Desempenho da economia favorece governo Lula e terá reflexos nas eleições municipais

Crescimento representa movimento da economia de R$ 10,9 trilhões

Pedro do Coutto

O desempenho da economia brasileira em 2023 provavelmente surtirá reflexos favoráveis ao governo nas eleições municipais deste ano. Por mais que as disputas nos municípios se caracterizam pelo seu componente comunitário, na realidade não há como deixar de ligar um resultado a outro.

O Produto Interno Bruto teve um crescimento de 2,9%, fazendo com que o Brasil voltasse ao grupo das dez maiores economias globais, de acordo com o levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating. Considerando o PIB em valores ainda preliminares, a economia brasileira somou US$ 2,1 trilhões. É a nona maior do planeta.

REFLEXOS – São aspectos que refletem no universo político de modo geral. Até porque o resultado dá margem a uma maior firmeza ao governo Lula da Silva, apesar de os investimentos no segundo semestre do ano passado terem sido menores do que os previstos. O desafio que o governo tem pela frente é traduzir em benefícios sociais o crescimento da economia.

Ela tem que influir na distribuição de renda, pois a renda per capita pode ser elevada, mas a distribuição de renda não apresenta o mesmo avanço. Nesse caso, se observa uma concentração de renda cada vez maior, um desafio para gerações. Seja como for, devemos comemorar o crescimento do PIB, pois seria pior se o mesmo não se expandisse.

ARGUMENTO – Além disso, o panorama com o depoimento do general Freire Gomes tornou-se um argumento importante para o governo, uma vez que deixou caracterizada a investida golpista pelo bolsonarismo, como os fatos demonstram. Inclusive através da invasão da Praça dos Três Poderes e as depredações ocorridas em Brasília. Assim o governo passou a acumular pontos positivos logo no primeiro ano de seu mandato.

A Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo também publicaram com destaque o resultado positivo do PIB brasileiro, que não deixa de ser um aspecto benéfico nas eleições municipais neste ano, sobretudo a começar pela disputa em São Paulo, centro nervoso do país, e no qual vai se travar uma batalha dura entre a corrente bolsonaristas e a lulista. O quadro precisa ficar mais definido para fornecer uma visão mais completa. De qualquer forma, os números do PIB acrescentam pontos ao governo.

Entre o tempo e o destino, há um caso antigo, um elo, um par…

VÍDEO: Vital Lima e Nilson Chaves relembram 40 anos de composições históricas no #LibCult | Música | O Liberal

Vital e Chaves, dois grandes compositores

Paulo Peres
Poemas & Canções

O filósofo, instrumentista, cantor e compositor paraense Euclides Vital Porto Lima, com seu parceiro Nilson Chaves, na letra de “TempoDestino”, mostra o que poderia ocorrer caso o tempo ficasse parado. Essa música foi gravada por Vital Lima e Nilson Chaves no LP Interior, em 1986, pela Vision.

TEMPODESTINO
Nilson Chaves e Vital Lima

Há entre o tempo e o destino
um caso antigo, um elo, um par
que pode acontecer, menino,
se o tempo não passar?
Feito essas águas que subindo
forçaram a gente a se mudar
Que pode acontecer, meu lindo,
se o tempo não passar?
O tempo é que me deu amigos
e esse amor que não me sai
que doura os campos de trigo
e os cabelos de meu pai
Faz rebentar paixões
depois se entrega às criações
e assim mantém a vida…
Que acontecerá aos corações
se o tempo não passar?
Não mato o meu amor,
no fundo porque tenho amizade nele
que já faz parte do meu mundo
do tempo entre eu e ele.

Aguarda-se, ansiosamente, o vazamento das revelações do general Freire Gomes

Análise: Motim no Ceará selou perfil legalista de Freire Gomes | Política | Valor Econômico

Gomes é a nova versão do “O Homem que Sabia Demais”

Carlos Newton

O suspense é insuportável. Ninguém aguenta mais esperar o vazamento das revelações feitas pelo general Freire Gomes, que comandou o Exército no final do mandato do presidente Jair Bolsonaro, sobre as articulações para desfechar o golpe de estado que não houve, na transição do governo para Lula da Silva.

É sempre bom assinalar que não houve golpe, sequer tentativa – até agora somente está evidenciado o planejamento. Esta ressalva é da máxima importância juridicamente, porque no Brasil e no mundo civilizado não é considerado crime quando não existiu pelo menos a tentativa. O simples ato de planejar não é criminalmente punível.

SEM VAZAMENTO – Ainda não houve vazamentos sobre o interrogatório do ex-comandante do Exército, mas circula uma informação que o diferencia de outros militares que integravam o núcleo duro do governo Bolsonaro, porque o general Freire Gomes respondeu a todas as perguntas, enquanto Braga Netto e Augusto Heleno mal balbuciaram seus nomes.

Também respondeu as perguntas o general Estevam Theóphilo, que à época era da ativa, com quatro estrelas e integrante do Alto Comando do Exército. O oficial afirmou que jamais apoiou o golpe, desmentindo o que fora revelado em delação pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Theóphilo disse também que ter obedecido a uma ordem de Freire Gomes, quando foi ao Palácio da Alvorada reunir-se com Bolsonaro em dezembro de 2022.

OUTRAS VERSÕES – A afirmação do general Theóphilo abriu a possibilidade de ele ter se infiltrado na cúpula do governo passado, para ajudar o comandante Freire Gomes a evitar o golpe.

Outra versão indicaria que os dois seriam favoráveis ao golpe, mas na reta final foram dissuadidos pelo Alto Comando do Exército e receberam ordem para respeitar o resultado das urnas.

São muitas dúvidas que o depoimento do general Freire Gomes pode ter começado a esclarecer nesta sexta-feira. Se falou a verdade, continuará na situação de testemunha. Porém, se mentiu, passará à condição de investigado.

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P.S.De toda forma, Freire Gomes é a nova versão do personagem de Alfred Hitchcock em “O Homem que Sabia Demais”. E o filme esta começando agora. (C.N.)

Brasil volta ao grupo das 10 maiores economias globais

Ao homem cabe pontuar a própria vida, mas não é preciso usar o ponto final

Bola de futebol... é um utensílio... João Cabral de Melo Neto - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O diplomata e poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), no poema “Questão de Pontuação”, afirma que o homem que pontuar a sua vida é aceito por todos, mas ele só discorda do ponto final.

QUESTÃO DE PONTUAÇÃO
João Cabral de Melo Neto

Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);
viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):
o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive,
o inevitável ponto final.

Freire Gomes, general herói ou traidor, revela os principais detalhes do golpe

Em mensagem, Braga Netto ataca ex-comandantes do Exército e Aeronáutica por não aderirem ao golpe: "cagão"

Nessa mensagem, Braga Netto chama Gomes de “cagão”

Carlos Newton

O general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército no final do governo de Jair Bolsonaro, depois nesta quarta-feira na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, na condição de testemunha.

Quando afirmamos aqui na Tribuna da Internet que o chefe militar precisava ser ouvido o mais rápido possível, para a opinião pública saber se ele se comportou com um herói ou como traidor do golpe, o oficial estava de férias na Espanha. Mas abreviou a viagem para prestar o depoimento.

O GENERAL ERRADO – Ainda não se sabe se a conspiração era liderada por Bolsonaro ou pelo núcleo duro do Planalto, formado por Braga Netto, Augusto Heleno e Mauro Cid, porque o general Eduardo Ramos parece ter sido escanteado, ninguém fala na possibilidade de envolvimento dele, que nem está sendo investigado.

Quando foi convocado para assumir o comando do Exército e passou a ser a peça-chave da conspiração do golpe que não houve, Freire Gomes era tido como ferrenho opositor a Lula da Silva.

Mas isso não representava a menor novidade, porque na corporação a coisa mais difícil é encontrar um oficial simpático a Lula. Aliás, se existir algum, é praticamente impossível identificá-lo, porque ele tem de fingir ser antilulista, para não se prejudicar na carreira.

Escolher Freire Gomes foi um erro de avaliação de Bolsonaro e/ou do núcleo duro, porque na hora da verdade, o general mostrou ser mais legalista do que golpista e levou o Alto Comando a rejeitar a conspiração.

DUAS HIPÓTESES – Há muitas dúvidas sobre o que realmente aconteceu. O comandante do Exército pode ter dado corda aos golpistas e informado passo a passo ao Alto Comando. Se assim fez, estrategicamente, isso evidenciaria uma situação.

Mas Freire Gomes pode ter apoiado inicialmente o golpe e depois refluído, ao perceber que não se tratava de evitar a posse de Lula, mas na verdade de criar uma tempestade ideal para implantar nova ditadura militar e destruir a democracia. E esta seria uma segunda situação.

Na verdade, não importa se o comandante Freire Gomes se infiltrou ou se traiu a conspiração. O importante é que se deve a ele, com sua autoridade no Alto Comando, a posição legalista do Exército, que impediu a derrubada de Lula.

MUITAS DÚVIDAS – Agora, é preciso eliminar as dúvidas. Acusado de ser o único quatro estrelas da ativa a apoiar o golpe, o general Estevam Theóphilo, então chefe do Comando de Operações Terrestres, nega (Coter) ter participado da trama golpista.

Em seu depoimento, Theóphilo teria afirmado que cumpriu ordens do então comandante Freire Gomes, ao se encontrar com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em dezembro de 2022, após a derrota eleitoral.

Seu advogado diz que o general Theóphilo “nunca cogitou, nunca participou, nunca colaborou, nunca manifestou, nunca influenciou e nunca concordou com nenhum ato ou atitude golpista”. Mas isso não afasta a possibilidade de Freire Gomes ter usado o general Theóphilo para obter informações sobre o andamento da trama.

P.S. – De qualquer forma, essas dúvidas e outras mais serão esclarecidas no decorrer do período, como dizem os meteorologistas. É preciso ter calma e esperar os vazamentos, que logo começarão a acontecer. (C.N.)

Declaração de Bolsonaro constitui-se numa confissão da trama golpista

Bolsonaro tropeça em suas próprias palavras

Pedro do Coutto

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou que declarações de Jair Bolsonaro sobre a minuta que supostamente decretaria um golpe no Brasil em 2022 se assemelha a uma confissão de que ele estava plenamente ciente da existência do documento.

No último domingo, o ex-presidente durante manifestação convocada na Avenida Paulista negou que tenha ocorrido uma tentativa de golpe de Estado, mas citou o documento encontrado nas investigações da Polícia Federal.

MINUTA – “Agora o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição?”, questionou, acrescentando que é “o Parlamento que decide se o presidente pode ou não editar um decreto de estado de sítio”.

Na avaliação de Gilmar Mendes, o ex-presidente saiu de uma situação de “possível autor intelectual para pretenso autor material” da tentativa de golpe de Estado. “Temos esses dados e por isso talvez ele decidiu fazer esse movimento, para mostrar que tem apoio popular, que continua relevante na opinião pública. Isso não muda uma linha em relação às investigações, nem muda qualquer juízo ou entendimento do STF”, afirmou.

CONFISSÃO – De fato, a colocação do ministro Gilmar Mendes conduz à sensação de que a declaração de Bolsonaro constitui-se numa confissão da trama golpista. As coisas se complicam para o bolsonarismo. Era inevitável, pois os fatos levam à realidade arquitetada pela antiga gestão governamental.

A hipótese de mudar de tática se torna agora tardia. Bolsonaro avançou muito nas tentativas de negar as articulações para subverter os resultados das urnas e com isso partiu dar um golpe contra a democracia. O episódio de 8 de janeiro ficará na história como um episódio em que se tentou  subverter a democracia e com isso as instituições do país. Mas a democracia, mais uma vez, venceu essa batalha.

A Terra é a mãe da vida e quem a ama deve aprender a cuidar dela

Vital Farias, O Cantador

Vital Farias e a filha Giovanna

Paulo Peres
Poemas & Canções

O músico, cantor e compositor paraibano Vital Farias, na letra de “Não Jogue Lixo No Chão”, conclama as pessoas a repensarem as suas atitudes, sob pena de inviabilizarem a vida no planeta para as gerações vindouras. Esta música faz parte do CD independente Uyraplural-Giovanna Farias & Vital Farias, produzido pelo próprio Vital Farias em 2002, que marcou a estreia de sua filha e cantora Giovanna Farias.

NÃO JOGUE LIXO NO CHÃO
Vital Farias

Não jogue lixo no chão
Chão é pra plantar semente
Pra dar o bendito fruto
Pra alimentação da gente

O peixe que sai do rio
O amor que sai do peito
A água limpa da fonte
O sentimento perfeito

Não jogue lixo no chão

A natureza é quem cria
O amor imediatamente
Milagre que faz da vida
Bendito fruto do ventre

Não jogue lixo no chão

Não jogue lixo no chão
Nem rios, lagos e mares
A terra é nossa morada
Onde habita nossos pares

A terra que tudo cria
Não pede nada demais
Se tratada com carinho
Para vigorar a paz

Se queres sabedoria
Aprenda isto de cór
A terra é a mãe da vida
Útero ventre maior

Não jogue lixo no chão

O necessário combate às desinformações produzidas pela Inteligência Artificial

Imagens falsas com Trump sendo preso viralizam

Pedro do Coutto

O presidente do Superior Tribunal Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, está tomando providências para assegurar o transcurso das eleições municipais neste ano, sobretudo em relação ao uso da Inteligência artificial, que realmente é uma usina tanto de progresso quanto de acesso por políticos e pessoas mal intencionadas.

Na noite desta terça-feira, a GloboNews exibiu filmes forjados, mas cuja autenticidade pode enganar milhares de pessoas em todo o país e contribuir para a desinformação e produção de situações que não condizem com a verdade. Esse campo é tão sofisticado que pode apresentar pessoas usando a sua própria voz, mas em situações falsamente produzidas, capazes de aparentar realidades.

É um perigo em todos os sentidos, sobretudo no caso das eleições. O falso filmete exibido relativo às eleições dos Estados Unidos mostrava o ex-presidente Donald Trump trocando golpes com agentes federais encarregados de prendê-lo. Impressionante como existe a capacidade de se criar situações com base em fatos que não ocorreram. Da mesma forma, com base IA atribuir comparações e até confissões de pessoas que não participaram dos fatos criados no laboratório da imaginação humana.

No Brasil,  Mores está alertando o TSE e as empresas especializadas para tentar evitar que falsificações não ocorram. E, se ocorrerem, deverão ter os responsáveis imediatamente identificados. Além disso, como as redes sociais têm um efeito imediato, é preciso que a Justiça Eleitoral faça a retirada instantânea de matérias carregadas de desinformação. É um desafio que deverá levar à ampliação dos trabalhos do TSE e dos Tribunais Regionais para que a opinião pública não seja iludida pelas aparências falsificadas.

Há que considerar ainda que a política é um campo em que as paixões se desenrolam de acordo com as vontades das legendas e dos candidatos. Para os que se apaixonam de forma desnorteada, como os que invadiram Brasília para destruir prédios públicos, seus adversários sempre são desqualificados sob a sua visão. Daí porque é importante que haja uma regulamentação sobre o tema deste artigo.

As eleições municipais, sobretudo em São Paulo, são uma prévia da própria sucessão presidencial de 2026. É um problema muito grande a ser enfrentado pelo TSE sem afetar o direito de opinião, estabelecendo limites para esse direito e que não podem incluir a falsificação de imagens, atitudes ou palavras, não obscurecendo a realidade.

O amor pode ser tão grande que não é necessário dizer nada…

Tribuna da Internet | “Prefiro tê-la jovem no meu sonho, do que velha, apertá-la nos meus braços…”Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, político e poeta acreano José Guilherme de Araujo Jorge (1914-1987) ou, simplesmente, J. G. de Araújo Jorge, foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra romântica, como no poema “O Resto é Silêncio”, no qual  J.G. de Araújo Jorge mostra que, quando dois amantes estão um no outro, como se estivessem sozinhos, o resto é silêncio.

O RESTO É SILÊNCIO
J.G. de Araújo Jorge

E então ficamos os dois em silêncio, tão quietos
como dois pássaros na sombra, recolhidos
ao mesmo ninho,
como dois caminhos na noite, dois caminhos
que se juntam
num mesmo caminho…

Já não ouso… já não coras…
E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha
que qualquer palavra bateria estranha
como um viajante, altas horas…

Nada há mais a dizer, depois que as próprias mãos
silenciaram seus carinhos…
Estamos um no outro
como se estivéssemos sozinhos..

Se o general Freire Gomes revelar o que sabe, será nitroglicerina pura

Impatiality on X: "General Freire Gomes do exercito brasileiro entra para a  história como o general que por interesses pessoais traiu a pátria e  entregou o Brasil nas mãos do comunismo. Defina

Freire Gomes se comportou como um militar legalista

Roberto Nascimento

Está fadada ao fracasso essa fantasiosa estratégia que a imprensa está atribuindo a militares golpistas, que pretenderiam incluir na cena do crime golpista o general Freire Gomes, comandante do Exército no final do governo Jair Bolsonaro.

Quem verdadeiramente deu a ordem para a continuidade dos acampamentos golpistas na frente dos quartéis do Exército foi o então comandante-em-chefe das Forças Armadas, o presidente da República.

EXPLICAÇÃO CLARA – A nota oficial assinada pelo então comandante Freire Gomes era bastante clara. Dizia que não havia ordens judiciais para desfazer os acampamentos, porque se trata de manifestações pacíficas, garantidas pela Constituição (artigo 5º).

Se o general Freire Gomes desse a ordem para desmobilizar os acampamentos, Bolsonaro poderia exonerá-lo do cargo e nomear algum general golpista Theophilo Gaspar, de quatro estrelas e integrante do Alto Comando, aquele que pediu ao Mauro Cid para levar a Bolsonaro o recado: “Assina o Estado de Defesa, que eu coloco as tropas na rua”.

O primeiro a ser preso certamente seria o ministro Alexandre de Morais, do Supremo.

BRAGA NETTO – Outro sinal da atitude republicana do general Freire Gomes foi a contrariedade do golpista Braga Netto, que o classificou de “cagão” ao saber que ele não apoiaria o golpe,  segundo a delação do tenente-coronel Mauro Cid. Os fatos são muito graves.

O general Freire Gomes, diante dessas apurações, da delação premiada do ten. Coronel Mauro Cid, se for chamado a depor, nem precisa da companhia de advogados, a sua inocência na trama golpista é uma constatação irremovível.

Basta o general contar tudo o que sabe e que ainda não veio à tona. Seria nitroglicerina pura. Um conselho para generais e coronéis envolvidos até o pescoço na tentativa de golpe: não cutuquem com vara curta.a onça que tem dentro do general Freire Gomes. O bote pode ser inevitável.

Atribuir a Bolsonaro a liderança do golpe seria uma espécie de Piada do Século

Bolsonaro manifesta surpresa com público na Avenida Paulista | Brasil | Pleno.News

A dúvida é saber quem era o verdadeiro líder do golpe

Carlos Newton

São impressionantes as boçalidades que a imprensa e as redes sociais divulgam. Por exemplo, atribuir a Jair Bolsonaro a liderança dessa tentativa de golpe seria uma Piada do Século. É óbvio em que 2018 ele foi eleito presidente com apoio massivo dos militares e das chamadas forças auxiliares.

O principal motivo dessa adesão, dentro do projeto esboçado pelo general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, foi a necessidade de pôr fim aos sucessivos e fracassados governos do PT, pois à época a liderança de Bolsonaro era mínima, como deputado de baixo clero, como ele próprio se define.

Assim, em 2018, Bolsonaro foi a apenas um instrumento, mas ganhou forte embalo político e realmente passou a liderar os civis antipetistas – ou antilulistas, o que vem a ser a mesmíssima coisa.

APOIO MILITAR – É engano julgar que as Forças Armadas se tornaram bolsonaristas. Na verdade, aproveitaram a ocasião e desfrutaram do governo dele, que contratou cerca de seis mil militares para exercerem funções civis, algo jamais visto, nem mesmo no regime militar de 64.

Foi um governo curvado aos militares, que tiveram sua Previdência Social preservada, seus salários foram equiparados aos servidores civis e ganharam uma série de penduricalhos, inclusive uma vultosa gratificação quando se aposentam.

Ora, se as Forças Armadas apoiaram Bolsonaro, é porque tiverem fartos motivos para tal, capazes de serem avaliados monetariamente, sejamos sinceros. Mas é erro afirmar que os militares se tornaram bolsonaristas.

ANTILULISMO – É preciso entender que as Forças Armadas simplesmente preferem aturar Bolsonaro do que suportar Lula da Silva, por tudo o que ele representa, como ex-agente infiltrado pela ditadura no sindicalismo e depois como líder político ignorante, despreparado, pretencioso e corrupto.

O Supremo ilegalmente tirou Lula da cadeia, devolveu-lhe os direitos políticos, mas a grosseira maquiagem jurídica não consegue esconder os múltiplos defeitos que os militares veem em Lula.

Mais de um ano depois, hoje pouco se sabe acerca da tentativa de evitar que Lula voltasse ao poder, e muito poderia ser esclarecido pelo general Freire Gomes, o comandante do Exército que disse não aos golpistas, com apoio quase unânime do Alto Comando.

MENSAGEM DE NATAL – Merece ser lembrada a mensagem dirigida à tropa na véspera de Natal, quando o golpe tentava explodir o caminhão de combustível no aeroporto de Brasília.

A hierarquia, a disciplina e a coesão não são apenas pilares que sustentam uma instituição de Estado como a nossa. São marcas indeléveis que derivam dos nossos valores mais caros, que precisam ser cultivados todos os dias, da mesma forma que nossos veteranos fizeram antes de nós. Em um ano como o de 2022, esses valores foram, mais uma vez, postos à prova e mostraram para toda a sociedade que o Exército Brasileiro continua forte, disciplinado e unido em prol do nosso Brasil”, disse Freire Gomes.

A essa altura, o comandante já havia dissuadido os oficiais golpistas e firmado a posição do Alto Comando. Mesmo assim, os generais rebelados seguiram em frente.

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P.S.
Quando Freire Gomes retornar na Espanha, é preciso ouvi-lo, para que esclareça o que realmente aconteceu e se Bolsonaro estava mesmo à frente do golpe ou se era um joguete nas mãos dos generais que o cercavam. A meu ver, já afirmei isso aqui várias vezes, não acredito que Bolsonaro fosse transformado em ditador, porque general não bate continência para capitão, conforme Roberto Nascimento destacou em brilhante artigo na Tribuna. Quanto ao general Freire Gomes, nem precisa prestar depoimento, é até mais democrático apenas dar uma entrevista a respeito, para esclarecer as coisas. O Brasil tem o direito de saber a verdade. (C.N.)

“No Brasil, até o passado é imprevisível”, dizia o tucano Pedro Malan

Mendonça deu 60 dias para empresas renegociarem acordos 

Pedro do Coutto

É atribuída a Pedro Malan, que ocupou a pasta da Fazenda no governo FHC, uma frase ao mesmo tempo irônica, mas bastante capaz de traduzir o que se passa na economia e nas finanças do país: “No Brasil, até o passado é imprevisível”. De fato, analisando-se o conteúdo da afirmação, verifica-se que decisões administrativas e judiciais tornam o passado cada vez mais presente.

Agora mesmo, as empresas que firmaram delação premiada com o governo – são muitas, inclusive do porte da Odebrecht – possam renegociar os acordos estabelecidos com o poder público, de acordo com decisão do ministro André Mendonça.

RENEGOCIAÇÃO – A soma contida em possíveis acordos de renegociação é muito alta. Mas as devedoras têm a oportunidade de propor novas condições de pagamento e até mesmo de reabilitação no contexto econômico.

Recentemente, o ministro Dias Toffoli suspendeu o pagamento de multas de R$ 8,5 bilhões impostas à Companhia Novonor S.A. – novo nome da Odebrecht – que havia sido determinado em um acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava Jato.

INFORMAÇÕES – Uma das bases para a suspensão do pagamento e a reavaliação do acordo são as informações obtidas a partir da Operação Spoofing, que investigou o hackeamento de aplicativos de mensagens de juízes e procuradores da Lava Jato.

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, recorreu da decisão do ministro Dias Toffoli. A decisão foi assinada em dezembro por Toffoli, e também garantiu o acesso a todo o material apreendido pela polícia naquela ação.

O importante é considerar que os acordos das divisões englobam grandes empresas. Portanto, estamos diante de um problema que é o recuo no tempo e as decisões prolatadas no passado que se tornam, assim, imprevisíveis ou pelo menos de baixa previsão.

E o poeta Vinicius, humildemente, colocou letra num choro de Pixinguinha…

Documentário mostra parceria entre Vinicius e Pixinguinha - Jorn

Vinicius e Pixinguinha, gênios da música

Paulo Peres
Poemas & Canções

O diplomata, advogado, jornalista, dramaturgo, compositor e poeta carioca Vinícius de Moraes (1913-1980), na letra do chorinho “Lamento”, confessa a tristeza do desamor e tenta a reconciliação. O choro “Lamento”, composto por Pixinguinha em 1928, foi originalmente apenas instrumental e somente em 1962 ganhou essa letra do Vinícius de Moraes. O chorinho foi gravado por Elizeth Cardoso no LP Muito Elizeth, em 1966, pela Copacabana.

LAMENTO
Pixinguinha e Vinícius de Moraes

Morena, tem pena
Mas ouve o meu lamento
Tento em vão te esquecer
Mas olhe, o meu tormento é tanto
Que eu vivo em prantos, sou tão infeliz
Não há coisa mais triste, meu benzinho
Que esse chorinho que eu te fiz

Sozinho, morena
Você nem tem mais pena
Ai, meu bem, fiquei tão só
Tem dó, tem dó de mim
Porque eu estou triste assim por amor de você
Não há coisa mais linda neste mundo
Que o meu carinho por você

Morena, tem pena…

Investigação de generais que atuaram no golpe mais parece a Piada do Ano

Charge do Aroeira (Arquivo Google)

Carlos Newton

Chega a ser divertido ler o noticiário da chamada grande imprensa. Quando não há muito a escrever, os jornalistas e observadores políticos usam e abusam da criatividade. Na semana passada, por exemplo, foi impressionante o espaço dedicado aos “depoimentos” a serem feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pelos integrantes do núcleo duro do governo, envolvidos na famosa tentativa do golpe que não houve.

Como diria o jornalista e publicitário Miguel Gustavo, o suspense era de matar o Hitchcock. Realmente, nas redações esperava-se que os depoentes vomitassem os detalhes, trouxessem informações e datas que ajudassem a montar esse gigantesco quebra-cabeças.

APENAS SONHO – Ainda bem que sonhar não é proibido nem paga imposto. Sem novidades no front, a imprensa teve de noticiar que os delegados e agentes da Polícia Federal não ficaram satisfeitos com os interrogatórios dos sete envolvidos que decidiram falar no inquérito do fim do mundo, que apura a tentativa de um golpe de Estado e mais um monte de coisas que ninguém consegue lembrar.

O que esperavam esses supostos especialistas em interrogatórios? Certamente, queriam que os investigados respondessem claramente àquelas perguntas capciosas e revelassem, logo de cara, seu empenho e sua perseverança no planejamento da tentativa do golpe que não houve.

Segundo a avaliação dos agentes e delegados, os sete depoentes, ao responder às perguntas, mentiram e buscaram se justificar, sem contribuir em nada para a investigação, vejam que grande novidade.

DOIS EXEMPLOS – Nesta lista de depoentes pouco confiáveis, digamos assim, estão o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro da Justiça, delegado federal Anderson Torres, aquele que foi apanhado com uma minuta de decreto totalmente diversa da outra versão, apreendida com Bolsonaro.

Costa Neto falou por cerca de três horas e Anderson Torres por quase cinco horas. Os depoimentos de ambos foram descritos como “evasivos” e “sem dados a acrescentar”. Nem passou pela cabeça dos investigadores que os dois civis talvez pouco soubessem, porque o golpe estava sendo planejado quase exclusivamente por militares e assessores diretos do presidente.

Aliás, achar que Costa Neto seria um dos articuladores do golpe é uma espécie de Piada do Ano. A especialidade criminal dele é bem diferente…

BOA OPORTUNIDADE – Outra excelente piada foi a imprensa ter comentado que era o momento ideal que poderia ter sido usado para os alvos se defenderem, mas eles “perderam a oportunidade”. Há-há-há!, vamos todos rir, como recomendava Helio Fernandes.

Dos 23 intimados para o interrogatório da quinta-feira, dia 22, apenas sete falaram. Ou seja, se defenderam, porque ninguém depõe para se incriminar, só os débeis mentais, que são inimputáveis.

Além de Bolsonaro, ficaram em silêncio militares de alta patente, como os generais Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno. Alguma novidade?

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P.S. –
Até agora, muita espuma e pouco chope. Os ministros do Supremo tiveram coragem para condenar a longas e injustas penas os pés-de-chinelo que invadiram os palácios, sem haver provas materiais individuais contra eles, conforme exige a lei. Mais de um ano depois, até agora o Supremo não teve o menor ânimo para investigar e prender os “kids pretos”, que transformaram em vandalismo uma manifestação que era pacífica. E será que agora os ministros terão coragem de processar e prender generais de quatro estrelas, sem provas materiais? Estou apostando que isso não acontecerá?  (C.N.)

Preparem seus corações para a esfuziante comemoração do novo aniversário do PT

Charge: Wilmarx

Charge do Wilmar (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Festão do ano, do 44 anos do PT. Data imperdível, 20 de março. O sol aparecerá radiante. Coral de anjos ensaiou emocionantes canções, que encantarão corações do mundo inteiro. Representantes de exemplares democracias, como Venezuela, Nicarágua, Hamas e Cuba confirmaram presenças. Com farta distribuição de mortadela. O Maracanã e o Mané Garrincha serão palcos da inesquecível comemoração.

Auxiliares engravatados sugeriram também a Avenida Paulista. Ideia prontamente afastada, porque idolatrados petistas têm alergia ao famoso lugar. Ingressos praticamente esgotados. De arquibancadas, para a plebe, a 300 reais, a cadeiras numeradas de 5 mil reais e, por fim, camarote por 20 mil reais cada participante, com direito a fotos com Janja e Lula da Silva.

O momento especial e singelo do memorável acontecimento democrático será o sorteio de um morador de rua. Alimentado, banhado, carteira assinada, plano de saúde, escola para os filhos e casa para morar.

TROFÉU DO ÓBVIO – Sábios da Globonews, segunda-feira à tarde, os gloriosos jornalistas Otávio Guedes e Júlia Dualibi, ao comentar a impressionante multidão de 600 mil pessoas na Avenida Paulista, em apoio a Jair Bolsonaro, declararam, solenemente:  “O ato deve ser explorado nas eleições”.

Meu Deus, e ainda ganham salários. Por esta e outras abissais barbaridades é que tenho saudades dos meus tempos de repórter.

A notável dupla de analistas do primeiro time da televisão brasileira merece o troféu acaciano do óbvio.

DESCONFIANÇA – O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou o segundo aumento consecutivo em fevereiro, subindo 2,4%e, com isso, atingindo 109,7 pontos. descontados os efeitos sazonais.

Apesar da melhora, o indicador ainda está 4,9% abaixo do que registrava no mesmo período do ano anterior.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, isso revela que os varejistas ainda não estão satisfeitos com o momento atual da economia e do comércio, apenas menos pessimistas. “A confiança do setor está crescendo, mas ainda há desafios a serem superados, como o alto custo do crédito e a inadimplência. A priorização do consumo em bens essenciais também é um fator a ser observado”, aponta Tadros.

Bolsonaro quer garantir a sua própria anistia e a de seus aliados

Bolsonaro teme o avanço das investigações

Pedro do Coutto

Com a manifestação na Avenida Paulista no domingo, que reuniu um grande número de pessoas, o ex-presidente Jair Bolsonaro abriu uma nova etapa de sua campanha contra o governo, porém absolutamente fora do tempo, uma vez que  representa mais uma investida contra o resultado das urnas de 2022.

Foi um acontecimento fora de tom já que uma das reivindicações está na falsa proposta de uma pacificação quando na realidade refere-se a uma radicalização e que tem como objetivo impedir a condenação do bolsonarismo e de Jair Bolsonaro. Uma das propostas é a anistia dos manifestantes de 8 de janeiro de 2023.

BLINDAGEM – As correntes bolsonaristas procuraram blindar o processo que se volta contra aqueles que recorreram ao vandalismo na busca de uma ruptura, bem como os que estão por trás de tais ações.  No fundo, Bolsonaro buscou dar uma demonstração de apoio popular e político que viesse a intimidar a Polícia Federal e o Judiciário. Afinal, as investigações chegam cada vez mais perto do ex-presidente.

Além disso, deixou claro o desejo de convocação dos seus apoiadores para articular projetos de lei propondo anistia para quem praticou alguma ação golpista nos últimos anos.

BENEFÍCIO PRÓPRIO – É claro que,  apesar de falar em nome daqueles que estão presos pelo 8 de janeiro,  fica evidente o alcance maior da sua ideia de uma anistia para abranger também a si próprio e aos demais aliados políticos que venham a ser tornados réus e posteriormente condenados e presos por algum dos vários momentos em que ações golpistas foram colocadas em marcha.

A ação de Bolsonaro à frente do ato causará uma reação do governo e também do Poder Judiciário no posicionamento e na voz inspirada no sentimento democrático para analisar e neutralizar os efeitos de uma investida que embora marcada por um sentido de desespero, nem por isso poderá ser ignorada.

Nas contradições do mundo, surge muita dificuldade na crença em Deus

A crença em Deus subsiste devido ao... Sigmund Freud - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

Formado em Letras (Português e Literatura), artista gráfico, músico e poeta carioca João de Abreu Borges (1951-2019) versificou seu “Antipanteísmo”, inconformado com a crença de que Deus e todo o universo são uma única e mesma coisa e que Deus não existe como um espírito separado.

Poetas que escreveram sobre a natureza foram com frequência adeptos do panteísmo. Um bom exemplo desta crença está em alguns poemas de Fernando Pessoa. O panteísmo ensina que Deus é todo o universo, a mente humana, as estações e todas as coisas e ideias que existem. A palavra panteísmo vem de dois termos gregos que significam tudo e Deus.

ANTIPANTEÍSMO
João de Abreu

Acho que chega, meu Deus,
De tantos ateus,
De tantos emigrantes
De suas próprias almas
Sem viver o que
aqui e agora
É só o que morreram
no passado
Ou quase no futuro
Não haverão mais de existir

Acho que chega, meu Deus,
Deixe-me sozinho,
Então,
Com meu corpo estranho
Que um dia irá partir

E eu nem tenho o direito
De saber
Para onde vão tantos sonhos
Tantos caminhos…

Mistério! Por que o general que sabe tudo ainda não foi chamado a depor?

Tribuna da Internet | General Freire Gomes foi um traidor ou um herói? É  isso que deve ser explicado.

Freire Gomes evitou o golpe e ninguém lhe disse “obrigado”

Carlos Newton

É impressionante. Desde o início de 2023 a imprensa vem publicando sucessivas reportagens sobre as movimentações golpistas para evitar a posse do presidente eleito Lula da Silva. De tal forma que grande parte da trama já passou a ser mais do que sabida e tomou a consistência de fatos públicos e notórios, embora ainda estejam em início de investigação pela Polícia Federal.

Note-se que a apuração feita pelos jornalistas é muito mais completa e eficaz, deixa no chinelo a força-tarefa dirigida pela brilhante cabeça do ministro Alexandre de Moraes, que parece mais interessado em acumular investigações no chamado “inquérito do fim do mundo” do que em descobrir a verdade propriamente dita.

CAMINHO DIRETO – Se o ministro Alexandre de Moraes estivesse interessado em rapidamente apurar como se processou o golpe que não aconteceu, não teria maior dificuldade. Bastava convidar o general Marco Antonio Freire Gomes a depor, como comandante do Exército no final do governo Bolsonaro que se recusou a aderir ao movimento, impedindo o golpe.

Ao demonstrar ser um militar de verdade, cumpridor da lei e discretíssimo no desempenho das funções, o general Freire Gomes foi o verdadeiro responsável pela manutenção do país nos trilhos democráticos. Estamos cansados de publicar essa informação aqui na Tribuna da Internet, embora a imprensa tenha a mania de dizer que foi o Supremo que “salvou” a democracia etc. e tal, porém minha ironia não chega a tanto.

O STF não salvou coisa alguma. Pelo contrário, fez uma lambança histórica, ao interpretar casuisticamente a Constituição, de modo a libertar Lula, devolver-lhe os direitos políticos, para depois promover a recuperação social e financeira dos empresários e governantes mais corruptos do país, como a família Odebrecht e Sérgio Cabral, para ficarmos em apenas dois exemplos.

REUNIÕES NO ALVORADA – Sabe-se que os generais do núcleo duro do Planalto fizeram insistentes apelos aos comandantes militares por um golpe contra a eleição de Lula. Também é sabido que Freire Gomes e os ex-comandantes Almir Garnier (Marinha) e Baptista Junior (Aeronáutica) foram chamados cerca de dez vezes por Bolsonaro para reuniões no Palácio da Alvorada em novembro e dezembro, após a vitória de Lula.

Eram reuniões fora da agenda presidencial, convocadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, ou pelo próprio presidente. A primeira foi dia 1º de novembro —dois dias após a vitória de Lula e discutiu dois assuntos: o fechamento de rodovias e os acampamentos golpistas com bolsonaristas diante dos quartéis.

O golpe não era tratado diretamente. Em alguns casos, Bolsonaro apenas buscava conversar e se aproximar dos chefes militares. Mas houve algumas reuniões em que Bolsonaro e militares de seu entorno defenderam intenções golpistas de reverter o resultado eleitoral.

O QUE FALTA – O depoimento de Freire Gomes certamente preencheria as lacunas, informando a reação do Alto Comando do Exército ao tomar conhecimento dessa situação.

O general pode esclarecer também a influência de governos estrangeiros. Sabe-se que em julho de 2022 o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, tocou no assunto com o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

Em seguida, os encarregados de negócios dos EUA no Brasil, Douglas Knoff, e do Reino Unido, Melanie Hopkins, participaram de reuniões sigilosas com generais do Exército para sondar a posição da Força. E comunicaram que haveria forte oposição de seus países a qualquer tentativa de ruptura democrática.

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P.S.
Tudo isso e muito mais pode ser esclarecido pelo general Freire Gomes, caso o ministro Moraes tenha a humildade de convidá-lo a depor. É claro que o general Freire Gomes, esse discreto herói nacional, aceitará explicar como repudiou as intenções de ruptura democrática, porque fazê-lo significa um dever para ele. Mas quem se interessa? (C.N.)

Crimes evidenciam ramificações e seus reflexos na esfera social

Fuga de Mossoró demonstra a expansão da criminalidade

Pedro do Coutto

O episódio da fuga de criminosos em Mossoró e os fatos dramáticos da violência em diversas áreas do país acentuam a complexidade do tema, uma vez que o crime revela as suas ramificações e, apesar dos esforços dos esquemas de segurança, continua se expandido, sobretudo nos centros urbanos. A insegurança está ocupando o espaço que deveria ser preenchido pela estabelidade e pelo controle, tendo consequências profundas na esfera social.

A falta de comprometimento de autoridades está se fazendo sentir, como inclusive focalizou Elio Gaspari em seu espaço de domingo no O Globo e na Folha de S. Paulo. As facções confundem-se e assinalam o enfraquecimento do poder público em combater o crime organizado que se disfarça em divisões que incluem  características diversas. Quando se pensa que o combate é entre o confronto de áreas diversas e definidas, eis que vem à tona uma realidade cada vez mais preocupante.

SITUAÇÕES POLÍTICAS – Em regiões de renda menor, o crime habita em pontos diferentes, envolvendo situações políticas não muito definidas aos olhares da lei. Mossoró é um exemplo de um tipo de conivência que engloba aspectos surpreendentes, refletindo o apoio que o crime revela no tecido social.

Uma campanha contra o crime e os criminosos deve ser articulada pelo governo em caráter permanente, sendo capaz de identificar o que de fato está acontecendo nos bastidores da política e da administração, com o objetivo de fornecer às populações direitos inegáveis. Existe uma mistura de interesses e vontades que estão mobilizando e dificultando extremamente o poder público.

EXPANSÃO – Os assassinatos e os roubos se repetem e expandem-se de forma impressionante. É preciso que seja realizado um movimento de divulgação que possa incluir no comportamento da sociedade uma resistência mais ampla ao que está se verificando. A fuga de Mossoró chama a atenção para as deficiências sociais no que se refere ao combate à criminalidade de forma efetiva.

Trata-se de um processo que será lento, mas indispensável para todas as pessoas que são ameaçadas de forma constante e cada vez mais perigosa. É urgente mudar o sistema que compromete toda a sociedade e todo o universo da segurança. A começar pela identificação das correntes que se disfarçam nos campos políticos e da administração pública que no fundo não apresentam um caminho concreto de atuação. A integração dos governos federal e estaduais são essenciais e precisam ser menos vulneráveis.