A morte da Esperança, bem no fim do ano, na poesia dramática de Mário Quintana

AS MAIS LINDAS FRASES SOBRE A VIDA - MARIO QUINTANA (frases,citacões,uma linda reflexão de vida) - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994), constrói o poema no 12º andar do prédio, numeral que significa o mês de dezembro, no local onde uma mulher/criança espera o Ano Novo, simbolizado por seus olhos verdes, de um verde que significa esperança, a esperança de uma vida melhor. 

ESPERANÇA
Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
– Ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…

E em torno dela indagará o povo:
– Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
– O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Receita se omite e mídia tenta esconder “maquiagens contábeis” da Rede Globo

Globo consegue tomar no Judiciário casa com pix errado de R$ 318 mil

Reprodução do Arquivo Google

Carlos Newton

Conforme informamos neste sábado, com as grotescas maquiagens contábeis da Organização Globo, realizadas entre dezembro de 2005 e setembro de 2006, com utilização de empresas de fachada, tidas como “investidoras”, o grupo criado por Roberto Marinho aumentou artificialmente seu capital real em cerca de R$ 4 bilhões.

Para concretizar a manobra, foi utilizada a intermediação de uma empresa de ocasião, a GME Marketing Esportivo Ltda, registrada em fevereiro de 2002 na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro, com capital de apenas R$ 10 mil. Seus sócios iniciais, José Manuel Aleixo e Marcelo Campos Pinto, eram empregados do Grupo Globo, e apenas cumpriam ordens.

DEPOIS DA FESTA –Na condição de sócia da GME desde dezembro de 2003, a TV Globo Ltda, sucedida pela Globopar S/A, em abril de 2006 alterou o capital da microempresa esportiva para a estratosférica quantia de R$ 5,526 bilhões. Foi um passe de mágica, executado pelos irmãos ilusionistas Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho.

Após concretizada a maquiagem contábil, Aleixo e Pinto foram excluídos da empresa, extinta em 1º de setembro de 2006, e receberam de volta os R$ 10 mil de que se valeram para a abertura da GME Marketing Esportivo Ltda, à semelhança daquela personagem Viúva Porcina, que foi sem nunca ter sido.

A Organização Globo, no caso, seguindo roteiro “fora da curva”, transferiu para si mesma “o bilionário patrimônio líquido da GME” que já era só dela, e que lhe foi “devolvido” com um aumento de capital bastante expressivo, de RS 4 bilhões, cuja origem os documentos examinados não explicam, e a Tribuna da Internet, em nome da liberdade de imprensa, abre espaço a quem tiver algum esclarecimento a prestar.

CONCESSÃO DAS TVS – Não se pode esquecer que na mesma época, em 2007, a Globopar S/A (sucessora da TV Globo Litda) requereu à Presidência da República a renovação das concessões dos canais de televisão da Rede, situados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília.

Nos documentos para as concessões, estrategicamente deixou de informar que a totalidade do capital da antiga TV Globo Ltda, que fora transferido à Globopar e à empresa de fachada Cardeiros Participações S/A. já tinha sido transferida para as holdings dos irmãos Marinho (RIM 1947 Participações S/A, JRM 1953 Participações S/A e ZRM 1955 Participações S/A), no início de 2006, em desrespeito à lei, sem a prévia aprovação do Ministério das Comunicações.

Diante dessa confusa suruba empresarial e contábil, fica demonstrado que a Organização Globo e os irmãos Marinho ainda dominam esta República e estão acima da lei e da ordem. As concessões foram renovadas por Lula sem ressalvas, e mais recentemente por Bolsonaro, ganhando vigor até 2037.

E A RECEITA FEDERAL – De vez em quando, saíam na imprensa pequenas notícias de que as maquiagens contábeis da Globo seriam punidas pela Receita.  Mas o tempo passou, existe a prescrição de crimes fiscais etc. E quem se interessa?

Sabe-se que contrato social empresarial não pode ser equiparado a documento público, mas convenhamos que, para todos os efeitos, em se tratando de empresa concessionária de serviço público, a transparência não pode ser mitigada.

Pagando as taxas legais, qualquer cidadão bem intencionado tem acesso às informações protocoladas e registradas nas Juntas Comerciais de cada Estado da Federação. E a verdade sempre acaba por aparecer, como no caso da usurpação para TV Paulista por Roberto Marinho no regime militar, já bastante conhecido.

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P.S. 1 
Como ninguém está acima da lei, apesar das prescrições a amparar malfeitos, esse é um assunto que deveria interessar aos Três Poderes, porém o Barão de Montesquieu se esqueceu de que a TV Globo é o Quarto Poder. Advogados, que nos assessoram aqui no Rio prometem aprofundar o exame desses malabarismos societários, seguindo o caminho dessas estranhas e ardilosas transferências bilionárias. É claro que elas não se deram através de bancos nacionais ou internacionais, pois se tratou de meros registros contábeis, que são do exclusivo interesse apenas dos acionistas. E da Receita Federal e da Comissão de Assuntos mobiliários, é claro.

P.S. 2 – Amanhã, não perca o artigo sobre os maravilhosos presentes que o governo Lula e o Supremo deram à Globo em 2023, levantando o moral da Organização da família Marinho. (C.N.)

Um desafio! A difícil aproximação de Lula com os eleitores evangélicos

Disputa do eleitor evangélico no campo da fé é um passo arriscado

Marcelo Copelli

O segundo turno das eleições para a Presidência da República, em 2022, foi marcado por intensos discursos com apelo religioso tanto pelo atual presidente, Lula da Silva, quanto pelo seu então adversário, o ex-mandatário Jair Bolsonaro. Apesar de o derrotado nas urnas contar com o apoio de vários líderes evangélicos, a preferência de eleitores sem religião pode ter sido decisiva para o retorno do petista ao comando do Executivo.

Lula pode ter aberto uma vantagem superior a cinco milhões de votos para Bolsonaro entre os eleitores que não declararam uma religião específica, o que contribuiu para a vitória do petista na disputa mais apertada desde a redemocratização, segundo estudo divulgado à época.

PESQUISA – Já neste mês, uma pesquisa do Datafolha divulgada no último dia 7, mostrou que Lula ainda continua a enfrentar resistência entre os evangélicos, que compõem 28% do eleitorado brasileiro. A reprovação ao petista nesse grupo é de 38%, enquanto entre os católicos esse índice é de 28% (52% da população ouvida). No geral, segundo o levantamento, Lula fechará o ano em estabilidade, com 38% de aprovação, enquanto 30% consideram seu trabalho regular e outros 30% o definem como ruim ou péssimo.

Mas, voltando ao relacionamento em questão, nas últimas semanas Lula fez duas referências aos evangélicos. A primeira ocorreu durante um ato do PT, no qual reconheceu que a legenda tem dificuldade em se comunicar com o grupo. Já a segunda, foi durante um evento do governo em que Lula reclamou dos ataques da campanha. “Se tem um cara neste país que acredita em Deus, é este que está vos falando”, declarou.

PASSO ARRISCADO – Apesar de Lula muitas vezes extravasar além do que deveria, sobretudo quando improvisa, a disputa do eleitor evangélico no campo da fé é um passo arriscado, pois essa alternativa indicaria empunhar uma bandeira conservadora, o que se afasta do argumento da esquerda.

Existe hoje uma ligação já cristalizada desse eleitor com o bolsonarismo e que não caminha por análises racionais, ainda que o mesmo se depare com resultados positivos na economia ou em outros segmentos. O senso de pertencimento acaba sendo maior do que qualquer realidade, tornando, para uma certa parcela, as ações governamentais advindas sempre como representativas de uma esquerda adversária.

Desta forma, e de olho em uma nova estratégia, o governo incluiu numa campanha publicitária um cantor gospel e uma personagem que dá “glória a Deus” quando recebe o Bolsa Família. Em outra iniciativa, o Ministério do Desenvolvimento Social passou a oferecer financiamento a projetos de combate à fome tocados pelas igrejas e começou a treinar seus integrantes para cadastrar beneficiários de programas sociais. Uma forma de amenizar o domínio dos templos evangélicos nas periferias.

IDENTIFICAÇÃO –  A ideia é evitar com que os evangélicos passem a se identificar com a direita de forma definitiva. E, de fato, há espaço para reverter uma parte desse quadro. Exemplo disso é que uma pesquisa recente do PoderData mostra que 52% dos evangélicos acham que o governo Lula é pior que o governo Bolsonaro, enquanto 30% consideram o petista melhor, e 15% veem os dois da mesma maneira.

Discutir que religião e política não deveriam se misturar é inviável. Ao menos por enquanto. O caminho para uma possível dissociação é longo, ainda. E, sabendo disso, vários líderes religiosos barganham benefícios, apostando na persuasão dos seus seguidores.

Porém, ainda que uma perspectiva de mudança se encaixe no longo prazo, é possível acreditar que um dia, sob o cenário democrático, seja possível que cada cidadão escolha de forma individual os seus representantes, analisando sem a influência ou a ameaça da religião, e sobretudo vendo as contradições entre os discursos e as promessas dos falsos profetas e os valores da fé professada.

No “Rancho de Ano Novo”, não há nada que nos faça demorar

O genial protesto de Capinam e Edu Lobo | Jornal Ação Popular

Capinam, Marília Medalha e Edu Lobo

Paulo Peres
Poemas & Canções

O médico, publicitário, poeta e letrista baiano José Carlos Capinan, na letra de “Rancho de Ano Novo”, em parceria com Edu Lobo, fala da tristeza da separação de um grande amor com a despedida na chegada do novo ano. A música faz parte do LP Gracinha Leporace, lançado em 1968 pela Philips.

RANCHO DE ANO NOVO
Edu Lobo e Capinan

Meu amor abriu em prantos
debaixo de uma palmeira
Ano Novo vi entrando
vi o rancho na ladeira
Mestre João vinha na frente
levando a sua gente
numa estrada, a madrugada
que demora a vida inteira

No sopro do seu clarim
vinha vindo a madrugada
a pastora Mariana
dava voltas de ciranda
lá vem dona Juliana
carregada de jasmim
de Joana são as tranças
e o amor que levou fim

Lancha nova está no porto, ô.ô
meu amor abriu em prantos, ô.ô
na entrada do Ano-Novo
vou voltar pra te buscar
lá se foi a lancha nova
que do céu caiu no mar

Joana não é nada
Juliana eu vou e juro
não há nada nesse mundo
que me faça demorar
lá se foi a lancha nova
que do céu caiu no mundo
faz um ano, Mariana
que eu não paro de chorar          

“Maquiagens” contábeis da Rede Globo exibem criatividade dos irmãos Marinho

Tribuna da Internet | Lula vem pagando caro demais o apoio que a TV Globo lhe oferece graciosamente

Charge do Nico (Arquivo Globo)

Carlos Newton

A Tribuna da Internet não poderia fechar o ano sem esclarecer a opinião pública brasileira sobre a ardilosa contabilidade financeira promovida pela GME Marketing Esportivo Ltda, entre fevereiro de 2002 e setembro de 2006, que propiciou a “transferência de seu patrimônio líquido” aos controladores da Organização Globo, os irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, por meio de suas holdings pessoais.

Detalhe: o “patrimônio líquido” da desconhecida GME, à época, era de modestos US$ 2,7 bilhões, que equivalem hoje a R$ 13,5 bilhões, quantia nada desprezível no Brasil e no mundo.

POR BAIXO DO PANO – Em verdade, a desprezada e descapitalizada GME, inativa desde 1ª de setembro de 2006, serviu de trampolim para os irmãos Marinho justificarem a transferência da totalidade de seu bilionário capital para algumas empresas fantasmas que criaram e alcunharam de “investidoras”.

Se ninguém, especialmente a Receita Federal, jamais tinha ouvido falar da GME, que nada tem a ver com a General Motors, quem poderia imaginar que o bilionário patrimônio da Organização Globo fosse transitar pela RIM 1947 Participações S/A, JRM 1953 Participações S/A e ZRM 1955 Participações S/A, marcadas e carimbadas pelos anos de nascimento e pelas iniciais dos irmãos Marinho.

Para apagar rastros e dificultar a fiscalização, essas empresas de fachada, cada uma com capital pífio de R$ 1 mil, depois se transformariam nas riquíssimas Eudaimonia Participações Ltda, Imagina Participações Ltda e Abaré Participações Ltda. Eram sociedades anônimas e se transformaram em empresas limitadas, às escondidas e ao arrepio da lei, sem constar no decreto assinado pelo então presidente Lula da Silva, em 23 de agosto de 2005, que renovou irregularmente as concessões da Rede Globo.

NA JUNTA COMERCIAL – Os documentos registrados na Junta Comercial trazem luz à simulação societária engendrada com base na Lei 6.404/76, que regula as S/As.

Em tradução simultânea, a GME Marketing Esportivo Ltda, com capital ridículo de R$ 10 mil, era a própria TV Globo Ltda, depois sucedida pela Globo Comunicação e Participações S/A (Globopar S/A), de propriedade dos surpreendentes filhos do falecido jornalista e empresário Roberto Marinho.

Na condição de sócia da GME desde dezembro de 2003, a TV Globo Ltda, sucedida pela Globopar S/A, em abril de 2006 alterou o capital da microempresa esportiva para a estratosférica quantia de R$ 5,526 bilhões. Caraca! Jamais se viu nada igual em matéria de negócios familiares ou corporativos. Repita-se: a GME, que tinha capital de R$ 10 mil, foi ejetada para o espaço sideral dos R$ 5,526 bilhões, algo que precisa constar no Livro Guinness de Recordes.

É FÁCIL COMPLICAR – Esses ilusionismos contábeis já vinham de longe, desde agosto de 2005, quando a Globopar S/A, sucessora da TV Globo Ltda, passou a ser controlada por outra empresa de fachada, com patéticos R$ 1 mil de capital social, a Cardeiros Participações S/A.

Torna-se difícil entender as armações, porque a complicação empresarial e contábil é feita de propósito. E foi nesse quadro de engenhosa arquitetura societária que surgiram as novas empresas acionistas, com as iniciais dos três irmãos (RIM, JRM e ZRM), que, para tanto, se apossaram do capital da Cardeiros Participações S/A, que antes se chamava 296 Participações S/A. E tudo isso acontecia sem conhecimento do governo, infringindo a Lei 4.117/62 e o Decreto 52.795/63 (Legislação de Radiodifusão).

Do exame criterioso desses atos societários, constata-se que a GME Marketing Esportivo Ltda, não passava de mais um galho improdutivo da gigantesca e frondosa árvore TV Globo>Globopar>Cardeiros (ex-296 Participações S/A).

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P.S.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: Por que tudo isso, qual o objetivo dessa confusão empresarial e contábil? Ora, o rival Silvio Santos diria que foi tudo por dinheiro. Já o arqui-inimigo Leonel Brizola confirmaria que os irmãos Marinho costearam o alambrado para passar uma boiada com a mala cheia de dinheiro. Mais precisamente, com algo em torno de R$ 4 bilhões, que foram ardilosamente acrescentados ao patrimônio dos três herdeiros do lendário Roberto Marinho, com quem trabalhei. Se ainda estivesse por aqui, Roberto Marinho estaria estupefato com a criatividade de seus filhos, conforme mostraremos na reportagem de amanhã, para comemorar a véspera do Ano Novo. Sempre com absoluta exclusividade. (C.N) 

Em todo Ano Novo, devemos desejar uma vida melhor e mais justa para todos

Charge: ano novo, pessoas melhores? | Blog do Tarso

Tirinha do Quino (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Quero ver em 2024 mais união, menos desunião. Mais amor, menos desamor. Mais emprego, menos sofrimento. Mais ternura, menos opressão. Mais esperança, menos desencanto. Mais sinceridade, menos hipocrisia. Mais fartura, menos fome. Mais solidariedade, menos agressão. Um basta nos covardes feminicídios, cadeia dura para os assassinos. Mais abraços, menos destemperos. Mas crianças felizes.

Fim dos intoleráveis e insuportáveis penduricalhos para políticos e magistrados. Menos tragédias na saúde pública, melhor acolhimento profissional. Mais tolerância, menos estupidez. Mais prudência e responsabilidade nas rodovias. Mais contenção, menos despudor. Mais corações abertos para o diálogo, menos agressões. Menos promessas dos governantes, mais ações pelo coletivo. Menos tristeza, mais alegria nos corações. Menos frio, mais agasalhos. Benvinda a Inteligência artificial construtiva, jamais aniquiladora. 

LEMBRANDO 2021 – Política deve ser tratada com argúcia. Com parâmetros da vivência do analista. Sem chutes. Nessa linha, recordo o que escrevi, na Tribuna da Internet, no dia 1º de agosto de 2021, sobre o futuro político do agora governador de São Paulo, quando as projeções futuras ainda estavam nebulosas:

“Atenção para os passos do ministro da infraestrutura, Tarcisio de Freitas. É o responsável pelo caixa da campanha presidencial de Bolsonaro, em 2022. Continuando o rosário de fracassos e trapalhadas de Bolsonaro, Tarcísio é o candidato do mito de barro e do insaciável Centrão para disputar o governo de São Paulo ou integrar a chapa de Bolsonaro como vice, no lugar de Hamilton Mourão”. 

SAUDADES DE SAID – Há dois anos Deus levou para perto dele, um ser humano digno, amoroso e competente, meu ex-genro,  professor, historiador e analista político Said Barbosa Dib. Pai da minha bela neta, Manuela, universitária e artista plástica. 

Saudades imensas nos corações dos que tiveram o prazer de conviver com ele. Said foi assessor de imprensa, para o Amapá, do então senador José Sarney e estava trabalhando no Sebrae de Brasília. Perda realmente dolorida e irreparável. 

Bolada do PL: Bolsonaro e Michele receberam mais de meio milhão do partido em 2023

Crusoé: meio milhão para Bolsonaro e Michelle

Bolsonaro e Michelle têm uma atração fatal por dinheiro

Marcelo Copelli

No Brasil, em meio ao espetáculo organizado com o dinheiro público, o cidadão não sabe para qual lado olhar ou de quem reclamar. Enquanto boa parte da população sequer viu algo de diferente na mesa de Natal ou mesmo tem perspectivas quanto aos próximos meses, juízes e servidores recebem bônus generosos, políticos tentam fechar o ano com o máximo de vantagens que puderem e até quem já se tornou inelegível continua a receber uma boa renda dos cofres públicos.

Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro, poderão fechar 2023 com chave de ouro, gozando além de inúmeros privilégios que o antigo cargo de “ocupante” da cadeira presidencial os concedeu, também recebendo cerca de R$ 589 mil do PL ao longo de 2023. Após a derrocada nas urnas, o casal passou a integrar a cúpula do PL como “dirigentes partidários” e, para tanto, recebendo uma pequena bolada através do polpudo fundo partidário.

“SERVIÇOS” – Enquanto “dona” Michelle, “presidente” do PL Mulher desde fevereiro, já recebeu R$ 236,3 mil da legenda por “serviços técnico-profissionais” até setembro, Bolsonaro recebeu R$ 200 mil entre abril e outubro. O casal recebe como dirigentes partidários, de R$ 30.483,16. Não estão incluídos no valor despesas com assessores, advogados e despesas como deslocamentos e alimentação.

A questão não o partido travestir uma justificativa pelos (des) serviços de ambos, mas sobretudo remunerá-los com dinheiro público. Para o bolsonarismo a questão é resolvida, tentando manter viva qualquer brasa de esperança quanto à representatividade de Bolsonaro. Mas, para a maior parte da sociedade, trata-se de mais um episódio fatídico em que, ainda que viável legalmente, a situação beira a mais um descaso, uma vez que o ex-presidente só contribuiu para o retrocesso do país em quatro anos à frente (ou de costas) no Executivo.

FUNDO ELEITORAL – Principal beneficiado pelo fundo partidário, o PL somou R$ 141.072.720,75 em recursos disponíveis para gastos neste ano, sendo mais de 99% provenientes do conhecido “fundão”. Já no ano, a sigla declarou ter, até o momento, R$ 96.882.198,78 em despesas. Claro que a situação absurda se estende pelas demais siglas, mas isso não significa que se tenha obrigatoriaente uma concordância passiva por parte de quem assiste a tudo isso.

O clã Bolsonaro tenta de qualquer forma se manter no poder, mas como em política tudo pode mudar de acordo com os interesses, nas primeiras decisões judiciais em 2024, talvez os apoiadores repensem os seus posicionamentos e deixem o ex-mandatário naufragar.

“O Rio de Janeiro de Ho Chi Minh”, um documentário instigante, no Canal Brasil

O dia em que Ho Chi Minh andou pelo Rio de Janeiro – TraduAgindo

Aos 21 anos, o famoso Ho Chi Minh viveu no Rio de Janeiro

José Carlos Werneck

O Canal Brasil exibiu esta semana o intrigante e instigante documentário “O Rio de Janeiro de Ho Chi Minh”, dirigido por Claudia Mattos, feito para evocar a misteriosa passagem “daquele que ilumina” pelo Brasil, no início do século XX. Sim, o líder revolucionário vietnamita passou pelo Rio de Janeiro, então capital federal, em 1912, em circunstâncias terríveis.

Cozinheiro na tripulação de um navio, ficou doente e foi deixado em terra firme para curar-se (ou morrer). Caso se recuperasse, deveria encontrar um navio que o levasse de volta à França, metrópole colonial que dominava a Indochina, nome genérico da região onde nascera (hoje dividida em três países independentes, o Vietnã, o Laos e o Camboja).

O JOVEM MINH – Ho Chi Minh (1890-1969) tinha pouco mais de 21 anos quando viveu sua breve aventura brasileira e chamava-se Nguyen Sinh Cung. No Rio, depois de curado, teria trabalhado como garçom para ganhar uns trocados e sobreviver até conseguir viabilizar seu regresso.

Teria feito amizade com um líder sindical pernambucano, de nome José Leandro da Silva, também cozinheiro de grandes embarcações, que teria atuado na Revolta da Chibata, dois anos antes, liderada por João Candido, o Almirante Negro.

Maria do Rosário Caetano, falando sobre o filme na”Revista de Cinema diz que quem quiser saber mais sobre o assunto deve ler uma reportagem no site “Jacobin”, na internet.

FONTES DE HANÓI – O texto jacobínico baseia-se em fontes da Universidade de Hanói, instituição que confirma a temporada carioca de Ho Chi Minh, nome que significa “Aquele que Ilumina”, pseudônimo que adotou ao abraçar a luta anticolonial contra franceses, japoneses e norte-americanos, marca de toda a sua vida. O estadista vietnamita referiu-se a tal temporada em seus escritos e também em seus “Poemas do Cárcere”.

Maria do Rosário Caetano diz que a diretora Claudia Mattos tomou o caminho mais livre possível. Primeiro, já no título, deixou claro queseu tema era o Rio de Janeiro de Ho Chi Minh. Ou seja, ia mostrar a cidade brasileira da segunda década do século XX, aquela que ambientou a Revolta da Chibata, viu florescer a Pequena África lá pelos lados da Gamboa e teve no terreiro de Tia Ciata matriz do samba nascido na Bahia e naturalizado carioca.

Para tanto, a cineasta, que na origem é pesquisadora, PhD em Comunicação e Cultura pela UFRJ, criou personagens ficcionais e transformou o embarcadiço-cozinheiro José Leandro da Silva em “Faca Cega”, um líder sindical dos mais descolados, negro cheio de ginga e muitas atitudes, avô de Pilar ,interpretado pelo cineasta Luiz Antônio Pilar.

Vergonha imensurável: parlamentares gastam milhões com autopromoção

Charge do Benett (Arquivo Google)

Marcelo Copelli

Enquanto grande parte da população ainda é alvo da falta de condições básicas que assegurem a dignidade de dispor de alimentação, saúde, segurança, moradia e transporte, entre outros, deputados federais, no primeiro ano de mandato, gastaram com autopromoção a exorbitante e vergonhosa cifra de R$ 79 milhões dos cofres públicos. O valor recorde, considerando a série histórica, e não inclui o mês que já termina, foi direcionado, sobretudo, para a impressão de panfletos.

O total astronômico corresponde a mais de um terço do total de R$ 216 milhões usado com a cota parlamentar, destinada a custear as regalias dos mandatos e a cobertura de despesas igualmente questionáveis, a exemplo de combustíveis, aluguel de carros, serviços de telefonia, alimentação e passagens aéreas, além de divulgação do mandato parlamentar. Ainda que legalmente previsto, o escárnio é notório e inaceitável, sobretudo em um país em que milhões de pessoas não sabem de que forma alimentarão as suas famílias no dia seguinte.

SEM BUROCRACIA – Os gastos sequer atravessam o caminho burocrático, uma vez que os milhares de reais são reembolsados imediatamente mediante a simples apresentação de notas fiscais. Enquanto isso, o cidadão que tenta fugir da miséria e conseguir um minguado benefício social, muitas vezes precisa comprovar através de inúmeros documentos a sua miserabilidade, perigando ter o seu pedido indeferido.

Teve parlamentar que gastou quase R$ 300 mil em uma única gráfica para a impressão de panfletos e não enfrentou o menor problema para ser ressarcido integralmente. Ao mesmo tempo, esse mesmo representante do povo, durante todo o mandato até agora, não teve nenhum projeto de lei aprovado. Tudo “dentro dos limites estabelecidos pela Câmara dos Deputados”.

VANTAGEM – Além dos gastos desvairados, confrontando-se com as precárias condições de boa parte da população brasileira, a cota parlamentar aplicada com divulgação pode dar aos deputados uma vantagem na disputa eleitoral, pois muitos são candidatos à prefeito nas eleições do ano que vem. Um ciclo vicioso e injusto.

O dinheiro público usado de forma acintosa mantém refém os nichos eleitorais que atravessam gestões sobrevivendo de perspectivas que nunca se efetivam. Em tradução simultânea, a verba de divulgação é, na realidade, recurso de campanha travestido de cota parlamentar, no fim das contas, contribuindo para as sérias disparidades entre quem tem e quem não tem mandato.

Some-se a este cenário que perdura há décadas, o fato de que esse cotão, ralo pelo qual escorre milhões de reais em recursos públicos, quando não fiscalizado de forma rígida e sem transparência, fortalece a rota de desvios. Independentemente do protagonismo justificado para o seu uso, o montante é passível de discussão. E, diante desta ciranda em que tudo que se gasta se adequa à previsão regimental e legal, os excessos são marcantes e a fiscalização questionável, fica a contradição cada vez mais exposta diante do Brasil que, ainda banguela, continua a sorrir.

  Um soneto muito original, bem no estilo poético de Carlos Pena Filho

O quanto perco em luz conquisto em... Carlos Pena Filho. - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta pernambucano Carlos Pena Filho (1929-1960), poeticamente, através o visual de uma planície, onde estão um passarinho, uma mulher e um homem, pinta um “Retrato Campestre”.

RETRATO CAMPESTRE
Carlos Pena Filho

Havia na planície um passarinho,
um pé de milho e uma mulher sentada.
E era só. Nenhum deles tinha nada
com o homem deitado no caminho.

O vento veio e pôs em desalinho
a cabeleira da mulher sentada
e despertou o homem lá na estrada
e fez canto nascer no passarinho.

O homem levantou-se e veio, olhando
a cabeleira da mulher voando
na calma da planície desolada.

Mas logo regressou ao seu caminho
deixando atrás um quieto passarinho,
um pé de milho e uma mulher sentada

País afasta-se da negação e reconhece ser predominantemente negro

Maior presença de negros no país reflete reconhecimento racial

Marcelo Copelli

O reconhecimento de que a maioria da população do país é negra, rubricada estatisticamente pelo Censo 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e simbolicamente divulgado na Casa do Olodum, no Pelourinho, em Salvador, no último dia 22 de dezembro, tem reflexos amplos e que sinalizam, finalmente, o afastamento gradual do Brasil de um cenário de negação confrontado com a sua verdadeira e intrínseca realidade.

Pela primeira vez, desde 1872, quando o primeiro censo foi realizado no país, a população parda superou a população branca através das pesquisas. Foram 92,1 milhões de brasileiros e brasileiras que se reconhecem como pardos ou pardas, ou seja, 45,3% da população. Por sua vez, se autodeclaram brancos, 88,3 milhões (43,5%) de brasileiros e brasileiras.

RECONHECIMENTO – Os autodeclarados pardos, somados aos 20,7 milhões (10,2%) autodeclarados pretos, indicam um total de 102,8 milhões (55,5%) de brasileiros e brasileiras se reconhecem como negros ou negras no Brasil. São 11,9% a mais de autodeclarados pardos e 42% a mais de autodeclarados negros em relação ao Censo de 2010.

Os declarados indígenas também cresceram. Em 2010, representavam 0,5% da população, hoje representam 0,8%, 1,7 milhão de brasileiros e brasileiras. Um aumento de 89%. Os amarelos tiveram uma queda de 1,1% da população (2 milhões) para 0,4% da população (850 mil).

Para além das métricas e dos dados estatísticos, o avanço nas autodeclarações como pardos e pretos carrega uma conquista do movimento negro no Brasil, pois a escolha pelas duas categorias do Censo que compõem a população negra é um ato significativo de identificação e autoconhecimento em uma sociedade notoriamente marcada pelo racismo estrutural e pelos privilégios associados à branquitude.

PERTENCIMENTO – Embora o país sempre tenha sido predominantemente negro, o reconhecimento desse pertencimento evoluiu gradualmente, sobretudo nas últimas décadas. Desde o ano 2000, observou-se um aumento de 42,3% na autodeclaração de indivíduos como pretos e de 11,9% na definição como pardos.

A questão vai muito além da caracterização étinico-racial, abrangendo uma árdua luta diária não somente pela sobrevivência, mas também uma necessidade de comprovação exaustiva de que a cor da pele não diferencia o ser humano, a sua capacidade ou altera os seus direitos e deveres.

ESTATÍSTICAS – Os números falam por si só. Ao mesmo tempo em que a maioria da população brasileira reage e se reconhece como negra, de acordo com o estudo “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, realizado pela Rede de Observatórios da Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), a cada quatro horas uma pessoa negra foi morta pela Polícia; a cada 100 mortos pela Polícia em 2022, 65 eram negros e negras; de 3.171 registros de mortes em ações policiais com informação de cor/raça declarada, 2.770 são de negros, 87,35%.

O reconhecimento foi mais um importante passo, repita-se,  na história do país. Mas ainda falta muito a se caminhar, não só pelos que se autodeclararam pardos, mas também por toda a população, negra ou não. É preciso que o planejamento e a construção de políticas públicas inclusivas sejam cada vez mais constantes e efetivas, reforçando soluções para que a igualdade racial seja uma das principais linhas condutoras no desenvolvimento do futuro próximo do Brasil.

Um paraíso de campos e montes, com canções e flores, para agradar sua amada

Zé Geraldo e convidados na gravação de seu segundo DVD

Zé Geraldo, um grande cantor mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor mineiro José Geraldo Juste, na letra “Canções e Flores”, trouxe belas figuras poéticas para ornamentar sua saudade e, consequentemente, a sua volta aos braços da amada.  Essa música foi gravada por Zé Geraldo no LP No Arco da Porta de Um Dia, em 1986, pela Arca. 

CANÇÕES E FLORES
Zé Geraldo

De mel é o sabor das lembranças
trazidas de minhas andanças
pra enfeitar sua saudade
Eu trouxe canções e flores
e um paraíso de cores
pra pintar sua cidade

Eu venho de campos e montes
e trouxe o cantar da fonte
pra dentro de sua janela
Noites de lua cheia
meu peito incendeia
pela moça mais bela

O que me prendeu por aqui
foi seu sorriso franco
e esse doce no olhar
Eu vim pra demorar bem pouco menina
agora eu quero ficar

Alguém tem de dizer a Lula e ao STF que a democracia deve ser respeitada

dedemontalvao: A democracia é um valor absoluto e intransitivo, que não  permite relativização

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

No próximo dia 8 de Janeiro, o presidente Lula da Silva vai comandar em Brasília um ato de repúdio à invasão dos Três Poderes, que nos traz motivos para reflexões. Como o pretexto é marcar e comemorar a preservação da democracia no Brasil, seria importante que essas autoridades fizessem uma autocrítica a respeito dos erros que vêm sendo cometidos pelos ministros do Supremo e pelo próprio presidente da República, a pretexto de estarem defendendo o próprio regime democrático.

Uma das grandes diferenças entre os sistemas políticos é o exercício da Justiça. Somente há amplo direito de defesa em regimes democráticos, porque nas ditaduras isso “non ecziste”, diria Padre Quevedo, que nos deixou há apenas quatro anos e faz uma falta danada.

GRANDE PARADOXO – Se ainda estivesse por aqui, Quevedo estaria horrorizado com os maus hábitos assumidos pela Justiça brasileira. Como diria Leonel Brizola, há anos os ministros do Supremo vinham costeando o alambrado, até conseguir rompê-lo e deixar a boiada invadir pastagens alheias.

Na verdade. passamos a conviver com uma semiditadura do Supremo desde 2019, quando o presidiário Lula da Silva ganhou a liberdade devido a um vergonhoso retrocesso judiciário, com o Brasil se tornando o único dos 193 países da ONU que não prende criminoso após condenação em segunda instância.

No próximo dia 8, essa estranha realidade deveria ser discutida pelas autoridades eleitas ou nomeadas que dividem e exercem o Poder, porém isso não vai acontecer.

INVASÃO DE COMPETÊNCIA – Não é aceitável, em nenhuma democracia, que o Judiciário legisle, como tem acontecido. O caso do marco temporal é gravíssimo e abriu uma crise institucional delicada, que vai se agravar assim que acabar o recesso do início de ano.

Também não cabe ao Judiciário decidir sobre legalização do aborto, conforme ficou claro na decisão da Suprema Corte da matriz USA, um exemplo que deveria estar sendo seguido aqui na filial Brazil, mas…

Da mesma forma, as “interpretações” da lei precisam ser contidas. Para possibilitar a candidatura de Lula da Silva, em 2021 foi muito feio criar a “incompetência territorial absoluta”, que não existe em nenhum outro país. Pior ainda foi depois inventar a “presunção de culpa”, para cassar o deputado Deltan Dallagnol.

RÉUS DO 8 DE JANEIRO – Tudo isso deve ser lembrado, porém a ilegalidade maior é o cerceamento da defesa dos réus do 8 de janeiro. Como se sabe, o inquérito foi falho, não foram identificados os verdadeiros terroristas que se infiltraram e lideraram o quebra-quebra.

E o rigor das penas é um acinte à Ciência do Direito. Quem estava lá, mesmo sem provas de ter quebrado um grampeador, pega 17 anos. Se tiver feito selfie, leva mais 4 anos, algo que não existe nem nenhum Código, pois invadir prédio público tem pena de detenção de apenas um a três meses.

Os réus são punidos como se tivessem praticado um golpe de estado, que nem aconteceu. É um julgamento que envergonha qualquer pessoa sensata e que depõe contra o notório saber dos ministros, sem que a sociedade esboce a menor reação.

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P.S.Na patética “solenidade” do 8 de Janeiro, o mais ridículo serão os discursos esculhambando esses “maus brasileiros que tentaram dar um golpe de estado”. Os oradores não entendem que “querer” destruir a democracia não é crime nem dá cadeia. Crime muito pior é descumprir os trâmites democráticos e aplicar penas descabidas, a pretexto de que sirvam de exemplo aos demais membros da coletividade. As autoridades não percebem que sempre foi exatamente esta a justificativa dos linchamentos que a democracia até hoje tenta inutilmente evitar. Mas quem se interessa? (C.N.)

Atenção aos excluídos, uma questão nacional mais do que humanitária

Com 27 anos de história, Grito dos Excluídos vai às ruas dia 7 – PT Piauí

PT faz uso político da situação e criou o Grito dos Excluídos

Marcelo Copelli

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em uma década a população de rua no Brasil aumentou 211%. Os números refletem um cenário preocupante e absurdo, consequência da falta de efetivas políticas públicas nos mais diversos segmentos, sinalizando, ao mesmo tempo, problemas individuais que ganham proporções coletivas e pandêmicas quanto à desintegração dos laços comunitários, a desestruturação de unidades familiares, transtornos dos mais diversos tipos, além do consumo cada vez maior de drogas, legalizadas ou não.

O quadro torna-se cada vez mais comum, infelizmente, não somente no país, mas em diversas outras partes do mundo. Ainda que tentem cada vez mais burocratizar as possíveis soluções e arrastem a concretização de medidas efetivas, dados mostram que ações planejadas são, sem dúvida, o único caminho viável.

REDUÇÃO – Uma pesquisa estatística em Nova York, por exemplo, apontou que, vejam só isso, a redução de 10% nos custos de aluguel resultaria em uma diminuição de 8% no número de pessoas em situação de rua. Quantas pessoas poderiam ter de volta a dignidade e a possibilidade de recomeçarem as suas vidas ?

No Brasil, para metade das famílias que ganham até três salários mínimos, os aluguéis consomem mais de um terço das rendas. E de que forma os demais compromissos conseguem se encaixar no que resta? Não somente na última década, mas há muito mais tempo, é notória a necessidade imperativa de políticas que gerem mais empregos, reduzam a pobreza e permitam maior acessibilidade à moradia, através de adensamentos urbanos, habitações sociais ou aluguéis subsidiados.

AÇÕES EFETIVAS – Ainda sobre a questão da crescente da população em situação de rua, existe desde aqueles que enfrentam temporariamente dificuldades até os que vivem de forma permanente nesta situação. E, o aumento significativo desta população, não pode ser tão somente uma responsabilidade de ações de voluntariado, mas sobretudo de ações governamentais.

É fundamental que o Estado aborde imediatamente a questão em suas múltiplas dimensões,com planejamento eficaz e sustentável. Não se trata apenas de uma demanda humanitária, mas de reestruturação de toda uma sociedade desmantelada justa e intrisicamente pela ausência deste mesmo Estado que se preocupa ainda em negociar e barganhar votos em prol das pequenas castas e em detrimento às eternizadas demandas de milhões de pessoas que, por enquanto, sobrevivem através das promessas de uma vida mais digna e menos sofrida.

Após um ano de arrumação, o brasileiro agora espera a tão prometida dignidade

Charge do Cazo (blogdoaftm.com.br)

Marcelo Copelli

Na última sexta-feira, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse, nas redes sociais, que este ano foi dedicado à recuperação do país, e que o ano de 2024 será de mais trabalho para melhorar a vida das pessoas. A mensagem foi postada no X, antigo Twitter. Segundo Lula, 2023 foi um ano “de arar a terra, arrumar a casa” para fazer o Brasil voltar à normalidade.

A cada nova gestão, a cada virada de ano, por mais obstáculos diários impostos pela (des) política brasileira, a população mais afetada pela ausência de ações concretas, sobretudo, sempre renova as suas esperanças quanto às mudanças para melhor. As profundas marcas gravadas pela falta de estrutura nos mais diversos segmentos são reflexos das doses homeopáticas sob as quais as imperativas necessidades são tratadas no país.

DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO – A falta de condições mínimas de saúde, educação, moradia, emprego e habitação, principalmente, atravessam gerações. E tudo é balizado apenas por promessas, campanha após campanha. E agora, por incrível que pareça, em vez de os cidadãos se unirem exigindo os seus direitos, resolveram optar pela polarização extrema em um quadro no qual adversários políticos se isentam de qualquer responsabilidade e são alçados ao patamar de heróis ao redor dos quais as massas se empenham em combates pessoais quase que irreversíveis.

A idealização de representantes é uma mera ficção. Enquanto isso, o foco nas soluções desvia-se para ver quem tem mais ou menos razão nos grupos virtuais e no cotidiano de um Brasil que clama por tudo, mas que tem condições de sobra para ser atendido. Para isso, é preciso virar do avesso o cenário, optar-se por quem de fato faz, por aqueles que não barganham votos por favorecimentos, por quem sabe que o cargo é resultado da escolha e da expectativa dos eleitores em prol de resultados que beneficiem o coletivo.

Enquanto continuarmos acusando quem é o mais ou menos feio, quem é o mais ou justo, justificando a desonestidade dos que defendemos, continuaremos mordendo o próprio rabo sob os aplausos dos novos donos das capitanias e seus descendentes. Que após a arrumação, tenhamos de fato mais dignidade para as classes menos favorecidas, com direito a tudo que hoje, ontem e há décadas ainda falta.

É preciso lutar contra a lavagem cerebral que substituiu Cristo por Papai Noel

Menino de rua com seus presentes de natal. | ...Natal fica t… | Flickr

Menino de rua improvisando seus presentes de Natal

Carlos Newton

O advogado, jornalista, analista judiciário aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), compositor, letrista e poeta carioca Paulo Roberto Peres inspirou-se no Natal para escrever estes três poemas, que eu adoro.

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PAPAI NOEL

A lavagem cerebral
Do governo mundial
Substitui no Natal
Cristo por Papai Noel.

Comanda inverso papel
De renas puxando trenó
Sobre a neve brasileira
Qual estórias da vovó.

Papai Noel na trincheira
Do capitalismo selvagem
Ilude com sua imagem
O cotidiano da criança.

Seja criança rica, seja criança pobre
Traz um sonho sempre nobre
Que Papai Noel não atenua
Quando é criança de rua.

Criança que dorme nos braços da lua,
Nos bancos das praças ou sob marquises
Com fome, com frio, do crime aprendizes,
Eivadas de medo, de drogas, de suicidas
Estatísticas nas elites esquecidas.

Crianças “crianças” nas brincadeiras,
Nas fantasias aventureiras
Do brinquedo improvisar
Esperando o Natal chegar.

O Papai Noel, como princípio,
Cujo enfeite sempre foi visto,
No lixo joguei.

Armei um humilde presépio
E na bênção de Jesus Cristo
O Natal festejarei!..

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PARABÉNS, JESUS CRISTO!

Parabéns, Jesus Cristo,
Hoje é o seu aniversário!
Estamos felizes,
Embora façamos do cotidiano
Um Natal de sua sabedoria,
Pois os seus dogmas
São a Lei maior deste Universo.

Todavia, neste dia, especialmente,
Queremos presenteá-lo
Através de orações,
De canções e de reflexões.
Mestre, faça sua festa
Em nossos corações,
Abençoe e ilumine esta noite,
Onde o vinho, o pão e a fé
Sejam uma dádiva
Aos famintos e injustiçados.

Sinto-me gratificado
Em fazer do seu aniversário
O maior acontecimento da História
E nele desejar a todos
Um Feliz Natal!

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POEMA DE NATAL

Amigo,
como é gratificante
saber que você existe
e temos os mesmos ideais,
mormente, no que concerne ao
Natal,
dia este, onde cada pessoa
seja ela religiosa ou não,
em qualquer lugar do mundo,
tem que parar, tem que pensar,
tem que se curvar pelo
menos um segundo e festejar
o nascimento de
Jesus Cristo,
pois haverá sempre
alguém desejando um
Feliz Natal
e, não importa de que
maneira isto é feito,
importa sim
o seu significado
e a marca registrada
da presença eterna do
Messias
em cada Ser Humano!

Mais uma vez, ocorre um Natal cheio de penduricalhos, mas só para magistrados

Bazo Borges: A justiça é cega e, distraída

Charge do Nani (nanihumor.com)

Vicente Limongi Netto

Magistrados amam a palavra penduricalhos, no plural. Sonham com ela todos os dias, porque não vivem sem eles. Nesta época, estão sorrindo com todos os dentes. Natal e Ano Novo de muita fartura. O Poder Judiciário faz questão de se distanciar do povo.

Papai Noel deixou para juízes federais, perto de 1 bilhão de reais de penduricalhos. O atrevido Tribunal de Contas da União (TCU) bateu o pé, mas o vigilante presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso anulou o veto.  O dicionário informa, na letra P, que penduricalho é “coisa pendurada, para adornos, balangandã”.

 Pobres e desempregados, por sua vez, só conhecem no dicionário e na vida, a palavra fome: “Grande apetite de alimentos. Míngua de víveres, avidez”. Pobre Brasil. Dominado pela pouca vergonha dos poderosos.

TUDO COMO ANTES – Tentei transformei rastros do paraíso em vasos com flores encantadas. Em mundo civilizado, com crianças felizes e pais empregados. Em rios soluçando na imensidão da floresta.  Em insônias amorosas. Em rastros de banquete de felicidade. Em escudo do bem contra o mal. Em casal enamorado. Em apertos de mãos e abraços saudando o Natal e 2024. Espero ter conseguido.

Congresso precisa fazer “autocrítica” e voltar a trabalhar pelos brasileiros

Chage: sponholz.arq.br

Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)

Roberto Nascimento

Todos sabem que o Congresso Nacional utiliza a política do “toma lá dá cá”. Essa norma antiética sempre existiu, de uma forma ou outra, mas foi “institucionalizada” na década passada pelo então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), que desvirtuou a representatividade popular, ao contrário do que preconiza o texto onstitucional.

Portanto, o poder já não emana do povo, faz tempo. Assim como muitos outros parlamentares famosos, Cunha foi condenado e preso por corrupção. Ficou impedido de concorrer, mas elegeu a filha e vive perambulando no Congresso Nacional, dando pitacos em tudo, especialmente depois que foi “descondensado” pelo Supremo, conforme está na moda.

CASA DAS BANCADAS – O fato é que a outrora famosa Casa das Leis foi transformada num portal de defesa dos interesses paroquiais de suas excelências, os senhores deputados e senadores. Passou a funcionar como a Casa das Bancadas ou até mesmo a Casa das Saliências, como fica mais apropriado.

A grande maioria dos parlamentares hoje trabalha para controlar as emendas impositivas, chantageando os governos, porque o Congresso passou a comandar o Orçamento da União, antes, uma prerrogativa do Executivo.

Por que agem assim? Ora, trabalham para manter seus currais eleitorais nos Estados e municípios e se perpetuar em consecutivos mandatos, anos após anos, como se fossem cafetões da política.

EM NOME DE DEUS – Olhem o exemplo da Bancada da Bíblia. Do total de deputados eleitos pelos evangélicos, cerca de 95% votaram em leis contra o trabalhador ou no corte de benefícios sociais, ou seja, se elegem com o voto do povo e trabalham contra o povo.

Esse pequeno detalhe não chega aos eleitores, que não se preocupam com as pautas do Congresso Nacional, realmente uma chatice sem tamanho.

Na atual legislatura há evangélicos em praticamente todos os partidos. inclusive no PT e no PSol, mas a quase totalidade vota contra as pautas progressistas.

OUTRAS BANCADAS – A facção mais influente do Congresso é a Bancada Ruralista, que defende os interesses do agronegócio e não aceita reforma agrária de propriedades produtivas, além de se posicionar a favor do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

Outra ala muito importante é a Bancada da Bala, integrada também por muitos parlamentares ruralistas que são produtores rurais. A facção defende que os fazendeiros possam ter direito de possuir armas, devido à falta  policiamento no interior do país. No entanto, os principais líderes da Bancada da Bala querem é a liberação total das armas, embora o país já viva num verdadeiro faroeste caboclo, como líder nas estatísticas mundiais de vítimas de homicídio por arma de fogo.

Nesse clima, podemos dizer que o melhor presente para os brasileiros seria ter o Congresso de volta, mas é muito difícil que isso volte a acontecer.

Tribunal de Justiça do MT garante ceia farta para juízes e servidores

Charge do Custódio (custodio.net)

Marcelo Copelli

Enquanto grande parte da população na noite deste domingo, dia 24, véspera do Natal, não terá condições de preparar uma ceia ou mesmo ter algo a mais em suas mesas,  servidores e magistrados do Poder Judiciário do Mato Grosso já tiveram garantidas todas as regalias e farturas para a data.

Ainda que uma coisa não esteja necessariamente relacionada ou contradiga legalmente a outra, moralmente beira ao desbunde a continuidade dos benefícios concedidos somente a um dos pratos da balança no qual reside uma parcela abonada e sempre prestigiada.

AUXÍLIO – A presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Clarice Claudino, anunciou, pasmem, a concessão de um auxílio-alimentação extraordinário no valor de R$ 6,9 mil para servidores e magistrados da Corte, exclusivamente para o mês de dezembro de 2023. A medida foi formalizada por meio de um ato publicado onde fica estabelecido que o benefício será aplicado de forma excepcional neste mês específico.

O valor significativo e muito acima do salário de milhares de brasileiros e brasileiras, “visa contemplar os beneficiários neste período festivo”. No documento, a desembargadora destaca: “Fixar, de modo excepcional e exclusivamente para o mês de dezembro/2023, o valor de auxílio-alimentação pago às servidoras, aos servidores, às magistradas e aos magistrados ativos do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, no valor de R$ 6.900”.  

A publicação destaca que, a partir do próximo mês, o auxílio-alimentação será ajustado para o valor de R$ 1,9 mil. Segundo a decisão, a intenção é garantir uma transição para um patamar mais estável, mantendo a preocupação com o bem-estar dos servidores e magistrados. Para muitos, o privilégio não pode ser alvo de críticas em face das inúmeras demandas sem atendimento pela sociedade.

CONTRADIÇÃO – Mas, convenhamos, com os diferenciados salários que os membros da Corte e os servidores do Tribunal recebem, o auxílio extra não reflete uma séria contradição ?  De acordo com os últimos dados disponibilizados pela Justiça do Mato Grosso, o Tribunal contava com 275 magistrados e 4,5 mil servidores em 2021. Considerando esses números, a despesa com o auxílio-alimentação especial de dezembro pode chegar a R$ 32 milhões.

Esse é apenas um exemplo do fluxo contraditório visto, sob lágrimas, por uma enorme parcela da sociedade brasileira para a qual falta não só alimentação no dia a dia, mas também empregos dignos, saúde, educação, moradia, segurança e por aí vai.

Entre ajustes e barganhas políticas, entre benesses “legais” aos membros do reino, negociatas e articulações em prol dos donos das novas capitanias hereditárias, resta à população somente a esperança de poder ter garantida, não somente na noite de Natal, mas em todos os dias do ano, a alimentação e o direito à vida digna. Que os bons ventos do próximo ano venham carregados de mudanças para todos e não somente para as altas castas.

No coração do povo, começa hoje a Folia de Reis, celebrando o Menino Jesus

Espetáculo de Folia de Reis será apresentado de graça em Catanduva | São  José do Rio Preto e Araçatuba | G1

Os reis magos são os personagens principais da Folia de Reis

Carlos Newton

Os poetas cariocas Paulo Peres e Chico Pereira escreveram este poema em parceria, inspirados no Natal do folclore brasileiro, mas precisamente, na Folia de Reis, que se inicia na noite de 24 de dezembro e se estende até 6 de janeiro, com a Festa de Reis. O poema foi musicado por Amarildo Silva.

FÉ E CANTORIA
Amarildo Silva, Paulo Peres e Chico Pereira

Somos três Reis à sua porta
pedindo licença para entrar
Nossa visita importa
o nascimento louvar
do Mestre Menino-Deus
através desta folia
dogmas cristãos meus
feitos de fé e cantoria

De longe escuto o teu tambor
uma luz forte anuncia o Salvador
o estandarte vem na frente
guiados pela estrela do Oriente
Mão calejada, pé-rachado
e a voz que sai esgoelada
Rei Herodes se disfarça de palhaço
Abro a porta, janela enfeitada
Uma oração singela é ofertada

O mestre, a farda, ladainha
oração, chegada e despedida
Baltazar, Belchior e Gaspar,
reis da Folia.
Nossa casa é uma casa de alegria

E gostaríamos de agradecer
através desta folia
aos santos Reis Magos
por não deixarem esmorecer
a caminhada até Jesus
pela fé no menino Jesus…

Nossa casa é uma casa de alegria
sempre aberta para esta folia
oração, fé e cantoria.