A mudança da desigualdade social começa pela educação

Lei que cria o programa “Pé de Meia” foi publicada hoje no Diário Oficial

Marcelo Copelli

Diante da grande desigualdade social imperativa no país, é de enorme importância, quando bem planejada, a promoção de políticas de transferência de renda, sobretudo quando tem alvos definidos em sua linha de desenvolvimento, exigindo contrapartidas dos beneficiados. E essa determinação parece ter sido seguida no programa que cria a Poupança do Ensino Médio, a chamada “Pé de Meia”, com o objetivo de estimular jovens de baixa renda a concluírem o ensino médio.

A lei foi publicada nesta semana no Diário Oficial da União, definindo quem poderá receber e a forma de financiamento do benefício, e como e quando o dinheiro poderá ser usado.Embora o detalhamento sobre valores que serão depositados nas poupanças e efetivação dos saques devam ser regulamentados em outra publicação, a lei já define quem poderá participar do programa. Os principais critérios são relacionados à educação e renda.

RETENÇÃO – Alguns dos principais objetivos do Programa Pé-de-Meia estão vinculados à mitigação das taxas de retenção, abandono e evasão escolar, geralmente derivadas de desigualdades e carência de mobilidade social. Inicialmente, o Ministério da Educação revelou um aporte de R$ 20 bilhões para a instauração de um fundo destinado a custear o referido programa.

Dessa quantia, uma parcela de R$ 13 bilhões origina-se do excedente do fundo social proveniente da comercialização de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos, abrangendo o período de 2018 a 2023. O fundo será essencialmente composto pela integração de quotas provenientes da União e de outras entidades, sejam físicas ou jurídicas, incluindo estados, o Distrito Federal e municípios; por investimentos financeiros desses recursos e por outras fontes ainda a serem determinadas.

Um agente financeiro oficial será encarregado de criar e gerir o fundo, que terá natureza privada e patrimônio independente dos cotistas, sem vínculo com o patrimônio do gestor, ou seja, não poderá ser utilizado de forma alguma por bancos públicos ou outras instituições contratadas para administrar esses recursos.

CONTA – Os recursos serão depositados em uma conta em nome do estudante beneficiário, de caráter pessoal e intransferível, podendo ser uma poupança social digital. Além disso, os valores não serão considerados no cálculo da declaração de renda familiar e não interferirão no recebimento de outros benefícios, como o Bolsa Família, por exemplo.

Os estudantes do ensino regular, beneficiários do programa, terão a faculdade de efetuar saques, a qualquer momento, durante os três anos do ensino médio, restritos ao percentual destinado à manutenção dos estudos, desde que cumpram os requisitos de matrícula e frequência. Esses valores deverão ser depositados pelo gestor do fundo pelo menos nove vezes ao longo de cada ano. Já os depósitos referentes à participação em avaliações e no Enem só poderão ser sacados após o estudante obter o certificado de conclusão do ensino médio.

APLICAÇÃO – Parte dos recursos depositados poderá ser aplicada pelo estudante em títulos públicos federais ou valores mobiliários, sobretudo aqueles voltados para o financiamento da educação superior. Estados, o Distrito Federal e municípios colaborarão fornecendo informações sobre matrícula e frequência dos estudantes, entre outros aspectos, além de incentivarem a participação da sociedade no acompanhamento e fiscalização do programa.

Os indicadores educacionais há muitos anos têm sido um dos principais funis para o crescimento econômico e a redução da desigualdade social no Brasil. A ação é válida, pois todo esforço para estimular o acesso de jovens de baixa renda ao mercado de trabalho e às universidades deve ser destacado e enaltecido. Porém, mais do que incentivo, é necessário que a educação seja, efetivamente, boa para a mudança do futuro não só dos alunos, mas do próprio país.

Sentido apenas num olhar, o amor e irrefreável quando realmente surge

Efigênia Coutinho | Oceano de Letras

Felicidade é um dom, diz Efigênia Coutinho

Paulo Peres
Poemas & Canções

A artista plástica e poeta Efigênia Coutinho, nascida em Petrópolis (RJ), afirma que “Felicidade é Dom” e trabalha poeticamente esta tese.

FELICIDADE É DOM
Efigênia Coutinho

O amor em que eu acredito,
É sentido apenas num olhar,
Traz o azul da cor do mar…
Por teu olhar seja bendito.

Pois a felicidade é um dom,
Que dois seres une pra vida
Que traz na essência vivida
Os acordes de doce som.

Marejo os olhos de emoção,
Constatando tal realidade.
Então diante desta festividade,
Entrego-te todo meu coração.

Para que juntos sonhamos,
As ordens do Deus Cupido,
Selando o desejo cumprido
Dos sonhos que almejamos! 

É preciso conter a onda de desinformação que contamina a democracia

Charge do Jônatas (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

O Fórum Econômico Mundial, antes do início do encontro anual deste ano em Davos, Suíça, lançou o seu tradicional relatório de riscos para o planeta e, pela primeira vez, centenas de especialistas identificaram como principal ameaça global a disseminação de desinformação. Falsas notícias são capazes, a exemplo do observado em vários países nos últimos anos, de gerar agitações sociais, desestabilizar governos e a própria democracia. Essa preocupação pode aumentar rapidamente devido ao uso crescente da inteligência artificial, que tem a capacidade de manipular imagens, voz, distorcer dados e dar autenticidade a informações falsas.

Especialistas destacam a predominância das fake news nos debates, com os governos incapazes de conter esse movimento com a necessária rapidez. Existe o receio de que, em um mundo já polarizado e com conflitos alcançando proporções alarmantes, a desinformação possa influenciar processos eleitorais cruciais. Este ano, mais de 70 eleições estão previstas, incluindo para o Parlamento Europeu, a presidência dos Estados Unidos e votações em países como Índia, Indonésia, México, Peru, Reino Unido, Panamá e República Dominicana, além das eleições municipais no Brasil.

LIMITES – Diante desse cenário, é crucial que o Congresso brasileiro estabeleça limites para a internet por meio de uma regulamentação consistente das redes sociais. O projeto de lei das fake news foi amplamente discutido no último ano e está pronto para votação em plenário, sob a relatoria do deputado Orlando Silva. Se não avançarem com essa proposta, a Câmara e o Senado terão que assumir a responsabilidade pela complacência com aqueles que usam a mentira como arma para atacar indivíduos e instituições.

A regulamentação não deve ser confundida com censura, sendo fundamental para combater a disseminação de informações falsas. Países como União Europeia, Canadá e Austrália têm progredido no controle das redes sociais sem prejudicar a liberdade de expressão. O objetivo é impor às grandes empresas de tecnologia regras semelhantes às aplicadas aos meios de comunicação tradicionais, que podem ser responsabilizados por abusos. O ambiente virtual, atualmente sem restrições, tornou-se propício para atividades criminosas, terrorismo e tráfico de seres humanos.

COMBATE – O Brasil não pode ficar para trás nesse debate. As fake news, potencializadas pela inteligência artificial, precisam ser combatidas com rigor. O projeto de lei deve ser uma prioridade no retorno do Congresso em fevereiro, não apenas devido às eleições municipais, mas, principalmente, para preservar vidas. Relatos crescentes de pais que perderam filhos para a desinformação, levando crianças e adolescentes a tirarem a própria vida, destacam a urgência da situação. A monstruosidade do mundo virtual das mentiras não conhece limites.

Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) esteja comprometido com o combate à desinformação, cabe aos deputados e senadores chegarem a um consenso sobre as regras que se tornarão lei. Os líderes de todos os partidos devem ser convocados para o debate, respeitando os princípios democráticos. Já passou da hora de tratar a Lei das Fake News com o devido respeito, afastando qualquer viés ideológico. A sociedade, que elegeu seus representantes, não pode se omitir diante da ameaça de se tornar a maior vítima dessa leva de desinformações.

Teus olhos castanhos, profundos, estranhos, que mistério ocultarão, mulher?

elenco brasileiro: Sadi Cabral

Sadi Cabral, grande ator e compositor

Paulo Peres
Poemas & Canções

O ator e compositor alagoano Sadi Sousa Leite Cabral (1906-1986) e seu parceiro Custódio Mesquita imploram o amor de uma “Mulher”, tendo em vista a beleza mágica que o corpo dela irradia. Este clássico fox-canção foi gravado por Silvio Caldas, em 1940, pela RCA Victor, com extraordinário sucesso.

MULHER
Custódio Mesquita e Sadi Cabral

Não sei que intensa magia, teu corpo irradia
Que me deixa louco assim, mulher
Não sei, teus olhos castanhos, profundos, estranhos
Que mistério ocultarão, mulher

Não sei dizer
Mulher, só sei que sem alma
Roubaste-me a calma e aos teus pés eu fico a implorar

O teu amor tem um gosto amargo
e eu fico sempre a chorar nesta dor
Por teu amor, por teu amor, mulher

Desenvolvimento social só é possível através da redistribuição de renda

Charge do Beck (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

O problema do desenvolvimento social brasileiro está na redistribuição de renda, como demonstra a reportagem de Adriana Fernandes, na edição de ontem da Folha de S. Paulo. Os dados são da Fundação Getúlio Vargas e revelam que a renda nos últimos cinco anos avançou muito mais para uma ínfima pequena parcela do que para mais cerca de 99% dos brasileiros.

Segundo a matéria, cerca de 15 mil pessoas pertencentes ao topo da pirâmide social brasileira cresceu nos últimos anos até o triplo do ritmo observado entre o restante da população, elevando a concentração da riqueza ao fim do governo Jair Bolsonaro. Entre essa elite, que concentra apenas cerca de 0,01% da população, o crescimento médio da renda praticamente dobrou entre 2017 e 2022.

DISPARIDADE – Já os ganhos da imensa maioria da população adulta (os 95% mais pobres) não avançaram mais do que 33%, lembrando que a inflação do período foi de 31%. Mais uma vez o problema se coloca na base da redistribuição de renda e não apenas na renda per capita. O crescimento das aplicações da elite citada garante uma remuneração bem acima das taxas inflacionárias. Enquanto isso, para o chamado andar debaixo, a progressão é infinitamente menor.

Nesse cenário, é preciso destacar que a desigualdade social dificilmente será eliminada no país enquanto todos os vencimentos não atenderem minimamente todas as necessidades básicas dos seres humanos, afastando-os da pobreza e da miséria absoluta.

POLÍTICA SALARIAL  – O desafio de iniciar um processo efetivo de redistribuição de renda só pode ser viabilizado de alguma forma através da política salarial. Não existe outro caminho efetivo e sólido. A questão da corrida entre os salários e a inflação possivelmente não tem solução, mas isso não quer dizer que o problema não resida nesse contexto e nesse confronto.

É muito baixa a renda do trabalho no Brasil e devemos considerar também que existem problemas sociais de extraordinária importância que não se encontram atacados como deveriam. Um deles, por exemplo, é o fato de metade da população brasileira não ser atendida pelo sistema de saneamento básico. Conforme sempre digo, para realmente aumentar o consumo e a economia crescer sustentavelmente, promovendo o desenvolvimento efetivo, é preciso elevar os salários. O resto é paisagem.

“Eupoema” — conheça a biográfica poesia do revolucionário Décio Pignatari

O monstro-moinho chamado Brasil: entrevista com Décio Pignatari

Décio Pignatari, um grande agitador cultural

Paulo Peres
Poemas & Canções

O publicitário, ator, professor, tradutor, ensaísta e poeta paulista Décio Pignatari (1927-2012), um dos maiores agitadores culturais do Brasil  contemporâneo, autodefiniu-se intelectualmente e pessoalmente ao escrever o “Eupoema”.

EUPOEMA
Décio Pignatari

O lugar onde eu nasci nasceu-me
num interstício de marfim,
entre a clareza do início
e a celeuma do fim.

Eu jamais soube ler:
meu olhar de errata
a penas deslinda as feias
fauces dos grifos e se refrata:
onde se lê leia-se.

Eu não sou quem escreve,
mas sim o que escrevo:
Algures Alguém,
são ecos do enlevo.

Dirceu e Valdemar deram duras lições de política a Lula e Bolsonaro

As conversas regulares entre Valdemar e Zé Dirceu

Valdemar e Dirceus continuam amigos e se falam pelo celular

Vicente Limongi Netto

Dirceu e Valdemar – não é dupla sertaneja despontando. São políticos matreiros e calejados.  Tomaram conta do noticiário. Criaram ganchos e cascas de bananas no tabuleiro do xadrez político.  Para todos os gostos. O presidente do PL ousou cutucar Bolsonaro na virilha, elogiando Lula.

Provocação pura. Para acordar o ex-presidente, Valdemar Costa Neto salientou que é hora de entrar na campanha eleitoral. Vestir a camisa do PL, provar que realmente conta com milhões de seguidores.

FALANDO GROSSO – Fundador do PT, José Dirceu, por sua vez, não se fez de rogado. Voltando a falar grosso, depois de anistiado pelo Supremo Tribunal Federal, sacudiu Lula, o PT e aliados, carregando nas tintas e nas palavras, ao lembrar que as eleições estão na porta.

Eleição é tarefa para profissionais. Hora de botar o bloco nas ruas. Para Zé Dirceu, é preciso agir, sair do berço da acomodação e do triunfalismo. Mostrar o que o governo tem feito em benefício da coletividade. Sob pena de o partido naufragar nas urnas de outubro.

Valdemar e Dirceu estão fartos de saber que vitórias significativas este ano, de prefeitos e vereadores, são termômetros valiosos para enfrentar confiantes as eleições presidenciais de 2026.

DE NOVO, NÃO!!! – Deus do céu, duro acreditar que o bisonho e sorrateiro Davi Alcolumbre volte a ser presidente do Senado e, por consequência, também presidente do Congresso Nacional. Uma afronta ao bom senso que não pode ser tolerada.

Inacreditável que a Cãmara Alta aceite sem lutar e protestar a humilhante decisão.

O senado tem quadros qualificados para apresentar nomes para impedir a candidatura de Alcolumbre. O MDB, o PP E o PL, por exemplo, têm bancadas fortes. Podem e devem chegar a um consenso e lançar um candidato para coibir o abissal absurdo.

A peste chamada Alcolumbre, novamente presidido a Câmara Alta, é suprema humilhação para a democracia e para o Congresso Nacional.

COITADO DO SENADO – Pior ainda para a galeria do Senado Federal que pertenceu a Rui Barbosa, Mário Covas, Josafá Marinho, Marcos Freire, Franco Montoro, José Sarney, Luiz Viana Filho, Bernardo Cabral, Nelson Carneiro, Valmir Campelo, Gilberto Mestrinho, Virgilio Távora, Gustavo Capanema, Milton Campos, e tantos outros nomes expressivos da legítima política nacional.

A nação conhece os métodos nada republicanos usados pelo medonho, patético Alcolumbre na presidência da CCJ. Segura projetos importantes do governo, barganhando demandas de interesses pessoais. Demora, senta em cima, até que, finalmente, o Palácio do Planalto ceda e atenda suas exigências. Podre e nocivo Alcolumbre. Coitado do Senado.

Combate ao bullying e ao cyberbullying: em defesa da infância e da juventude

Práticas podem ter graves consequências para os seus autores

Marcelo Copelli

Na última semana, o presidente Lula da Silva sancionou a lei que trata da proteção à criança e ao adolescente contra a violência, estabelecendo multas e cadeia para casos de bullying e cyberbullying que passam a ser crimes na legislação brasileira.

A sanção da lei traz consigo mudanças relevantes no combate ao bullying e ao cyberbullying, tendo como como principal objetivo garantir a proteção de crianças e adolescentes contra a violência nos estabelecimentos educacionais. Além disso, configura-se como de grande importância tendo em vista o número cada vez maior de casos fatídicos em escolas, bem como registros de suicídio entre os jovens.

PROTOCOLOS – Entre outros pontos da nova legislação, vale destacar o da criação de protocolos em colaboração com órgãos de segurança pública, saúde e a participação ativa da comunidade escolar. A integração  busca estabelecer um ambiente educacional mais seguro e mais acolhedor.

Ainda nesse contexto, é preciso que seja feita a capacitação dos profissionais da educação para identificar e prevenir situações de violência, promovendo de forma paralela a conscientização e a obtenção do apoio da comunidade escolar e local.

O bullying, tipificado pela intimidação sistemática por meio de violência física ou psicológica, está sujeito a penalidades como multas, desde que a conduta não constitua um crime mais grave. O cyberbullying por sua vez, por meio da internet, redes sociais, aplicativos, jogos online ou qualquer outra plataforma digital, é penalizado com reclusão de dois a quatro anos e multa, salvo em casos de crimes mais graves.

MEDIDAS – A atualização legislativa assim visa coibir práticas que causam danos físicos e emocionais, seja no ambiente físico quanto no virtual. Quando os atos de intimidação sistemática tiverem menores de idade como autores, serão considerados atos infracionais correlatos aos crimes, sendo aplicadas medidas socioeducativas que visam à ressocialização e reintegração do jovem infrator à sociedade.

Ainda que para uma parcela da população esses temas sejam ainda pouco conhecidos, as práticas podem ser traumáticas para as vítimas e, em alguns casos, até fatídicas, infelizmente. A nova legislação representa um importante passo para assegurar um ambiente mais seguro para crianças e adolescentes. Mas a sua aplicação efetiva requer investimento em capacitação, conscientização e promoção de uma cultura de respeito e tolerância.

Ter a infância e a juventude como prioridades coletivas é essencial, cabendo a toda a sociedade trabalhar em conjunto para garantir a plena eficácia das medidas. Trata-se do futuro não só dos envolvidos, mas das novas gerações e do próprio país.

Um hino de amor ao Rio, na parceria de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli

Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli O Barquinho

Menescal e Bôscoli, dois parceiros geniais

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, produtor musical e compositor carioca Ronaldo Fernando Esquerdo e Bôscoli (1928-1994), na letra de “Rio”, parceria com Roberto Menescal, fala do Rio de Janeiro, a eterna Cidade Maravilhosa. A música faz parte do CD Bossa Nova gravado por Leny Andrade, em 1991, pela Eldorado.

RIO
Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli

Rio que mora no mar
sorrio pro meu Rio
que tem no seu mar
lindas flores que nascem morenas
em jardins de sol
Rio, serras de veludo
sorrio pro meu Rio que sorri de tudo
que é dourado quase todo dia
e alegre como a luz

Rio é mar
eterno se fazer amar
o meu Rio é lua
amiga branca e nua

É sol, é sal, é sul
são mãos se descobrindo
em tanto azul
por isso é que meu Rio
da mulher beleza
acaba num instante
com qualquer tristeza
meu Rio que não dorme
porque não se cansa
meu Rio que balança
Sorrio, só Rio, só Rio…

Lewandowski diz que Justiça combaterá uso da inteligência artificial em fraudes nas eleições

(Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Com as eleições municipais deste ano, várias ações movidas pela inteligência artificial já estão em campo, ameaçando a lisura das votações. Mais um desafio para o futuro ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski que prometeu atuar conjuntamente com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  Lewandowski alertou que o uso ilegal dessas ferramentas pode representar um crime contra o Estado Democrático de Direito.

“Nós vamos trabalhar em estreita colaboração com o TSE, especialmente por meio da Polícia Federal para prevenir e reprimir o uso da inteligência artificial para fraudar as eleições, o que pode, inclusive, configurar crime contra o Estado Democrático de Direito”, disse. Lewandowski tem razão quando anuncia que o Ministério da Justiça combaterá fraudes desse tipo através das redes da internet.

AUTORIA – A responsabilidade pela divulgação de notícias falsas é do autor das mesmas ou de quem divulgou a matéria sem citar a autoria da ação. A questão, no fundo, não é complicada. Tem que se aplicar às plataformas digitais, como base em qualquer debate sobre o assunto, a Lei de Imprensa que se encontra em vigor. O anonimato e a não identificação dos autores das mensagens, inclusive os conteúdos pagos como materiais publicitários comerciais configuram-se como situações absurdas.

A legislação é bastante clara. No caso da publicação de matérias não assinadas, a responsabilidade é dos jornais. No caso das matérias com autoria assumida, a responsabilidade é do autor. Mas existe, como se observa, a necessidade de caracterização. Não tem o menor cabimento abrir um espaço de comunicação pública sem levar em conta os dispositivos básicos da Lei de Imprensa. Até porque na vida todos nós atuamos nos limites legais. Não há motivo, portanto, para que as plataformas desloquem-se para fora desse sistema de gravidade.

PREVISÃO – Os processos que podem ser abertos contra calúnias, injúrias e difamações estão previstos em lei. Não é possível que os autores ocultos que plantam materiais nas plataformas não possam ser responsabilizados pelas matérias que divulgam. Há o caso das fake news, mas esse ponto deve ser combatido com o direito de resposta e com a não aceitação de tais textos pelos editores responsáveis, como acontece com os jornais.

Não se trata de censura, mas de critério seletivo contra absurdos e ataques à pessoas e instituições sem que os respectivos autores se identifiquem. Eis aí um ângulo da questão. Não é possível uma pessoa desejar atacar outra, inclusive sem provas, e querer que o seu texto seja publicado, o que significaria uma transferência da responsabilidade de apresentar provas para o jornal, mantendo oculto o nome do verdadeiro autor. Como se vê é uma simples questão de lógica e de bom senso.

Reflexões de Dante Milano sobre o cotidiano de quem vive debaixo de uma ponte 

Paulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Dante Milano (1899-1991), nascido em Petrópolis (RJ), considerado um dos mais importantes nomes do modernismo, mostra que uma ponte no cais pode ter um cotidiano triste, embora poético em sua concepção.

A PONTE
Dante Milano

O desenho da ponte é justo e firme, calmo e exato.
Nada poderá perturbar as suas linhas definitivas.
A sua arquitetura equilibra-se no ar
Como um navio na água, uma nuvem no espaço.
Embaixo da ponte há ondas e sombras.
Os mendigos dormem enrodilhados nos cantos.
Não têm forma humana. São sacos no chão.
Por momentos parece ouvir-se o choro de uma criança.
A água embaixo é suja,
O óleo coagula, em nódoas luminosas, reflexos lacrimejantes.
Um vulto debruçado sobre as águas
Contempla o mundo náufrago.
A tristeza cai da ponte
Como a poesia cai do céu.
O homem está embaixo aparando as migalhas do infinito.

A ponte é sombria como as prisões.
Os que andam sobre a ponte
Sentem os pés puxados para o abismo.
Ali tudo é iminente e irreparável,
Dali se vê a ameaça que paira.
A ponte é um navio ancorado.
Ali repousam os fatigados,
Ouvindo o som das águas, a queixa infindável,
Infindável, infindável…
Um apito dá gritos
A princípio crescendo em uivos, depois mantendo bem alto o apelo desesperado.
Passam navios. Tiros. Trovões.
Quando virá o fim do mundo ?
Por cima da ponte se cruzam
Reflexos de fogo, relâmpagos súbitos, misteriosos sinais.
Que combinam entre si os astros, inimigos da Terra?
Quando virá o fim dos homens ?
A ponte pensa…

 

Haddad tem de convencer o Congresso sobre o fracasso total da desoneração

junho | 2014 | Plataforma Política Social

Charge reproduzida da Plataforma Política Social

Carlos Newton

Entre as múltiplas idiotices do governo Dilma Rousseff, famosa estocadora de vento e maquiadora de contas públicas, uma das piores foi a desoneração de 17 importantes setores empresariais, a pretexto de abrir empregos. O resultado foi desastroso, porque não foram criados novos empregos, a Previdência Social quase foi a pique e teve de ser reformada no governo Bolsonaro, com altos prejuízos aos trabalhadores civis, mas blindagem dos supostos direitos dos militares.

Agora, 13 anos depois, não é mais possível manter esse execrável privilégio da desoneração, quando está sendo procedida a tão ansiada reforma tributária. Manter esses benefícios seria uma afronta à tese jurídica de que todos são iguais perante a lei.

LOBBY MASSACRANTE – Quando o assunto passou a ser discutido no Congresso, os líderes empresariais dos 17 poderosos setores da economia armaram um lobby massacrante, que conseguiu convencer a maioria dos parlamentares sobre a necessidade de manter a desoneração, conforme veio a acontecer

O culpado pela derrota foi o próprio governo, que não se deu ao trabalho de esclarecer as bancadas sobre o fracasso dessa tal desoneração, que em 2011 a então presidente Dilma Rousseff propôs em forma de Medida Provisória, mas o Congresso devolveu a MP e exigiu a apresentação de um projeto de lei.

Foi uma jogada de mestre dos empresários, que conseguiram maximizar os lucros através da redução de impostos, ao invés de tentar o aumento da produtividade.

APOIO DE PACHECO – O presidente Lula não moveu uma palha para eliminar a desoneração. Pelo contrário, está pouco ligando. Se a Fazenda, o Tesouro e o Banco Central liberarem recursos à vontade, para ele está tudo no melhor dos mundos.

Quem está se movimentando sozinho é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Tem falado como  presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e conseguiu convencê-lo a não devolver a MP de Lula. Agora, é preciso negociar com os líderes das bancadas para lhes mostrar que a desoneração vem dando um tremendo prejuízo aos cofres públicos, sem propiciar a sonhada abertura de empregos.

Para levar esse trabalho adiante, Haddad não conta com apoio de Lula, que não está nem aí, como diz a axé music. E o ministro está consciente de que, se a desoneração não for derrubada, a reforma tributária já começa capenga.

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P.S.
A opinião pública precisa se unir e dar apoio irrestrito a Haddad, que se tornou uma esperança para os brasileiros. Se ele fracassar na busca do déficit zero, a irresponsabilidade de Lula pode transformar o Brasil numa enorme Argentina, porque a inflação não foi vencida e está hoje como a sétima mais alta dos países do G-20. Todo cuidado é pouco. Já assistimos a esse filme no governo Sarney e não temos mais Itamar Franco para dar um jeito. (C.N.)    

Repercute na Suíça a promiscuidade entre o governo Lula e o Supremo no Brasil

Os três... na charge do Duke

Charge do Duke (O Tempo)

Vicente Limongi Netto

Honrado, peço licença para reproduzir a mensagem que recebi, pelo e-mail, da brasileira Aparecida Heinzer, morando na Suiça há 30 anos. Aplaudindo o teor da minha carta, publicada, simultaneamente, na Tribuna da Internet, Correio Braziliense, Fórum do Estadão, blog Pedrinho Aguiar(Manaus), blog Limongi, Facebook e no portal carioca JPRevistas, lamentando e repudiando a ingerência desaforada e pouco republicana de Lula, PT e apaniguados no Supremo Tribunal Federal. A mensagem de Aparecida Heinzer é do seguinte teor:

Sua carta contundente impressiona pela realidade que descreve. Parabéns! Nosso Brasil está apodrecendo e nosso povo não reage saindo às ruas como no tempo das Diretas Já. Para não ficar mordendo os dedos de aflição, envio as cartas, como esta sua, do Fórum do Estadão, a todos os amigos e conhecidos que de alguma forma estejam ligados ou trabalharam no Brasil.

Moro na Suíça há 30 anos, mas quem disse que passo um dia sequer sem ler as notícias do meu país (continuo muito brasileira). O Brasil assinou sua sentença em 2003 (minha opinião), subjugando-se ao lulismo, depois ao bolsonarismo e ao lulismo novamente, que segue arrastando consigo na lama a “sua democracia lulista imaginaria”. 

Água mole em pedra dura… Opiniões como as suas ajudam a clarear as ideias de muita gente. Faço votos que siga em frente divulgando-as.  Com a ajuda de Deus, que é Brasileiro, quem sabe qualquer dia desses, apareça um estadista de verdade…! Boa sorte e muito obrigada.

Aparecida Heinzer
Chardonne, Suíça

BIG BROTHER, AGAIN – O BBB-24 mal começou (termina em abril) e já revela o caráter deplorável de dois participantes do jogo, Rodriguinho e Nizam. No dia 13, no quarto do líder, criticaram o corpo de Yasmin e debocharam de Isabelle e Davi. Sob os olhares de dois capachos da desprezível dupla, Vinicius e Pizane.

Pela segunda vez no paredão, o baiano Davi, valoroso, motorista de aplicativo, deu um duro e merecido esculacho no cretino e frouxo Nizam. Poderia ter estendido a bronca em Rodriguinho. também lobo cretino travestido de gentil e bonzinho. Pelas costas não poupa ninguém. 

O fato de ser empresário, não dá a Nizam o direito de tripudiar em ninguém.

FICAR ATENTOS – Davi e a bela e sorridente Isabelle precisam ficar atentos, também, para Rodriguinho. Nizam e o cantor (Deus perdôe a blasfêmia) Rodriguinho não valem o feijão que comem. O atual líder, Lucas, mostra ser correto. As duas Vanessas, Lopes e Camargo, são enfadonhas. Não irão longe no jogo. Yasmin até agora não deslanchou. Quando abrir os olhos, caso consiga, será tarde.

Marcos, o comissário de bordo, é agradável e jeitoso. Mc Bin Ladem também mostra segurança nas rodas. 

Na verdade, a advogada paraibana e campeã Juliette, hoje cantora,  deixou marcas inesquecíveis de amor, inteligência e carisma no BBB. Difícil de ser suplantada e esquecida.

A educação midiática será fundamental no combate às fake news

Charge do Niniu (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

O início do último ano foi marcado não apenas pela posse do novo presidente da República, Lula da Silva, caracterizando a interrupção do período de retrocesso e aniquilação das políticas públicas promovidas pela gestão anterior, bem como pelos atos contra a democracia alavancados por bolsonaristas, sejam eles os ditos patriotas usados como massa de manobra, mas também por financiadores ocultos e que agiam covardemente nos bastidores do cenário nacional.

Todo esse contexto ratificou a imperativa necessidade de educação midiática como política pública para o país Brasil, ultrapassando o simples combate à desinformação ou categorização das chamadas fake news. É preciso esclarecer de forma mais contundente as dinâmicas das falsas notícias e o papel da comunicação de modo amplo e determinante. O debate torna-se fundamental para a sociedade e para a manutenção do sistema democrático.

PAPEL DAS MÍDIAS – Faz-se então necessária uma compreensão sobre o papel das mídias na conjuntura nacional, viabilizando verdadeiramente a constituição de uma autonomia crítica, o entendimento das dinâmicas de desinformação, permitindo  a percepção do papel das plataformas no processo de divulgação das falsas notícias. É preciso que a população esteja habilitada a acessar, avaliar, analisar os diversos conteúdos apresentados e ao mesmo tempo construir um pensamento crítico em relação às mídias.

Com isso, e somente assim, será possível capacitar os receptores das notícias, de forma analítica, sobre os conteúdos e os seus processos de produção.  Com a educação midiática a sociedade passará a dispor de forma concreta os instrumentos para entender como funciona a propaganda e quais as suas estratégias de persuasão e de condução do nosso olhar apenas para determinadas percepções.

Longe de ser um simples conjunto de ferramentas para lidar com as mídias ou uma maneira de controlar os conteúdos em circulação, a demanda se insere como elemento de política pública que pauta o direito à informação como direito humano fundamental.

E na poesia de Cruz e Sousa surge “o Louco, da loucura mais suprema”

Cruz e Sousa | Cruz e sousa, Lições de vida, CruzPaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Desterro, atual Florianópolis, tornou-se conhecido como o “Cisne Negro” de nosso Simbolismo, seu “arcanjo rebelde”, seu “esteta sofredor”, seu “divino mestre”. Procurou na arte a transfiguração da dor de viver e de enfrentar os duros problemas decorrentes da discriminação racial e social. Este poema refere-se ao próprio poeta (o Louco da imortal loucura, o louco da loucura mais suprema), o grande “Assinalado”, nos versos inesquecíveis de Cruz e Sousa

O ASSSINALADO
Cruz e Sousa


Tu és o Louco da imortal loucura,

o louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
prende-te nela extrema Desventura.

Mas essa mesma algema de amargura
mas essa mesma Desventura extrema
faz que tu’ alma suplicando gema
e rebente em estrelas de ternura.

Tu és o Poeta, o grande Assinalado
que povoas o mundo despovoado,
de belezas eternas, pouco a pouco.

Na Natureza prodigiosa e rica
toda a audácia dos nervos justifica
os teus espasmos imortais de louco!

Supremo precisa de reforma e limpeza para recuperar a credibilidade perdida

Charge do Zé Dassilva: STF - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Carlos Newton

Certas situações são incompreensíveis e inaceitáveis na chamada democracia à brasileira, que o jurista Sobral Pinto dizia não existir, porque democracia é uma só, não tem variedades, e o que exatamente existe é o peru à brasileira, principal atração das ceias de final de ano aqui na filial Brazil e do Dia de Ação de Graças, na matriz USA.

Infelizmente, existem muitas diferenças entre matriz e filial, que são sempre desonrosas para nós, pois não sabemos nem imitar direito as instituições democráticas. Veja-se o Supremo, por exemplo. O gigantesco Ruy Barbosa empenhou-se entusiasticamente para criar na filial um tribunal aos moldes da Suprema Corte da matriz. Depois de sua morte, porém, as coisas foram mudando, e hoje o Supremo à brasileira (outro prato típico, com frango no lugar do peru) é uma Piada do Ano em relação ao norte-americano.

E TUDO MUDOU… – Exatos 100 anos após a morte de Ruy Barbosa, aquele intelectual brasileiro que se asilou em Londres e botou uma placa na porta de casa dizendo “Ensina-se Inglês”, seu trabalho está irreconhecível e desqualificado.

Aqui na filial Brazil, o Supremo está totalmente descaracterizado, os ministros se metem em política acintosamente, não há mais suspeição, funcionam como procuradores e juízes individuais, reina a esculhambação.

A pretexto de preservar a democracia à brasileira, descumpriram leis sobre suspeição de magistrados, usaram provas ilícitas, inventaram a incompetência territorial absoluta em direito penal e levaram o Brasil à vexaminosa situação de ser o único país da ONU (são 193) que não prende criminosos após condenação em segunda instância, tornando-se o paraíso da impunidade. E ainda querem ser elogiados por isso, exibem o maior orgulho por essas presepadas.

COMEÇAR DE NOVO – Quando se chega a tal situação de paroxismo, é preciso dar um freio de arrumação, para depois começar de novo, como ensinam os geniais Ivan Lins e Vitor Martins.

Se os ministros tivessem um mínimo de humildade, eles próprios pegariam o Regulamento do Supremo e fariam as necessárias correções, para desafogar a pauta, cada vez mais sobrecarregada. De 2019 para cá, por causa da decisão que tirou Lula da Silva da prisão, o Supremo passou a ser obrigado a julgar todas as ações penais, porque a prisão agora somente ocorre somente após a quarta instância, que é o próprio STF.

O fato concreto é que, do jeito que está, não pode continuar. Se o Supremo não quiser se aperfeiçoar,  o Congresso deveria então votar uma legislação que o faça, porque este país precisa desesperadamente de justiça.

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P.S. 1
Se o Supremo e o Congresso não se interessarem por esse indispensável aperfeiçoamento, o editor da Tribuna então terá de fazer como Ruy Barbosa e colocar uma placa na porta de casa, dizendo: “Reformam-se tribunais”.

P.S. 2 – Realmente, tenho algumas ideias que acredito farão sucesso. Entre elas, a proibição de juiz soltar monocraticamente criminoso de alta periculosidade, como acaba de acontecer com o chefe de facção Elvis Cantor, preso na Bolívia e imediatamente solto aqui na filial Brasil. (C.N.)

Ainda não estamos livres dos golpistas, que continuam à espera de uma oportunidade

Charge do João Garcia (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

É um erro acreditar que os golpistas estão derrotados e que nunca mais haverá ameaças ao regime democrático. A realidade é bem diferente dessa ilusão, os adeptos de uma nova ditadura apenas se recolheram temporariamente, após falharem três tentativas concretas de os militares reassumirem o poder.

Pouco se fala sobre isso, mas os acampamentos foram instalados diante dos quartéis das Forças Armadas com autorização expressa de seus respectivos comandantes, pois nenhum deles determinou que fossem reprimidas essas absurdas invasões de áreas de exclusivo uso militar, uma situação gravíssima e jamais vivenciada no país, nem mesmo nos idos de 1964.

TRÊS TENTATIVAS – Recordem que houve três armações consecutivas para evitar a posse do presidente Lula, no espaço de menos de 30 dias. A primeira tentativa aconteceu em 12 de dezembro de 2022, quando o vencedor das eleições foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral, confirmando-se o resultado das urnas.

Brasília teve então uma noite de terror, com tentativa de invasão da sede da Polícia Federal e ataques a postos de gasolina e empresas, com roubo de grande quantidade de botijões de gás de cozinha. E o vandalismo avançou pelas ruas, com os golpistas ateando fogo a ônibus e automóveis. Inclusive, um dos ônibus ficou pendurado no viaduto. Se caísse, teria feito um estrago, próximo à Rodoviária, no centro da capital do país. Ninguém foi preso no dia 12 de dezembro. Portanto, seguiram em frente.

Às vésperas do Natal, quando aumenta o movimento de embarque e desembarque, os golpistas tentaram explodir um caminhão de  combustível no Aeroporto de Brasília, exatamente no dia 24 de dezembro de 2023, que seria similar ao atentado do Riocentro, uma operação terrorista que aconteceria em 30 de abril de 1981, após a concessão da anistia,

NÃO TIVERAM ÊXITO – Por fim, houve a invasão e depredação dos Três Poderes em 8 de janeiro. Então, três tentativas de golpe foram executadas, felizmente não tiveram êxito. As forças policiais do Distrito Federal fizeram cara de paisagem, demoraram a enfrentar os vândalos. Por isso, quando o presidente Lula culpa o governador Ibaneis Filho por esses acontecimentos, ele sabe exatamente o que está dizendo.

Os golpistas estão aí, nas sombras, à espera de uma nova oportunidade. Têm o braço armado e a volúpia pelo poder. Seu discurso de “Deus, Pátria e Família” vem desde o modelo fascista de Plinio Salgado, líder integralista que tentou dar o contragolpe em 1938, após o golpe de Getúlio com o Estado Novo em 1937 e a extinção dos partidos políticos.

Defender a democracia soa falso. Quem flerta com ditadura, é claro, não pode falar em liberdade. Assim, ainda não estamos livres da ameaça de um novo golpe. Desgraçadamente, essa é a nossa realidade.

Os desafios da democracia frente à tecnologia da Inteligência Artificial

Charge do Cazo (blogdoaftm.com.br)

Marcelo Copelli

É notório que o desenvolvimento tecnológico tem beneficiado enormemente a humanidade ao criar respostas inovadoras para problemas complexos, além de extinguir os mais variados tipos de barreiras em um mundo cada vez mais globalizado. Ao mesmo tempo, porém, tem lançado grandes desafios à democracia. Alguns, inclusive, ameaçadores, a exemplo da criação da “realidade” por inteligência artificial.

Recentemente, o Fórum Econômico Mundial produziu o Relatório de Riscos Globais 2024, publicado neste mês, divulgando que as desinformações produzidas por IA representam nada menos que o “maior risco global no curto prazo”. E isso é preocupante, pois em diversos países, neste ano, serão realizadas eleições, inclusive no Brasil. Via de regra, esses momentos de novas escolhas para Casas Legislativas e cargos representativos de grande responsabilidade acabam se tornando cenários de debates sobre políticas públicas, reafirmação de antigas promessas e análises .

DIREITO DE ESCOLHA – Ainda que nunca exista integral convergência de ideias, é justamente sobre o viés democrático que se exerce o direito da escolha, de forma igualitária entre os eleitores. Porém, quando esse poder de opção é afetado por uma enxurrada de notícias falsas que se alastram numa velocidade que torna difícil por muitos o indicativo da verdade ou das corretas opções existentes, as bases são atacadas por fissuras cada vez maiores que tornam o cenário instável, marcado pela confusão entre fatos e falsidades.

Hoje, com a tecnologia ao alcance de milhares de pessoas, diuturnamente, a desinformação atravessa obstáculos geográficos antes impensados, afetando diretamente o debate qualitativo e o próprio futuro das nações. De forma paralela, é preciso cautela para que nenhuma ação contra a desinformação soe como ataque à liberdade de expressão.

Mas antes de tudo, existe sempre o interesse público que não pode estar abaixo do mau uso do exercício dos direitos individuais. A liberdade de expressão não pode nunca ser usada para atentar o direito do outro, interferindo de forma intencional contra a democracia.  

Poucos conseguem ser felizes. Assim, queremos felicidade para todos nós

Expoente do Clube da Esquina, Ronaldo Bastos tem parceiros ligados a vários  estilos musicais (foto: Leo Pereda/divulgação)

Rpnaldo Bastos. membro do Clube da Esquina

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, produtor musical e compositor Ronaldo Bastos Ribeiro, nascido em Niterói (RJ), na letra de “Felicidade Urgente”, em parceria com Cláudio Zoli, aponta para uma questão discutida e defendida por Clément Rosset, no livro “Alegria”: a força maior: a alegria não difere da alegria de viver. Ou seja, quem é alegre não precisa de motivos (externos) para estar alegre. A música intitulou o LP gravado por Elba Ramalho, em 1991, pela Ariola.

FELICIDADE URGENTE
Cláudio Zoli e Ronaldo Bastos

Nunca mais eu vou voltar
Essa estrada é meu destino
Vou seguir a minha vida
Vou achar o meu lugar

Louco pra viver em paz
Eu procuro paraísos
Em lugares esquecidos
Em viagens ao luar
Eu vi a cor, sonhos
E sei de cor o que é melhor pra mim

A vida me faz desse jeito
O mundo é tão imperfeito
Pouca gente tem direito a ser feliz
O tempo passa de repente
Felicidade urgente para todos
Para todos nós

Quero te fazer feliz
Quero ser feliz também
Com você ta tudo bem?
Ta tudo bem?

Não vou mais olhar pra trás
No caminho do infinito
Encontrei uma razão
E me perdi no teu olhar

Eu sempre quis muito mais
Mais do que era preciso
Quis milagres absintos
E delírios de prazer
Eu vi a cor, sonhos
Eu sei de cor o que é melhor pra mim

A vida me fez desse jeito
O mundo é tão imperfeito
Pouca gente tem direito a ser feliz
O tempo passa de repente
Felicidade urgente para todos
Para todos nós

A necessária e urgente continuidade da política de segurança no país

Lewandowski assume uma série de demandas emergencias

Marcelo Copelli

Com a escolha de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal, as peças do tabuleiro se movimentaram na pasta da Justiça e Segurança Pública.

Depois de longa expectativa, o novo nome para comandar o ministério finalmente foi definido após ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski ter aceito o convite para a cadeira. À frente do cargo, certamente enfrentará desafios emergenciais, uma vez que  necessidades da segurança pública se impõem de forma imperativa.

DESARMAMENTO – Há décadas o crime marca território em várias cidades do país, criando um cenário de violência constante, o que demanda uma estrutura ágil e imediata por parte do governo federal. E, nesse momento, a troca de ministros não pode protelar ainda mais a efetividade das ações nesse setor, incluindo a continuidade do processo de reversão do armamento da sociedade.

Hoje, o país tem quase três milhões de armas nas mãos de civis. Em tradução simultânea, quase o dobro do que havia no ano de 2018. Para bom entendedor, basta olhar pelo retrovisor e ver a gestão que promoveu a farra desvairada, em detrimento de tantas outras áreas que a médio e longo prazo produziram muito mais efeitos.

Tudo resultado direto de políticas públicas que facilitaram o acesso às armas de fogo nos últimos anos. Todo esse arsenal contribui de forma concreta para o desvio de armas e o fortalecimento da criminalidade, além da perda de vidas e até mesmo o Orçamento do país. Só em em 2022, o Brasil gastou R$ 41 milhões dos recursos do Sistema Único de Saúde com internações hospitalares de vítimas de armas de fogo.

DECRETO – Em julho do último ano, com o decreto de controle de armas, publicado pelo Ministério da Justiça em julho de 2023, houve finalmente o restabelecimento de parâmetros responsáveis de controle de armas. Um avanço no combate à violência armada, reduzindo a potência das armas de uso permitido, aumentando a fiscalização e o controle, e restringindo o acesso a armamentos.

Mas ainda falta muito pela frente, a começar pela continuidade da migração da responsabilidade por fiscalizar os CACs (Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores), que era atribuição do Exército, para a Polícia Federal. Some-se a isso, é necessário estruturar um programa de recompra de armas, que foi anunciado por Flávio Dino.

Paralelamente, é preciso estabelecer-se um projeto de médio e longo prazos para lidar com o crime organizado. Houve, recentemente, o lançamento pelo Ministério da Justiça do Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas, um desdobramento do Programa de Ação na Segurança. Uma medida importante para fortalecer a interação entre as esferas federal e estadual e as parcerias com outros países.

MAPEAMENTO –  Também é importante reforçar a atuação da Polícia Federal no que tange ao mapa de regiões de entrada e saída de drogas, como os portos e aeroportos, implementar centros integrados de comando e controle, e planejar uma atuação conjunta entre a PF, a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras para localizar o percurso do dinheiro do crime; um caminho de encontrar os financiadores e os beneficiários do crime organizado. Além disso, o governo federal precisa garantir que haja integração com os Estados, para que aumentem o investimento em investigação.

Por fim, e não menos importante, é primordial um debate constante sobre a falta de eficácia do sistema prisional, que não consegue chegar aos executores de muitos crimes contra a vida e dos verdadeiros responsáveis pelos esquemas de tráfico de drogas, por exemplo. Ainda falta muito para se avançar e esse é o momento de não deixar que o que já foi conquistado ser paralisado ou abandonado.