A revolta contra a exploração humana, na poesia satírica de Gregório de Mattos

O poeta Gregório de Mattos, o "Boca do Inferno", teve ordem de prisão após dois séculos de sua morte! | Espaço Literário Marcel ProustPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta baiano Gregório de Mattos Guerra (1636-1695), alcunhado de “Boca do Inferno ou Boca de Brasa”, é considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período colonial. Gregório ousava criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Criticava também a “cidade da Bahia”, ou seja, Salvador, como neste poema “Triste Bahia”.

TRISTE BAHIA
Gregório de Mattos

Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas
De outros que estão por vir estranhos.
Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos.
Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
macutas, correão, nevelão, molhos:
Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
E é que quem o dinheiro nos arranca,
Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.

Toffoli achou (?) que não havia limites e colocou o Supremo em péssima situação

Dias Toffoli | Jornalistas Livres

Charge do Cau Gomez (Arquivo Google)

Carlos Newton

Inebriado pelo abundante poder que os ministros do Supremo acumularam, em meio aos excessos que caracterizam as decisões monocráticas de Suas Excelências, o ministro Dias Toffoli estava tranquilo devido à conivência da Procuradoria-Geral da República, especialmente depois que o novo procurador Paulo Gonet, às vésperas do Natal, engoliu com casca e tudo a suspensão da multa bilionária que a J&F acertara pagar.

Como o procurador permaneceu submerso, Tofolli não teve dúvidas e repetiu a dose 42 dias depois. Ainda em pleno recesso, na véspera do reinício dos trabalhos do Judiciário, o ministro resolveu suspender também a multa bilionária da Novonor, que pode ser chamada de NeoOdebrecht. E o procurador Gonet continuou omisso.

EXISTEM LIMITES – No primarismo da visão egocêntrica de Toffoli, não existiriam limites para o poder dos ministros do Supremo. Mas nem é preciso ser uma inteligência artificial para perceber que padre Óscar Quevedo tinha razão, porque isso “non ecziste” e na vida tudo tem limites.

Infelizmente, o extravagante ministro do Supremo não tem esse alcance intelectual e levou adiante a aventura. Não contava com a reação da opinião pública, representada pelos três maiores jornais do país (Folha, O Globo e Estadão), que protestaram violentamente contra as decisões de Toffoli, fazendo com que o procurador-geral da República enfim despertasse do torpor, antes que sobrasse para ele, e apresentasse recurso contra a suspensão da multa da J&F, que substituiu a Odebrecht como maior corruptora brasileira.

Não foi difícil para Gonet encontrar justificativas contra a decisão de Toffoli, especialmente depois que o repórter Breno Pires, da revista Piauí, provou que os argumentos apresentados a Toffoli pelo advogado Francisco Assis e Silva, defensor da J&F, eram falsos e ardilosos.

ILAÇÕES ABSTRATAS – O procurador Paulo Gonet foi obrigado a reconhecer que Toffoli fez “ilações e conjecturas abstratas” a respeito da suposta coação sofrida pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, e isso não é suficiente para suspender o acordo.

“Não há como, de pronto, deduzir que o acordo entabulado esteja intrinsecamente viciado a partir de ilações e conjecturas abstratas sobre coação e vício da autonomia da vontade negocial”, sustenta o procurador-geral da República.

No Supremo, o clima é de desespero e constrangimento, porque todos os ministros, de uma forma ou outra, estão envolvidos e foram coniventes com a quebra dos limites.

LIBERDADE DE LULA – Lembremos que tudo começou com libertação de Lula, em 2019, em sessão presidida por Toffoli. Depois de aberta essa porteira, os ministros do Supremo foram quebrando limites, um após o outro, a pretexto de estarem redemocratizando o país, sem pedir licença ao cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia Helio Fernandes.

Os últimos limites quebrados foram o julgamento direto no Supremo de réus sem foro privilegiado, a condenação mediante provas coletivas, a dispensa da defesa oral e o fim da suspeição de juiz em processo com participação de réu defendido por cônjuge do magistrado, esculhambando cada vez mais o chamado “devido processo legal”.

A Procuradoria ficou omissa diante de todas essas irregularidades jurídicas, muitas delas para acabar com a Lava Jato, como o uso da incompetência territorial absoluta, que “descondenou” Lula da Silva com uma norma que só existe em questões imobiliárias.

Agora, pela primeira vez, a Procuradoria-Geral da República desperta no berço esplêndido e decide lembrar a Toffoli a existências de limites, que ele está atirando na lata de lixo.

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P.S. 1
Antes tarde do que nunca, diz o ditado. Mas ficam pendentes algumas dúvidas: 1) Será que a coisa é séria? 2) O procurador-geral promete recorrer também no caso da Odebrecht? 3) Vai fazer pé firme e exigir uma Justiça limpa? 4) Por que a Procuradoria demorou tanto até mostrar que ainda existe? (C.N.)

Humanização do capitalismo evitou a expansão dos regimes comunistas

Seis medos no comunismo que se tornaram reais no capitalismo - O Cafezinho

Charge do Allan Sieber (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Dois livros foram fundamentais para o entendimento dos dois principais sistemas econômicos existentes no mundo:  capitalismo e comunismo: 1 – “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith, publicado em 1776. Trata-se do embrião do capitalismo, cujos alicerces são o individualismo, o lucro, o liberalismo, a acumulação de capital, a divisão do trabalho e a exploração do homem pelo homem. 2 – “O Capital”, de Karl Marx e Friedrich Engels, que pretendiam humanizar o regime econômico, com o primeiro livro publicado em 1867 e em seguida foram lançadas as duas obras complementares.

Na vida das nações, não existe transformação institucional sem uma teoria que a impulsione, até que se torne um movimento econômico, político e social.

ASCENSÃO DA BURGUESIA – Os enciclopedistas franceses Rousseau, Voltaire, Diderot e Montesquieu prepararam nas consciências o evento da Revolução de 1789, um movimento de ascensão da burguesia, que culminou com a queda da tradicional monarquia francesa.

Já os iluministas Francis Bacon, John Locke, David Hume e George Berkeley prepararam os espíritos e as ideias que deram origem à Revolução Industrial do século XVIII. Esses intelectuais foram também denominados de empiristas ingleses.

Tanto a Revolução Francesa como a Revolução Industrial foram movimentos da nova classe social, a Burguesia, surgida dos escombros da Idade Média.

POLÍTICA E ECONOMIA – Os revolucionários contestaram o direito divino dos reis e os privilégios da nobreza, criando as bases da nova sociedade liberal e democrática. Coube aos franceses a liderança da revolução política e social de 1789 e aos ingleses o advento da revolução econômica.

Dando seguimento ao termo “comunismo” e sua origem, os revolucionários russos liderados por Lenin, Trotsky e Stalin, incorporaram as ideias contidos no livro “O Capital” e tomaram o poder da família real russa, na chamada Revolução Soviética, em 1917.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) durou mais de 70 anos, sendo implodida na década de 90, após a queda do muro de Berlim, que dividia a Alemanha em duas nações. Enfraquecido o império comunista soviético, surgiram movimentos separatistas, e as repúblicas se tornariam independentes, como a Geórgia, o Casaquistão, o Uberquistão, a Ucrânia, dentre outras.

ERA DA ALIENAÇÃO – Evidentemente, nenhum país conseguiu impor as ideias originais contidas no livro “O Capital”, até porque houve uma crescente humanização do capitalismo. Portanto, o que existe no mundo de hoje, em termos práticos, é o modo de produção capitalista, com maior ou menor controle do Estado.

Ao mesmo tempo, vivemos hoje uma era da alienação e conformismo, a pós-verdade, que distorce os fundamentos do que seria o verdadeiro comunismo, que só poderia ocorrer em uma sociedade avançada culturalmente.

Para confundir, há a esquerda populista, que não prepara os cidadãos para a inteligência e o saber, com regimes comunistas caricatos, como a Venezuela, a Nicarágua e a Coréia do Norte, que nada têm de comunismo, sendo apenas a tomada do poder por grupos amparados pela força militar, tendo como meta a eternização do poder com base em concessões populistas, que preservam o estado de coisas dos regimes capitalistas excludentes. E assim o mundo segue girando à direita e à esquerda, 

Um amor incondicional ao povo brasileiro, na obra poética de Gilberto Freyre 

Poeticamente, o sociólogo Gilberto Freyre acreditava num outro Brasil que  vem aí… - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O sociólogo, antropólogo, historiador, pintor, escritor e poeta pernambucano Gilberto de Mello Freyre (1900-1987), além de se consagrar como um estudioso da história e da cultura do país, também dedicou-se à poesia. É bem verdade que aquele que se dedica a ler com atenção seus livros pode perceber o dom literário do sociólogo, cuja habilidade na escrita torna atraentes os temas que aborda em seus estudos.

“O outro Brasil que vem aí “ é um poema que traz a defesa das singularidades nacionais que estão presentes em seus textos sobre a formação da sociedade brasileira e é uma amostra do dom literário que o sociólogo possuía. Iniciando-se com os versos “Eu ouço as vozes / eu vejo as cores / eu sinto os passos / de outro Brasil que vem aí”, Freyre projeta para sua nação o desejo de ver seu pleno desenvolvimento social, de estar numa terra onde pessoas de todas as origens sociais possam ser donas de seus próprios destinos. O poema, além de ser uma aula sobre a brasilidade, é um fragmento de esperança lançado pela pena de Gilberto Freyre.

O OUTRO BRASIL QUE VEM AÍ
Gilberto Freyre

Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí. 

É impressionante a podridão a que chegou o Supremo, no afã de destroçar a Lava Jato

Tribuna da Internet | Com Dino no Supremo, Lula escancara que a Corte se tornou um órgão político

Charge do Bier (Arquivo Google)

Carlos Newton

De repente, não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes ao detectar a mudança de foco da grande imprensa a respeito do trabalho de desmonte da Lava Jato, que vem sendo desenvolvido pelo Supremo desde 2019, quando tirou da prisão Lula da Silva, a pretexto de ainda não ter sido julgado em nível de recurso pela própria Suprema Corte.

Com isso, o STF colocou o Brasil numa situação vexaminosa, como único país da ONU que não prende criminoso após condenação em segunda instância. E os ministros devem achar que valeu a pena submeter o Brasil a essa vergonha, pois até agora, quase seis anos depois, ainda não reconheceram o erro.

MINISTRO NÃO ERRA? – É claro que os ministros erram – e feio. O problema é que não reconhecem. Só lembro de um caso, quando Marco Aurelio Mello se equivocou, admitiu a falha e chegou a chorar no plenário. Depois, cometeu outros erros, como libertar o chefão André do Rap, do PCC, porém não chorou mais.

Os outros não erram nem em pensamento. Mas tudo tem limites, e as mais recentes decisões do ministro Dias Toffoli causaram revolta à grande imprensa.

Primeiro foi a Folha, que sexta-feira (dia 2) publicou um editorial demolidor contra Dias Toffoli, considerando “um escárnio” a decisão de suspender a multa bilionária da Odebrecht, que mudou de nome, mas continua com a mania de subornar autoridades. Depois, o Estadão e O Globo também publicaram editoriais investindo contra as insanidades do ministro.

ALEGAÇÕES MENTIROSAS – A combativa revista piauí entra na briga e demonstra que Toffoli se baseou em alegações falsas e mentirosas da defesa da J&F, para suspender a multa bilionária. Mas não é apenas Toffoli que está enrolado. Os outros ministros se omitem e fingem não saber que as anulações das multas são baseadas em provas ilegais – as gravações de hackers com o então procurador Deltan Dallagnol, o juiz Sérgio Moro e outros membros da força-tarefa da Lava Jato.

Mas Toffoli e todos os ministros estão informados de que a obtenção daquelas gravações foi constitucionalmente ilegal, conforme se pode comprovar pelo Inciso LVI do art. 5º da Constituição: “São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.

Também estão cansados de saber que o relatório da Polícia Federal concluiu, em abril de 2021, que não é possível confirmar a autenticidade das mensagens hackeadas da força-tarefa. Mesmo assim, usaram essas provas ilegais para anular as condenações de Lula, beneficiar centenas de corruptos, inclusive o notório e insuperável Sérgio Cabral, e anular multas bilionárias de empresas reconhecidamente corruptoras no Brasil e em muitos outros países do mundo, em processos que levaram à prisão sete presidentes na América do Sul, e um deles, o peruano Alan Garcia, se suicidou.

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P.S.
Na vida, tudo precisa ter limites. Houve excessos na Lava Jato, mas a operação deveria ser aplaudida e saudada pelos brasileiros. O que se vê, porém, é um movimento enorme para defender bilionários corruptos e punir os membros da força-tarefa que tiveram coragem de investigá-los e condená-los. O próximo passo agora é cassar o mandato de Sérgio Moro, que cometeu excessos e errou ao abandonar a magistratura, porém o conjunto de sua obra é admirável e merece ser preservado. Mas quem se interessa? (C.N.)

Como dizia Taiguara, ninguém pode ser bom sendo o que não é 

Taiguara: a voz mais censurada pela ditadura, por Carlos Motta -

Taiguara, um grande compositor romântico

Paulo Peres
Poemas & Canções                  

O cantor e compositor Taiguara Chalar da Silva (1945-1996) nascido no Uruguai durante uma temporada de espetáculos de seu pai, o bandoneonista e maestro Ubirajara Silva, na letra de “Piano e Viola” compara seu estado emocional com o dia chuvoso e ensina que ninguém é bom sendo o que não é. A música está no LP Taiguara, Piano e Viola lançado, em 1972, pela EMI-Odeon.

PIANO E VIOLA
Taiguara

Olhando um dia de chuva
Vi que o mais triste era eu
Que sem estrela e sem lua
Te procurava no céu
Fiz do piano a viola
Fiz de mim mesmo o amigo
Fiz da verdade uma história
Fiz do meu som meu abrigo

Quem canta fala consigo
Quem faz o amor nunca quer ferir
Quem não fere vive tranquilo
Vê muita gente sorrir

E quem não tiver do seu lado
A quem ama e quer ver feliz
Não diga que não se importa
Diga só o que o amor lhe diz

Essa mentira é uma espuma
Que se desmancha no ar
E deixa n’água um espelho
Pra você se ver chorar

Sorriso bom, só de dentro
Ninguém é bom sendo o que não é
Eu, pra ser feliz com mentira
Melhor que eu chore com fé

E quem não tiver do seu lado
A quem ama e quer ver feliz
Não diga que não se importa
Diga só o que o amor lhe diz

Essa mentira é uma espuma
Que se desmancha no ar
E deixa n’água um espelho
Pra você se ver chorar

Um diploma de Nordestino, assinado pela grande mestre Geraldo do Norte

Geraldo do Norte: a história do nordestino da Rádio Nacional - YouTube

Geraldo do Norte canta o nosso sertão

Paulo Peres
Poemas & Canções

O radialista, declamador, letrista e poeta Geraldo Ferreira da Silva, nascido em Parelhas (RN), mais conhecido como Geraldo do Norte, “O Poeta Matuto”, em suas poesias aborda sempre temas regionais, como a vida no sertão, o trabalho do vaqueiro, as festas religiosas, além de denunciar problemas sociais, como a fome e o preconceito contra o nordestino, e homenagear grandes nomes da região, como neste poema “Diploma de Nordestino”. 

DIPLOMA DE NORDESTINO
Geraldo do Norte

Deus quando criou o mundo,
fez uma obra completa,
como um poema matuto, feito pelo Deus poeta.
Destes que sai redondo, metrificado profundo,
que nem precisa de teste.
Fez rios, vales e serras, Terra e sementes da Terra:
fez uma obra de mestre!

O planisfério terreno, com todos os continentes.
Vales grandes e pequenos, regiões frias e quentes!
Oceanos Pacífico e Ártico.
Atlântico, Índico e Antártico.
Ecossistema perfeito, com tudo quanto é vivente.
Lavas, girinos, sementes; a essência do bem feito.

No curso da natureza vieram os conquistadores.
Manipularam riquezas, dilapidaram valores.
Pelo mar plantaram, pela terra escravizaram
e, em nome do progresso, poluem, desmatam,
agridem, prostituem, matam e denigrem,
virando o mundo do avesso!

Sei que Deus pensou em tudo
na hora de fazer o mundo.
O Seu pequeno descuido foi dar asas a vagabundo.
Que expulso do paraíso, fez tudo que foi preciso
para pagar sua parcela
e é através dos humanos, que continuam cobrando,
juros e juros em cima dela!

Faz parte da Natureza, desde Caim e Abel.
Por gozo, fama e riqueza nosso limite é o céu.
Deus fez o mundo perfeito:
o povo veio desse jeito para ver se passa no teste,
mas deixo neste segundo,
a grande história do mundo,
para falar do meu Nordeste!

É um mundo dentro d’outro,
como se fosse a maquete.
O que há de mais profundo;
podem fazer uma enquete,
que as raças mais resistentes,
e eu falo de bicho e gente,
sem desmerecer ninguém, mas nas outras religiões,
ninguém tem as privações, que o nordestino tem.

Em toda a velha glamura, tu não verás nada igual.
Lendas, costumes, bravuras,
para o bem o para o mal.
Tem que nascer na miséria para ser Maria Quitéria,
Padim Ciço ou Lampião;
porque Deus fez o Nordeste para oficina de teste
e vestibular de sertão.

O Brasil sem o Nordeste, é um time sem goleiro;
um aluno sem seu mestre ou um galo sem terreiro;
uma casa sem criança, um povo sem esperança,
um vaqueiro sem cavalo.
Uma noite sem estrela,
um rio sem cachoeira
ou uma flor sem orvalho!

É como um divisor de águas; difícil até de falar;
tem a beleza da lágrima, a bravura do marruá!
É pedra de fazer aço, cozida pelo mormaço
de caldeira de sol quente;
é a saga de um povo,
que nem Deus fazendo de novo,
fazia tão resistente!

Diploma de nordestino não se compra em faculdade:
se arranca do destino com luta, força e vontade,
afrontando a própria sorte e troféu de cabra forte,
que levanta quando cai,
não aceita desaforo e nem põe anel de ouro,
em dedo de papagai.

As trovas de Zé Limeira, as rimas de Patativa,
são cultura de primeira e sertaneja nativa.
Leonardo Motta e Cascudo
deixaram para ser estudo,
livros e livros de história
e Catulo fez canção, como Luar do Sertão,
 para ficar na memória.

Às vezes tentam mostrar, outro Nordeste que existe:
feio, violento e vulgar, mas as tradições resistem.
Elomar, Vital Farias, os congressos de poesia,
nossa festa de São João e não vai ser uns infelizes,
que vão podar as raízes,
plantadas por Gonzagão.

Cultura não é quinquilharia!
Rapina não é conquista.
Dom não se compra em padaria:
Gigolô não é artista,
política não é negócio, vendas não é sacerdócio,
vício nunca foi virtude!
Mentira não tem verdade, esmola não é caridade
nem religião, plenitude!

E quando o povo acordar, droga não der inspiração.
Vagabundo não mandar, o herói não for ladrão.
Prostituição, sucesso. Promiscuidade, progresso
e Deus tiver absoluto,
eu vou estar no meu cantinho,
fazendo com muito carinho,
mais um poema matuto!

Mais uma estupidez! Lula considera “baixo” o teto salarial de R$ 44 mil

Crime organizado está metido do futebol à política', afirma presidente Lula - Fato a Fato

Piada do Ano! Salário das autoridades é baixo, diz Lula

Carlos Newton

Realmente, não dá para levar a sério um governante como Lula da Silva, que é capaz de fazer uma afirmação idiota atrás da outra, com um espantoso repertório de estultices. Justamente num momento em que aumenta o desconforto da opinião pública contra altos salários, mordomias e penduricalhos das cúpulas dos três Poderes, Lula tem a desfaçatez de esbofetear a República e humilhá-la, ao proclamar que são baixos os salários recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Lula está cansado de saber que os integrantes do STF recebem R$ 44 mil mensais, mas são favorecidos com sofisticadas mordomias tipo “cordon bleu”, com direito a morar de graça em confortáveis apartamentos, servidos por carros blindados de luxo e com combustível liberado.

Além disso, os ministros têm direito a jatinhos e passagens aéreas para se deslocar pelo Brasil e pelo mundo, garantidos com plano de saúde classe A, contando como motoristas, seguranças e assessores à disposição, e com as contas de luz, gás e telefone e muito mais, tudo por conta do cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia o genial Helio Fernandes.

E DISSE LULA… – Segundo o presidente petista, somente quando os magistrados se aposentam da Suprema Corte podem “ganhar um pouco de dinheiro” e “trabalhar em outras coisas”. 

Lula fez essas espantosas declarações na cerimônia de posse do novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Pensando (?) que estava fazendo piada em apresentação stand up comedy, o bem-humorado governante disse que as remunerações dos ministros do Supremo são “irreais” para a “qualidade da função”.

E seguiu adiante com a pilhéria, dizendo ter ficado com receio de que o ministro Ricardo Lewandowski, aposentado do STF, não quisesse aceitar assumir a vaga de ministro da Justiça. Revelou que, durante o convite, pôde ouvir Lewandowski comentar sobre como “a vida estava ficando razoável do ponto de vista da melhoria econômica dele”, e até as pilastras do Supremo sabem que Lewandowski rapidamente ganhou milhões na sua primeira negociata jurídica pós-STF, a serviço dos irmaõs Joesley e Wesley Batista.

LULA ENLOUQUECEU? – Do outro lado do balcão, o que deve estar pensando o cidadão-contribuinte-eleitor? Será que Lula enlouqueceu? Ou ele é assim mesmo irresponsável?

Afinal, trata-se de um metalúrgico subletrado que entrou na política e enriqueceu ilicitamente, foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro por dez magistrados, sempre por unanimidade até no Superior Tribunal de Justiça, e cumpriu 580 dias de cadeia.

Na verdade, Lula acha normal enriquecer na vida pública. É como se fosse uma forma de retribuir os serviços prestados por ele aos cidadãos. Nessa falsa concepção de vida, julga-se o maior estadista do mundo, é como se o Brasil tivesse de agradecer diariamente a ele, por aceitar nos governar recebendo salários inexpressivos e mordomias de baixo nível, a ponto de sua atual terceira-dama ser obrigada a sair comprando móveis de luxo e roupas de cama de algodão egípcio, usando o cartão corporativo, é claro, como fazia a segunda-dama Rosemary Noronha.

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P.S. 1  –
Com essa declaração de Lula, todos os sindicatos de servidores públicos dos três Poderes, federais, estaduais e municipais, estão liberados para exigir aumentos imediatos de salários e mordomias, incluindo penduricalhos.

P.S. 2  Diante desses fatos, ninguém, nem mesmo os mais fanáticos petistas, pode acreditar que Lula esteja em seu juízo perfeito. É óbvio que ele está variando, com um parafuso a menos. Mesmo assim, insiste em ser releeito em 2026, para continuar na ilusão de que administra o país, embora esteja se comportando como um Napoleão de hospício, digamos assim. (C.N.)

De uma hora para outra, Brasil se tornou o melhor dos mundos, o país-maravilha…

Grades que protegiam o Supremo são retiradas em abertura dos trabalhos do judiciário

Uma cena comovente, com as grades do ódio sendo retiradas

Vicente Limongi Netto

O Brasil vive momentos de euforia. A felicidade entrou na casa dos brasileiros. É o Brasil sem problemas. O paraíso tropical. Oposição sem chão. Miséria e desemprego perto do fim. O inferno da cracolândia de São Paulo com dias contados. Como se sabe, o severo e sereno Flávio Dino acabou com a criminalidade.

Malfeitores tremem, ao ouvir o nome dele. Famílias voltaram a sorrir. Dino deixou o Ministério da Justiça enxuto. Tudo nos conformes, para Ricardo Lewandonski brilhar cada vez mais.

UM BELO EMPREGO – O bondoso Geraldo Alckmin arrumou emprego de 40 mil reais para Renato Capelli, que trabalhava com Flávio Dino. Quem tem amigo forte, não morre pagão. Fofo, o vice-presidente. 

As viagens de Lula e Janja ao exterior, sem gastos exagerados para os cofres públicos, deixaram o Brasil mais respeitado aos olhos do mundo. O Centrão promete parar de exigir cargos. Começou dieta braba, sem data para acabar. 

E o chefe da nação é probo. Cidadão acima de qualquer suspeita. Governa para todos os brasileiros. Maldade apregoar que o PT e vassalos têm privilégios no governo federal. 

MELHOR DOS MUNDOS – É a concretização dos sonhos de Voltaire, com o Brasil se transformando no melhor dos mundos. As solenidades institucionais se tornam abissal pantomima, com amor e harmonia, da boca para fora, com declarações candentes e eternas do sorridente presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luis Roberto Barroso, e do próprio presidente Lula, logo ele, que tem o costume de insultar adversários com palavreado pesado.

O furor cívico e patriótico culminou com a retirada das grades que protegiam a Suprema Corte das medonhas e deploráveis cenas de 8 de janeiro.

A cerimônia seria ainda mais extraordinária e marcante, se Lula, Janja e Barroso cortassem uma fita simbólica, ao som dos fortes clarins dos briosos guardas dos Dragões da Independência e da banda de música do Palácio do Planalto. Seria glorioso e inesquecível.  

A importância de resistir às agruras dessa longa vida curta, segundo Socorro Lira

LAVRAPALAVRA : A cantora e compositora Socorro Lira conseguiu, com  maestria, musicar os versos do moçambicano Mia Couto

Socorro Lira exibe a alegria de viver

Paulo Peres
Poemas & Canções

A psicóloga, cantora e compositora paraibana Maria do Socorro Pereira, conhecida como Socorro Lira, expressa seus sentimentos através da música que constrói o “Tema de um Brinquedo Chamado Viver”. Esta música faz parte do CD Cantigas, lançado por Socorro Lira, em 2001, produção independente.

TEMA DE UM BRINQUEDO CHAMADO VIVER
Socorro Lira

Uma canção me faz feliz
É a canção toda nascida
Dessa vida, dessa vida
Uma canção me faz sorrir
É a canção toda emoção
Do coração que quer cantar
A longa vida curta, a dura lida, a luta
Dessa gente que não para de sonhar

Uma canção me faz sofrer
É a canção da dor que mata
E que maltrata, que maltrata
Uma canção que faz chorar
O coração doer
Que faz roer dentro do peito
De algum jeito, qualquer jeito
Qualquer jeito, o que ainda restar

Uma canção me faz pensar
É a canção comprometida
Com a vida, com esta vida
Uma canção que nasce assim
Tem toda força, enfim
Do nosso grito
Do infinito amor que agita
E nos incita, e nos incita
E nos convida a continuar          

Para Sidney Miller, um bom argumento era cantar um samba antigo

Sidney Miller Especial | Musicograma | TV Brasil | Cultura

Sidney Miller, excelente compositor

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor e cantor carioca Sidney Álvaro Miller Filho (1945-1980) apresenta um “Argumento” de respeito, ao dizer que vai cantar uma samba antigo, para entender o que há de novo. Este samba foi gravado em 1967 no LP Sidney Miller, Série Elenco.

ARGUMENTO
Sidney Miller

Peço o seu consentimento
Pra falar do sentimento
Que eu guardei na melodia
Pois o samba que apresento
Não é coisa de momento
E nem é só filosofia
Quando o samba vem do peito
Como de fato e de direito
Não tem corte nem coroa
Mas merece o meu respeito
Que eu não quero e não aceito
Batucar um samba à toa
Não vê que minha profissão
Não é fazer intriga
Que meu violão não compra briga
Ninguém faz cantiga
Pra se aborrecer
Só quero lhe dizer com toda honestidade
Que só faz um verso de verdade
Quem tiver verdades pra dizer
Se você disser agora
Que eu cheguei fora de hora
Que meu samba nasce morto
Que essa bossa foi de outrora
Que meu barco foi-se embora
E agora é dono de outro porto
Vou pensar que assim prossigo
Porque quero e nem te ligo
Pois cantando eu me promovo
Ouça bem o que eu lhe digo
Vá cantar um samba antigo
Pra entender o que há de novo

Lula tem razão! É preciso parar o estardalhaço sobre manipulação da “Abin Paralela”

Abin paralela | Charges | O Liberal

Charge do J.Bosco (O LiberaL)

Carlos Newton

O estardalhaço que estão fazendo em relação ao uso político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) chega a ser patético. A imprensa amestrada sai em disputa para ver quem defende com mais vigor os interesses do governo Lula, ou seja, competem para ver quembajula mais intensamente o chefe, a ponto de até lhe causar desconforto, levando o presidente a pedio moderação até que as investigações se concluam.

Em entrevista à rádio CBN Recife, nesta terça-feira (30/01) Lula afirmou que é fundamental respeitar a presunção de inocência de investigados.

“Todo mundo sabe, tanto PF (Polícia Federal) quanto MP [Ministério Público]: quer investigar, investigue, mas não faça show pirotécnico, não fique divulgando nome da pessoa antes de ter prova concreta, não fique destruindo imagem das pessoas antes de investigar”, disse.

NO RUMO CERTO – Lula está com toda razão. Percebeu o exagero nas acusações, pois a investigação está apenas no início. Sabe-se que foi usado um programa israelense de localização de pessoas, porém ainda não se tem maiores detalhes nem os nomes de quem teve sua movimentação acompanhada.

Nessa perspectiva, o presidente tentou que o diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, se defendesse no cargo, mas a pressão de aliados e de ministros do Supremo foi muito forte, e Lula teve de se curvar, alegando que não há “clima” para Moretti seguir no governo.

Na entrevista, Lula demonstrou insegurança em relação à Abin. “A gente nunca está seguro”, disse. “O companheiro que indiquei para ser diretor-geral da Abin é companheiro que foi meu diretor-geral da PF entre 2007 e 2010, é pessoa que tenho muita confiança e por isso chamei, já que não conhecia ninguém dentro da Abin. E ele montou a equipe dele, mas dentro da equipe tem cidadão que está sendo acusado de que mantinha ligação com Ramagem, que é ex-presidente da Abin do governo passado”, afirmou, resumindo a confusão.

NINGUÉM LIGA – O pior são as conclusões apressadas do ministro Alexandre de Moraes, que não questiona os atos da Polícia Federal.  “Como ressaltado pela autoridade policial, as ‘demandas’ eram tratadas por meio de assessoras, e não diretamente entre os investigados, corroborando ainda mais o zelo em relação aos vestígios das condutas delituosas”, afirmou Moraes, repetindo a informação que recebeu da PF.

Uma conversa entre assessoras de Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem é citada pelo ministro do Supremo para justificar a ação da PF, porque esse diálogo demonstraria que o vereador integrava o “núcleo político” da chamada “Abin paralela”.

Pelo WhatsApp, Luciana Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro, pede “ajuda” a Priscilla Ferreira e Silva, a serviço do então diretor-geral da Abin. Ela envia o nome da delegada Isabela Muniz Ferreira, do núcleo da PF responsável por investigações sensíveis, e cita dois inquéritos, afirmando que envolvem “PR e 3 filhos”, em menção à família Bolsonaro.

ILAÇÃO TEMERÁRIA – Trata-se de uma afirmação sem base, uma ilação verdadeiramente temerária. Para quem conhece as entranhas do Planalto, o diálogo entre as duas pode significar que algum auxiliar de Bolsonaro soube das investigações e queria ter detalhes.

É óbvio que a família Bolsonaro era informada sobre essas investigações diretamente por Ramagem (Abin) ou Augusto Heleno (GSI). Esse tipo de assunto não é da competência de assessorias de baixa escalão. Portanto, a PF e Moraes viajaram na maionese, pensando (?) terem encontrado o fio da meada nesse diálogo de servidoras.

Fico com pena das assessoras, que devem estar apavoradas com a investigação a que estão submetidas, sofrendo busca e apreensão e tudo o mais.

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P.S.
De tudo isso, fica uma grande lição. No Brasil de hoje, as autoridades não têm medo do ridículo, e o famoso inquérito do fim do mundo – prorrogado por mais 90 dias “atendendo a pedidos”, segundo o relator Moraes – está sendo transformado numa peça de humor, que nem pode ser chamada de “humor negro”, porque agora isso representa “racismo intelectual”. (C.N.)

Flávio Dino festeja um aprimoramento da segurança pública que só ele consegue ver

Saiba quem é Flávio Dino, ministro da Justiça indicado para o STF

E com vocês, Flávio Dino, realmente o primeiro e único!!!

Vicente Limongi Netto

O ainda ministro da Justiça e futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, continua deitando falação sobre o quadro caótico da segurança no Brasil (Correio Braziliense – 29/01).  O falante e espaçoso Dino quer deixar a Esplanada dos Ministérios com a fama do mais bonitão e o mais sabido dos ministros. Ninguém na administração federal, sabe mais do que ele.

Mas ele exibe dados sobre aprimoramento da segurança pública tirados de alguma cartola de mágico de circo mambembe, digamos assim, com todo respeito aos circos mais pobres.

MORTES VIOLENTAS – De acordo com números recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no primeiro semestre de 2023 foram 20.435 mil mortes violentas. Com taxas por 100 mil habitantes, o Brasil está entre as maiores do mundo. Em média, foram 110 assassinatos por dia, nos primeiros 6 meses de 2023. No primeiro semestre de 2023 foram 19.742 assassinatos.

Crescem, todos os dias, estupros, sequestros e assaltos com mortes. Feminicídios são milhares que humilham o Brasil aos olhos do mundo.

Portanto, antes de se exibir com a toga preta do paraíso chamado Supremo, Flávio Dino precisa voltar de Marte para o Brasil real, que continua turbulento e amedrontador.

DIZ MARCO AURÉLIO – As opiniões do ministro aposentado Marco Aurélio Mello, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), devem sempre ser levadas em conta, pela firmeza e clareza dos argumentos expostos por ele.

A seu ver, é inaceitável um ministro aposentado da Suprema Corte – no caso, Ricardo Lewandowski – aceitar ser auxiliar do presidente da República, como ministro da Justiça e Segurança Pública.

“O caminho deve ser o inverso, do Ministério para o Supremo. No caso de Lewandowski, ele é demissível a qualquer hora”, observou Marco Aurélio Mello. E completou, pesaroso: “Mas esse é o Brasil desarrumado”.

A FALTA DO PAI – Felizes daqueles que dispõem do pai para uma conversa descontraída, disponível para almoçarem juntos, num final de semana com futebol, abraçar os netos e a nora. Sentar para um chope, um sorvete. Traçar planos para uma viagem.

Não perca seu pai de vista. Sejam parceiros. Troquem boas e más lembranças. Bronca de pai afasta desleixos. De muitas maneiras o pai é importante no crescimento e educação do filho. Todo pai vibra com o sucesso pessoal e profissional do filho, é incansável na busca da sua felicidade. O pai costuma ser bom conselheiro. Procure não ser ingrato nem áspero com seu pai.

Com idade avançada, pai geralmente é teimoso. Paciência dobrada com ele. Muitos deles gostariam de ver e abraçar os filhos com mais frequência. Jamais a correria da vida atribulada pode tornar-se parceira do desamor, do desapego familiar. O amor do pai agrega. Meu pai foi grandioso. Forjou minha decência, lealdade e firmeza.

General Augusto Heleno precisa ser ouvido e responsabilizado pela arapongagem

Charge do Aroeira | Metrópoles

Charge do Aroeira (Brasil247)

Roberto Nascimento

A quem o diretor-geral da ABIN, delegado federal Alexandre Ramagem, era subordinado? Seu chefe imediato, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, era o general Augusto Heleno ou o vereador Carlos Bolsonaro, filho 02 do então presidente da República?

A paranóia referente a uma suposta conspiração contra o governo Bolsonaro ocorreu desde a posse até o final da gestão. Até aliados do próprio governo na Câmara e no Senado foram monitorados pela Abin institucional ou pela paralela.

ATÉ CIRO NOGUEIRA – Parece brincadeira, mas até o ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, Ciro Nogueira, foi monitorado, assim como Gustavo Bebiano, secretário-geral da Presidência, e o general Santos Cruz, secretário de Governo. Os dois foram demitidos, sem dó nem piedade, após o presidente receber relatórios paralelos.

A dúvida é, se eram confiáveis esses relatórios. Se foram feitos pela Abin ou se tratava de fake news colhidas pelo grupo palaciano liderado por Carlos Bolsonaro. Os bisbilhoteiros costumam levar ao soberano apenas aquilo que interessa a eles.

O próprio Bolsonaro, naquela reveladora reunião ministerial de 22 de abril de 2020, admitiu que montara um serviço particular de informações “que funcionava”. Se o então presidente fez essa afirmação naquela época, como poderá se desdizer quando começam a aparecer provas materiais? Fica difícil.

ARAPONGAGEM – A República, de 2019 até 2022 foi um festival de fakes news e de arapongagem. O general Augusto Heleno, do GSI, a quem a Abin estava subordinada, deve ser chamado para depor. É impossível que ele nada saiba sobre essa bagunça generalizada.

O problema é que os arapongas, incrustados nas Agências de Informações, hipoteticamente têm que respeitar a Constituição e as leis, simples assim. Ninguém está acima da Lei. Todos são iguais perante o arcabouço legal.

Quanto aos excessos cometidos por arapongas da CIA, da KGB, do Mossad e de todos outros órgãos, trata-se de problemas de seus respectivos países e não podem servir de justificativa.

PAGAR PELOS CRIMES – Se as investigações em curso comprovarem que os dirigentes da Abin agiram fora da curva, terão que pagar pelos seus crimes. Quanto aos servidores subalternos, não devem ser incriminados, pois apenas obedeciam a ordens;

Caso os envolvidos não sejam punidos, uma porta se abrirá para qualquer governo agir do mesmo modo.

E ficou uma dúvida. Será que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco também foram monitorados pela Abin paralela? O programa FirstMile, de espionagem israelense, teria funcionado também para os presidentes da Câmara e do Senado? Logo saberemos.

Abin paralela: criminosa, inaceitável, resquício ditatorial

Charge do Miguel Paiva (Brasil247)

Marcelo Copelli

Cada vez mais os fatos apontam que aliados do ex-mandatário derrotado nas urnas de 2022, infiltrados na Agência Brasileira de Inteligência, integravam um amplo grupo cuja responsabilidade era a de manter um serviço clandestino de “contrainteligência”.  De acordo com a Polícia Federal , indícios ratificam que além da espionagem ilegal de desafetos e adversários políticos, os sistemas de inteligência do Estado podem ter sido usados para conseguir informações sobre investigações sigilosas da própria PF.

Uma conversa recuperada no celular de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência, mostra que uma assessora do vereador Carluxo pediu informações sobre inquéritos de interesse da família Bolsonaro. A servidora diz a uma auxiliar de Ramagem que precisa “muito de uma ajuda”, informa o número das investigações e acrescenta que elas envolveriam o presidente da República e três filhos.

INFORMAÇÕES SIGILOSAS – Por mais que meia dúzia de fanáticos seguidores do ex-presidente ainda tentem justificar sem argumentos comprovações de que a última gestão alinhava-se pelos tortuosos caminhos da ilegalidade, utilizando-se de práticas da época da ditadura, as provas cada vez mais contundentes  confirmam que aliados de Bolsonaro tinham acesso direito ao ex-diretor da Abin e usavam o canal para conseguir informações sigilosas e sobre “ações não totalmente esclarecidas”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) sinalizou que outros episódios de interferência na Abin ocorreram enquanto Alexandre Ramagem esteve à frente da agência. Em fevereiro de 2020, por exemplo,um dossiê com dados de inquéritos eleitorais em tramitação na PF no Rio teria sido impresso por Ramagem; outro indício mencionado pela Polícia Federal ao pedir autorização do STF para deflagrar a nova fase ostensiva da investigação.

CONDUTAS ILEGAIS – Não trata-se apenas de ideologias políticas ou disputas polarizadas no cenário em debate, mas de, comprovadas as condutas ilegais, apurar de forma ágil e transparente todas as ações que atentaram contra a democracia, utilizando-se do aparato governamental.

A existência de uma organização criminosa cujos efeitos podem ter sido muito maiores que as provas iniciais demonstram, requerem uma profunda apuração e responsabilização dos envolvidos. Não há democracia quando o próprio agente público, representantes eleitos e servidores manipulam opositores através de práticas que deveriam ter sido abolidas e nunca mais repetidas.

O modo exato de se desculpar poeticamente, segundo Flora Figueiredo

Flora Figueiredo - a poética da vivência | Templo Cultural Delfos

Flora Figueiredo, em curtas palavras, o poema

Paulo Peres
Poemas & Canções

A tradutora, cronista e poeta paulista Flora Figueiredo, no poema “Atitude”, mostra como se pode pedir desculpas poeticamente.

ATITUDE
Flora
Figueiredo

Esse seu silêncio
soa como um grito,
abafado em panos.
Só faz denunciar os danos que causei.
Desculpe o mau-jeito,
mas comporto, em minha quota de defeitos,
não levar junto os enganos que eu amei.

Abin paralela e as práticas de contrainteligência ilícitas

Charge do Fraga (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

A possível transformação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em um instrumento político de espionagem contra o Legislativo e o Judiciário, supostamente para o favorecimento de interesses políticos do então presidente Jair Bolsonaro, configura-se como um fato extremamente grave.

As investigações da Polícia Federal indicam a existência de uma estrutura à parte dentro do órgão, dotada dos mais avançados equipamentos de monitoramento eletrônico, contando com a conivência de agentes federais, sob a liderança do então diretor-geral da Abin, delegado Alexandre Ramagem.

OPERAÇÕES – Segundo com as investigações, esse aparato ilegal de monitoramento teria realizado aproximadamente 30 mil operações de vigilância eletrônica, visando cerca de 1.500 pessoas, incluindo ministros do Supremo, parlamentares, jornalistas e líderes políticos. A motivação seria beneficiar a família Bolsonaro e os aliados do ex-mandatário, além de criar narrativas falsas que seriam utilizadas contra políticos e membros da mais alta Corte do país.

Um dos objetivos mais condenáveis era estabelecer ligações infundadas entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo.

Na última quinta-feira, por ordem de Moraes, uma operação de busca e apreensão foi conduzida no gabinete de Ramagem na Câmara e em seu apartamento funcional em Brasília, além de sua residência no Rio de Janeiro. No gabinete, os agentes encontraram, inclusive, um relatório contendo informações levantadas pela Abin sobre a atual investigação da PF.

ILICITUDE – “Os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram ferramentas e serviços da Abin para práticas de contrainteligência ilícitas e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal”, afirmou o ministro Moraes. Durante a execução de 21 mandados de busca e apreensão, foram recolhidos documentos, celulares, computadores e pen drives, que podem resultar em novas ações judiciais e abrir novas linhas de investigação.

Está também sob análise a utilização do sistema de inteligência First Mile pela Abin no monitoramento de dispositivos móveis, sem a necessidade de interferência e/ou ciência das operadoras de telefonia e sem a devida autorização judicial.

No que diz respeito aos agentes responsáveis pela segurança nacional, as condutas ilegais em questão podem ser interpretadas como atentados à soberania nacional, às instituições democráticas, ao processo eleitoral e aos serviços essenciais. Em um sistema democrático, as práticas nos dias atuais são inadmissíveis e devem ser analisadas de forma criteriosa pelos órgãos competentes quanto ao correto uso das responsabilidades e funções dos servidores à disposição do governo.

Uma mulher muito especial, que fez Ferreira Gullar entender tudo

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Thereza Aragão, Gullar e a amiga Mary Ventura

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico de arte, teatrólogo, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta e poeta maranhense José Ribamar Ferreira, o famoso Ferreira Gullar (1930-2016), no poema “Menos a Mim”, confessa que conhecia tudo, menos ele próprio. Todavia, depois que encontrou uma mulher muito especial, descobriu que nada conhecia.

MENOS A MIM
Ferreira Gullar

Conheço a aurora com seu desatino
Conheço o amanhecer com o seu tesouro
Conheço as andorinhas sem destino
Conheço rios sem desaguadouros
Conheço o medo do princípio ao fim
Conheço tudo, conheço tudo
Menos a mim.

Conheço o ódio e seus argumentos
Conheço o mar e suas ventanias
Conheço a esperança e seus tormentos
Conheço o inferno e suas alegrias
Conheço a perda do princípio ao fim
Conheço tudo, conheço tudo
Menos a mim.

Mas depois que chegaste de algum céu
Com teu corpo de sonho e margarida
Pra afinal revelar-me quem sou eu
Posso afirmar enfim
Que não conheço nada desta vida
Que não conheço nada, nada, nada
Nem mesmo a mim.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG Somente quem conheceu Ferreira Gullar pode entender a força desses versos. A gente marcava o ponto toda noite no restaurante Calipso, em Ipanema, que ficava ao lado do Zeppelin. Ninguém dizia “vamos sentar na mesa do Ferreira Gullar”. A gente falava “vamos sentar na mesa da Thereza Aragão”, a mulher dele. A mesa era redonda, não tinha cabeceira, mas era Thereza quem comandava a roda e iluminava a noite. (C.N.)

A necessária cautela sobre a proteção de dados

Charge do Fraga (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

Atualmente, existe uma disseminação massiva de dados pessoais sem critérios adequados e sem que a maioria das pessoas tenha o correto conhecimento sobre o impacto dessa exposição em suas vidas. Neste domingo, celebra-se o Dia Internacional da Proteção de Dados, uma ocasião que merece ser refletida, uma vez que o entendimento sobre esse tema cada vez mais presente torna-se essencial no cotidiano da sociedade.

Com o advento da globalização e o avanço das tecnologias, das redes sociais, do marketing digital e das operações eletrônicas, tornou-se mais fácil atingir um grande número de pessoas simultaneamente, dada a crescente conectividade. Diante desse cenário, é imperativo que se tenha uma maior cautela com os dados pessoais, pois eles se tornaram commodities valiosas para aqueles que buscam utilizá-los para fins muitas vezes desconhecidos.

VULNERABILIDADE – Ao compartilhar dados, muitas vezes apenas para realizar um simples cadastro, o indivíduo se torna vulnerável à possibilidade de terceiros venderem essas informações. Isso não significa que se deva recusar completamente o compartilhamento dos dados, mas sim que essa decisão seja tomada de forma consciente, com pleno conhecimento de como esses serão utilizados.

É preciso ter a opção de recusar o compartilhamento e, mesmo assim, realizar transações, garantindo que as informações pessoais sejam utilizadas de acordo com as preferências individuais.

É primordial que as empresas forneçam informações claras sobre o propósito e o uso pretendido dos dados pessoais, evitando surpresas desagradáveis no futuro. A finalidade da coleta deve ser respeitada, e as empresas não devem utilizar os dados para outros fins sem o consentimento explícito do titular.

PROPRIEDADE – Faz-se necessário compreender que a titularidade dos dados não é transferida para quem os trata; os dados pessoais permanecem de propriedade do titular. O aumento dos crimes digitais, frequentemente alimentados por grandes vazamentos e falhas de segurança, reforça a importância de proteger nossas informações.

Além disso, é importante destacar a questão da orientação de crianças e adolescentes sobre os riscos associados à exposição excessiva de dados. É preciso atenção para evitar exposições prejudiciais, uma vez que essa prática pode ter impactos irreversíveis na vida desses jovens, que muitas vezes não compreendem completamente as consequências de seus atos.

Mídia amestrada omite que Lula também mandava a Abin espionar seus adversários

Paulo Lacerda assume Abin com antigos assessores - Consultor  JurídicoConsultor Jurídico

Gilmar Mendes foi espionado por Lula e se tornou amigo dele

Carlos Newton

Nesses novos tempos de redes sociais e imbecialização geral, o que seria dos brasileiros se não existissem mais jornalistas de verdade? Por isso, é preciso prestigiar quem leva a sério a profissão e não permite ser usadoscomo mero divulgador do grupo político que ocasionalmente estiver no poder.

Estamos numa fase tão delicada que já não é mais possível confiar nas instituições, especialmente quando se constata que existe um verdadeiro conluio entre dois Poderes da República – o Executivo e o Judiciário.

Seus dirigentes só não transformaram este país numa ditadura porque não puderam convidar o Legislativo para esse banquete democrático, já que o número de cadeiras à mesa do Poder ainda é limitado.

CONGRESSO E IMPRENSA – Na verdade, Executivo e Judiciário não conseguiram – nem jamais conseguiriam – cooptar o Legislativo, porque se trata dos “representantes do povo” em amplo sentido, ao defenderem importantes categorias empresariais e sociais.

Governo e Supremo também não conseguiram curvar a imprensa como um todo. Em gravíssima crise econômico-financeira, a mídia está de joelhos, depende muito das verbas publicitárias estatais. No entanto, não é possível manipular inteiramente as informações, e a verdade é como uma erva daninha, que sempre dá um jeito de sobressair em meio a essa plantação de notícias oficiais.

Agora, por exemplo, a dobradinha Executivo/Judiciário inunda a mídia com informações bombásticas sobre um esquema de espionagem montado no governo passado, por causa de um software que informa localização de celulares e dá algumas facilidades de infiltração.

CESSA TUDO – De repente nada mais interessa. A intromissão para levar um criminoso como Guido Mantega à presidência da Vale, a interferência nas prerrogativas do Congresso em vários temas, o boicote ao déficit zero, a ameaçadora escalada da dívida pública – tudo isso perde importância, por causa de espionagem.

Foi uma manobra brilhante, via Alexandre de Moraes e sua fábrica de notícias. A imprensa amestrada mergulhou fundo no assunto. Mas ainda há jornalistas de verdade e que têm boa memória, como Hugo Marques, da Veja, que neste sábado tratou de restabelecer a verdade dos fatos.

O repórter cita que, na autorização de busca e apreensão no gabinete e na casa do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), o ministro Moraes fez várias menções à criação de uma estrutura paralela dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro.

PIADA DO ANO – Ao fazer essas afirmações, o ministro do STF demonstrou que ele e sua numerosa equipe de assessoria jurídica não conhecem o assunto e agem com frivolidade, tipo Piada do Ano, porque Hugo Marques conseguiu comprovar que a espionagem clandestina da Abin no governo Bolsonaro – se for confirmada – não é a menor novidade.

Marques relata que, no segundo governo Lula, por exemplo, a Abin investigava secretamente políticos e ministros do Supremo, em especial o então presidente Gilmar Mendes, que teve as conversas com um senador da oposição gravadas por arapongas. Quem chefiava a Abin era o delegado Paulo Lacerda, que tinha sido diretor-geral da Polícia Federal no mesmo governo Lula.

O escândalo foi ainda maior quando se descobriu que a Abin colocara mais de 50 agentes para investigar juízes, políticos, jornalistas e um banqueiro considerado como desafeto do governo. Mesmo assim, nada aconteceu a Lula ou a Paulo Lacerda, substituído pelo delegado Luiz Fernando Corrêa, que voltou à direção da Abin no ano passado.

DILMA, TAMBÉM – O jornalista da Veja lembra que, em 2013, o governo Dilma Rousseff enviou quatro agentes da Abin ao Porto de Suape, em Pernambuco, para investigar o então governador Eduardo Campos, do PSB, um dos pré-candidatos à Presidência da República.

Mas os quatro espiões foram identificados e detidos ao ingressarem em Suape. Eduardo Campos era um dos mais fortes concorrentes à Presidência e morreu em 2014, na queda suspeita de um avião, em plena campanha.

O repórter da Veja dá um show e mostra que também nas gestões de Fernando Collor (PRN) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) havia espionagem política, sem falar no festival que aconteceu na ditadura militar, cujos arquivos estão à disposição do público. Quanto ao governo Itamar Franco, não é citado, vejam que há muita diferença entre um político e outro.

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P.S. 1
O mais impressionante no artigo de Hugo Marques é a citação do desabafo de Gilmar Mendes: “O próprio presidente da República precisa ser chamado às falas, ele precisa tomar providências”, disse o então presidente do Supremo. “Não há mais como descer na escala da degradação institucional. Gravar clandestinamente os telefones do presidente do Supremo Tribunal Federal é coisa de regime totalitário. É deplorável. É ofensivo. É indigno”, frisou Gilmar Mendes, que hoje é grande amigo do político que mandou espioná-lo e costuma frequentar o Palácio da Alvorada com bastante frequência democrática.

P.S. 2 – É por essas e muitas outras que a imprensa tornou-se conhecida como Quarto Poder. Ninguém jamais conseguirá cooptar a mídia inteira. Sempre haverá um jornalista como Hugo Marques para trabalhar sob o signo da liberdade. (C.N.)