 2025)

Béja nasceu dentro do prédio que é hoje Museu da Justiça

Carlos Newton

Esta semana, ao enviar comentário sobre um texto de Vicente Limongi Netto, o jurista carioca Jorge Béja revelou aqui na Tribuna da Internet ter nascido no prédio onde funcionava o antigo Tribunal do Distrito Federal no Rio de Janeiro, há 79 anos. Fiquei curioso, pois Béja deve ter sido a única pessoa do mundo a nascer dentro de uma corte de Justiça. Pedi detalhes e ele me enviou esse precioso texto, que narra o nascimento de um homem nascido para fazer justiça.

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UM PARTO DENTRO DO FÓRUM PAROU A JUSTIÇA
Jorge Béja

Minha família – pai, mãe e meus quatro irmãos – inicialmente morava em Bento Ribeiro. Meu pai era funcionário da Justiça. Isso em 1946. Aqui era o Distrito Federal. Anos depois meu pai foi integrar a equipe de segurança do presidente Getúlio Vargas, comandada por Gregório Fortunato.

Naquele dia 23 de abril de 1946, minha mãe saiu de casa às 5h30 da manhã. Sozinha. Carregava no barrigão uma criança que veio ao mundo pesando 5 quilos.

Foi caminhando com dificuldade até a estação de trem de Bento Ribeiro. Subiu a escadaria. Comprou passagem e ficou em pé na plataforma. O trem chegou e ela embarcou. Sozinha.

CENA DE CIÚME – Meu pai era muito bonito. Forte e culto. Ciumenta, ela desembarcou na Central do Brasil. Pegou um bonde cujo percurso era Av. Marechal Floriano, e no final dela o bonde entrava na Rua Dom Manuel. Mamãe desembarcou no ponto em frente ao Palácio da Justiça do então Distrito Federal (Rua Dom Manuel, nº 29).

Atravessou a rua para chegar ao Palácio da Justiça. O objetivo era confirmar se meu pai estava mesmo na 11ª Vara Cível do então DF. Ele era oficial de Justiça.

Quando minha mãe entrou no prédio e subiu os 11 degraus, ela não aguentou mais, sentou-se no chão e a criança nasceu ali. Dois juízes famosos à época, Osni Duarte Pereira e Bandeira Stampa, e outras pessoas vieram correndo prestar socorro. O Fórum parou, numa doida correria para atender a mulher e o bebê, que depois foram então levados de táxi para o Hospital dos Servidores do Estado, na Rua Sacadura Cabral.

DENTRO DO PALÁCIO – Foi assim que nasci. Dentro do Palácio da Justiça. Na certidão emitida pelo cartório consta: “Lugar do Nascimento: Rua Dom Manuel, 29, prédio do Palácio da Justiça – Distrito Federal “.

Aos 5 de idade, toda a família se mudou para Santa Teresa, perto do Largo dos Guimarães. E em  1952 ou 1953, o presidente Getúlio Vargas chamou meu pai para integrar a segurança pessoal dele. Meu pai contava que no dia 22 de abril de 1954, Getúlio perguntou a ele: “E o pequeno Jorginho, como vai”?

“Está muito bem, presidente. Amanhã, dia de São Jorge, ele completa oito anos”.

E Getúlio disse: “Então traga aqui para eu dar um abraço nele”. Meu pai imediatamente telefonou para minha mãe e pediu para ir pegar o bonde até a cidade e comprar roupa nova para mim.

NA CASA HERDEIRO – Lá fomos nós. Entramos na loja Herdeiro, na Rua Gonçalves Dias, e minha mãe comprou calça curta, sapato, suspensório, meia, camisa e uma gravata borboleta.

No dia seguinte, 23 de abril de 1954, fui com meu pai até o Palácio do Catete. Quando Getúlio chegou, ele me pegou e colocou em pé sobre uma cadeira. E eu pude ficar na mesma altura dele, que era baixinho. Me deu um abraço e um relógio, que tenho até hoje, funcionando. É da marca suíça Omega, de corda. Relógio de pulso.

Meu pai contava que Getúlio me perguntou: “O que o Jorginho vai querer ser quando crescer?”. E eu respondi: “Presidente da República”.

Ele disse: “Não, não, não, meu filho. Seja tudo, menos presidente”. Em seguida, a filha Alzira (Getúlio chamava de Alzirinha) me levou até à copa do palácio do Catete e todos cantaram o “Parabéns pra você”, com um bolo e uma vela do número 8.

SEMPRE NO TRIBUNAL – Tenho outras lembranças. Depois da morte do presidente em agosto de 1954, meu pai voltou a trabalhar no Palácio da Justiça. E me levava junto. O juiz presidente sempre ia com sua toga até à 11a. Vara Cível.

Naquela época somente um menor podia entrar no 1º Tribunal do Juri para sortear jurado. E sempre me chamavam. O principal daquela época foi o julgamento da fera da Penha, que matou uma criança chamada Taninha, de quatro anos, filha de seu amante.

Houve também outros julgamentos. Me recordo do caso dos jovens Ronaldo Castro, Cassio Murilo e Antônio João de Sousa, acusados de matar uma moça chamada Aída Curi em Copacabana.

Outro caso célebre foi o crime do Sacopã, com envolvimento do Tenente Bandeira, oficial do Exército.

CERTIDÃO NO MUSEU – Para terminar: no Fórum nasci, no Fórum cresci e no Fórum me criei. E aquele Palácio da Justiça, onde o “Jorginho” tanto iria trabalhar, está lá até hoje, primorosamente preservado por tombamento, e foi transformado no Museu da Justiça.

Décadas atrás era presidente do Tribunal de Justiça o desembargador Miguel Pachá. Quando soube do caso, me pediu a certidão de nascimento para colocar estampada no Museu da Justiça e eu entreguei. Creio que está lá no Museu. Qualquer dia vou lá conferir.