Bolsonaro foi traído e o golpe falhou por culpa de Braga Netto e Paulo Sérgio

Bolsonaro sanciona Previdência de militares sem idade mínima e com privilégios à cúpula das FFAA | ADUSB

Jair Bolsonaro pensava (?) que era comandante-em-chefe

Carlos Newton

Já explicamos aqui na Tribuna da Internet que o então presidente Jair Bolsonaro foi traído pelas costas e também pela frente e pelos sete lados, como se diz no jogo-do-bicho; De início, Bolsonaro até tinha a ilusão de que era o comandante-em-chefe das Forças Armadas, achava que os militares o seguiriam em qualquer situação, sua liderança não sofria nem sofreria a menor contestação.

Caso perdesse a eleição para Lula, o então presidente sabia que a decisão fundamental seria do Alto Comando do Exército. Com o apoio dos 16 oficiais-gerais da cúpula do Forte Apache, o céu não teria limites, 

ENGANOS FATAIS – Bolsonaro achava que seria cegamente obedecido pelo general Braga Netto, que, por sua vez, confiava no ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Juntos, em março de 2022 eles escolheram Freire Gomes para ser o comandante do Exército e cúmplice do golpe.

Como o general Freire Gomes era totalmente contra Lula da Silva, a dupla Braga Netto e Paulo Sérgio apressadamente concluiu que ele estaria propenso a apoiar qualquer golpe para impedir a posse do petista. Esse foi o maior erro que cometeram.

Ao invés de usar o companheirismo antigo de que desfrutavam e perguntar logo a Freire Gomes se ele apoiaria o golpe, eles foram postergando, com medo dele querer ser o líder da conspiração.

DEPENDIA DA FRAUDE – Desde a campanha eleitoral, o assunto já tinha sido tocado várias vezes em reuniões com os comandantes militares, e o golpe seria mera consequência do fato de que as urnas estariam fraudadas. Para o general Freire Gomes e o restante das Forças Armadas, que mal toleram Lula, estava tudo OK, como dizem os militares. Se houvesse fraude, eles dariam um cartão vermelho a Lula, e estamos conversados.

Acontece que não se provou fraude alguma. Mesmo assim, a dupla Braga Netto e Paulo Sérgio, com a aprovação de Bolsonaro, deu seguimento ao golpe, com os acampamentos diante dos quartéis, até chegar aquela reunião do 7 de dezembro no Alvorada, com os comandantes militares, quando se tocou novamente no assunto da minuta.

Preocupado, Freire Gomes consultou o Alto Comando, que deu sinal vermelho ao golpe. Apesar disso, no dia 12 de dezembro, quando Lula foi diplomado presidente, houve o levante dos “kids pretos”, que tentaram invadir a Superintendência da Polícia Federal em Brasília, atacaram uma empresa e postos de gasolina, incendiaram automóveis e ônibus, e ninguém foi preso.

AMEAÇA DE PRISÃO – Na segunda reunião no Alvorada é que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro, caso insistisse com o golpe. Encagaçado, como se diz no Nordeste, o presidente deixou de ir ao Planalto, entregou o poder nas mãos de Braga Netto e Paulo Sérgio, depois viajou para os Estados Unidos, com medo de ser preso.

Assim, pouco a pouco a cronologia dos fatos vai retirando Bolsonaro da liderança do golpe e colocando Braga Netto à frente da insurreição.

No levante do 8 de Janeiro, novamente os “kid pretos” à frente, incentivando o vandalismo, na esperança de que Lula assinasse o decreto do Estado de Defesa ou Garantia da Lei e da Ordem, mas nada aconteceu neste sentido. O golpe desinflou como um balão furado.

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P.S. –
Agora, os depoimentos dos quatro militares (Mauro Cid, Estevam Theóphilo, Freire Gomes e Baptista Junior) incriminam Bolsonaro diretamente, deixando Braga Netto em segundo plano, numa estranha maneira de escrever a História segundo a versão que certas pessoas querem ouvir. Mas a História verdadeira é bem diferente. Depois, voltamos ao assunto. (C.N.)

Depoimento de ex-comandante explode versão de Bolsonaro e complica a sua defesa

Depoimento de Gomes é tão grave quanto o de Mauro Cid

Pedro do Coutto

A situação de Jair Bolsonaro se complicou com o depoimento do general Freire Gomes, inclusive porque apesar de não haver indícios de fraudes nas eleições de 2022, o ex-presidente persistiu na tentativa de golpe. O problema agora é como o governo irá lidar com as próximas ocorrências diante das constatações reveladas no inquérito conduzido pela Polícia Federal.

Esse problema se revela como sendo fundamental porque militares resistiram e negaram qualquer apoio à tentativa golpista. O general Freire Gomes foi o primeiro do Alto Comando a negar qualquer procedimento contra a legitimidade das eleições. O militar revelou também que Bolsonaro estava de posse de uma minuta com conteúdo golpistas.

TRAMA – Após os esclarecimentos contundentes e depoimentos divulgados, o que poderá acontecer? O relator do caso no Supremo é o ministro Alexandre de Moraes, o que revela uma tendência clara de levar à condenação do ex-presidente da República e dos demais implicados na articulação do 8 de janeiro, sem dúvida alguma tramada claramente por Bolsonaro.

O tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, em depoimento à PF afirmou que também contestou os ataques às urnas pelo ex-presidente. Nos próximos dias, o desenrolar dos fatos será encaminhado para uma etapa crítica, com episódios tão previsíveis quanto difíceis de serem avaliados. Como será o julgamento de Bolsonaro e de alguns comandantes é a pergunta que a lógica dos fatos conduz.

NEGATIVA –  O fato essencial é que só não houve golpe de Estado em face da negativa do comando militar. Tem que ser considerado também a posição do ex-ministro Anderson Torres que tinha em seu poder uma minuta do decreto golpista.

Torres quando se encontrou com Bolsonaro nos Estados Unidos foi também o homem que, nomeado secretário de Segurança de Brasília, transformou-se num agente importante na articulação que não deu certo. O problema agora, conforme dito, é verificar o que poderá vir nos próximos dias. O golpismo transformou-se em algo absolutamente absurdo e assim deverá ser julgado.

Um poema de Machado de Assis à sua amada Carolina, pouco antes de perdê-la

MACHADO DE ASSIS se DESPEDE de sua ESPOSA - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. O poeta escreveu “A Carolina”, este belíssimo soneto sobre o amor à sua mulher.

A CAROLINA
Machado de Assis

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Depoimentos de militares incriminam Bolsonaro, e não há mais como escapar

O que Bolsonaro quer ao escolher Braga Netto como vice

Braga Netto era o chefão, mas é Bolsonaro que levará a culpa

Carlos Newton

São quatro depoimentos de militares, com informações que se amoldam, montando uma trama sólida que incrimina Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de estado. Primeiro, foi o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente; em seguida, o general de quatro estrelas Estevam Theóphilo; depois, o ex-comandante do Exército, Freire Gomes; e, por fim, o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior.

Mauro Cid e Estevam Theóphilo depuseram como investigados no chamado inquérito do fim do mundo, aquele que pretende prender todo mundo e não acaba nunca. Mas os ex-comandantes Freire Gomes e Baptista Junior participaram apenas como testemunhas, e há uma diferença quilométrica entre as duas situações.

NEGAR O ÓBVIO – Como dizem no jargão policial, agora é “batom na cueca”, as provas se avolumam e não adianta negar o óbvio. Em tradução simultânea, ficou absolutamente claro que houve um plano detalhado para anular a eleição de 2022 e deixar o petista Lula da Silva fora do poder.

As peças estão se encaixando à perfeição. Mostram que houve duas falhas definitivas na última mudança dos comandantes da Forças Armadas no governo Bolsonaro, executada a 31 de março de 2022, em pleno aniversário da revolução de 1964.

O verdadeiro comandante do golpe – já falamos isso 500 vezes aqui na Tribuna – era Braga Netto e não Bolsonaro. Com tod certeza, quem errou na avaliação de Freire Gomes foram Braga Neto e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Na ocasião, eles escolheram entre os oficiais de quatro estrelas aqueles que mais demonstravam aversão a Lula.

AVALIAÇÃO ERRADA – Acertaram na mosca ao indicar o almirante Almir Garnier para a Marinha, mas deram um tiro no pé ao escolher o general Freire Gomes para comandar o Exército e o brigadeiro Baptista Filho para a Aeronáutica.

O mais importante, por óbvio, era ter à frente do Exército um general tremendamente antipetista, e Freire Gomes foi mal avaliado. Por mais que demonstrasse desprezo a Lula, o general Freire Gomes era um oficial exemplar e legalista. Somente participaria de um golpe (contra Lula ou qualquer outro presidente) se houvesse eleições manipuladas ou crime semelhante contra as instituições democráticas.

Assim, a deposição de Lula somente não ocorreu devido à nomeação de Freire Gomes. Embora fosse legalista, o brigadeiro Baptista Junior não teria como evitar o golpe sozinho e talvez fosse até levado a aderir, caso sofresse pressão do Alto Comando da Aeronáutica.

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P.S. 1 –
Além de ter errado na avaliação do general Freire Gomes, a dupla Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira cometeu outro grande erro, que foi fatal para impedir o golpe. Mas não vamos falar disso agora. Depois eu conto, como dizia meu grande amigo Maneco Müller, o “Jacinto de Thormes”. 

P.S. 2 – Nos depoimentos dos militares, poucas contradições. A mais importante é sobre as idas do general Estevam Theóphilo ao Alvorada. Ele foi duas vezes com o general Freire Gomes e uma vez sozinho, diz ele com autorização do então comandante  Freire Gomes, que não confirma essa versão. Mas como diz Roberto Carlos, isso são apenas detalhes. (C.N.)

​Amigos a admiradores se unem para comemorar os 92 anos de Bernardo Cabral

Discurso do Senador Bernardo Cabral durante o Lançamento da Revista Bicentenário da Independência do Brasil organizado pelo IAB e OAB – FCCE

Cabral permanece como um exemplo de homem público

Vicente Limongi Netto

Todos são unânimes ao destacar a impressionante carreira de Bernardo Cabral, como jurista, ex-deputado, ex-senador, ex-ministro da Justiça, ex-presidente da OAB, especialmente como relator da Constituinte, que recebia tanta pressão de todos lados, que teve de trabalhar refugiado na Gráfica do Senado, só aparecendo no Congresso para as principais reuniões e votações.

O general Agenor Homem de Carvalho, um dos melhores amigos de Bernardo Cabral, lembra que o general Leônidas Pires Gonçalves, ex-ministro do Exército no governo Sarney, costumava afirmar que as Forças Armada tinham uma dívida de gratidão a Bernardo Cabral pelo seu extraordinário trabalho como relator da Constituição.

“Apesar de cassado pelo Governo Militar e pressionado constantemente por incontáveis colegas no Congresso, jamais permitiu que houvesse vingança contra com os militares no novo texto constitucional”, diz Homem de Carvalho.

AMIGO DE VERDADE – “Minhas relações de amizade com Bernardo Cabral são muito próximas, não somente porque somos do mesmo estado e da mesma cidade, Manaus, como também morávamos na mesma rua. Então, brincamos dizendo que já são mais de 100 anos de relações de amizade. Ele sempre se destacou como aluno na Faculdade de Direito, e eu entrei depois dele, bem depois”, revela José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), acrescentando:

“Foi orador da sua turma, fez concurso para juiz. Passou, depois desistiu, quando percebeu que a vocação era a política e tornou-se jornalista. Enfim, tudo que ele exerceu na vida sempre foi um sucesso. E, por último, culminou em ser relator da Constituição Cidadã de 1988”, afirma Tadros.

Já o ministro Marco Aurélio Mello, ex-presidente do Supremo assinala que “é sempre oportuno homenagear homens públicos com folha de serviços prestados. Bernardo Cabral honrou os cargos ocupados, contribuindo para a vinda de dias melhores. Elegância ímpar, cultivador de predicado em desuso, a solidariedade. Admiradores festejam sua trajetória, e eu parabenizo meu bom amigo.”

CARREIRA BRILHANTE – Ao celebrarmos os 92 anos de vida de Bernardo Cabral, é com imenso respeito e admiração que prestamos homenagem à sua carreira brilhante como homem público. Sua dedicação incansável ao serviço do país em diversos cargos é um testemunho vivo de sua honestidade, competência e compromisso com os princípios da justiça e da democracia. Sua carreira, marcada por uma atuação exemplar, inspira gerações a seguir um caminho de integridade e amor à Pátria”, diz Valmir Campelo, ex-deputado, ex-senador e ministro aposentado do Tribunal de Contas da União.  

“Bernardo Cabral é um patrimônio nacional pela brilhante trajetória de homem público, jurista e orador de referência. E com a grandeza de um compromisso com o Amazonas que tanto lhe deve. Uma felicidade o termo lúcido e ativo, ainda trabalhando, apesar da idade”, acentua o jornalista e executivo Aristóteles Drummond.

Iniciativas de governo devem ser direcionadas aos interesse público

Governo deve potencializar projetos e alavancar aprovação de Lula

Pedro do Coutto

O governo está pronto a receber propostas de planos de comunicação pelas empresas especializadas no setor, mas o projeto de comunicação capaz de deter a queda da popularidade do presidente Lula da Silva dependerá do conteúdo de suas ações. As empresas de comunicação são notoriamente eficientes, incluindo o acesso às redes sociais da internet. Mas é preciso que se divulguem iniciativas de governo que possam ir ao encontro da opinião pública cumprindo assim compromissos assumidos na campanha eleitoral.

O cenário nacional está conturbando, a começar da divergência entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal quanto à questão do porte de drogas. Onde fica a população no meio de tais dúvidas?

PREOCUPAÇÃO – A questão da Petrobras também continua sendo um ponto de preocupação do governo e está marcado um novo encontro do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates com o presidente Lula.

A questão é a participação da Petrobras num programa mais amplo de energia limpa e no combate aos problemas sociais do país. A Petrobras também tem compromisso com os seus acionistas, um deles, inclusive, o próprio governo. Os temas são vários e complexos como pode ser visto.

FAKE NEWS – O inquérito das fake news no STF completou ontem cinco anos. Em 2020, com apenas um voto contrário, o Supremo  validou o inquérito ao apreciar uma ação que questionava sua legalidade. Relator do inquérito, o ministro Alexandre de Moraes virou alvo preferencial de bolsonaristas e acumulou poder a partir da concentração de relatoria de uma série de apurações, com decisões vistas como duras e, por muitas vezes, controversas.

O tempo decorrido de investigação é bastante longo. De fato, vivemos uma situação extraordinária. O Supremo reagiu à altura e não o fez contra a lei, mas a partir de uma margem legal que lhe foi conferida pelo regimento. Um inquérito durar cinco anos não é o mais adequado, mas não há ilegalidade por si só.

COMBATE – As fake news, potencializadas pela inteligência artificial, precisam ser combatidas com rigor. Relatos crescentes de pais que perderam filhos para a desinformação, levando crianças e adolescentes a tirarem a própria vida, destacam a urgência da situação. A monstruosidade do mundo virtual das mentiras não conhece limites.

Nesta semana, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco disse que as fake news propagadas nas redes sociais são “algo insustentável” e pediu a responsabilização das plataformas. “De fato, está ficando insustentável a quantidade de mentiras na internet. E, realmente, está uma coisa fora do comum, exagerado, sem limite. E eu acho que cabe às plataformas ter um pouco de responsabilidade em relação a isso, independente da lei até, acho que seria uma questão ética mesmo”, disse Pacheco em sessão no Plenário do Senado.

O próprio Pacheco foi alvo de fake news: “Disseram que eu sou a favor de poligamia, de mudança de sexo de criança e um monte de outras coisas mais. Então, isso, evidentemente, uma mentira completamente sem eira nem beira, que vira uma verdade para um monte de pessoas”, afirmou.

PERÍODO ELEITORAL – Segundo o presidente do Senado, as informações falsas atribuídas a ele podem ser corrigidas, mas a situação se complica durante o período eleitoral. “Isso em um período eleitoral, em que o período é curto para conhecer as propostas de alguém, manipular as informações com mentira e com desinformação, com a busca de deturpar a realidade e ferir a reputação das pessoas, é algo realmente insustentável. Nós não podemos mais conviver com isso.”

O congressista citou o PL 2.630/2020, chamado de “PL das fake news”, que foi aprovado pelo Senado e aguarda análise da Câmara dos Deputados. “O Senado Federal já aprovou um projeto de lei de combate a fake news para colocar limites a essas plataformas digitais. Está na Câmara dos Deputados. Espero que a Câmara discipline essa questão”, afirmou.

Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) esteja comprometido com o combate à desinformação, cabe aos deputados e senadores chegarem a um consenso sobre as regras que se tornarão lei. Os líderes de todos os partidos devem ser convocados para o debate, respeitando os princípios democráticos.

Desemprego e cansaço do trabalhador que sonhou tirar diploma na cidade

Músicas, vídeos, estatísticas e fotos de Zé Geraldo | Last.fm

Zé Geraldo, grande compositor mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor mineiro José Geraldo Juste, na letra de “Catadô de Bromélias” confessa porque está cansado de viver na cidade, onde a chegada do desemprego deixou-lhe como solução regressar para onde veio em busca de dias melhores em todos os sentidos. A música faz parte do CD Catadô de Bromélias, gravado por Zé Geraldo na Sol do Meio Dia, em 2008.

CATADÔ DE BROMÉLIAS
Zé Geraldo

Cansei da vida na cidade
Meu diploma
Minha faculdade perderam o valor
Desemprego chegou
Vou voltar pro lugar
Donde nunca eu devia ter saído
Volto hoje um ilustre desconhecido
Vou bater de porta em porta
Procurar emprego
Na porteira da fazenda eu vou me apresentar

Meu nome é José
Sou carpinteiro
Assim como José
O primeiro

Eu faço alguns biscates
Sei limpar lavoura sei catar café
Eu ando a pé quantas léguas for
Pra buscar qualquer coisa pro senhor
Domingo de sol
Levanto bem cedim
Não vou ficar que nem na cidade
Quando eu passava o dinterimbebim
Vou entrar no mato
Vou catar bromélias
Pra enfeitar o seu jardim

De noite eu vou pro terreiro
Tem mulher bonita
Tem violeiro
Quem sabe eu encontro um coração aberto
Que ainda queira ter por perto
Um catadô de bromélias
Um simples sonhador
De paixão e alegria
Vou fazer festa pra ela até romper o dia

Meu nome é José
Sou carpinteiro
Assim como José
O primeiro

Liberdade total na internet é uma utopia infantil, que nada tem de democrática

Tribuna da Internet | DESDE ONTEM, ESTAMOS TENDO PROBLEMAS COM O BLOG.

Charge do Jota (Arquivo Google)

Carlos Newton

Há quem diga que o impressionante avanço da comunicação via internet tornou-se uma ameaça à democracia e precisa ser regulamentado, e realmente existem sólidos argumentos que sustentam essa teoria. Mas pode-se defender também tese oposta, de que abolir a liberdade nas redes sociais significaria abolir a democracia, em sua versão mais liberal.

Com a máxima vênia e respeitando os que defendem uma ou outra teoria, é preciso lembrar que o sistema é novíssimo, mas a comunicação não mudou nada desde os arautos dos reis –simplificando, continua a ser apenas alguém fornecendo informações a outras pessoas.

AMPLIFICAÇÃO – Por mais ridículo que pareça, a comunicação permanece como uma atividade simples. A única mudança é que os arautos agora usam amplificadores que podem levar as informações simultaneamente a muito mais pessoas, através da redes sociais e dos celulares, que funcionam como computadores portatéis, transmissores e receptores.

Não adianta inventar regras, como o ministro Alexandre de Moraes resolveu fazer, ao baixar uma norma no Tribunal Superior Eleitoral que simplesmente desrespeita o Marco Civil da Internet, uma lei aprovada pelo Congresso e sancionada pela Presidência da República, no governo Dilma.  

Na sua sanha autoritária, Moraes estabelece que as plataformas de internet serão solidariamente responsáveis “civil e administrativamente quando não promoverem a indisponibilização imediata de conteúdos e contas, durante o período eleitoral”.

CONFUNDIU TUDO – O ministro lista uma série enorme de malfeitos a serem excluídos da web, como se as plataformas fosse serviçais da Justiça, pois na verdade não são e somente podem atuar cumprindo decisões judiciais.

Como se dizia antigamente, Moraes confunde a banda de Paraibuna com a bunda da paraibana, porque a internet é apenas um veículo de comunicação que deve ser tratado como qualquer outro.

Já existem todas as leis necessárias – crimes contra a honra, calúnia, injúria, difamação, danos morais e materiais, direito de imagem, invasão de privacidade, indenizações por lucros cessantes e futuros etc. Portanto, não é necessário inventar nenhuma lei, e Moraes age como um jurista descompensado.

SÓ FALTA PUNIR –  Agora mesmo, Regina Duarte e Michelle Bolsonaro estão sendo condenadas a pagar indenização de R$ 30 mil cada uma, pelo uso equivocado de uma foto de Leila Diniz e outras atrizes na passeata dos 100 mil.

Mas a punição é rara. Uma corretora de bitcoins está atraindo clientes com falsas entrevistas de Luciano Huck, Jorge Paulo  Lemann e Luciano Hang, algo inacreditável, e ninguém toma providência, o Ministério Público permanece inerte, o Banco Central se omite, a Defesa do Consumidor não se mexe, a impunidade reina.

É contra a impunidade que todos têm de lutar neste país, e não é necessário que nenhum ministro do Supremo se julgue no direito de inventar leis que o Congresso não julgou importante criar. O resto é folclore, como diz Sebastião Nery.

Governo federal decide fazer ‘rodízio’ para ‘oxigenar’ conselhos de estatais

Costa afirmou que governo fará mudanças nos conselhos de estatais

Pedro do Coutto

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta terça-feira, que o governo fará mudanças nos conselhos de outras estatais, além da Petrobras. Segundo o ministro, a medida visa “oxigenar” os conselhos de administração das empresas. Costa não informou quais estatais terão mudanças.

O presidente da República, Lula da Silva, quer agora estabelecer um sistema de rodízio dos conselhos das empresas estatais. Na verdade, a modificação tem como objetivo a Petrobras, cujos problemas recentes quanto à distribuição dos dividendos incomodou o Palácio do Planalto ao ponto de levar ao Ministério da Fazenda ter um assento no Conselho da empresa.

ARTICULAÇÃO – De um modo geral, entretanto, o episódio e o projeto agora de rodízio demonstram uma falta de articulação do governo, em alguns momentos com o Congresso, e em outros com as empresas estatais que ganharam a autonomia, o que causou uma contrariedade no governo.

Não se pode entender direito o que está se passando, pois fica nítida uma divergência de projetos que estão tumultuando a pauta administrativa do Executivo, sobretudo num momento em que a aprovação do atual governo no primeiro ano de funcionamento apresenta recuos enquanto a desaprovação cresceu. As pesquisas do Ipea e do Datafolha revelam no fundo um esgarçamento da malha administrativa que deveria apresentar uma sintonia maior com o Planalto.

NA PAUTA  – Na esfera do Supremo Tribunal Federal, ums dos temas na esfera de discussão  está a separação de quantidades pequenas de maconha e o transporte de doses maiores que si representam o comércio ilegal. O consumo é uma coisa, o tráfico é outra. Mas não pode haver consumo sem tráfico uma vez que a maconha não é comercializada direta e abertamente.

Mas se compreende que a legislação separe esses dois aspectos, sobretudo para não ampliar  a margem de pessoas presas cuja detenção levará milhares de indivíduos a ingressarem no sistema penitenciário, o que terminaria ocasionando uma infeliz escala de aumento da criminalidade. São opções que têm que ser feitas pelo governo, pois o tempo tem demonstrado a ineficácia da repressão ao porte de quantidades pequenas e sua diferença de uma posse maior do produto.

A Comissão de Segurança e Justiça do Senado decidiu ontem sobre o projeto que praticamente colide com a decisão da Corte Suprema, cuja tendência é evidente no sentido de separar o transporte da droga para uso pessoal e o transporte de quantidades maiores para a comercialização ilegal e que não interessa à socidade e nem ao proprio governo. São temas, todos eles, marcados por controvérsias. Mas essas têm que ser eliminadas, pois as proposições no Senado e no STF têm rumos diversos.

“E para sempre a amante solidão nos chama e abraça”, diz Lya Luft 

Grupo Livrarias Curitiba - Deixo aqui uma singela homenagem para essa  grande escritora nacional que vai fazer muita falta 💔 Lya Luft escreveu e  publicou vários romances, coletâneas de poemas, crônicas, ensaiosPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, escritora, tradutora e poeta gaúcha Lya Fett Luft, no poema “Canção Pensativa”, sente passar por um momento de solidão, mas sabe que tem de voltar à realidade e buscar um novo amor.

CANÇÃO PENSATIVA
Lya Luft

Um toque da solidão, e um dedo
severo me traz à realidade: não depender
dos meus amores, não me enfeitar
demais com sua graça, mas ver
que cada um de nós é um coração sozinho.

Cada um de nós perenemente
é um espelho a se mirar, sabendo
que mesmo se nesse leito frio e branco
um outro amor quer derramar-se em nós,
entre gélido cristal e alma ardente
levanta-se paredes para sempre.

(E para sempre
a amante solidão nos chama e abraça.) 

Não vazou nada do depoimento de Mauro Cid, mas a imprensa fica “inventando”

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Carlos Newton

Portais, sites e blogues tentam “adiantar” informações sobre o novo depoimento do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Fazem especulações rasteiras, dizendo que ele “reforçou” a existência de articulações para minar o resultado das eleições e tentar manter no poder Jair Bolsonaro, mesmo após ele ser derrotado no pleito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como se fossem novidades, dizem coisas que já são conhecidas, como o fato de Cid não ter participado de uma reunião de teor golpista realizada por Bolsonaro com ministros de Estado de seu governo em julho de 2022.

OUTRAS “NOVIDADES” – Desta vez, apresentam como grande novidade o fato de Mauro Cid ter agido como agente duplo, informando o comandante Freire Gomes sobre os rumos da trama. Mas isso é informação antiga. Em 16 de fevereiro a Tribuna já informava: “Mauro Cid atuava como agente duplo e informava o Exército sobre Bolsonaro”.

No dia seguinte, revelamos:  “Além de atuar como agente duplo, Mauro Cid continua omitindo informações”. E três dias depois, a 20 de fevereiro, arrematamos: “Cid se ofereceu para ser agente duplo ou foi cooptado pelo comando do Exército?”. E agora essa notícia é apresentada como “nova”…

Citam também que ele não presenciou ao encontro com os então comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica,  quando teria sido discutida a minuta golpista, que invalidaria o resultado das eleições e prenderia autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

CONVERSA FIADA – Afirmam, ainda, que Mauro Cid “confirmou” as declarações anteriores, nas quais destacou ter sido informado de que Bolsonaro pressionou comandantes para embarcarem na tentativa de golpe e detalhou a operacionalização do esquema.

Mas é tudo conversa fiada. À semelhança do que ocorreu com o importantíssimo depoimento do general Freire Gomes, que evitou o golpe ao transmitir a Bolsonaro a rejeição do Alto Comando, não houve vazamento e ninguém sabe o que Mauro Cid afirmou.

A única novidade é a possibilidade de o coronel Marcelo Câmara, que assessorava Bolsonaro, fazer delação premiada. Até o tal “monitoramento” do ministro Moraes é uma cascata…

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P.S.A imprensa e seus sucedâneos deveriam ter mais pudor nesse tipo de especulação infantil, que se refere a assuntos de máxima relevância e confiabilidade. É uma vergonha que isso aconteça e contamine todos os espaços, afetando até jornalistas de renome, porque ninguém quer ficar para trás… Mas isso não é jornalismo. Seria apenas um lado deprimente do jornalismo. (C.N.)

Decisão do governo deixou nítida uma restrição a Jean Paul Prates

Lula reuniu integrantes do Executivo e da Petrobras por mais de três horas

Pedro do Coutto

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou, após reunião com o presidente Lula da Silva e com ministros na última segunda-feira, que continuará no cargo e que uma possível troca não foi tratada no encontro. É evidente que o presidente Lula da Silva interveio na Petrobras na questão da distribuição de dividendos. Se não fosse para intervir na empresa, não faria sentido a inclusão de um representante do Ministério da Fazenda no Conselho da empresa.

De outro lado, destacam-se as declarações de Lula criticando o que considerou “choradeira de investidores”. É evidente o atrito entre Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, com o ministro Alexandre Silveira. Para acrescentar, Lula anunciou a sua pressa em colocar representantes do Ministério da Fazenda, indicado portanto por Haddad, no Conselho da Estatal.

RESTRIÇÃO – A decisão do governo deixou nítida uma restrição a Jean Paul Prates na questão, embora o governo tenha acentuado que Prates permanece na presidência da Petrobras. Só o anúncio de que Prates permanecia serve para reforçar a análise sobre a sua decisão modificada pelo governo com base no controle acionário da Petrobras.

O episódio desta semana inclui-se assim em vários outros que o antecederam. O Planalto apresentou como justificativa a necessidade de que a empresa precisa de mais recursos para existir e também a necessidade de aplicação de uma parcela do lucro para setores que possuem vinculação direta com o desenvolvimento social e com a melhoria das condições de vida da população.

Entretanto, esse é apenas um aspecto, pois existem vários outros embutidos na atividade de exploração do petróleo que inclusive levou o nosso país à condição de exportador. O problema do petróleo para nós brasileiros desloca-se para o setor de refino, já que enquanto somos exportadores de óleo bruto, o que leva à participação de uma receita alinhada com os níveis de preço, somos importadores de óleo diesel, de gasolina e produtos refinados.

“Agora, se vocês me dão licença, eu vou ver um passarinho que me chama no quintal”

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Queiroz, no traço de Valtério Sales

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, publicitário, cantor e compositor baiano Walter Pinheiro de Queiroz Júnior usa várias figuras de linguagem, tornando mais bonito o conteúdo poético da letra de “Pode Entrar”, na qual ele fala da sua casa.

Walter Queiroz gravou a música “Pode Entrar” no LP “Filho do Povo”, em 1975, pela Phonogram.

PODE ENTRAR
Walter Queiroz

A casa escancarada a lua alí
Meu cachorro nunca morde
Meu quintal tem sapotí
tem um roseiral crescendo lindo
Quem for louco ou for poeta
Pode entrar e seja bem vindo

Aqui passa o bonde da Lapinha
Passa a filha da rainha
Passa um disco voador
As vezes ele gira, para e pisca
Como quem quase se arrisca
A parar pra conversar

Mas não me sinto só
Tenho um vizinho
Que é um bêbado velhinho
Que acredita no destino
Ele mora em cima do arvoredo
Ele tem muitos brinquedos
Ele sempre foi menino

Agora se vocês me dão licença
Eu vou ver um passarinho
Que me chama no quintal
Depois vou me deitar para sonhar
E dançar com a cigana
Que eu perdi no carnaval

“Facções dominam a democracia e até a religião”, alerta Gilmar sobre o crime

Gilmar Mendes sobre crime organizado: "Facções invadindo os espaços da democracia e da religião."

Enigmático, Mendes está denunciando a derrocada do país

Carlos Newton

O Estadão saiu de seus cuidados para informar à nação que o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, fez um alerta nesta terça-feira, dia 12, sobre os riscos do avanço e da “sofisticação” do crime organizado no País.

Ele postou em suas redes que “um país assume a condição de ‘Narcoestado’ quando o poder do tráfico tem domínio de suas instituições sociais e políticas”. E, em sua experiente opinião, essa realidade já está acontecendo.

SEM REPERCUSSÃO – Gilmar fez referência à uma entrevista que concedeu à GloboNews, que não teve a repercussão que ele esperava. “Mostrei que os sinais estão aí: facções invadindo os espaços da democracia e da religião, ambos sagrados para o Estado Democrático de Direito.”

Na avaliação do ministro, “somente políticas públicas de segurança pensadas e executadas de modo coordenado poderão fazer frente ao grau de sofisticação demonstrado pelo crime organizado”.

Ele sugere adoção de “políticas que se concentrem, por exemplo, na criação de instrumentos de combate ao imenso poder financeiro das facções criminosas”.

PODER PÚBLICO – O ministro do STF enfatizou que “o poder público tem o dever de proteger “desses vilipêndios” a liberdade política e a liberdade religiosa. Ao final de sua mensagem, ele advertiu. “Estamos diante de um momento decisivo para a manutenção do Brasil na pauta civilizatória”.

Caramba! O que é isso, minha gente? A que situação o ilustre ministro está se referindo? Será que dei uma cochilada e perdi essa parte do filme?

Estará ele se referindo ao governo federal, de cuja prisão de segurança máxima em Mossoró (RN) dois chefes de facção fugiram como se estivessem pulando o muro do colégio interno? Ou estará se referindo ao Rio de Janeiro, onde as facções e milícias controlam bairros inteiros, constroem livremente prédios de dez andares e vendem apartamentos aos cidadãos, sem registro de escritura pública?

APOCALYPSE NOW – O que realmente Gilmar Mendes está denunciando, neste filme “Apocalypse Now” que somente ele está assistindo?

Por sua máxima importância, esta denúncia tem de ser esmiuçada. Que o ilustre ministro do Supremo então seja imediatamente chamado ao Conselho de Defesa e ao Conselho da República para fazer uma tradução simultânea de suas palavras e dizer ao povo brasileiro o que realmente está acontecendo.

Caso não haja interesse, que o Congresso o convoque para esclarecimentos.

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P.S. – Queremos saber a verdade. Ou, então, que o ministro aja como seu antecessor Adaucto Lucio Cardoso e se desfaça de sua toga, diante do plenário, numa desesperada tentativa de despertar o país, caso sua gravíssima denúncia institucional não desperte interesse nas autoridades da República.  (C.N.)

Datafolha: Boulos e Nunes empatam na corrida eleitoral de São Paulo

Empate técnico reflete a continuidade da polarização no país

Pedro do Coutto

A pesquisa do Datafolha revelou que Guilherme Boulos e Ricardo Nunes lideram tecnicamente empatados a corrida eleitoral de 2024 para a Prefeitura de São Paulo, acentuando um equilíbrio entre Guilherme Boulos e Ricardo Nunes. Boulos marca 30% e Nunes tem 29% — estão isolados do segundo pelotão de pré-candidatos.

A deputada Tábata Amaral aparece em terceiro lugar com oito pontos. O embate que evidentemente mantém a polarização atual, traça perspectivas não só em 2024 na luta pelas prefeituras, mas também, reflete uma projeção mais longa para 2026. A eleição da cidade de São Paulo deverá ir para o segundo turno, mas o desempenho de Nunes demonstrou uma surpresa, principalmente em relação às pesquisas anteriores.

CONFRONTO – O equilíbrio na cidade de São Paulo é um fato positivo para o bolsonarismo, uma vez que a capital do estado sempre registrou vantagem para o PT nos confrontos ocorridos. Nas eleições para a Presidência da República em 2022, Bolsonaro obteve grande vantagem no estado, mas perdeu para Lula na capital. Lula, sob outro prisma, obtém uma vantagem para Boulos, mas é preciso considerar que ele possui os instrumentos da máquina na mão. O confronto político, portanto, esquentou novamente.

Outras capitais, como o Rio de Janeiro, têm grande importância no xadrez político, mas nenhuma com peso maior do que a cidade de São Paulo, palco de embate entre lulistas e bolsonaristas. O sinal de alarme disparou no convés do poder quando a aprovação de Lula caiu na última pesquisa. Interessante verificar o roteiro dos índices dentro da área municipal, uma vez que a aprovação e a desaprovação evidentemente estão mais refletidos no combate na cidade de São Paulo.

De qualquer forma, Nunes teve um avanço considerável, enquanto Boulos ficou praticamente estacionado. As posições assim precisam ser reavaliadas, até porque o aspecto da cidade de São Paulo tem grande importância para o país.

Um mensageiro traz o encantamento da poesia em dose dupla

Livros de Luiz otavio oliani | Estante Virtual

Oliani publica poesias coletivas

Paulo Peres
Poemas & Canções

O Bacharel em Letras e Direito e poeta carioca Luiz Otávio Oliani teve a ideia de reunir diálogos com poetas brasileiros contemporâneos, divulgando-os nas redes sociais.

Esses poemas foram inicialmente publicados no seu mural do Facebook e depois migraram para o livro impresso “Entre-textos”, lançado pela Editora Vidráguas, de Porto Alegre, em 2013, uma publicação de 41 diálogos, ou seja, para cada poema Luiz Otávio responde com outro poema, um desafio chamado: o avesso do verso (reverso).

Por exemplo, Luiz Otávio Oliani, através o poema “Encantamento” responde ao “Mensageiro”, da escritora, contista, romancista, dramaturga e poeta carioca Carmen Moreno.

MENSAGEIRO
Carmen Moreno

O dom vem de Deus.
Dádiva, desce da luz, bruto.
Estende tua mão,
Trabalha tua mensagem,
Afia tua pena, talha tua palavra até o sangue!
Deus descerá um pouco, a cada verso,
Disfarçado sob teus signos.

ENCANTAMENTO
Luiz Otávio Oliani

no balde de juçaras
o homem busca
a água de que precisa

no terreno seco
procura o vento

encontra Deus
disfarçado de sabiá

Especialistas consideram o Brasil uma “democracia imperfeita”, em retrocesso

Charge O Tempo 02/11/2019 | O TEMPO

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

A evolução da ciência política já sepultou o antigo conceito de que o mundo é dividido simplesmente em democracias e ditaduras. Na verdade, entre os 193 países-membros da Organização das Nações Unidas, existem regimes de diferentes nuances e o autoritarismo é como uma praga que resiste a tudo e se mostra impossível de erradicar.

Aqui no Brasil, qualquer ministro do Supremo se orgulha de ter salvo a democracia, mas no dia seguinte pode baixar uma norma que descumpre as leis, como acaba de ocorrer com Alexandre de Moraes, ao criar uma regra eleitoral que desmoraliza o Marco Civil da Internet, que parece ter se tornado uma lei tipo vacina, que não pegou…

Foi diante desses fatos controversos que a revista britânica The Economist criou uma divisão de pesquisa que acompanha a evolução política em 165 países e dois territórios, desprezando 28 membros da ONU onde não há vestígio de democracia.

EM RETROCESSO – A divisão de pesquisa Economist Intelligence Unit tem alertado para a regressão da democracia no mundo. No mais recente estudo, divulgado em 15 de fevereiro, os especialistas revelaram que em 2023 o chamado Índice de Democracia atingiu o nível mais baixo desde 2006, quando a análise começou a ser desenvolvida.

Segundo os dados referentes ao ano passado, a pontuação média global ficou em 5,23 – uma queda de 0,06 ponto percentual em relação a 2022, quando o índice estava em 5,29.

O declínio da pontuação média começou em 2016 e foi agravado pela redução das liberdades civis durante a pandemia de Covid.

TENDÊNCIA NEGATIVA – A pesquisa britânica confirma que há uma tendência de regressão e estagnação da democracia mundial, agravada no ano passado pelas guerras na Ucrânia, no Sudão e na faixa de Gaza.

A análise afirma que, no ano passado, guerras e conflitos prejudicaram “ainda mais” a democracia no mundo. “A guerra na Ucrânia está enfraquecendo suas já frágeis instituições democráticas (embora continue sendo muito mais democrática do que a Rússia, o país que a invadiu em 2022)”, adverte o estudo, acrescentando: “A guerra civil no Sudão e a guerra de Israel com o Hamas também ameaçam a segurança e a democracia na região”.

DEMOCRACIAS IMPERFEITAS – O Brasil ficou estacionado na 51ª posição da lista, mesmo patamar registrado em 2022. Mas caiu em relação a 2021, quando estava em 47º lugar. No ano passado, o país teve uma pontuação geral de 6,68 e foi classificado como uma “democracia imperfeita”.

No importantíssimo ranking, a Noruega permanece como o país mais democrático do mundo. A nação ocupa a posição há 14 anos e teve pontuação de 9,81 em 2023. É seguida pela Nova Zelândia (9,61), Islândia (9,45), Suécia (9,39), Finlândia (9,30) e Dinamarca (9,28).

Já Afeganistão (0,26), Mianmar (0,85) e Coreia do Norte (1,08) ocupam as três últimas posições. Quer dizer, são piores do que Rússia, Nicarágua, Cuba e Venezuela.  

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P.S. –
Os principais critérios para um país ser avaliado são as leis que existem, se são aplicadas ou não, se há eleições livres,se os direitos humanos são respeitados, se há distribuição ou concentração de renda, se existe justiça social, enfim. Diante desses critérios, é um milagre que o Brasil, como paraíso da impunidade e único país de ONU que não prende criminoso após condenação em segunda instância, consiga estar na 51ª colocação. (C.N.)

Renda do trabalho dos brasileiros tem a maior alta dos últimos anos

Lula retomou o aumento para o salário mínimo acima da inflação

Pedro do Coutto

A pesquisa do Ipea, objeto de reportagem de Fernando Canzian, Folha de S.Paulo, apontou um crescimento expressivo na renda do trabalho em 2023 na escala de 11,7%, o maior salto desde o Plano Real, quando a queda abrupta da inflação, a partir da metade de 1994 e em 1995, promoveu forte aumento do poder de compra no país.

Entretanto, os componentes considerados para esse patamar, que é francamente positivo, encontram-se nos programas sociais, a exemplo do Bolsa Família e do Auxílio Brasil, que repassam recursos para os grupos de renda menor. O importante, no caso, não é apenas assinalar o progresso do rendimento, mas se os mesmos refletem o pagamento de salários que incluem também os programas de apoio social com a transferência de recursos estatais para os grupos mais desfavorecidos da população.  

NÍVEL DE EMPREGO – De qualquer forma, o aumento verificado na renda do trabalho deve incluir a melhoria do nível de emprego que realmente significa um avanço positivo. Inevitavelmente, a confirmação da ascensão do produto do trabalho tem que ser observado no nível de consumo da população, o que representa sem dúvida a retomada de um processo de desenvolvimento social.

É preciso analisar quais os setores de consumo foram os mais atingidos, a começar pelo setor da alimentação. De outro lado, o crescimento de 11,7% resulta de uma comparação com o exercício de 2020, quando a remuneração do trabalho estava oprimida com a política do ministro Paulo Guedes durante o governo de Jair Bolsonaro. Analistas destacam inclusive a necessidade de se examinar um reflexo causado por um processo de alavancagem com base principalmente no salário mínimo.

CRESCIMENTO  – De fato, o salário mínimo avançou acima da inflação, mas os demais salários, que são múltiplos do piso, não apresentam o mesmo crescimento. Curioso também é comparar a pesquisa do Ipea com a pesquisa do Ipec que apontou no sábado uma perda de popularidade do presidente Lula exatamente nessa área que no país é relativamente majoritária.

Se o salário aumentou acima da inflação, tal processo há de refletir no poder de compra. Enfim, o resultado não deixa de ser positivo para o governo e para os trabalhadores. Entretanto, é necessário analisar-se as consequências no processo de justiça social, conforme acentuei.

A análise política dos fatos deve estar voltada para um processo que exige uma sequência que, ao que tudo indica, terá que seguir em frente, pois qualquer impulso menos intenso na área salarial representará um desastre. O governo Lula deve estar comemorando o avanço que resulta também da área da Fazenda.

Na verdade, poetas são estrelas que vivem como se fossem pessoas comuns

Lisie Silva: DE TUDO, UM POUCO...

Lisiê SIlva, poeta de bem com a vida

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta amazonense Lisiê Silva faz uma homenagem especial a quem transforma sentimentos em poemas espalhados pelo mundo. E tem toda razão ao dizer que os poetas são estrelas que vivem como se fossem pessoas comuns.

POETAS SÃO ESTRELAS
Lisiê Silva
 

Os poetas são estrelas…
Vivas, brilhantes, ascendentes…
Que vivem como pessoas comuns.
Se revelam ao mundo
através de suas palavras: a Poesia.

São os sábios dos sentimentos.
Doutores nos segredos da alma.
Escultores da grandeza do espírito.
São os mágicos da vida:
Transformam a alegria,
a dor e a tristeza
em arte de rara beleza.

São pensadores que entendem
a maior de todas as ciências:
A do coração!
São loucos de amor,
passivos no seu mundo interior.
Amantes criativos,
Sonhadores perdidos.

São apaixonados evoluídos.
Astros viajantes do tempo.
Estrelas vivas que acendem
o universo da paixão.

Uma bela canção de amor à Natureza, por Xangai e Ivanildo Vilanova  

Xangai - Qué Qui Tu Tem Canário (1981)

Xangai, grande compositor baiano

Paulo Peres
Poemas & Canções

Xangai, o cantor, violeiro e compositor baiano Eugênio Avelino (conhecido pelo apelido, devido à Sorveteria Xangai, que era propriedade de seu pai) compôs com seu parceiro Ivanildo Vilanova uma das mais extensas letras da música brasileira, exaltando a natureza, em muitas das suas manifestações. A música “Natureza” foi gravada no CD Xangai – Mutirão da Vida, em 1998, pela Kuarup.

NATUREZA
Ivanildo Vilanova e Xangai

É o céu uma abóbada aureolada
Rodeada de gases venenosos
Radiantes planetas luminosos
Gravidade na cósmica camada
Galáxia também hidrogenada
Como é lindo o espaço azul-turquesa
E o sol fulgurante tocha acesa
Flamejando sem pausa e sem escala
Quem de nós pensaria apagá-la
Só o santo doutor da natureza
De tais obras, o homem e a mulher
São antigos e ricos patrimônios
Geram corpos em forma de hormônios
Criam seres sem dúvida sequer
O homem após esse mister
Perpetua a espécie com certeza
A mulher carinhosa e indefesa
Dá à luz uma vida, novo brilho
Nove meses no ventre aloja o filho
Pelo santo poder sã natureza
O peixe é bastante diferente
Ninguém pode entender como é seu gênio
Reservas porções de oxigênio
Mutações para o meio ambiente
Tem mais cartilagem resistente
Habitando na orla ou profundeza
Devora outros peixes pra despesa
E tem época do acasalamento
revestido de escamas esse elemento
Com a força da santa natureza
O poroquê ou peixe-elétrico é um tipo genuíno
Habitante dos rios e águas pretas
Com ele possui certas plaquetas
Que o dotam de um mecanismo fino
Com tal cartilagem esse ladino
Faz contato com muita ligeireza
Quem tocá-lo padece de surpresa
Descarga mortífera absoluta
Sua auto voltagem eletrocuta
Com os fios da santa natureza
Tartaruga gostosa, feia e mansa
Habitante dos rios e oceanos
Chegar aos quatrocentos anos
Pra ela é rotina, é confiança
Guarda ovos na areia e nem se cansa
De por eles zelar como defesa
Nascido os filhotes com presteza
Nas águas revoltas já se jogam
Por instinto da raça não se afogam
E pelo santo poder da natureza
O canário é pássaro cantor
Diferente de garça e pelicano
Papagaio, arara e tucano
Todos eles com majestosa cor
O gavião é um tipo caçador
E columbiforme é a burguesa
O aquático flamingo é da represa
A águia rapace agigantada
Eis o mundo das aves a passarada
Quanto é grande, poderosa e bela a natureza
A gazela, o antílope e o impala
A zebra e o alce felizardo
Não habitam em comum com o leopardo
O leão e o tigre-de-bengala
O macaco faz tudo mas não fala
Por atraso da espécie, por franqueza
Tem o búfalo aspecto de grandeza
O boi manso e o puma tão valente
Cada um de uma espécie diferente
Tudo isso é obra da natureza
Acho também interessante
O réptil de aspecto esquisito
O pequeno tamanho do mosquito
A tromba prênsil do elefante
A saliva incolor do ruminante
A mosca nociva e indefesa
A cobra que ataca de surpresa
Aplicar o veneno é seu mister
De uma vez mata trinta se puder
Mas isso é coisa da natureza
No nordeste há quem diga que o corão
Possui certos poderes encantados
Através de fenômenos variados
Prevê a mudança de estação
De fato no auge do verão
Ele entoa seu cântico de tristeza
De repente um milagre, uma surpresa
Cai a chuva benéfica e divina
Quem lhe diz, quem lhe mostra, quem lhe ensina?
Só pode ser o autor da natureza
Quem é que não sabe que o morcego
Com o rato bastante se parece
Nas cavernas escuras sobe e desce
Sugar sangue dos outros é seu emprego
Às noites escuras tem apego
Asqueroso ele é tenho certeza
Tem na vista sintoma de fraqueza
Porém o seu ouvido é muito fino
E um sonar aparelho pequenino
Que lhe deu o autor da natureza
Admiro a formiga pequenina
Fidalga inimiga da lavoura
No trabalho aplicado professora
Um exemplo de pura disciplina
Através das antenas se combina
Nos celeiros alheios faz limpeza
Formigueiro é a sua fortaleza
Onde cada uma delas tem emprego
Uma entra outra sai não tem sossego
Isso é coisa da santa natureza
A aranha pequena, tão arguta
De finíssimos fios faz a teia
Nesse mundo almoça, janta e ceia
É ali que passeia, vive e luta
Labirinto intrincado ela executa
Seu trabalho é bordado em qualquer mesa
Quem pensar destruir-lhe a fortaleza
Perderá de uma vez toda a esperança
Sua rede é autêntica segurança
Operária das mãos da natureza
A planta firmada no junquilho
Begônia, tulipa, margarida
As pedras riquíssimas da jazida
Com a cor, o valor, a luz, o brilho
A prata e o ouro cor de milho
O brilhante, a opala e a turquesa
A pérola das jóias da princesa
É difícil, valiosíssima e até
Alguém pensa ser vidro mas não é
É um milagre da santa natureza
O inseto do sono tsé-tsé
As flores gentis com seus narcóticos
As ervas que dão antibióticos
A mudança constante da maré
A feiúra real do caboré
no pavão é enorme a boniteza
Tem o lince visão e agudeza
E o cachorro finíssima audição
Vigilante mal pago do patrão
Isso é coisa da santa natureza?
A cigarra cantante dialoga
Através do seu canto intermitente
De inverno a verão canta contente
E a sua canção não sai da voga
Qualquer árvore é a sua sinagoga
Não procura comida pra despesa
Sua música sinônimo de tristeza
Patativa da seca é o seu nome
Se deixar de cantar morre de fome
Mas isso a gente sabe que é da natureza