Um livro aberto você pode encontrar na cabeça de um poeta acordado

Ilka Bosse - Empresária Aposentada - Choupana I. C. Representação | LinkedIn

Ilka Bosse, poeta catarinense

Paulo Peres
Poemas & Canções

A pedagoga (formada em duas habilitações na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras), empresária aposentada, escritora, cronista e poeta catarinense Ilka Bosse, conhecida como Bailarina das Letras, tentou entender uma “Cabeça de Poeta”.

CABEÇA DE POETA
Ilka Bosse

Livro aberto tu encontras
na cabeça de um poeta acordado
Com a sabedoria tu te confrontas
entre estrofes ou poema inacabado.

É incógnita o que nesta cabeça contém
Pois vê o poeta tudo diferente, …do avesso
Querer entendê-lo? Acredito, já não convém
Pois o poeta que é poeta não tem endereço!

Ele vai folhando sua sabedoria nata
Deleita na natureza, beijando a verde mata
Sonha sua dor/desejo/alegria/emoção e paixão

À beira-mar, na areia, …onde edificou castelos
Em delírios volta à realidade, compõe versos belos
Morre o Poeta, mas fica, na biblioteca, seu coração.

Gravidade das acusações faz Bolsonaro propor a concessão de uma ampla anistia

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vestiu um colete à prova de balas durante manifestação na Avenida Paulista, neste domingo, 25

Jair Bolsonaro e Michelle usaram coletes à prova de bala

Carlos Newton

Foi uma surpresa o ex-presidente Jair Bolsonaro, em seu discurso durante o ato público na Avenida Paulista, ter defendido a tese da anistia para todos os envolvidos no planejamento do golpe de estado.

Acreditava-se que essa proposta somente surgisse mais à frente e apresentada em projeto de lei por algum parlamentar independente. Mas o próprio Bolsonaro se apressou em fazê-lo.

ENTUBAR A TODOS – Segundo o ex-presidente, seria infundada a acusação da Polícia Federal de que houve uma tentativa de golpe de Estado por parte de seu grupo político, apesar das provas já obtidas.

“Agora querem entubar a todos nós que um golpe, usando dispositivo da Constituição, cuja palavra final quem dá é o parlamento brasileiro, estava em gestação. Creio que está explicada essa questão. Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas o que eu busco é a pacificação, passando uma borracha no passado,” disse o ex-presidente.

“Nós já anistiamos, no passado, quem fez barbaridade. Agora, nós pedimos a todos um projeto de anistia no nosso país. E quem depredou o patrimônio que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Pobres coitados que estavam no dia 8 de janeiro,” acrescentou.

HÁ CONTROVÉRSIAS – O presente caso é totalmente diverso das anistias anteriores, já concedidas no país. Pode-se até dizer que a anistia a crimes políticos seja uma espécie de tradição brasileira de olhar para frente e tentar sepultar o passado, embora isso signifique uma inequívoca utopia, pois atrocidades jamais podem ser esquecidas.

No caso atual, é preciso aprovar uma legislação como a Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, no governo João Figueiredo, que tinha o general Walter Pires como ministro do Exército e Petrônio Portella como ministro da Justiça, dois defensores da anistia ampla, geral e irrestrita.

Mesmo assim, o Congresso aprovou uma ressalva, no § 2º do artigo 1º – “Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal”.

DETALHE IMPORTANTE – Reparem que em 1979, nessa ressalva, não se falou em crimes de tortura e assassinato, portanto, excluindo de punição os responsáveis pelo trucidamento de civis como o deputado Rubens Paiva e o estudante Stuart Angel Jones.

Outro detalhe é que a anistia foi concedida sem que os envolvidos já tivessem sido condenados. Agora, é muito diferente, porque já existem mais de 1,5 mil réus, e têm sido condenados a penas elevadíssimas, como se fossem realmente terroristas, algo que “non ecziste”, diria Padre Quevedo, revoltado contra esse procedimento inquisitório, digamos assim.

É ultrajante condenar a 17 anos de prisão homens e mulheres do povo, a grande maioria presa sem flagrante, no dia seguinte ao vandalismo. E com o requinte surrealista de acrescentar mais 4 anos caso tenham feito selfies diante dos palácios invadidos.

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P.S.
1 – Comparados aos processos anteriores, relativos a graves golpes de estado, em que realmente houve mortos e feridos, as condenações propostas pelo Alexandre de Moraes e aceitas pelo Supremo são de uma perversidade jamais vista na Justiça do Brasil e de qualquer outro país minimamente civilizado.   

P.S. 2Em matéria de Justiça, o Brasil está regredindo de tal maneira que não causaria surpresa a apresentação de um projeto de anistia que beneficiasse, ao mesmo tempo, os réus e também os ministros que os condenam ilegalmente por terrorismo e que também merecem punição severa. Uma coisa é o juiz errar inadvertidamente. Outra coisa, muito mais grave, é o magistrado errar propositadamente, como é o caso, desculpem a franqueza. (C.N.)

Lula fala uma asneira atrás da outra e depois ainda chama os adversários de “imbecis”…

Nenhuma descrição de foto disponível.

Charge do Helder Luciano (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Não é a primeira vez que Lula fala asneiras no exterior. No Brasil, é costume antigo do ex-detento se esmerar em declarações estúpidas. Desta vez, na Etiópia, Lula comparou ações de Israel em Gaza com Hitler e o holocausto. Chefe da nação vergonhoso em todos os sentidos. Agride povos e nações e fica por isso mesmo.

As atitudes de Lula não têm grandeza. Insultam e humilham. Bobagens de Lula não param: chamou adversários de “imbecis”. Ele é o quê? Alguma flor que se cheire? Faltam mais espelhos no Planalto e no Alvorada.

DUPLA DINÂMICA – Reeleger figura tão patética e deprimente vai diminuir o Brasil e os brasileiros aos olhos do mundo civilizado. Quem tem o arrogante Celso Amorim como conselheiro, não precisa mais de inimigo.

E a vaidade abunda em Brasília. Flávio Dino e Alexandre de Moraes, adoradores de holofotes, implacáveis justiceiros e parceiros de ideais, juntos no Supremo Tribunal Federal (STF). Redes sociais elegerão o mais vaidoso e o mais eloquente. A nação escolherá quem receberá o troféu de notável top star do mundo jurídico.

A ENCICLOPÉDIA – Coitado do mestre dos mestres, Nilton Santos, a “enciclopédia do futebol” que virou nome de estádio. Com muros pichados por torcedores protestando com razão, porque o atual Botafogo realmente é ruim. Único time que teve a honra e glória de contar com Nilson Santos foi o Botafogo.

O alvinegro carioca que encantava os torcedores, com craques como Didi, Jairzinho, Gerson, Garrincha, Paulo Cesar Caju, Amarildo e Zagallo. Nos áureos tempos, o Botafogo era o time que tinha mais jogadores convocados para a seleção brasileira.

Amigo de fé, mais idoso do que eu, general Agenor Homem de Carvalho, lembra de Heleno de Freitas. Craque. Brilhou também no futebol de praia, pelo famoso “Lá vai bola”. Adorado pelas mulheres. Morreu trapo de gente. Demente e internado, com frequência, por alcoolismo, em sanatórios. Aposto que outro bom amigo, Nélio Jacob, concorda com o general Agenor.

HEXA NA AREIA – Com muita emoção, os jogadores da seleção brasileira de futebol de areia se apresentaram neste domingo, com transmissão ao vivo pela televisão.

É uma equipe maravilhosa, que impressiona pelo belo futebol,a simplicidade e patriotismo. Sem medo, dão exemplo aos famosos e milionários jogadores da seleção de futebol.

Abraçados e unidos, cantaram o Hino Nacional com prazer. Alto e forte, como todo atleta deve fazer. Depois, derrotaram a Itália por 6 a 4.

“Se não é genocídio, não sei o que é”, repete Lula sobre ação de Israel

Lula da Silva voltou a condenar o ataque de Israel à Faixa de Gaza

Pedro do Coutto

Nesta sexta-feira o presidente Lula da Silva voltou a condenar o ataque de Israel à Faixa de Gaza. Setores do governo afirmam que Lula foi mal interpretado em sua primeira declaração. A fala, desta vez, aconteceu no Rio de Janeiro, durante o lançamento da Seleção Petrobras Cultural.

“O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas. E não estão morrendo soldados, estão morrendo mulheres e crianças dentro do hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio”, afirmou.

INTERPRETAÇÃO – Lula ainda disse para ninguém tentar interpretar a entrevista que ele deu no último domingo, dia 18, e pediu para que todos a leiam, “ao invés de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel”.

As primeiras afirmações do presidente da República, porém, foram bastante claras e infelizes na comparação a uma tragédia universal que não encontra paralelo em nenhum outro acontecimento ocorrido através dos séculos. Foi uma forma, na minha opinião, de deslocar o primeiro pronunciamento do plano político mais intenso e a sua repercussão internacional.

SALÁRIO – Enquanto isso, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, suspendeu o contrato de trabalho entre o partido e o general Braga Neto, anunciando publicamente que determinou o cancelamento do pagamento de salários estabelecidos. Braga Netto ganhava cerca de R$ 30 mil pagos pelo partido.

Valdemar suspendeu os pagamentos desde que foi proibido de se comunicar com Braga Neto, uma vez que estão sendo investigados pela Polícia Federal no inquérito do roteiro do golpe.

Em nota, o PL afirmou que o corte no salário ocorreu por “impedimento temporário na prestação de serviços em decorrência de prisão preventiva ou cautelar diversa” que gerou “impedimento na execução das atividades laborais”. Sendo assim, “o respectivo contrato deve ser suspenso enquanto perdurar tal situação”

“Pede a banda pra tocar um dobrado, olha nós outra vez no picadeiro…”

Parceria entre Ivan Lins e Vítor Martins rendeu mais de 100 músicas – Jornal da USP

Ivan e Martins, parceiros magistrais

Paulo Peres
Poemas & Canções

Na letra de “Somos todos iguais nesta noite”, em parceria com Ivan Lins, o compositor (letrista) paulista Vitor Martins compara o mundo a um circo, onde seguimos o ritmo da banda de fanfarra, em alusão à ditadura militar vigente no país de 1964 a 1985. A música intitula o LP Somos todos iguais nesta noite, lançado por Ivan Lins, em 1977, pela EMI-Odeon.

SOMOS TODOS IGUAIS NESTA NOITE
Ivan Lins e Vitor Martins

Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez

Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores

Bolsonaristas precisam entender que a recusa em depor é altamente negativa

Charge do Gilmar Fraga (gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

Hilda Hilst usa linhos e unguentos para o coração machucado pelo tempo

As mulheres em geral são chatíssimas;... Hilda Hilst - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A ficcionista, dramaturga, cronista e poeta paulista Hilda Hilst (1930-2004) usa o poema “Penso Linhos e Unguentos”, para os ferimentos que o tempo produziu no coração.

PENSO LINHOS E UNGUENTOS
Hilda Hilst

Penso linhos e unguentos
para o coração machucado de tempo.
Penso bilhas e pátios
Pela comoção de contemplá-los.
(E de te ver ali à luz da geometria de teus atos)
Penso-te
Pensando-me em agonia. E não estou.
Estou apenas densa
Recolhendo aroma, passo
O refulgente de ti que me restou.

Uma extraordinária canção, que virou peça de teatro, filme e novela de televisão

O Ébrio | Só Spaghetti Western

Propaganda do filme “O Ébrio”

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor (tenor), ator e compositor carioca Antônio Vicente Felipe Celestino (1894-1968) lançou um estilo caracterizado pelo romantismo exacerbado, comovendo e arrebatando um grande público durante a primeira metade do século XX, através do teatro, do rádio, de discos e do cinema nacional.

A letra dramática da música “O Ébrio”, repleta de desventuras e imagens beirando a pieguice, era uma perfeita sinopse para o enredo de um filme, desde o prólogo falado à parte musical propriamente dita. Nesta, o contraste da primeira parte, no modo menor, com a segunda, no modo maior, contribui para ressaltar a tragédia do protagonista. “O Ébrio”, lançado em 1946, com Vicente Celestino no papel principal, obteve recordes de bilheteria.

A canção “O Ébrio” gravada por Vicente Celestino, em 1936, pela RCA Victor, também inspirou naquele ano uma peça de teatro e, em 1965, uma novela na TV Paulista.

O ébrio', filme inspirado na famosa música de Vicente Celestino, será  exibido nos EUA | Ancelmo - O Globo

Celestino, no filme “O Ébrio”

O ÉBRIO
Vicente Celestino

Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores. Todas elas juravam-me amor eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a Tosca, uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa. Um dia, quando eu cantava A Força do Destino, ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei novamente a cantar mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça, bonita… E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez A Força do Destino, Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio. Ébrio…

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
Que embora tenham como eu seus sofrimentos
Me aconselham e aliviam os meus tormentos
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
E nos parentes… confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste e este triste coração
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo

Crise diplomática entre Brasil e Israel se estende e exige a mediação

Crise entre Brasil e Israel escalou nos noticiários nos últimos dias

Pedro do Coutto

A relação entre o Brasil e Israel chegou a um ponto de agravamento tal, que aponta para a perspectiva de que qualquer novo passo entre as duas chancelarias e os dois governos em relação à crise somente poderá ser, se não resolvida, pelo menos amenizada, com a ação de um mediador, já que as duas partes não podem, tão pouco se dispõem, a retroceder do ponto em que se encontram no momento.

Esse mediador poderia ser os Estados Unidos, mas Anthony Blinken evitou tocar no tema pelo menos por enquanto. Se alguns governos se interessarem, medindo as consequências para a política internacional da crise, poderão desempenhar esse papel, mas para isso vão necessitar de manifestações de vontade das chancelarias, pois há cada vez maior radicalização do conflito.

NOVO ATAQUE – O governo Lula decidiu não responder ao novo ataque feito pelo chanceler israelense, Israel Katz, ao presidente brasileiro. Katz postou um vídeo ao lado de uma brasileira de 20 anos identificada como Rafaela Treistman.

No texto, o chanceler afirma ela estava na rave que foi alvo do ataque terrorista do Hamas, no dia 7 de outubro, e voltou a criticar Lula pela comparação que fez do massacre de palestinos em Gaza com a atuação nazista.

A avaliação de ministros palacianos e de membros do Itamaraty é que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem escalado a crise com o Brasil para alimentar a política interna de seu país

RUPTURA – A saída está difícil, mas como toda matéria política, os posicionamentos necessitam ser revistos já que a ruptura entre Brasil e Israel praticamente não interessa a nenhum dos dois governos e também aos demais países, uma vez que os reflexos econômicos, embora não afetem diretamente o mercado de exportações e importações, ainda não sinalizaram um alarme.

Mas como toda a ação gera uma consequência, será possível uma reação que talvez conduza a uma possível solução que dependa de mais tempo. A cada 24 horas pode-se dar um passo para diminuir a atmosfera ainda nebulosa. De qualquer forma, terá que ser encontrado um caminho.

Um triste olhar, que enleva e que assombra, na poesia de Henriqueta Lisboa

Henriqueta Lisboa

Henriqueta Lisboa, poeta mineira

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta mineira Henriqueta Lisboa (1901-1985), no soneto “Olhos Tristes”, tem a sensação de uma despedida através de renúncias repetidas.

OLHOS TRISTES
Henriqueta Lisboa

Olhos mais tristes ainda do que os meus
são esses olhos com que o olhar me fitas.
Tenho a impressão que vais dizer adeus
este olhar de renúncias infinitas.

Todos os sonhos, que se fazem seus,
tomam logo a expressão de almas aflitas.
E até que, um dia, cegue à mão de Deus,
será o olhar de todas as desditas.

Assim parado a olhar-me, quase extinto,
esse olhar que, de noite, é como o luar,
vem da distância, bêbedo de absinto…

Este olhar, que me enleva e que me assombra,
vive curvado sob o meu olhar
como um cipreste sobre a própria sombra.

Lula errou ao comparar o nazismo com a atuação de Israel contra o Hamas

Declarações abriram uma nova crise diplomática com Israel

Pedro do Coutto

É evidente que o presidente da República, Lula da Silva, errou ao comparar o nazismo de Hitler com a atuação do governo de Israel no caso da luta contra o Hamas. Ele equivocou-se, conforme comentou Gerson Camarotti na GloboNews, sobre os dois fatos, sendo que um deles, o nazismo, não tem paralelo na história da humanidade em matéria de violação absoluta dos direitos humanos, dos saques praticados, das prisões e mortes, além das expropriações cometidas em série.

Dessa forma, o choque causado por Lula refletiu-se certamente na opinião pública brasileira. Ao verbalizar a questão, o presidente da República deixou a marca de seu pensamento equivocado, ficando exposto a um grande volume de ataques que não teriam ocorrido caso ele não tivesse se pronunciado sobre esse passado abominável. Forneceu assim argumentos aos seus opositores.

DIPLOMACIA – Ele poderia, como vinha fazendo, ter feito críticas à invasão de Gaza. Mas essa foi uma consequência dos ataques ao Hamas contra Israel. A diplomacia brasileira está sofrendo uma torrente de questionamentos que deixam mal o próprio governo. Uma saída para a crise desencadeada não será nada fácil. Pelo contrário, é consequência de uma opinião que poderia ter sido evitada apenas na base da sensibilidade que é indispensável para pensar os limites da política.

A situação do problema agora tornou-se agora muito difícil. Os ataques do governo israelense revelam a dificuldade crescente e indicam que as ações do governo Netanyahu demonstram a sua intenção de liderança interna. Quanto ao cenário internacional, o nazismo incomoda não apenas os judeus, mas a milhões de vítimas do Holocausto. Lula reviveu um panorama absolutamente desnecessário e que terminou atingindo a si mesmo e ao governo pela verbalização sobre uma comparação incomparável.

Gil e Torquato envolvidos na geleia geral, cujo nome passaria a ser Tropicália…

Caetano celebra Torquato Neto: era um amigo inspiradíssimo e inspirador - Cidadeverde.com

Torquato e Gil, sempre inspirados

Paulo Peres
Poemas & Canções

O artista plástico, cineasta, ator, jornalista, poeta e letrista piauiense Torquato Pereira de Araújo Neto (1944-1972) é considerado um dos principais letristas do movimento Tropicalista, conforme mostra a letra de “Geléia Geral” que, “representa uma síntese dos cânones do próprio movimento tropicalista, além de ser modelo de seu contorno poético”, segundo o historiador Jairo Severiano.

Torquato Neto também é o autor da ideia de um “disco movimento”, e a música “Geléia Geral” foi gravada no LP “Tropicália ou panis et circensis”, em 1968, pela Philips, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão, Capinan, os Mutantes e Rogério Duprat.

GELÉIA GERAL
Gilberto Gil e Torquato Neto

Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia
Resplandente, cadente, fagueira num calor girassol com alegria
Na geléia geral brasileira que o Jornal do Brasil anuncia
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

A alegria é a prova dos nove e a tristeza é teu porto seguro
Minha terra é onde o sol é mais limpo e Mangueira é onde o samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem, Pindorama, país do futuro
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

É a mesma dança na sala, no Canecão, na TV
E quem não dança não fala, assiste a tudo e se cala
Não vê no meio da sala as relíquias do Brasil:
Doce mulata malvada, um LP de Sinatra, maracujá, mês de abril
Santo barroco baiano, superpoder de paisano, formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela, carne-seca na janela, alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade, hospitaleira amizade, brutalidade jardim
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

Plurialva, contente e brejeira miss linda Brasil diz “bom dia”
E outra moça também, Carolina, da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos e a saúde que o olhar irradia
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

Um poeta desfolha a bandeira e eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento com o roteiro do sexto sentido
Voz do morro, pilão de concreto tropicália, bananas ao vento
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

É claro que Israel ainda não age como Hitler, porém está quase chegando lá

O Cristianismo de Adolf Hitler | Estratégias Em Um Novo Paradigma  GlobalizadoCarlos Newton

Dorrit Harazim é a maior jornalista brasileira, sem a menor dúvida. É uma espécie de Otto Maria Carpeaux em versão feminina. Nascida na Croácia, tornou-se jornalista na França e depois veio para o Brasil, convidada para trabalhar na criação da Veja. Logo dominou o idioma e há décadas faz sucesso e foi a única mulher a se tornar redatora-chefe da revista. Já deveria estar na Academia Brasileira de Letras há tempos, e acredito que em breve o presidente Merval Pereira vá preencher essa lacuna.

Na semana passada, o artigo de Dorrit Harazim relatava o testemunho de uma médica americana, a pediatra Seema Jilani, assessora sênior do Comitê Internacional de Resgate, que passou duas semanas no Hospital Al-Aqsa, na Faixa de Gaza. Em longa entrevista a Isaac Chotiner, da New Yorker, ela relatou como foram suas primeiras horas de plantão ali.

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RELATO DA MÉDICA AMERICANA
– “Ela chegara acompanhada de alguns cirurgiões, um obstetra, um anestesista e um intensivista vindos do Cairo. Já trabalhara em emergências no Afeganistão, no Iraque, no Líbano, no Egito, na Turquia, na Líbia, no Paquistão e há 19 anos fazia pit stops na Cisjordânia e em Gaza. Ainda assim, nada a preparara para o horror que viu no enclave desta vez. A ausência de dignidade ali possível lhe pareceu abissal.

A primeira criança a cair sob seus cuidados foi um menino de 12 meses:

— Ele tinha o braço e a perna direita arrancados por uma bomba. A fralda estava ensanguentada e se mantinha no lugar, apesar de não haver mais perna. Eu o tratei primeiro no chão, pois não havia macas disponíveis (…). A seu lado havia um homem emitindo os últimos respiros. Estava ativamente morrendo havia 24 horas, com moscas por cima (…) O bebê de 1 ano sangrava profusamente no tórax… Não havia nem respirador, nem morfina, nem medidor de pressão em meio ao caos. (…) Um cirurgião ortopédico envolveu com gaze os tocos da criança e comunicou que não a levaria de imediato para o centro cirúrgico porque havia casos mais urgentes — contou com crueza a dra. Jilani.

E concluiu, com empatia, que não conseguia imaginar o que poderia haver de mais emergencial que um bebê de 1 ano sem mão nem perna, sufocando no próprio sangue. A resposta, é claro, todos sabemos, a pediatra também: algum outro estropiado da guerra, com pelo menos uma ínfima chance de ser salvo.

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ERRO DE LULA –
Ao ler o relato da médica, percebe-se que Lula atirou no que viu e acertou no que não viu. Como presidente de uma nação amiga, jamais poderia acusar Israel de estar agindo como Hitler. Já explicamos na Tribuna que o grande erro é não saber se comunicar.

Se tivesse afirmado que Israel, se continuar agindo assim, acabará sendo comparado a Hitler, seria uma declaração dura, porém verdadeira, que consagraria a liderança mundial de Lula.

Outra coisa, muito diferente, foi dizer que Israel atua igual a Hitler, por manter os ataques. Para Israel, essa acusação requer um rompimento de relações, por se tratar da maior ofensa, possível e imaginável, que possa ser feita ao povo judeu.

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P.S
. – Com sua mal dosada declaração, Lula deu força para que o Hamás continue mantendo os reféns, circunstância que obrigará Israel a seguir os ataques, numa guerra sem fim, que está destruindo a economia israelense. Nem mesmo Hitler poderia imaginar uma forma tão ardilosa de destruir os judeus, pois os países ocidentais não pretendem bancar essa briga, que Israel não tem condições de sustentar sozinho.  (C.N.)

Com as desonerações, gastos com Previdência já vão a quase R$ 1 trilhão

A despesa já consome cerca de 40% do Orçamento público

Pedro do Coutto

Setores do governo, reportagem de Renan Monteiro, O Globo de ontem, manifestaram preocupação com o crescimento das despesas com pagamento de aposentados e pensionistas, que dentro de pouco tempo pode atingir R$ 1 trilhão a cada 12 meses. É o tema de sempre.

A Previdência Social se preocupa com as despesas, mas não com as receitas. Agora, inclusive, se a retomada do emprego está ocorrendo com carteira assinada, evidentemente, terá que haver reflexo na arrecadação. A aposentadoria e a pensão representam, na realidade, seguros sociais que vencem com a média de 30 anos de trabalho, 35 anos para homens e 32 anos para as mulheres.

RECEITA – Eles descontam sobre os seus salários e os empregadores com 20% sobre as folhas, com exceção de dezessete categorias de empresas que podem optar pelo desconto sobre a receita bruta. Seja como for, incidem as contribuições empresariais sobre compromissos legais. Assim, quanto maior for o número de empregados, maior será a receita previdenciária.

É necessário, como digo sempre, uma preocupação maior sobre as contribuições patronais, pois descontadas na fonte, pelas próprias empresas que marcam o volume de recursos a recolher dos empregados, uma visão mais ampla da questão. Falar em R$ 1 trilhão, assusta. Mas é preciso paralelamente falar-se na receita.

O problema da seguridade social é marcado por uma média de vida cada vez maior dos empregados. Mas, em contrapartida, também sobe o número dos que recolhem na fonte para o INSS através das próprias empresas nas quais trabalham.

LEGISLAÇÕES – O ritmo das aposentadorias permanecerá alto, pois será resultado, ao meu ver, em função do número dos que se aposentam, inclusive para escapar das legislações que se sucedem restritivas à força do trabalho.

A Previdência Social, antes de mais nada, precisa fazer um levantamento completo e torná-lo público, apontando inclusive tanto os eternos, quanto os novos devedores que praticam a sonegação. Essa conta não é difícil de ser feita, mas a cobrança de valores devidos é um desafio.

Os empregados não podem sonegar, pois são descontados na fonte. Portanto, a ocorrência dos débitos que se acumulam somente pode partir das empresas e dos empresários, que ainda ganham desonerações.

Bom de briga, o poema de Limongi vai em busca do afago do infinito 

Tribuna da Internet | “Quando o sonho do poeta desaparece e já não alcança a porta da alma…”

Vicente Limongi, jornalista e poeta

Paulo Peres
Poemas & Canções

Para o jornalista e poeta amazonense Vicente Limongi Netto, radicado há anos em Brasília, finalizar um poema é semelhante às “Dores do Parto”.

DORES DO PARTO
Vicente Limongi Netto

Poema bom demora a ficar pronto
trava momentos
ilude palavras
trapaceia o raciocínio
não existe aceno mágico
para alcançar o poema perfeito
é preciso serenar o tempo
ninguém é algoz de lembranças
o belo avança sem avisar
nasce indignado
filho amado e encantado
repele impurezas
tem asas amorosas
explode sentimentos
bom de briga
vai em busca do afago do infinito

Cid se ofereceu para ser agente duplo ou foi cooptado pelo comando do Exército?

Charge do JCaesar | VEJACarlos Newton

A revelação mais espantosa dos últimos tempos foi a notícia de que o tenente-coronel Mauro Cid, personagem principal da novela do golpe que não houve, operava como agente duplo, fornecendo informações também ao comandante do Exército no último ano do governo de Jair Bolsonaro, general Marco Antonio Freire Gomes.

A informação não constava das investigações que vêm sendo feitas pela Polícia Federal desde janeiro de 2023 e foi omitida intencionalmente pelo tenente-coronel Mauro Cid em seus longos depoimentos na delação premiada.

QUASE POR ACASO – A força-tarefa que trabalha no Supremo para o ministro Alexandre de Moraes descobriu quase por acaso essa atividade secreta do ajudante de ordens do então presidente.

No relatório que embasou a operação Tempus Veritatis, deflagrada no último dia 8 com autorização de Moraes, a PF cita cinco áudios encaminhados por Mauro Cid a um contato que, pela “análise dos dados e a contextualização” a partir das demais evidências colhidas pelos policiais, “indicam que as mensagens tinham como destinatário o então comandante do Exército, general Freire Gomes”.

Entre 8 de novembro e 9 de dezembro de 2022, na fase crucial do preparativo do golpe, Mauro Cid, oficial da ativa, relatou ao general detalhes das tratativas golpistas discutidas a portas fechadas, entre eles a decisão de Bolsonaro de “enxugar” a minuta do golpe e manter apenas a determinação da prisão do ministro Alexandre de Moraes, excluindo outras autoridades da lista.

MENSAGEM AO COMANDANTE – “Hoje o que ele [Bolsonaro] fez de manhã? Ele enxugou o decreto, né? Aqueles considerandos que o senhor viu, e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais, é… resumido, não é?”, disse Mauro Cid no áudio enviado ao celular que a PF diz ser de Freire Gomes às 12h33m do dia 9 de dezembro.

Dois dias antes, de acordo com o que a PF constatou nos registros da portaria, estiveram no Palácio da Alvorada, o próprio general Freire Gomes e o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, além do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

Detalhe importantíssimo: o ministro Paulo Sérgio e o comandante Almir Garnier eram defensores entusiastas do golpe, enquanto o general Freire Gomes tornara-se reticente, conforme outros relatos feitos por Mauro Cid.

BOLSONARO SE ENGANOU – Quando nomeou Freire Gomes para comandar o Exército, Bolsonaro sabia que o general era absolutamente antilulista e pensou (?) que ele seria facilmente cooptado para convencer o Alto Comando do Exército a aceitar o golpe.

Foi um grave erro de avaliação de Bolsonaro. A quase totalidade de membros do Alto Comando realmente era adversária de Lula, mal o suportam, a contragosto batem continência. Mas isso não significa que iriam aderir a um golpe de estado para derrubar o petista.

Entre os 16 generais do Alto Comando, apenas um, Estevam Cals, deixava clara essa adesão ao golpe. E o comandante Freire Gomes foi enrolando Bolsonaro, até dizer-lhe claramente que não aceitava a conspiração, segundo relato de Mauro Cid.

AGENTE DUPLO – O que ainda não se sabe é se Freire Gomes exigiu que Mauro Cid atuasse como agente duplo, informando as ações de Bolsonaro, dia após dia, ou se o próprio ajudante de ordens se ofereceu para fazê-lo, pressentindo que o golpe não daria certo.

Outra dúvida é saber o motivo que levou Mauro Cid a esconder na delação os serviços prestados a Freire Gomes, agindo infantilmente, pois essa informação acabaria sendo revelada, de uma forma ou outra.

Por fim, há dúvidas se será levada em conta essa metamorfose de Mauro Cid, que traiu Bolsonaro na reta de chegada. Poderia ser uma circunstância atenuante, por certo.

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P.S.
No meio dessa confusão, é sempre bom lembrar que Mauro Cid agiu exatamente como Lula da Silva fazia durante o regime militar, quando era informante do superintendente da Polícia Federal em São Paulo, delegado Romeu Tuma, conforme relatos de seu filho Romeu Tuma Júnior, também delegado federal, em sua obra “Assassinato de Reputações”, publicada em dois volumes. É verdade que Lula também traiu os companheiros sindicalistas, mas os petistas se recusam a acreditar, porque ele não é mais um líder político como os outros. “Sou uma entidade”, diz Lula, que já se “proclamou a alma mais honesta deste mundo”. (C.N.)

Para sonhar nesta inglória vida, é preciso viajar no ideal da pureza

Paulo Peres
Poemas & Canções

A professora e poeta paranaense Helena Kolody (1912-2004), no soneto “Sonhar”, explica o tamanho do ideal, da viagem e da pureza de que necessitamos para sonhar neste mundo.

SONHAR
Helena Kolody

Sonhar é transportar-se em asas de ouro e aço
Aos páramos azuis da luz e da harmonia;
É ambicionar o céu; é dominar o espaço,
Num vôo poderoso e audaz da fantasia.

Fugir ao mundo vil, tão vil que, sem cansaço,
Engana, e menospreza, e zomba, e calunia;
Encastelar-se, enfim, no deslumbrante paço
De um sonho puro e bom, de paz e de alegria.

É ver no lago um mar, nas nuvens um castelo,
Na luz de um pirilampo um sol pequeno e belo;
É alçar, constantemente, o olhar ao céu profundo.

Sonhar é ter um grande ideal na inglória lida:
Tão grande que não cabe inteiro nesta vida,
Tão puro que não vive em plagas deste mundo.

Será uma injustiça negar a promoção de Mauro Cid ao posto de coronel

Mauro Cid diz à PF que entregou dinheiro de venda de relógios nas mãos de Bolsonaro | Jovem Pan

Mauro Cid estava cumprindo ordens de seus superiores

Roberto Nascimento

O processo de tomada do poder pela ruptura das instituições do Estado funciona destruindo os pilares da Democracia, pela contínua ação do autocrata para miná-la ela e depois usurpá-la. Aqui no Brasil, no governo passado, a ameaça foi a volta do Comunismo, uma bandeira desgastada e fora de moda.

A nova mentira, destinada a enganar o povo, agora é a insegurança pública.

MILÍCIAS E TRÁFICO – Na América Latina, praticamente todos os países estão sufocados pelo poder das milícias e do tráfico. Então, é essa a cortina de fumaça para os ditadores tomarem o poder.

O exemplo maior é El Salvador, cujo ditador de plantão foi reeleito com 85% dos votos. Ele prendeu 75 mil pessoas, a grande maioria sem culpa formada, bandidos misturados aos seus inimigos políticos.

Nayib Armando Bukele dominou o Judiciário e o Legislativo, que hoje são reféns da sua megalomania e loucura. Tornou-se um Ditador eterno e é muito jovem, tem apena 42 anos.

GOLPE À BRASILEIRA – Aqui no Brasil o golpe é muito diferente. O tenente-coronel Mauro Cid servia diretamente ao chefe do governo. O posto diz tudo: ajudante de ordens. Ele não poderia recusar as missões, as ordens do presidente. Seu erro, foi cumprir ordens ilegais, como fraudar a carteira de vacinação e o caso da venda das joias presenteadas pelos árabes.

No seu caso, informar ao comandante do Exército o que se passava nos bastidores do poder, também não foi uma ilegalidade. O tenente-coronel deve fidelidade à instituição militar, tem de obedecer também ao comandante da Força Terrestre, que cedeu ao presidente um dos seus mais destacados oficiais, inclusive primeiro lugar nos cursos de que participou.

Cid estava matriculado num curso nos EUA. Quando voltasse ao Brasil, já promovido a coronel, seria nomeado para comandar o Batalhão de Operações Especiais, os chamados “kid pretos”, sediado sem Goiânia. Bolsonaro exigiu que Cid desistisse do curso para servir sua excelência no Planalto.

DELAÇÃO PREMIADA – Cid só fez a delação premiada quando Bolsonaro deu declaração alegando que seu ajudante de ordens agira por conta própria. O presidente disse que não fizera nada de errado, tudo que foi feito saiu da cabeça de seu auxiliar mais próximo, segundo Bolsonaro. Assim,Cid não tinha alternativa, salvo delatar.

O mesmo cenário, Bolsonaro já está montando em relação ao general Augusto Heleno. Deu declaração dizendo que Heleno conduziu as arapongagens por conta própria

Bolsonaro abandona amigos e subordinados, quando é apanhado fazendo malfeitos. Por esse motivo, advogo a tese de que a carreira militar de Cid não pode ser interrompida. É uma medida de inteira justiça.

“Triste é viver na solidão, na dor cruel de uma paixão”, cantava Tom Jobim

Tom Jobim tem seis entre as 10 músicas mais gravadas de todos os tempos no  Brasil - Metro 1

Tom Jobim, o grande mestre da MPB

Paulo Peres
Poemas & Canções

O maestro, instrumentista, arranjador, cantor e compositor carioca Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994) é considerado o maior expoente de todos os tempos da música brasileira e um dos criadores do movimento da bossa-nova, no qual compôs inúmeras músicas, entre elas “Triste”, cuja letra fala de uma paixão não correspondida que acaba em solidão. A música foi gravada no Álbum Elis & Tom, em 1974, pela Polygran.

TRISTE
Tom Jobim

Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber que ninguém
Pode viver de ilusão
Que nunca vai ser, nunca vai dar
O sonhador tem que acordar

Tua beleza é um avião
Demais prum pobre coração
Que pára pra te ver passar
Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão

Com “juristas” do tipo Toffoli, Moraes, Mendonca e Nunes, o STF non ecziste

Em novembro, Bolsonaro precisará escolher um jurista de verdade para o Supremo – Blog do César Vale

Charge do Sponholz (sponholz.com.br)

Carlos Newton

O maior desafio do homem contemporâneo é fazer justiça. Todos os dias, cada um de nós precisa ser justo com os pais ou com os filhos, e também com o cônjuge, o patrão, o empregado, os companheiros, os vizinhos. É muito difícil deixar de cometer erros em nosso relacionamento com os demais.

É por isso que foram criadas a Justiça e as leis. Mas somente seremos justos se as obedecermos. Quando isso não acontece e os próprios magistrados descumprem as leis, há algo de podre no Reino da Dinamarca.

NOVOS TEMPOS – Aqui no Brasil e em outros países o problema é que a própria Suprema Corte resolveu reinterpretar as leis à sua maneira. Em nosso caso, a justificativa dos ministros foi salvar a democracia, um argumento portentoso, mas nenhum cidadão-contribuinte-eleitor lhes passou procuração, diria Helio Fernandes.

A atual formação do Supremo é de um baixo nível desolador e a chegada de Flávio Dino deveria ser saudada entusiasticamente. Com seu reconhecido saber jurídico, ele precisará se esforçar muito para se rebaixar ao patamar da maioria dos ministros.

Pode ser que Dino nos surpreenda negativa ou positivamente, é um homem de extrema vaidade. Minha esperança é que ele chegue ao padrão de Luiz Fux, que nos mais importantes julgamentos manteve-se íntegro, sempre votando na forma da lei.

RECORDAR É VIVER – Em nenhuma sessão do Supremo ou do TSE o ministro Fux foi apanhado manifestando-se “politicamente”. Posicionou-se contra a ilegal libertação de Lula, a descondenação dele, a incompetência da 13ª Vara de Curitiba para julgar a Lava Jato, a suposta “parcialidade” do juiz Sérgio Moro, o uso de provas ilegais hackeadas e outras teses da bancada petista, digamos assim.

Mas Fux acabou soçobrando no julgamento dos terroristas do 8 de Janeiro, ao condenar a 21 anos um réu cuja única prova era uma selfie que fez em frente ao Congresso e mandou para a mulher em São Paulo.

Se Fux tivesse protestado, explicando que a pena máxima teria de ser reservada aos líderes do golpe, talvez os ministros acordassem do pesadelo e percebessem que estavam descumprindo muitas normas legais para condenar à pena máxima quem tinha um mínimo de culpa. Porém, Fux preferiu seguir com a boiada.

BARROSO DESISTIU – Nos primeiros anos, Luís Roberto Barroso tentou melhorar o Supremo. Chegou a denunciar a existência de “gabinete distribuindo senha para libertar corrupto”. Depois, desistiu e também se incorporou à boiada. E o supremo foi piorando, cada vez mais.

Toffoli, irrefreável, faz o possível e o impossível para beneficiar os empresários mais corruptos do planeta. Moraes toca ensandecidamente o inquérito do fim do mundo, onde aparece com juiz de instrução, assistente de acusação e vítima.

Os dois ministros bolsonaristas – André Mendonça e Nunes Marques – não fedem nem cheiram, como se dizia no Nordeste. O país é invadido por uma estranha sensação de inutilidade, que alguns classificariam de insegurança  jurídica. E la nave va, cada vez mais fellinianamente.