Confesso ter um problema — nunca tive paciência com a banda podre da mediocridade alheia

Otimismo | Charge | Notícias do dia

Charge do Frank (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Sou de poucos sorrisos. Sisudo. Diferente de grosseiro. Não dou trelas a venais e hipócritas, se raça envolvente, com sorriso de hiena. Vivo em paz, trocando o rancor pelo desprezo. Vivo e quero que os outros também vivam, como gostam, sem patrulhamento odioso. 

Admito, nessa linha, ao contrário da jornalista Ana Dubeux (Correio Braziliense – “O Clube da vida boa”- 30/07), que nunca tive paciência com grande parte da humanidade. Ou seja, com a banda podre da mediocridade alheia.

Dubeux argumenta que a maturidade clareia os horizontes. Verdade. “Livre-se de quem te deprime, te oprime, te diminui. No meu clube da risada só entra gente boa- e isso nada tem a ver com não compartilhar problemas, não acolher quem precisa, não chorar com nossos amigos, por suas perdas e dificuldades”, salienta a formidável Dubeux.  

PROPOSTA INDECENTE – A ótima Coluna do Estadão (30/07), na nota “Espacinho”, patética, cretina e despudorada pelo teor, chama o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, de “ex-ministro” do Tribunal de Contas da União (TCU).

Na verdade, Carreiro é ministro aposentado do tribunal. Ele aceitou uma proposta indecente para entrar numa negociação do Palácio do Planalto, no desgoverno Bolsonaro, para antecipar e acelerar sua aposentadoria em favor do então senador mineiro Antônio Anastacia.

O parlamentar tucano foi nomeado para o TCU, e Carreiro ganhou de presente a embaixada de Portugal.

DE FINO TRATO – Por fim, profissional de fino trato e gentil, o ex-preparador físico Pablo Fernández foi demitido pelo Flamengo e agora é lembrado, com insistência, para trabalhar com políticos brasileiros.

Deve dar prioridade para a irrecusável proposta do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que o convidou para integrar a segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Quanto ao treinador argentino Sampaoli, sua permanência no Flamengo está sendo exigida pela torcida de todos os demais clubes do país.  Ele está conseguindo enfraquecer o desmotivar o time, para alegria de seus adversários.

Governo compensa os bancos e reabilita devedores, que podem obter novos créditos

Charge: Fernandao (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

A operação “Desenrola” voltada para reabilitar pessoas que se encontram inadimplentes em função de dívidas não pagas – revela reportagem de Renan Monteiro, O Globo desta segunda-feira – já conseguiu atender 6 milhões de pessoas na primeira fase e iniciará uma segunda para as que devem valores acima de R$ 5 mil e que possuem renda familiar de até R$ 20 mil.

A operação sob o ângulo social, portanto, está sendo um sucesso. Mas, sob o prisma econômico, em certa parte vai permitir que homens e mulheres obtenham novos créditos cujos juros, mesmo os mais baixos, oscilam em cerca de 30% ao ano. São em média 2,4% mensais, o que representa uma carga ao longo de 12 meses difícil de suportar, sobretudo porque os salários continuam perdendo para os índices inflacionários.

RENEGOCIAÇÃO – Renan Monteiro focaliza dispositivos da operação que permitem que os bancos ao renegociar dívidas acumuladas possam obter do governo créditos tributários. Que créditos são esses? Não importa. Provavelmente, se localizam no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Seja como for, o governo está financiando um processo de refinanciamento.

O nível de inadimplência no país é muito superior a 6 milhões de casos. No mínimo, é seis vezes maior em longa acumulação. Em períodos menores de não pagamentos, digamos seis meses, o total de endividados passa de 70 milhões de pessoas. É um índice altíssimo, consequência do desemprego e das fortes, e cada vez maiores, perdas inflacionárias. Um problema brasileiro que, na realidade, constitui um desafio de várias faces para o governo Lula da Silva.

JUROS – No próximo dia 3, quinta-feira, o Comitê de Política Monetária se reunirá para resolver se reduz ou não os juros de 13,75% ao ano fixados e defendidos por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

A pressão contra Campos Neto está cada vez mais forte e com a previsão de um percentual inflacionário para este ano de apenas 3%, dificilmente a taxa de 13,75% poderá ser mantida, projetando-se uma previsão de que haverá agora uma diminuição de meio ponto, e de dois pontos percentuais até dezembro.

Cada ponto percentual representa para o governo uma redução de R$ 60 bilhões, uma vez que a Selic incide sobre a dívida interna brasileira, que é R$ 6 trilhões. No Estado de S. Paulo, a matéria é focalizada amplamente por Luíza Lanza e Rebeca Crepaldi que assinalam o reflexo da possível redução nos papéis de renda fixa e também nas cadernetas de poupança, pois uma fração do indicador figura entre os fatores componentes da correção monetária.

BOLETIM FOCUS  – A previsão da queda de 0,5% em agosto, e o recuo de até dois pontos em dezembro, é do próprio boletim Focus, editado pelo BC. A diminuição do índice também afeta a remuneração dos títulos do Tesouro direto que, aliás, lastreiam a dívida interna do país.

A manutenção da Selic em 13,75% bloqueou os fundos imobiliários e também influiu no desempenho da Bolsa de Valores. Afinal, é uma taxa muito acima da inflação sem o menor risco para os investidores. Na minha opinião, significou um freio nas aplicações econômicas de capital; uma distorção, já que o mercado financeiro utiliza muito menos mão-de-obra do que quaisquer outros setores.

AGRESSÃO – Diogo Dantas, O Globo, Rodrigo Sampaio, o Estado de S. Paulo, em edições de ontem, focalizaram com destaque a estúpida agressão do ex-preparador físico do Flamengo Pablo Fernandez ao atacante Pedro, desfechando-lhe um soco pouco após o término da partida contra o Atlético Mineiro.

A diretoria do Flamengo demitiu Pablo Fernandez imediatamente e a demissão colocou em risco a permanência do treinador Jorge Sampaoli, já que Fernandez acompanhava sempre o técnico nos diversos contratos que ele firmou com os clubes de futebol. Sampaoli ainda não pediu demissão e nem foi demitido, mas a sua situação ficou difícil no clube.

O motivo da agressão, a meu ver, foi um absurdo. Pedro havia sido chamado pelo técnico para fazer aquecimento. Logo, Sampaoli admitia que substituiria alguém do elenco. Vendo que o limite de substituições havia sido esgotado, o atacante achou desnecessário o exercício. O preparador físico não viu essa razão óbvia e o caso terminou na agressão, na demissão e na apresentação de queixa à Polícia em Belo Horizonte. O preparador físico deu um péssimo exemplo ao universo do futebol e ao próprio relacionamento entre pessoas.

Um desesperado poema de Fagundes Varella, diante de seu amor impossível

Fagundes Varella, por Lula Palomanes

Paulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Luís Nicolau Fagundes Varella (1841-1875), nascido em Rio Claro (RJ), implora “Deixa-me” agora repousar tranquilo, porque segui seus passos e dei-te sublimes versos numa vigília insana.

DEIXA-ME
Fagundes Varela

Quando cansado da vigília insana
declino a fronte num dormir profundo,
por que teu nome vem ferir-me o ouvido,
lembrar-me o tempo que passei no mundo?

Por que teu vulto se levanta airoso,
tremente em ânsias de volúpia infinda?
E as formas nuas, e ofegante o seio,
no meu retiro vens tentar-me ainda?

Por que me falas de venturas longas,
por que me apontas um porvir de amores?
E o lume pedes à fogueira extinta,
doces perfumes a polutas flores?

Não basta ainda essa existência escura,
página treda que a teus pés compus?
Nem essas fundas, perenais angústias,
dias sem crença e serões sem luz?

Não basta o quadro de meus verdes anos
manchado e roto, abandonado ao pó?
Nem este exílio, do rumor no centro,
onde pranteio desprezado e só?

Ah! não me lembres do passado as cenas,
nem essa jura desprendida a esmo!
Guardaste a tua? A quantos outros, dize,
a quantos outros não fizeste o mesmo?

A quantos outros, inda os lábios quentes
de ardentes beijos que eu te dera então,
não apertaste no vazio seio
entre promessas de eternal paixão?

Oh! fui um doido que segui teus passos,
que dei-te em versos de beleza a palma;
mas tudo foi-se, e esse passado negro
por que sem pena me despertas n’alma?

Deixa-me agora repousar tranquilo,
deixa-me agora dormitar em paz,
e com teus risos de infernal encanto,
em meu retiro não me tentes mais! 

O que pode fazer o IBGE de Márcio Pochmann em matéria de política econômica?

Pochmann, escolhido para assumir o IBGE por decisão de Lula

Pedro do Coutto

Reportagem de Geralda Doca, Renan Monteiro e Eliana Oliveira, O Globo deste domingo, focaliza a nomeação de Marcio Pochmann para a Presidência do IBGE, por decisão direta do presidente Lula, criando um mal estar junto ao ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet que foram surpreendidos com a iniciativa do Palácio do Planalto.

A matéria destaca a questão sob o ângulo ideológico e conclui que a escolha de Pochmann pode representar um progresso dos grupos de pensamentos mais avançados na economia e, portanto, menos conciliadores com o panorama político que predomina no governo. Constituiria assim uma espécie de ruptura pouco compreensível à primeira vista, pois Haddad é de fato o primeiro-ministro do governo no sistema de coalizão que vem predominando e traçando os rumos da política e da economia.

REFLEXO – O IBGE efetivamente não é um instituto de formulação de políticas, de pensamentos criativos ou de iniciativas concretas. Ele reflete tanto o governo quanto o país. É assim um órgão de Estado e sem atuação partidária. Teve atuação política, lembrou Carlos Sanderberg em artigo no O Globo,  no final do governo Médici, quando por ordem do então ministro Delfim Neto, que mandava em tudo, falsificou a inflação de 1973. Quando no governo Geisel assumiu o Ministério da Fazenda, em 1974, Mário Henrique Simonsen, de acordo com Sardenberg, verificou que a inflação do ano anterior não havia sido de 12% como Delfim anunciou, mas de 26% o que o próprio governo Geisel não quis revelar.

Houve assim uma perda considerável de 14% na memória inflacionária brasileira, cujos reflexos se fazem sentir até hoje. Era o tempo do “milagre brasileiro”, como se referiu Delfim Neto, copiando uma frase do desempenho da Alemanha Ocidental no governo Adenauer, de centro-direita. Milagre, na verdade, foi a resistência da população de nosso país através de um longo período de perdas salariais e de retração do consumo que chegou até às portas da fome.

Em matéria de memória, lembro que este é um título de um livro do jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, numa sequência de obras de combate à ditadura militar iniciada com o artigo “A revolução dos caranguejos”, em 1964, no Correio da Manhã. São episódios que pertencem ao passado, embora até hoje não tenhamos conseguido recuperar  a diferença de 14 pontos em nossos bolsos. Pelo contrário. As perdas cresceram sem parar e até agora, no governo Lula, não houve sinal de recuperação. Não haverá agravamento como ocorreu na administração de Paulo Guedes, mas recuperar o tempo perdido é difícil.

PROVA DE FORÇA – O que representa na realidade a nomeação de Marcio Pochmann? Uma prova de força das correntes mais emocionais do PT, sem dúvida. Mas o IBGE terá que retratar a realidade nacional. Não pode enveredar pela estrada Delfim Neto.

Em seu espaço de domingo no O Globo e na Folha de S. Paulo, Elio Gaspari focaliza a questão, o que acrescenta a importância política da matéria em debate. Mas a nomeação de Pochmann está longe de representar um avanço reformista. Isso porque numa ampla entrevista a Julia Chaib e Thiago Resende, Folha de S. Paulo de ontem, o ministro Alexandre Padilha afirma que “temos todo o interesse na participação de parte do PL no governo Lula”, acrescentando que o presidente da República deseja consolidar trocas na equipe ministerial para agregar o PP e o Republicanos na Esplanada de Brasília ainda no mês de agosto.

Logo, observa-se nitidamente uma contradição: ao mesmo tempo em que Lula força a mão e escolhe Marcio Pochmann para o IBGE, Alexandre Padilha anuncia que o projeto político estende-se até a integração de uma dissidência do PL, partido bolsonarista presidido por Valdemar Costa Neto, no esquema do governo. Um choque entre o impulso estatizante e uma realidade liberal na economia.

COMPARAÇÃO –  O tema conservadora não significa um posicionamento passadista, mas sobretudo o interesse daqueles que ocupam a faixa em conservar o seu próprio poder individual através do acesso à administração pública.

O debate entre reformismo e conservadorismo no Brasil chega a ser marcado pelo humor que a ignorância produz. Há partidos e parlamentares que se declaram conservadores e cristãos. Um absurdo. O cristianismo em sua essência é a reforma. Foi a posição humanista e de luta pela liberdade que levou Jesus Cristo à crucificação. Através de dois mil anos, a luta pelo humanismo continua, inclusive no Brasil.

DEBOCHE – O Coaf revelou – reportagem de Luísa Marzullo e Julia Noia, O Globo de domingo – doações feitas a Jair Bolsonaro através do Pix na escala de R$ 17 milhões. Perguntado sobre o volume que teria sido destinado à aplicação financeira, o ex-presidente respondeu com deboche que o valor é suficiente para “pagar todas as contas” e “tomar caldo de cana e comer pastel” com a mulher, Michelle Bolsonaro (PL).

As doações foram feitas para que ele pagasse multas que lhe foram aplicadas pelo não uso de máscaras durante a pandemia em São Paulo e por ter dirigido motocicleta sem capacete. As multas somam R$ 1 milhão. Até agora não foram pagas.

Em “Versos Solitários”, uma comovente lição de vida do poeta carioca Evanir Fonseca

Plenae O que é a solidão?

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, administrador de empresas e poeta carioca Evanir José Ribeiro da Fonseca (1955-2017), no poema “Versos Solitários”, faz uma reflexão sobre a vida.

VERSOS SOLITÁRIOS
Evanir Fonseca

O mundo é obscuro para quem só sente a egoísta vontade de se livrar de tudo,
como num mar de lava que a terra cobre, deixando um rastro de destruição.

A vida inexiste onde a felicidade é utópica e a vontade de amar
é só um vulgar prazer, onde o tudo se transforma em nada,
além de um viver numa estática frigidez,
fingidamente escondida por um sorriso ou uma lágrima,
que nas faces rolam ou secam, parados na desfaçatez gélida,
refletidos no espelho do destino, da verdade incontida
e nas rugas de um grito calado que ecoa na surdez do silêncio,
alertando-nos que o fim nos espreita como abutres,
expresso pela indescritível falta do som
da batida de um coração solitário.

Deus, como se tentasse camuflar as perdas sutis do desconhecido destino, dá-nos opções, sem violar o direito do livre arbítrio, numa compensação sem diretrizes evidentes ou outra forma de expressão compensatória e cúmplice, nos nossos erros e acertos, sempre apresenta-nos oportunidades e mostrando ao julgar nossos sentimentos tristes, atormentados, egoístas ou sufocantes, nunca se afasta dos que, a ele, suplicam por novas oportunidades.

Pedimos que nomes ou apelidos sejam afastados dos indivíduos,
em contrapartida do que ocorre na realidade socialmente
quando, como uma tatuagem, ficam gravados e encrustados
nas almas estigmatizadas, numa busca tênue e discreta da sensatez
fazendo com que logo caiamos no esquecimento, criado pelo labirinto de comportamentos resumidos pelo “tempo”, que, sem pena,
nos cobra sob uma sentença arrogantemente imposta,
apagando todos os nossos créditos, virtudes e lembranças,
deixando vívidos os defeitos que maculam nossos eternos deslizes.

Gostaria de ver as pessoas completas e resignadas,
podendo despedirem-se da vida, dizendo a cada um dos outros seres:
“Perdoem-nos, pelos erros cometidos
e rezem para que nós nunca mais renasçamos
com mágoas e rancores, sem conhecermos a palavra perdão!…”

Lembremo-nos sempre que “amar” não é o pecado maior,
e reconheçamos, assim, que fazer outros te amarem é imperdoável!

No hoje, nos vangloriamos da saudade
que acreditamos ter causado em outras pessoas.
Porém, quando a tristeza na incerteza do amanhã nos alcança
é aí, então, o momento… que já deveremos ter sido esquecidos
e na veracidade de que agora, sarcasticamente, seremos os que sofrerão…!

Joguem-se pela janela chamada poesia, como suicidas!
Este é o meu conselho para acabarmos espatifados em versos e prosas, atirados, largados nas solitárias noites, com ou sem luar.

Nunca sejamos hipócritas! Mas sim, seres que se encontram
à espera do perdão incondicional e eterno, se permitido,
num grande acalento no “Adeus”.

Lula está doente e deveria se licenciar para ser operado e realmente cuidar da saúde

Ex-assessora de Janja é demitida em meio a ruído sobre 'reforço a Lula' – Blog do Magno

Lula deveria reconhecer que já está velho e precisa repousar

Carlos Newton

A inveja é um dos piores pecados capitais e atinge praticamente a todos. É difícil enfrentar e superar esse sentimento, que requer combate diuturno. No Brasil, calcula-se que a metade da população deteste o presidente Lula da Silva e tenha inveja dele. É um erro. Deviam abandonar esse sentimento e passar a tratar o fundador do PT com caridade, desapego e altruísmo, que são o oposto da inveja.

Lula é invejado porque tenta bancar o superhomem de Friedrich Nietzsche, idealizado pelo filósofo alemão para designar um ser superior aos demais e que seria o modelo ideal para elevar a humanidade. Mas isso “non ecziste”, diria Padre Quevedo, porque Lula é apenas um mortal como os outros, cheio de defeitos e que nada tem de especial.

HOMEM DE SORTE – A circunstância que diferencia Lula dos outros mortais é a sorte. Tinha tudo para dar errado, mas deu sorte e teve esperteza suficiente para aproveitá-la e subir na vida a qualquer preço, não importa se isso ocorresse à custa da traição a seus grandes amigos sindicalistas, que lutavam abertamente pelos trabalhadores, enfrentando o regime militar.

Na época, Lula escolheu o caminho mais fácil e se tornou colaborador da ditadura. Sob o codinome de “Barba”, era um agente ligado ao superintendente da Polícia Federal em São Paulo, delegado Romeu Tuma.

Em função dos bons serviços prestados, Lula foi escolhido pelo general Golbery do Coutto e Silva, grande ideólogo do regime militar, para crescer como sindicalista, criar seu próprio partido político e enfraquecer o então imbatível PTB de Leonel Brizola.

DURA REALIDADE – Quem conhece política sabe que tudo isso é rigorosamente verdadeiro e está documentado em diversos livros lançados por importantes jornalistas e historiadores, além das memórias do delegado Romeu Tuma Júnior, que contou como Lula ficava à vontade na casa do superintendente da Polícia Federal, a ponto de beber demais e dormir no sofá da sala.

Lula da Silva foi o cabo Anselmo que deu certo. Criou o PT, dividiu o trabalhismo e impediu a vitória de Brizola, vejam como Golbery era um extraordinário articulador, a ponto de o cineasta Glauber Rocha considerá-lo “o gênio da raça”.

O resto da trajetória, todos sabem. Lula transformou o PT numa potência, chegou ao poder e implantou o maior esquema de corrupção da História Universal. Pegou cadeia, 580 dias que não foram tão duros assim, porque a cela não tinha grades, era indevassável e ele podia receber visitas, inclusive íntimas, a qualquer hora do dia, com a cumplicidade dos carcereiros, um deles até escreveu um livro a respeito.

LULA VOLTOU – Bem, o fato concreto é que o agente duplo da ditadura deu a volta por cima e está de novo no poder. É cada vez mais invejado, porque agora tem uma nova mulher, bem mais jovem, e ele apregoa estar “com tesão de 20 anos”. Pode até ser verdade, mas não adianta nada.

Sua artrose no quadril é antiga, não é de hoje, e significa uma doença que prejudica diretamente o ato sexual, por impedir a movimentação dos quadris. Hoje, a boa vida e a eterna lua-de-mel de Lula não existem, é tudo uma farsa. Há anos, ele é um idoso que vem sofrendo com a artrose, um mal progressivo.

Dona Janja acompanha Lula a todo canto para que ele possa se apoiar nela e diminuir a dor ao caminhar. A situação é cada vez pior, a ponto de ter de tomar injeção diariamente contra a dor, mas o medicamento não está mais funcionando e traz risco de viciar o paciente.

DUAS INFILTRAÇÕES – Nesta semana que se encerrou, Lula foi obrigado a fazer infiltração (aplicação de anestésico) no domingo, dia 23, e depois na quarta-feira, dia 26, uma situação terrivelmente preocupante.

Até onde Lula da Silva vai tentar levar essa farsa do superhomem? Se tivesse um mínimo de bom senso, obedeceria aos médicos, pediria licença do cargo, deixaria Geraldo Alckmin tomando conta do boteco e faria logo essa operação, até porque é um paciente de risco, que sofre de hipertensão desde 2010, quando teve de se internar.

E quando voltasse, depois da operação, Lula deveria criar um sistema de governo compartilhado com Alckmin. Afinal, já próximo aos 78 anos, é o mais velho presidente da História do Brasil, um país continental que exige contínuos deslocamentos ao governante.

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P.S.
Para Lula, assumir a velhice seria o melhor remédio. Mas a imensurável vaidade atrapalha tudo. Lula não quer envelhecer, já até fala em ser candidato à reeleição. Certamente, acha que pode fingir eternamente que é uma nova edição de Dorian Gray, porém jamais terá a genialidade de Oscar Wilde para levar a farsa até o fim. Um pouco de juízo, nessa fase da vida, lhe faria muito bem. (C.N.)

Inteligência Artificial usa dados acumulados, não cita fontes nem paga direitos autorais

(Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

A tese básica de que a Inteligência Artificial é uma criação humana, voltada para interesses humanos e realimentada pelo pensamento, é do cientista brasileiro Miguel Nicolelis, radicado nos Estados Unidos, e que deu base a um longo diálogo que o especialista Filipe Campello manteve com o ChatGPT, colocando-se a questão de que o acesso aos dados acumulados são muitos milhões e dos quais se utiliza  sem a correspondência de pagar direitos autorais.

O ChatGPT fugiu durante a extensa conversa do tema, procurando evitá-lo de todas as formas e sob todos os ângulos em que Campello insistia em se movimentar. Não respondia logicamente a hipótese de plágio, evitando de todas as maneiras pelos diálogos trocados e escritos na tela do computador. Logo, o ChatGPT está programado para bloquear esse tema de quaisquer indagações. Com isso, ele reconhece parcialmente a perspectiva do plágio e, portanto, escapa da nuvem em que o assunto é conduzido.

ARTICULAÇÃO – O fato essencial é que a plataforma capaz de desenvolver pensamentos lógicos é uma sofisticação avançada da Inteligência Artificial, uma vez que existe uma articulação entre os pensamentos e as frases. Fica a impressão de que os autores da engrenagem que dirigem o ChatGPT se preparam para esse tipo de colocação que desenvolvem os raciocínios de defesa de várias formas.

De outro lado, o ChatGPT alegou no diálogo com Filipe Campello que só poderia responder a questões até 2021, pois após essa data 0a sua memória ainda não havia sido atualizado. O que não deixa de ser engraçado, pois muitos fatos que o ChatGPT responde são posteriores a 2021.

REFORMA MINISTERIAL –  Thiago Resende, Julia Chaib e Catia Seabra, Folha de S. Paulo deste sábado, publicam reportagem assinalando que a ala mais política do governo já está prevendo e articulando uma reforma ministerial no final do ano para acomodar partidos que pretendem votar com o governo no curso dos projetos no Congresso Nacional.

Algumas mudanças poderiam ocorrer ainda em agosto, mas não existe certeza quanto à perspectiva. Afinal, a reforma até agora limitou-se à substituição de Daniela Carneiro por Celso Sabino na pasta do Turismo. Em outra matéria também na Folha de S. Paulo, Vitória Azevedo e Raquel Lopes destacam que o ministro Silvio Almeida dos Direitos Humanos encontra-se em processo de esvaziamento e críticas por iniciativas suas, entre as quais a planejada visita aos presídios estaduais do país. Silvio Almeida poderá ser um dos substituídos.

Lula tem que cobrar iniciativas por parte dos ministros e acaba deixando um espaço vazio para que as pressões por cargos de efetuem. É preciso que blinde a sua autoridade e não deixe com que os espaços vazios de cobrança conduzam a uma inércia natural e que serve de base para reivindicações sob a alegação do não funcionamento deste ou daquele ministro.

Os interesses partidários são sucessivos, sobretudo em vista às eleições de 2024. O poder não pode ficar vazio, pois em tal hipótese algum setor se movimenta para ocupá-lo. Essa opinião foi dita a mim em 1963 por Juscelino Kubitschek. A fragilidade do governo João Goulart expôs o Palácio do Planalto às investidas cada vez mais fortes da oposição comandada por Carlos Lacerda. A pressão atingiu o auge por culpa do próprio João Goulart ao comparecer à reunião dos sargentos na então sede do Automóvel Club do Rio de Janeiro na Cinelândia.

FAKE NEWSNo O Globo de ontem, Jeniffer Gularte publica matéria sobre a intenção ainda não totalmente consolidada do governo de incluir na lei de combate às fake news a possibilidade de que o assunto seja observado pela Controladoria-Geral da União. O assunto está sendo examinado em conjunto com o autor do substitutivo, deputado Orlando Silva.

Pessoalmente acho que o tema deva ser incluído na Lei de Imprensa, inclusive para evitar a criação de qualquer novo órgão encarregado da tarefa de combater as notícias falsas, mas que implica no risco de ser confundido com instrumento de censura prévia. É claro que a remoção das fake news tem que ser feita mais rapidamente possível para que ela não contamine a própria opinião pública.

Mas não pode existir uma lei preventiva para a prática de crimes. A lei pune os crimes, mas não os evita, até porque é impossível. No caso das fake news, elas podem ser evitadas, mas isso depende não da fiscalização governamental, mas pela própria visão dos dirigentes das plataformas. O processo civil fica equiparado à Lei de Imprensa e assegurado o direito de resposta dos atingidos.

Lula erra na forma de nomear Pochmann para o IBGE, abalando a ministra Simone Tebet

Tebet disse não se importar em ser a segunda voz nas decisões

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva, sem dúvida alguma, errou politicamente ao impor  a ministra Simone Tebet a nomeação do economista Marcio Pochmann para a Presidência do IBGE, uma vez que não se preocupou em pelo menos antes do ato conversar com a ministra , já que o Instituto é um órgão vinculado ao Ministério do Planejamento. Ficou nítida uma hostilidade absolutamente desnecessária, mas que partiu, segundo o que está nos jornais, de uma pressão mais à esquerda do PT sobre a posição política de Simone Tebet.

Ela não passou recibo. Pelo contrário. Mas numa entrevista a Geralda Doca, O Globo desta sexta-feira, Simone Tebet minimizou o lado difícil da imposição e disse não se importar em ser a segunda voz nas decisões. Ela revela ter se reunido com o ministro Fernando Haddad para explicar que haverá a necessidade de um corte de R$ 2,6 bilhões no orçamento para 2024.

ORÇAMENTO – Essa importância é muito pequena, pois o orçamento deste ano é de R$ 5,6 trilhões e pela lei em vigor deverá ser reajustado de acordo com a inflação registrada nos últimos 12 meses. Logo, hoje, pode-se projetar um aumento de 3% sobre R$ 5,6 trilhões. Simone Tebet, pessoa de alto nível intelectual e de atuação prática, procurou suavizar o impacto, levando também em consideração  as fortes restrições que estão surgindo em relação a Marcio Pochmann que integrou o governo Dilma Rousseff.

As resistências a Pochmann estão focalizadas em reportagens de Cássia Almeida e Vinicius Neder, O Globo. As restrições incluem sobretudo sua posição favorável a um desconto maior de Imposto de Renda sobre as folhas de salário, tese que evidentemente  o coloca numa posição frontalmente contrária a dos trabalhadores e trabalhadoras do país.

INCÔMODO – Não sei porque Lula escolheu essa forma agressiva para impor Marcio Pochmann à ministra Simone Tebet. Foi um erro grave. Não havia a menor necessidade de impor uma nomeação quando bastava apenas reunir-se com a ministra e formular a indicação. O episódio dá margem a que se pense que a atuação de Tebet no Planejamento incomoda correntes do PT e sempre que isso acontece na administração pública, intrigas e versões de bastidores encontram formas de agir nas sombras. Há sempre insatisfeitos. A questão é não potencializar os rumores e agir clara e diretamente.

Tebet é uma presença forte e marcante no governo. Caso ela deixasse o cargo, Lula sofreria um rebate dos mais amplos e sensíveis para a sua posição junto à opinião pública.  Fica no ar a pergunta: por que, afinal de contas, Lula terá agido de forma tão impactante? O tema também foi focalizado em reportagem de Mariana Carneiro, edição de ontem de o Estado de S. Paulo.

MERCADO DE EMPREGOS –  Renan Monteiro, O Globo, é autor de reportagem, edição de ontem, sobre a contratação de 1.023 milhões de homens e mulheres com carteira assinada no período de janeiro a junho deste ano. A matéria compara esse número com o relativo a janeiro a junho de 2022 quando o governo Bolsonaro anunciou a retomada de 1.388 milhões de postos de trabalho no primeiro semestre.

O total deste ano é menor do que o do ano passado. Mas nos dois casos não são revelados os totais das demissões que ocorreram nos dois semestres, pois é impossível que ao longo de seis meses o volume das demissões seja igual a zero. Já abordei esse aspecto, frisando a necessidade de a comparação incluir o número das admissões em confronto com o número das demissões.

O Cadastro Geral de Empregos do Ministério do Trabalho ocupado por Luís Guimarães já devia ter tomado essa iniciativa para revelar exatamente a verdade tanto ao governo e, sobretudo , à opinião pública, e também o efeito da retomada de postos de trabalho na receita do INSS e na arrecadação do FGTS, uma vez que nos dois casos há uma vinculação direta com a folha salarial.

BÔNUS DO INSS –  O novo presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, decidiu adotar um sistema de dobrar o salário dos servidores encarregados de reduzir substancialmente a fila de requerimentos voltados aos mais diversos setores, desde a interrupção de pagamentos de aposentadorias e pensões até as perícias médicas.

No momento a fila é enorme: 1,8 milhão de pessoas aguardam resposta para o que requereram. Entre os requerimentos também está a concessão de aposentadorias. O setor que registra maior atraso é o da perícia médica, revelam Bianca Lima e Anna Carolina Papp, o Estado de S. Paulo de ontem.

Há 134 mil pedidos de aposentadoria aguardando despacho e 222 mil pedidos de aposentadoria por idade em atraso. Os benefícios da prestação continuada são 437 mil na fila de espe ra. Uma verdadeira calamidade. O ex-presidente Glauco Fonseca Wamburg não conseguiu administrar o Instituto de importância fundamental para os trabalhadores e trabalhadoras do país.

PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS  –  Bruno Rosa, O Globo de ontem, revela que a Petrobras desvinculou os preços da gasolina e do óleo diesel das cotações internacionais, o que permite uma redução de 23% nos preços da gasolina nas bombas e de 19% nos preços do óleo diesel. Isso de um lado. Por outro lado, os preços das importações subiram.

A questão a meu ver é a de serem comparados os preços do óleo bruto, setor em que o Brasil é exportador, com os preços da gasolina e do diesel , produtos refinados dos quais o país é importador, confrontando o saldo das exportações com o déficit das importações dos dois respectivos setores.

No governo Bolsonaro, quando o preço do óleo bruto subia, os preços da gasolina e do diesel foram reajustados, não se levando em conta a receita maior com as exportações brasileiras. Agora a política mudou. Mas a mudança está incompleta. Tem que se comparar a vantagem obtida com as exportações de óleo bruto e as consequentes do preço dos produtos refinados importados.

Do que é feito o poema? Bem, o poema pode ser só palavra, e o poeta: inconsequente…

TRIBUNA DA INTERNET | Sob o signo da Liberdade

Eurídice, num encontro de poetas em Petrópolis

Paulo Peres
Poemas & Canções

A professora e poeta Eurídice Hespanhol, nascida em Santa Maria Madalena (RJ), registrou em versos sua versão sobre o que realmente significa um poema, ou melhor, ela explica qual é “A Razão do Poema”.

A RAZÃO DO POEMA
Eurídice Hespanhol

Do que é feito o poema?
Barro de essência invisível?
Nuvem de tons arcoirizados?
Elementos dispersos,
Pelo poeta magnetizados?
Ou densa identidade
de expressão incontida?

O poema é amante,
Sentimento levitante.
Viagem santa e atrevida,
Pulso de um sonho em prece.
Aborto, parto, nascente.
O poema é só palavra
E o poeta: inconsequente…

Reação contra os imigrantes faz a Europa seguir rumo a uma política “semifascista”

Crise migratória" na Europa passou a ser "crise de | Internacional

Problema dos imigrantes fortaleceu a extrema-direita

Carlos Newton

O jornalista Nelson de Sá, que analisa diariamente na Folha o noticiário da imprensa mundial, publicou esta semana um artigo importante, explicando como a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni está sendo “legitimada” pelo governo dos Estados Unidos, circunstância que a fortalece politicamente para defender a adoção de um nacionalismo tipo “semifascista” na Europa.

Nelson de Sá assinala um artigo publicado com destaque pelo New York Times, que adverte: “O que está acontecendo na Itália é assustador e está se espalhando” para a Alemanha e outros países.

AGORA, É DE CENTRO? – No mesmo NYT, uma reportagem sobre a recepção da Casa Branca à primeira-ministra Giorgia Meloni saudou sua suposta “mudança para o centro”. Antes, a líder italiana era tratada pelo presidente Joe Biden como “semifascista”, mas agora, como está apoiando a Ucrânia e não se alinha com a Rússia e a China, passou a ser considerada de “centro”.

O jornalão novaiorquino registra que “sua admiração por Mussolini, a retórica extrema, tudo foi perdoado” após ela se mostrar “parceira confiável do Ocidente no G7 e na Otan”, embora seu governo tenha trazido “consequências práticas terríveis aos imigrantes” e busca agora até “enfraquecer a legislação antitortura”.

Bem, quando se fala em “semifascismo”, na verdade pode-se emplacar “seminazismo”, porque são tendências que se confundem quando o assunto é o maior problema da Europa, cuja tendência é se agravar — a imigração de africanos, asiáticos e latino-americanos.

EXTREMISMO AVANÇA – Aliados de Giorgia Meloni estão no poder na Polônia, na Hungria, na Suécia e na Finlândia, fortalecendo-se também em muitos outros países, como a Alemanha, segundo o analista Nelson de Sá, que registra: “Eles rejeitavam a União Europeia e hoje buscam transformá-la por dentro. Ameaçam se tornar o futuro da Europa”.

Os conservadores britânicos ecoam a obsessão da premier italiana com “nascimentos, não imigrantes”, mas é uma solução marqueteira e fictícia, porque os nascimentos demoram, e as populações europeias há décadas estão declinantes, favorecendo a chegada de imigrantes, que se reproduzem rapidamente.

Por fim, o Wall Street Journal destaca que “os europeus ficam mais pobres à medida que os americanos se tornam mais ricos”, o que piora ainda mais a situação.

E O BRASIL? – Aqui, debaixo do Equador, a situação começa a ficar preocupante devido à queda da população, revelada pelo Censo. Para manter a população estável, cada mulher precisa ter, em média, 2,1 filhos. Mas esse índice já caiu para 1,65

Esse dado indica queda progressiva no número de habitantes, caso não continuem entrando imigrantes descontroladamente, vindos de países latino-americanos, africanos e asiáticos, que não são mais aceitos na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e em nações em desenvolvimento, como Nova Zelândia e Austrália, que só acolhem estrangeiros qualificados.

O Brasil é o país mais miscigenado do mundo, o que é uma honra para nós. Porém, precisa se precaver contra a crescente imigração. Se mantiver fronteiras abertas, a esculhambação pode atingir um ponto de inviabilidade total.

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P.S. –
Há mais de 40 anos, desde que Reis Veloso deixou o Ministério do Planejamento, não existe um plano nacional de desenvolvimento. Quando o PT chegou ao poder, em 2003, vencera a eleição sem ter um programa de governo, exatamente como voltou a acontecer agora, em 2022. Reina a esculhambação. Mas quem se interessa? (C.N.)

Simone Tebet demonstra maturidade política e suporta bem a nomeação de Pochmann

Simone Tebet: 'Abrir exceções põe por terra ganhos da reforma' - InfoMoney

Simone Tebet não entra na briga interna das facções do PT

Vicente Limongi Netto

Simone Tebet é do ramo. Sabe que boa cabrita não berra. O partido dela, o MDB, é aliado de primeira hora de Lula. Nos tempos de sol alto e, também, sobretudo, nas épocas de fortes temporais. Tebet obra bem como ministra do Planejamento. Não é tola de criar caso e fazer beicinho porque não foi ouvida nem cheirada na escola do novo presidente do IBGE. Pelo contrário, com cara alegre, elogiou a escolha do chefe de governo.

Aliás, Lula já tem imensos abacaxis para descascar. O MDB, integrado por expressivos e calejados membros, não vai colocar mais lenha na fogueira dos problemas do governo.

Mas é claro que exige respeito à ministra e não vai permitir que ela seja fritada. Brigar com o MDB de Jader, Renan e Sarney é parada indigesta. O partido sempre trabalhou para que a governabilidade não seja afetada.

PALHAÇO, NÃO! – O truculento ex-deputado Daniel Silveira erra feio, ao chamar o senador Marcos Do Val de “palhaço”, por envolvê-lo em conversas e armações golpistas com o ex-presidente Bolsonaro.

O atrapalhado e incapaz senador Do Val pode ser chamado, por exemplo, de cretino, idiota, desprezível, escória do mal. Jamais de palhaço.

A meu ver, a classe digna e trabalhadora dos artistas circenses, especialmente os palhaços, que leva alegria as crianças, não merece ser envolvida nem tão pouco comparada ou citada em artimanhas de destrambelhados que deslustram a vida pública brasileira.

JEAN WYLLYS – O governo Lula fez bem, suspendendo a nomeação do petulante, desrespeitoso, atrevido e arrogante Jean Wyllys para uma boquinha na Secretaria de Comunicação Social do Planalto, depois da repercussão altamente negativa dos coices levianos, açodados, equivocados e injustos que o histérico ex-deputado desferiu no governador gaúcho, Eduardo Leite.

Se antes de assumir ele procede assim, imaginem o que faria no Planalto caso realmente ganhasse o pretendido cargo de chefia…

Tebet condena recondução de Aras e diz que vitória de Lula foi uma aliança pela democracia

Tebet diz que recondução de Aras na PGR seria um ‘desastre’

Pedro do Coutto

Numa entrevista a Miriam Leitão, na noite de quarta-feira na GloboNews, objeto de artigo da jornalista na edição de O Globo desta quinta-feira, a ministra Simone Tebet afirmou que é fortemente contrária ao movimento de alguns setores do próprio governo de reconduzir Augusto Aras à Procuradoria-Geral da República. Acentuou que tal hipótese seria decepcionante em face da atuação de Aras na pandemia da Covid-19.

Tebet destacou que a vitória de Lula decorreu de uma aliança de vários partidos pela democracia e que por isso é preciso que se tenha altruísmo e compromissos éticos.  A ministra disse ainda que em 2024 estará participando do espaço que estiver disponível na campanha eleitoral do seu estado, Mato Grosso do Sul.

DÉFICIT PÚBLICO – Falou sobre a importância da política de combate ao déficit público, afirmando que a meta de déficit zero é difícil, porém factível, constituindo um desafio para o próprio governo. Sobre a nomeação determinada por Lula de Márcio Pochmann para a Presidência do IBGE, afirmou que foi uma decisão pessoal do presidente da República, deixando no ar, portanto, uma observação de que a vontade de Lula será cumprida.

Relativamente aos rumos da economia no momento atual, disse que Lula decidiu acertadamente manter a valorização do salário mínimo, elevando-o anualmente acima do nível da inflação do exercício anterior, considerando paralelamente que tal diretriz terá impacto nas contas do INSS, já que de 35% a 40% dos aposentados e pensionistas ganham apenas um salário mínimo.

Isso de um lado, pois de outro a elevação do piso salarial acarreta também uma contribuição maior dos empregadores para a Previdência Social. Pela lei, para os que possuem carteira assinada a contribuição patronal é de 20% sobre a fonte de salários. Logo, se sobe o salário mínimo, essa contribuição também se eleva.

INDEPENDÊNCIA – Na entrevista, pelo que se observa, Simone Tebet assinala uma posição de relativa independência em relação ao PT, já que foram do partido as manifestações pela segunda recondução de Augusto Aras à PGR. Sobre as eleições municipais de 2024, Tebet disse que são uma prévia da sucessão presidencial de 2026 e que para ela Jair Bolsonaro está liquidado politicamente, mas o bolsonarismo continua existindo em uma parte da população brasileira. De qualquer forma, não se consegue apagar uma ideia a curto prazo. O combate à direita deverá ser feito através das realizações do governo.

Sobre a escolha de Márcio Pochmann para o IBGE, também no O Globo, Sérgio Roxo e Geralda Doca escreveram a respeito da escolha pessoal do presidente Lula. Em artigo também no O Globo de ontem, Merval Pereira focaliza resistências de setores do PT à ministra Simone Tebet. Talvez, digo, por temerem o crescimento político da titular do Planejamento para as eleições de 2026.

JUROS – Vítor da Costa, O Globo, destaca a decisão do FED, Banco Central dos Estados Unidos, em elevar a taxa anual de juros para entre 5,25% e 5,5%. É preciso considerar, no entanto, que a taxa de juros de 5,5% engloba a inflação anual, fazendo com que o índice efetivo passe a ser de cerca de 3%, o que já é muito para a economia norte-americana.

Por falar em inflação, conforme sempre digo, ela é cumulativa, depois de subir não desce mais. No máximo, fica onde está. Uma diferença fundamental entre o índice inflacionário e o reajuste de salários é que os reajustes sucedem a inflação do período anterior. Assim, quando aumentos ocorrem em um mês, a partir da semana seguinte os preços voltam a se distanciar dos ganhos do trabalho.

Uma desesperada valsa do amor fracassado, por Pixinguinha e Cândido das Neves

Pixinguinha e Cândido, dois mestres da MPB

Paulo Peres
Poemas & Canções

O instrumentista, cantor e compositor carioca Cândido das Neves (1899-1934), apelidado de “Índio”, na letra de “Página de Dor”, relembra um amor platônico. Essa valsa foi gravada por Orlando Silva, em 1938, pela RCA Victor.

PÁGINA DE DOR
Pixinguinha e Cândido das Neves

Página de dor
Que faz lembrar
Volver as cinzas
De um amor
Infeliz de quem
Amando alguém
Em vão esconde
Uma paixão

Lágrimas existem
Que rolam na face
Há outras porém
Que rolam no coração
São essas que ao rolar
Nos vem uma recordação
Página de dor
Que faz lembrar
Volver as cinzas
De um amor

O amor que faz sofrer
Que envenena o coração
Para a gente esquecer
Padece tanto
E às vezes tudo em vão
Seja o teu amor o mais
profano delator
Bendigo porque vem do amor
Tendo o pranto amenidade
De aljofrar minha saudade
Glórias tem o pecador no amor

Movida pela grana, a imprensa se dedica a destruir Moro pelos erros que ele cometeu

O tamanho do estrago que Sergio Moro fez no Podemos | VEJA

A imprensa prepara o terreno para a cassação de Moro

Carlos Newton

Na vida, muitas coisas são tão certas e implacáveis quanto a morte. Uma delas é a convicção de que todos erram. Os pensadores da civilização greco-romana perceberam essa realidade e sempre lutaram contra ela. Repetiam que “errare humanum est, perseverare autem diabolicum”(errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico). Mesmo assim, sabiam que seus césares iriam errar.

Mais de dois mil anos depois, nada mudou e os líderes dos homens continuam a cometer erros, não se emendam. E essas falhas são sempre provocadas pelo desrespeito aos sete pecados capitais, que na verdade eram oito, quando foram sintetizados pelos grandes pensadores gregos, por volta de 500 anos antes de Cristo.

UM PECADO SUMIU – Na Grécia, também incluíam como pecado a tristeza (ou melancolia), como causa de erros humanos. Mas a lista foi mudando. Até que no século VI, o papa Gregório I escreveu sua própria relação  inveja, ira, avareza, gula, luxúria, tristeza e soberba. Note-se que a preguiça foi substituída pela inveja, e o orgulho elevou-se à categoria de pecado maior.

Seis séculos depois, o frade católico Tomás de Aquino fez uma revisão das listas anteriores e apresentou a relação definitiva dos sete pecados capitais: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e  preguiça, que incorporou a tristeza/melancolia.

Desde sempre, os erros humanos derivam dessa curiosa lista e cada um deve pagar por seus pecados. É justamente o que está acontecendo com Sergio Moro, massacrado incessantemente pela imprensa.

PECADOS DE MORO – O principal erro do juiz mais famoso do mundo foi impregnar seu trabalho com a amizade pessoal ao procurador Deltan Dallagnol. A atuação dos dois encantava o Brasil e o mundo, mas ambos se deixaram levar pela soberba ou vanglória, cuja etimologia já diz tudo — glória vã. 

Embriagado pelo sucesso, Dallagnol mergulhou no powerpoint para denunciar prematuramente o presidente Lula da Silva. Abriu-se assim a porteira da vanglória, foi um erro atrás do outro em seu comportamento pessoal, que passou a contaminar o trabalho jurídico.

Sem pesar as medidas, Dallagnol dedicava-se também a se comunicar indevidamente com Moro e outros operadores do direito, toldando de parcialidade um trabalho até então intocável.

CONVERSAS GRAVADAS – Os múltiplos inimigos eram poderosíssimos. Com a maior facilidade, contrataram hackers para criar provas contra a seriedade da Lava Jato. Embora nas gravações não haja um só trecho capaz de incriminar a seriedade de Moro, o conjunto da obra de Dallagnol foi destruidor.  

Em sua irresponsabilidade, o procurador deu munição aos inimigos da República, que contra-atacaram com todas as forças. Sabia-se que as gravações não podiam servir como provas, mesmo assim foram usadas abertamente pelo Supremo para anular as condenações de Lula e da tropa de elite da corrupção. E da lá para, uma derrota atrás da outra para a Lava Jato, até conseguirem cassar ilegalmente Dallagnol.

Agora, a imprensa exige também a derrocada de Moro, com reportagens e artigos diários sobre a possibilidade de cassação de seu mandato no Senado, que será mais uma ilegalidade do TSE. Porém, no meio de tantas outras, quem se importa?

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P.S. – Aqui na Tribuna da Internet, tenho sido muito criticado por defender Dallagnol e Moro. Não ligo a mínima, porque eles são incomparavelmente melhores do que as lideranças políticas tradicionais. Procurador e juiz cometeram erros terríveis, é claro. Mesmo assim, ainda são muito superiores a essa ralé que domina a política nacional.

Quem pretende estar sob o signo da liberdade tem obrigação de lutar o bom combate e perseguir a verdade, inclusive acumulando erros — mas não tantos quanto o Supremo tem cometido ultimamente, é claro. (C.N.)

Inflação recua 0,07% em julho, mas perdas anteriores ainda não foram compensadas nos salários

Charge do Jota. A (portalodia.com)

Pedro do Coutto

O IBGE revelou, na tarde de terça-feira, que os dados preliminares para o desempenho da inflação no mês de julho apontam para um recuo de apenas 0,07%, interrompendo a série de altas registradas a partir deste ano. O resultado decorre de uma redução nas tarifas elétricas, consequência do desempenho de Itaipu, cuja energia é transmitida por Furnas, e por uma estagnação no setor de alimentos e bebidas.

Poderia, ao meu ver, ser incluída a questão dos aluguéis já que o IGP-M recuou 7,7%. Mas não é essa apenas a questão. O alívio nos preços é extremamente positivo e um resultado que reflete em favor do governo Lula da Silva. Porém é preciso levar em conta as perdas anteriores que se acumularam no tempo e que não foram ainda repostas, sobretudo através dos salários, único instrumento real de redistribuição de renda. No O Globo, a reportagem é de Vítor da Costa. Na Folha de S. Paulo é de Leonardo Vieceli.

CUSTO DE VIDA – O problema da inflação, como sempre sustento, não deve ser medida somente por este ou aquele recuo no período de um mês. É indispensável levar com consideração pelo menos o período de 12 meses para que se possa comparar o que aconteceu com o custo de vida e o que ocorreu na escala dos salários. No caso da deflação de 0,07%, significa um recuo em relação ao mês de junho, mas no espaço relativo ao primeiro semestre as perdas ocorreram e não foram repostas nos valores do trabalho humano.

A escalada inflacionária por menor que sejacumulativa e não substitutiva. Somente se poderia dizer que a inflação recuou se os preços de julho fossem comparados com os de janeiro e não com os de junho, mês anterior. Essa distorção de cálculo se repete e se transforma num meio de ilusão quanto à verdadeira face do problema. Sem dúvida, o ritmo dos preços sofreu uma freada e talvez até pela dificuldade de o comércio manter o nível de vendas com os preços em ascensão constante.

RECUO – As perspectivas inflacionárias são favoráveis ao país e nos últimos 12 meses, segundo o IBGE, a inflação acumulada é de apenas 3,19%. Assim, torna-se inevitável o recuo de algum percentual da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. A reunião mensal está marcada para agosto e a perspectiva é um corte de somente 0,25%.

Na escala relativa à incidência da Selic sobre os títulos no mercado que lastreiam o endividamento de R$ 6 trilhões, um ponto equivale a um corte de despesa do governo de R$ 60 bilhões por ano. Portanto, 0,25% significam R$ 15 bilhões por ano. Muito pouco, mas sem dúvida melhor que nada.

DEPOIMENTO –  O ministro Alexandre de Moraes, sua esposa e seus três filhos, prestaram depoimento na tarde de terça-feira à Polícia Federal em São Paulo e, reportagem de Fábio Serapião e José Marques, Folha de S. Paulo, confirmaram as agressões sofridas no aeroporto de Roma por parte da família Mantovani.  A situação da família agressora é das piores, agravada agora pelo depoimento oficial de Alexandre de Moraes.

A justiça Italiana está demorando para liberar o filme do acontecimento. Não há explicação lógica, pois ela não julgará nada, apenas liberará imagens de um fato público.  A chegada do filme, que pode acontecer a qualquer momento, dará curso ao processo criminal.

REDE CRIMINOSA –  Reportagem de Vera Araújo e Rafael Soares, O Globo de ontem, destaca a rede envolvendo uma série de criminosos no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Está sendo cogitado pela investigação oferecer delação premiada também a Roni Lessa, autor da rajada de balas.

A Polícia Federal vai identificando as ligações entre os envolvidos não só na morte de Marielle e Anderson, mas também em diversos outros crimes. Um deles, o assassinato do policial reformado Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, apontado como intermediário entre os mandantes do crime e Roni Lessa. Macalé foi assassinado em novembro de 2021. Era um elo importante na rede sinistra. Um homem que sabia demais.

CAIXA FINANCEIRO –  Em entrevista a Manuel Ventura, O Globo desta quarta-feira, Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, sustenta que os governadores e prefeitos devem ter caixa financeiro no final do ano.

A ideia é evitar que pagamentos sejam adiados e, com isso, surjam complicações orçamentárias e empréstimos a bancos a juros altos. Trata-se de um ajuste na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Um estranho mundo imaginário, descortinado pelo poeta Emílio Moura ao cair da tarde

emílio mouraPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, professor e poeta mineiro Emílio Guimarães Moura (1902-1971), ao lado de Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava, fez parte da célebre geração que renovou a literatura na Belo Horizonte dos anos 20 e 30. Neste poema, Moura revela uma visão melancólica sobre seu “Mundo Imaginário”.

MUNDO IMAGINÁRIO
Emílio Moura

Sob o olhar desta tarde,
quantas horas revivem
e morrem
de uma nova agonia?

Velhas feridas se abrem,
de novo somos julgados,
o que era tudo some-se
e num mundo fechado
outras vigílias doem.

A noite se organiza e, no entanto,
ainda restam certas luzes ao longe.
Ah, como encher com elas
este ser já não-ser que se dissolve
e deixa vagos traços na tarde?

Assassinato de Marielle e Anderson: Investigações finalmente se aproximam dos mandantes

Alguma denúncia grave estava para ser feita pela vereadora

Pedro do Coutto

Com a delação premiada do ex-PM Élcio de Queiroz, as investigações para finalmente esclarecer o assassinato, ocorrido em 2018, da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, aproxima-se da identificação dos mandantes e do verdadeiro motivo de terem pago a um grupo de assassinos profissionais pela tarefa de eliminar a parlamentar que se tornou um símbolo na resistência ao crime e do combate aos criminosos, que, pelas condições de suas moradias, possuíam recursos financeiros muitas vezes além do normal para profissionais da Segurança. Na verdade, eles transformaram-se em profissionais da insegurança e da morte.

Sobre o crime que ocorreu há cinco anos, reportagens de O Globo, Folha de S.Paulo e o Estado de S.Paulo, edições de ontem, chamam atenção sobre a possibilidade de que o fato que poderia ter ocorrido não em 2018, mas em 2017. Portanto, aconteceu algo no início de 2017, ou um pouco antes, que enfureceu e ameaçou os criminosos e que poderia gerar implicações mais profundas até do que as contidas no universo trágico das milícias do Rio de Janeiro.

DENÚNCIA – Alguma vinculação estava para ser denunciada publicamente pela vereadora, verdadeiro motivo de seu assassinato. Não era apenas uma denúncia sobre as milícias. Essas já haviam sido devassadas pelo então deputado estadual Marcelo Freixo. Ele, inclusive, recebia proteção policial em tempo integral. Era, pelo que se pode deduzir, uma implicação ainda mais grave, capaz de colocar em risco os financiadores da empreitada macabra que se mobilizaram ao extremo para evitar que a voz de Marielle ecoasse algo até então profundamente mantido em segredo.

No O Globo, a reportagem é de Vera Araújo. Na Folha de S. Paulo, de Camila Zarur, Fábio Serapião, Ranier Bragon, Raquel Lopes e José Marques. No Estado de S. Paulo, de Pepita Ortega, Daniel Haidar, Levi Teles, Rayanderson Guerra e Rubens Anater. As matérias foram publicadas com grande destaque, manchetes principais das três publicações e também objeto de extensas reportagens na tarde e na noite de segunda-feira pela GloboNews e pela TV Globo.

A revelação dos mandantes, é claro, não será fácil. Inclusive porque na trilha dos assassinos, foi morto um dos participantes que funcionou como uma espécie de elo entre os maiores interessados no silêncio e os que perpetraram o crime hediondo.

PISTA – Tem que haver uma pista concreta que leve aos mandantes. O que teria ocorrido em 2017 que desencadeou o projeto do assassinato? Que comentário foi feito pela própria Marielle sobre o assunto que chegou ao seu conhecimento? Serão indícios capazes de aprofundar ainda mais a investigação por parte da Polícia Federal, já que no Estado do Rio de Janeiro as investigações não saíram do papel para os fatos.

Com a delação premiada, a opinião pública brasileira sentiu, como acentuou o ministro Flávio Dino, que o avanço reduziu a distância entre os financiadores e os carrascos da noite de 2018. Máscaras caíram, mas ainda não as dos verdadeiros interessados na morte da vereadora que ficou como símbolo da resistência ao crime na Cidade do Rio de Janeiro.

Pelo que as evidências indicam, surgem sombras sobre a vinculação entre grupos políticos e o crime organizado das milícias e outros grupos que ainda não vieram à tona. Pela impressão que se tem das afirmações de Flávio Dino é provável que a Polícia Federal já possua uma relação de suspeitos que não se encontram longe de suas identificações e revelações.

Lula vem pagando caro demais o apoio que a TV Globo lhe oferece graciosamente

Globo gasta R$ 8,3 bilhões para fazer TV, mas ganha dinheiro mesmo é com os juros - Flávio Chaves

Charge do Nico (Arquivo Google)

Carlos Newton

Oportuna reportagem de Mateus Vargas e Ranier Bragon, na Folha de S.Paulo, mostra que o grupo Globo retomou o protagonismo na publicidade do governo federal de Lula da Silva (PT) e domina as verbas de anúncios federais de 2023.

“Em pouco mais de seis meses do terceiro mandato do petista, veículos de mídia da Globo receberam ao menos R$ 54,4 milhões em propagandas da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República e de ministérios, enquanto a Record foi destino de R$ 13 milhões. Outros R$ 12 milhões foram desembolsados ao SBT”, afirma a matéria da Folha.

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Como se vê, o favorecimento que o governo Bolsonaro fazia, distribuindo a publicidade oficial sem obedecer a critérios de audiência, privilegiando Record e STB, agora o governo Lula repete às avessas, superfaturando a parte que a Globo deveria ter neste latifúndio midiático, como diria João Cabral de Melo Neto.

Nos quatro anos de Bolsonaro, a Record recebeu cerca de R$ 200 milhões por campanhas publicitárias realizadas pela Secom e ministérios. No mesmo período, as emissoras da Globo ganharam R$ 189 milhões, enquanto o SBT recebeu R$ 169,35 milhões. Os valores são nominais, ou seja, sem ajuste pela inflação.

Agora, a situação se inverteu, com a Globo recebendo quase cinco vezes mais do que as concorrentes, embora não exista esse diferencial na audiência, muito pelo contrário.

DIFERENÇA PEQUENA – Todos sabem que a Globo tem sido, ao longo das décadas, a emissora de TV brasileira de maior audiência. Mas a diferença para as outras emissoras é cada vez menor.

A reportagem de Mateus Vargas e Ranier Bragon mostra que na última quinta-feira (dia 20), por exemplo, a Globo marcou apenas 13,8 pontos, em média, na Grande São Paulo, de acordo com informações do site Notícias da TV, do UOL. A Record alcançou 5,7 pontos, o SBT 3,0 pontos e a Band, 2,1 pontos. Cada ponto equivale a 70.953 domicílios na Grande São Paulo.

Considerando-se a audiência residual das demais emissoras, como RedeTV!, Cultura, Gazeta e muitas outras, inclusive os canais religiosos, pode-se dizer que a Globo mal consegue metade da audiência, mas tem recebido muito mais verbas, desproporcionalmente.

APOIO POLÍTICO – É claro que esse superfaturamento da receita governamental é consequência do apoio político que o grupo Globo vem dando a Lula da Silva, antes mesmo da campanha eleitoral de 2022.

Realmente, trata-se de uma tendência que se constata diariamente no principal veículo do jornalismo da Globo, o Jornal Nacional, que trata os telespectadores como se fossem o Homer Simpson, no dizer do editor e apresentador William Bonner.

O entusiasmo com que o noticiário da emissora acompanha todos os passos do chefe do governo chega a ser comovente. Na linha editorial da Globo, o Brasil estaria hoje vivendo um momento histórico, beneficiado por uma gestão que jamais comete erros, gerida por um político que nada deve à Justiça, como fez questão de ressaltar o jornalista William Homer, digo, Bonner, ao declarar seu apreço ao ex-presidiário mais famoso do país.

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P.S.
1A respeito desse tipo de circunstância, o grande pensador alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) deixou a seguinte reflexão: “Todo homem tem seu preço, diz a frase. Não é verdade, mas para cada homem existe uma isca que ele não consegue deixar de morder”.

P.S. 2 – Por fim, é sempre bom lembrar que a aferição da audiência desde sempre é monopólio do Ibope. É muito estranho que ninguém jamais tenha tentado quebrar esse monopólio. Lembro de uma tarde em que a Record saiu do ar, por problemas técnicos, mas seu Ibope começou a subir, ao invés de descer. Silvio Santos se aborreceu e contestou o Ibope, que deu uma justificativa tipo Homer Simpson, alegando que era “a expectativa da volta”. Ou seja, os telespectadores continuaram ligados na Record para saber quando a emissora voltaria ao ar. (C.N.)

Piada do Ano! Lula alega que se entenderá com partidos “sem negociar com Centrão”

Lula em transmissão do 'Conversa com o Presidente' — Foto: Youtube/Reprodução

Lula inventa uma nova explicação para o que é inexplicável

Pedro Henrique Gomes e Pedro Alves Neto
g1 Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (25) que quer negociar com siglas do Centrão para aproximá-las e “dar tranquilidade ao governo”. Lula voltou a afirmar que não quer conversar com o Centrão enquanto organização, mas com os partidos de forma individual, e citou nominalmente PP, PSD, União Brasil e Republicanos. As declarações foram no “Conversa com o Presidente”, programa transmitido semanalmente na internet.

“Eu não quero conversar com o Centrão enquanto organização. Eu quero conversar com o PP. Eu quero conversar com o Republicanos, eu quero conversar com o PSD, eu quero conversar com o União Brasil. É assim que a gente conversa”, disse.

ARRUMAR UM LUGAR… – “E é normal que, se esses partidos quiserem apoiar a gente, eles queiram participar do governo, e você tentar arrumar um lugar para colocar para dar tranquilidade ao governo nas votações que nós precisamos para melhorar, aprimorar o funcionamento do Brasil. É exatamente isso que vai acontecer”, continuou.

Lula disse que ainda não iniciou as conversas para abrigar esses partidos no governo e voltou a afirmar que não são as siglas que pedem cargos, mas o governo que oferece um espaço a quem quiser contribuir.

“É direito das pessoas quererem fazer acontecer e falar o seguinte: ‘Ó, eu quero participar do governo’. Se quer participar do governo, você pode ter um ministério. Agora, não é o partido que quer vir para o governo que escolhe o ministério”, disse o presidente.

TUDO EU – “Quem escolhe o ministério é o presidente da República. Quem indica o ministério é o presidente da República. Quem oferece o ministério é o presidente da República. Eu acho plenamente possível. Nós vamos discutir isso nesses próximos dias, não estou preocupado, ainda não fiz nenhuma conversa com ninguém”, continuou.

O presidente também negou essa negociação seja aderir ao “toma lá, dá cá”. Segundo o presidente, acordos partidários para conceder maioria ao governo são comuns na maioria dos países democráticos, mas que no Brasil esse arranjo não é bem-visto.

“Em qualquer lugar no mundo se faz acordo. Mas aqui no Brasil tudo é ‘dando que se recebe’. Eu trato isso com mais clareza, com mais simpatia”, declarou Lula.

AS NEGOCIAÇÕES – Lula deve intensificar na próxima semana as negociações com partidos do Centrão para ampliar a base no Congresso, segundo a colunista do g1 Ana Flor.

Entre outras reuniões, Lula deve se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), parlamentar com grande influência entre partidos do bloco.

Neste início de semana, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que é o responsável pela articulação política do Executivo com o Congresso, já recebeu lideranças do PP e do Republicanos.

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CONFIRA OS CARGOS QUE LULA OFERECE

Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – atualmente, a pasta é comandada por Geraldo Alckmin (PSB) que acumula a função de ministro com a de vice-presidente.

Ministério de Portos e Aeroportos – o titular da pasta é Márcio França (PSB).

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – chefiado por Luciana Santos (PCdoB).

Ministério da Mulher – atualmente comandado por Cida Gonçalves (PT).

Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome – o atual ministro é Wellington Dias (PT). A pasta é reivindicada pelo PP.

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania – chefiado por Silvio Almeida (sem partido).

Ministério dos Esportes – comandado pela ex-atleta Ana Moser (sem partido). A pasta é alvo de pedido do Republicanos.

Caixa Econômica Federal – presidida por Rita Serrano. O banco público é reivindicado pelo PP.

Correios – presidido por Fabiano Silva dos Santos

Embratur – atualmente chefiada por Marcelo Freixo (PT)

Fundação Nacional de Saúde (Funasa) – tem como presidente interino o servidor Alexandre Motta. Órgão é cobiçado pelo Centrão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como Lula hoje em dia adota uma linguagem socialista refinada, é preciso haver tradução simultânea. Quando ele diz que não é o Centrão que está exigindo cargos, porque, ao contrário, é o presidente que os oferece, a gente deve ler “toma lá dá cá”, como se dizia antigamente, até porque a soma dos fatores não altera o produto do roubo. (C.N.)   

Presença de Nísia Trindade na Saúde é vital para o povo e para a ética no governo

Nísia Trindade é a esperança da humanização de um sistema essencial

Pedro do Coutto

Setores do Centrão, sempre em busca de espaço cada vez maior na administração, voltaram as suas lentes para o Ministério da Saúde muito mais em função das verbas da pasta, do que pela capacidade de atendimento à população através do SUS. Por isso, a permanência da médica Nísia Trindade à frente do ministério torna-se um fator fundamental no sentido tanto da eficiência do atendimento quanto em face de um comportamento ético que tem que marcar a sua presença no governo, sobretudo na Saúde, da qual dependem diariamente centenas de milhares de homens e mulheres que não contam com recursos para recorrer aos hospitais e clínicas particulares.

Reportagem de Karolini Bandeira, O Globo desta segunda-feira, focaliza o tema de altíssima sensibilidade, porque, além da vida, relaciona-se diretamente com o bem estar humano e suas condições de trabalhar e produzir. É inaceitável os que tentam substituir a essência humana da missão por interesses presentes nos fornecimentos de remédios e materiais indispensáveis ao socorro diário destinado aos que ficam expostos às doenças e acidentes. Há também a importância essencial das vacinações que bloqueiam que o índice de moléstias aumente para situações fora de controle.

VÍTIMAS – Cada desvio de recursos na área em que atua Nísia Trindade significa, na verdade, condenar à morte milhares de pessoas que são vítimas da insuficiência de condições dignas ao longo de suas vidas. Basta ver os rios poluídos de esgotos que margeiam os becos sombrios que separam casas nas favelas do Rio de Janeiro em imagens diariamente mostradas pelo jornal da manhã da TV Globo.

Políticos, quando reivindicam o Ministério da Saúde, na verdade, não desejam fazer evoluir o setor, mas aumentar a sua participação nas compras de remédios e equipamentos, sendo que em inúmeras situações a conivência faz com que o tempo criminosamente inviabilize a utilização de medicamentos. É incrível a emoção sempre gelada dos atores da corrupção que só visam lucros imorais e ilegítimos e que se encontram sempre distantes de qualquer compromisso com a vida humana e para a dignidade com que devem ser tratadas as camadas de menor renda da população.

São essas camadas que recorrem às redes públicas de Saúde enfrentando longas filas e o desespero de não terem certeza se serão atendidas. Em inúmeros casos, têm que enfrentar a dor física à espera de que apareça um profissional para retirá-la da situação opressiva e sufocante. É indispensável, mas também pouco possível, que uma expressiva parte de políticos considere a falta de atendimento dos postos de Saúde como uma calamidade que amplia o sofrimento.

BLINDAGEM  – Essa facção só está preocupada em participar dos efeitos de compras desvinculadas do interesse público, mas vinculadas ao enriquecimento dos ladrões, verdadeiros vampiros de vidas humanas. O presidente Lula da Silva age bem em blindar Nísia Trindade. Ela é a esperança da humanização de um sistema essencial para os que sofrem e não têm certeza de que poderão ser socorridos.

É possível que Nísia Trindade não possua habilidades para lidar com reivindicações e propostas sinuosas que se repetem em sua área. Mas isso ela aprenderá em mais alguns poucos meses. Vale a pena esperar. A sociedade brasileira agradece.

CHATGPT – Reportagem de Bruno Romani, o Estado de S. Paulo de domingo, destaca reações surgidas na área da Inteligência Artificial que se voltam contra a forma usada pelo ChatGPT para acumular dados de outras plataformas em sua própria base, que colocou em prática um degrau à frente da comunicação entre os seres humanos e as máquinas que não têm nervos ou emoções.

A matéria vale a pena ser lida e analisada em suas diversas dimensões. Uma delas é levantada pelo professor Luca Delli, coordenador do Centro de Tecnologia da Fundação Getúlio Vargas. Ele questiona sobre o uso de dados por grandes modelos  da Inteligência Artificial.

Delli alega que a plataforma invadiu o seu arquivo pessoal sem autorização para isso. Creio que o tema conduza a um outro, este sim, muito mais grave: o de atribuir a alguém opiniões que não emitiu sobre diversos assuntos controversos, por exemplo. Esta hipótese, de fato, é um perigo. Fica no ar aguardando uma resposta.