Vergonha imensurável: parlamentares gastam milhões com autopromoção

Charge do Benett (Arquivo Google)

Marcelo Copelli

Enquanto grande parte da população ainda é alvo da falta de condições básicas que assegurem a dignidade de dispor de alimentação, saúde, segurança, moradia e transporte, entre outros, deputados federais, no primeiro ano de mandato, gastaram com autopromoção a exorbitante e vergonhosa cifra de R$ 79 milhões dos cofres públicos. O valor recorde, considerando a série histórica, e não inclui o mês que já termina, foi direcionado, sobretudo, para a impressão de panfletos.

O total astronômico corresponde a mais de um terço do total de R$ 216 milhões usado com a cota parlamentar, destinada a custear as regalias dos mandatos e a cobertura de despesas igualmente questionáveis, a exemplo de combustíveis, aluguel de carros, serviços de telefonia, alimentação e passagens aéreas, além de divulgação do mandato parlamentar. Ainda que legalmente previsto, o escárnio é notório e inaceitável, sobretudo em um país em que milhões de pessoas não sabem de que forma alimentarão as suas famílias no dia seguinte.

SEM BUROCRACIA – Os gastos sequer atravessam o caminho burocrático, uma vez que os milhares de reais são reembolsados imediatamente mediante a simples apresentação de notas fiscais. Enquanto isso, o cidadão que tenta fugir da miséria e conseguir um minguado benefício social, muitas vezes precisa comprovar através de inúmeros documentos a sua miserabilidade, perigando ter o seu pedido indeferido.

Teve parlamentar que gastou quase R$ 300 mil em uma única gráfica para a impressão de panfletos e não enfrentou o menor problema para ser ressarcido integralmente. Ao mesmo tempo, esse mesmo representante do povo, durante todo o mandato até agora, não teve nenhum projeto de lei aprovado. Tudo “dentro dos limites estabelecidos pela Câmara dos Deputados”.

VANTAGEM – Além dos gastos desvairados, confrontando-se com as precárias condições de boa parte da população brasileira, a cota parlamentar aplicada com divulgação pode dar aos deputados uma vantagem na disputa eleitoral, pois muitos são candidatos à prefeito nas eleições do ano que vem. Um ciclo vicioso e injusto.

O dinheiro público usado de forma acintosa mantém refém os nichos eleitorais que atravessam gestões sobrevivendo de perspectivas que nunca se efetivam. Em tradução simultânea, a verba de divulgação é, na realidade, recurso de campanha travestido de cota parlamentar, no fim das contas, contribuindo para as sérias disparidades entre quem tem e quem não tem mandato.

Some-se a este cenário que perdura há décadas, o fato de que esse cotão, ralo pelo qual escorre milhões de reais em recursos públicos, quando não fiscalizado de forma rígida e sem transparência, fortalece a rota de desvios. Independentemente do protagonismo justificado para o seu uso, o montante é passível de discussão. E, diante desta ciranda em que tudo que se gasta se adequa à previsão regimental e legal, os excessos são marcantes e a fiscalização questionável, fica a contradição cada vez mais exposta diante do Brasil que, ainda banguela, continua a sorrir.

  Um soneto muito original, bem no estilo poético de Carlos Pena Filho

O quanto perco em luz conquisto em... Carlos Pena Filho. - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta pernambucano Carlos Pena Filho (1929-1960), poeticamente, através o visual de uma planície, onde estão um passarinho, uma mulher e um homem, pinta um “Retrato Campestre”.

RETRATO CAMPESTRE
Carlos Pena Filho

Havia na planície um passarinho,
um pé de milho e uma mulher sentada.
E era só. Nenhum deles tinha nada
com o homem deitado no caminho.

O vento veio e pôs em desalinho
a cabeleira da mulher sentada
e despertou o homem lá na estrada
e fez canto nascer no passarinho.

O homem levantou-se e veio, olhando
a cabeleira da mulher voando
na calma da planície desolada.

Mas logo regressou ao seu caminho
deixando atrás um quieto passarinho,
um pé de milho e uma mulher sentada

País afasta-se da negação e reconhece ser predominantemente negro

Maior presença de negros no país reflete reconhecimento racial

Marcelo Copelli

O reconhecimento de que a maioria da população do país é negra, rubricada estatisticamente pelo Censo 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e simbolicamente divulgado na Casa do Olodum, no Pelourinho, em Salvador, no último dia 22 de dezembro, tem reflexos amplos e que sinalizam, finalmente, o afastamento gradual do Brasil de um cenário de negação confrontado com a sua verdadeira e intrínseca realidade.

Pela primeira vez, desde 1872, quando o primeiro censo foi realizado no país, a população parda superou a população branca através das pesquisas. Foram 92,1 milhões de brasileiros e brasileiras que se reconhecem como pardos ou pardas, ou seja, 45,3% da população. Por sua vez, se autodeclaram brancos, 88,3 milhões (43,5%) de brasileiros e brasileiras.

RECONHECIMENTO – Os autodeclarados pardos, somados aos 20,7 milhões (10,2%) autodeclarados pretos, indicam um total de 102,8 milhões (55,5%) de brasileiros e brasileiras se reconhecem como negros ou negras no Brasil. São 11,9% a mais de autodeclarados pardos e 42% a mais de autodeclarados negros em relação ao Censo de 2010.

Os declarados indígenas também cresceram. Em 2010, representavam 0,5% da população, hoje representam 0,8%, 1,7 milhão de brasileiros e brasileiras. Um aumento de 89%. Os amarelos tiveram uma queda de 1,1% da população (2 milhões) para 0,4% da população (850 mil).

Para além das métricas e dos dados estatísticos, o avanço nas autodeclarações como pardos e pretos carrega uma conquista do movimento negro no Brasil, pois a escolha pelas duas categorias do Censo que compõem a população negra é um ato significativo de identificação e autoconhecimento em uma sociedade notoriamente marcada pelo racismo estrutural e pelos privilégios associados à branquitude.

PERTENCIMENTO – Embora o país sempre tenha sido predominantemente negro, o reconhecimento desse pertencimento evoluiu gradualmente, sobretudo nas últimas décadas. Desde o ano 2000, observou-se um aumento de 42,3% na autodeclaração de indivíduos como pretos e de 11,9% na definição como pardos.

A questão vai muito além da caracterização étinico-racial, abrangendo uma árdua luta diária não somente pela sobrevivência, mas também uma necessidade de comprovação exaustiva de que a cor da pele não diferencia o ser humano, a sua capacidade ou altera os seus direitos e deveres.

ESTATÍSTICAS – Os números falam por si só. Ao mesmo tempo em que a maioria da população brasileira reage e se reconhece como negra, de acordo com o estudo “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, realizado pela Rede de Observatórios da Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), a cada quatro horas uma pessoa negra foi morta pela Polícia; a cada 100 mortos pela Polícia em 2022, 65 eram negros e negras; de 3.171 registros de mortes em ações policiais com informação de cor/raça declarada, 2.770 são de negros, 87,35%.

O reconhecimento foi mais um importante passo, repita-se,  na história do país. Mas ainda falta muito a se caminhar, não só pelos que se autodeclararam pardos, mas também por toda a população, negra ou não. É preciso que o planejamento e a construção de políticas públicas inclusivas sejam cada vez mais constantes e efetivas, reforçando soluções para que a igualdade racial seja uma das principais linhas condutoras no desenvolvimento do futuro próximo do Brasil.

Um paraíso de campos e montes, com canções e flores, para agradar sua amada

Zé Geraldo e convidados na gravação de seu segundo DVD

Zé Geraldo, um grande cantor mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor mineiro José Geraldo Juste, na letra “Canções e Flores”, trouxe belas figuras poéticas para ornamentar sua saudade e, consequentemente, a sua volta aos braços da amada.  Essa música foi gravada por Zé Geraldo no LP No Arco da Porta de Um Dia, em 1986, pela Arca. 

CANÇÕES E FLORES
Zé Geraldo

De mel é o sabor das lembranças
trazidas de minhas andanças
pra enfeitar sua saudade
Eu trouxe canções e flores
e um paraíso de cores
pra pintar sua cidade

Eu venho de campos e montes
e trouxe o cantar da fonte
pra dentro de sua janela
Noites de lua cheia
meu peito incendeia
pela moça mais bela

O que me prendeu por aqui
foi seu sorriso franco
e esse doce no olhar
Eu vim pra demorar bem pouco menina
agora eu quero ficar

Alguém tem de dizer a Lula e ao STF que a democracia deve ser respeitada

dedemontalvao: A democracia é um valor absoluto e intransitivo, que não  permite relativização

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

No próximo dia 8 de Janeiro, o presidente Lula da Silva vai comandar em Brasília um ato de repúdio à invasão dos Três Poderes, que nos traz motivos para reflexões. Como o pretexto é marcar e comemorar a preservação da democracia no Brasil, seria importante que essas autoridades fizessem uma autocrítica a respeito dos erros que vêm sendo cometidos pelos ministros do Supremo e pelo próprio presidente da República, a pretexto de estarem defendendo o próprio regime democrático.

Uma das grandes diferenças entre os sistemas políticos é o exercício da Justiça. Somente há amplo direito de defesa em regimes democráticos, porque nas ditaduras isso “non ecziste”, diria Padre Quevedo, que nos deixou há apenas quatro anos e faz uma falta danada.

GRANDE PARADOXO – Se ainda estivesse por aqui, Quevedo estaria horrorizado com os maus hábitos assumidos pela Justiça brasileira. Como diria Leonel Brizola, há anos os ministros do Supremo vinham costeando o alambrado, até conseguir rompê-lo e deixar a boiada invadir pastagens alheias.

Na verdade. passamos a conviver com uma semiditadura do Supremo desde 2019, quando o presidiário Lula da Silva ganhou a liberdade devido a um vergonhoso retrocesso judiciário, com o Brasil se tornando o único dos 193 países da ONU que não prende criminoso após condenação em segunda instância.

No próximo dia 8, essa estranha realidade deveria ser discutida pelas autoridades eleitas ou nomeadas que dividem e exercem o Poder, porém isso não vai acontecer.

INVASÃO DE COMPETÊNCIA – Não é aceitável, em nenhuma democracia, que o Judiciário legisle, como tem acontecido. O caso do marco temporal é gravíssimo e abriu uma crise institucional delicada, que vai se agravar assim que acabar o recesso do início de ano.

Também não cabe ao Judiciário decidir sobre legalização do aborto, conforme ficou claro na decisão da Suprema Corte da matriz USA, um exemplo que deveria estar sendo seguido aqui na filial Brazil, mas…

Da mesma forma, as “interpretações” da lei precisam ser contidas. Para possibilitar a candidatura de Lula da Silva, em 2021 foi muito feio criar a “incompetência territorial absoluta”, que não existe em nenhum outro país. Pior ainda foi depois inventar a “presunção de culpa”, para cassar o deputado Deltan Dallagnol.

RÉUS DO 8 DE JANEIRO – Tudo isso deve ser lembrado, porém a ilegalidade maior é o cerceamento da defesa dos réus do 8 de janeiro. Como se sabe, o inquérito foi falho, não foram identificados os verdadeiros terroristas que se infiltraram e lideraram o quebra-quebra.

E o rigor das penas é um acinte à Ciência do Direito. Quem estava lá, mesmo sem provas de ter quebrado um grampeador, pega 17 anos. Se tiver feito selfie, leva mais 4 anos, algo que não existe nem nenhum Código, pois invadir prédio público tem pena de detenção de apenas um a três meses.

Os réus são punidos como se tivessem praticado um golpe de estado, que nem aconteceu. É um julgamento que envergonha qualquer pessoa sensata e que depõe contra o notório saber dos ministros, sem que a sociedade esboce a menor reação.

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P.S.Na patética “solenidade” do 8 de Janeiro, o mais ridículo serão os discursos esculhambando esses “maus brasileiros que tentaram dar um golpe de estado”. Os oradores não entendem que “querer” destruir a democracia não é crime nem dá cadeia. Crime muito pior é descumprir os trâmites democráticos e aplicar penas descabidas, a pretexto de que sirvam de exemplo aos demais membros da coletividade. As autoridades não percebem que sempre foi exatamente esta a justificativa dos linchamentos que a democracia até hoje tenta inutilmente evitar. Mas quem se interessa? (C.N.)

Atenção aos excluídos, uma questão nacional mais do que humanitária

Com 27 anos de história, Grito dos Excluídos vai às ruas dia 7 – PT Piauí

PT faz uso político da situação e criou o Grito dos Excluídos

Marcelo Copelli

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em uma década a população de rua no Brasil aumentou 211%. Os números refletem um cenário preocupante e absurdo, consequência da falta de efetivas políticas públicas nos mais diversos segmentos, sinalizando, ao mesmo tempo, problemas individuais que ganham proporções coletivas e pandêmicas quanto à desintegração dos laços comunitários, a desestruturação de unidades familiares, transtornos dos mais diversos tipos, além do consumo cada vez maior de drogas, legalizadas ou não.

O quadro torna-se cada vez mais comum, infelizmente, não somente no país, mas em diversas outras partes do mundo. Ainda que tentem cada vez mais burocratizar as possíveis soluções e arrastem a concretização de medidas efetivas, dados mostram que ações planejadas são, sem dúvida, o único caminho viável.

REDUÇÃO – Uma pesquisa estatística em Nova York, por exemplo, apontou que, vejam só isso, a redução de 10% nos custos de aluguel resultaria em uma diminuição de 8% no número de pessoas em situação de rua. Quantas pessoas poderiam ter de volta a dignidade e a possibilidade de recomeçarem as suas vidas ?

No Brasil, para metade das famílias que ganham até três salários mínimos, os aluguéis consomem mais de um terço das rendas. E de que forma os demais compromissos conseguem se encaixar no que resta? Não somente na última década, mas há muito mais tempo, é notória a necessidade imperativa de políticas que gerem mais empregos, reduzam a pobreza e permitam maior acessibilidade à moradia, através de adensamentos urbanos, habitações sociais ou aluguéis subsidiados.

AÇÕES EFETIVAS – Ainda sobre a questão da crescente da população em situação de rua, existe desde aqueles que enfrentam temporariamente dificuldades até os que vivem de forma permanente nesta situação. E, o aumento significativo desta população, não pode ser tão somente uma responsabilidade de ações de voluntariado, mas sobretudo de ações governamentais.

É fundamental que o Estado aborde imediatamente a questão em suas múltiplas dimensões,com planejamento eficaz e sustentável. Não se trata apenas de uma demanda humanitária, mas de reestruturação de toda uma sociedade desmantelada justa e intrisicamente pela ausência deste mesmo Estado que se preocupa ainda em negociar e barganhar votos em prol das pequenas castas e em detrimento às eternizadas demandas de milhões de pessoas que, por enquanto, sobrevivem através das promessas de uma vida mais digna e menos sofrida.

Após um ano de arrumação, o brasileiro agora espera a tão prometida dignidade

Charge do Cazo (blogdoaftm.com.br)

Marcelo Copelli

Na última sexta-feira, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse, nas redes sociais, que este ano foi dedicado à recuperação do país, e que o ano de 2024 será de mais trabalho para melhorar a vida das pessoas. A mensagem foi postada no X, antigo Twitter. Segundo Lula, 2023 foi um ano “de arar a terra, arrumar a casa” para fazer o Brasil voltar à normalidade.

A cada nova gestão, a cada virada de ano, por mais obstáculos diários impostos pela (des) política brasileira, a população mais afetada pela ausência de ações concretas, sobretudo, sempre renova as suas esperanças quanto às mudanças para melhor. As profundas marcas gravadas pela falta de estrutura nos mais diversos segmentos são reflexos das doses homeopáticas sob as quais as imperativas necessidades são tratadas no país.

DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO – A falta de condições mínimas de saúde, educação, moradia, emprego e habitação, principalmente, atravessam gerações. E tudo é balizado apenas por promessas, campanha após campanha. E agora, por incrível que pareça, em vez de os cidadãos se unirem exigindo os seus direitos, resolveram optar pela polarização extrema em um quadro no qual adversários políticos se isentam de qualquer responsabilidade e são alçados ao patamar de heróis ao redor dos quais as massas se empenham em combates pessoais quase que irreversíveis.

A idealização de representantes é uma mera ficção. Enquanto isso, o foco nas soluções desvia-se para ver quem tem mais ou menos razão nos grupos virtuais e no cotidiano de um Brasil que clama por tudo, mas que tem condições de sobra para ser atendido. Para isso, é preciso virar do avesso o cenário, optar-se por quem de fato faz, por aqueles que não barganham votos por favorecimentos, por quem sabe que o cargo é resultado da escolha e da expectativa dos eleitores em prol de resultados que beneficiem o coletivo.

Enquanto continuarmos acusando quem é o mais ou menos feio, quem é o mais ou justo, justificando a desonestidade dos que defendemos, continuaremos mordendo o próprio rabo sob os aplausos dos novos donos das capitanias e seus descendentes. Que após a arrumação, tenhamos de fato mais dignidade para as classes menos favorecidas, com direito a tudo que hoje, ontem e há décadas ainda falta.

É preciso lutar contra a lavagem cerebral que substituiu Cristo por Papai Noel

Menino de rua com seus presentes de natal. | ...Natal fica t… | Flickr

Menino de rua improvisando seus presentes de Natal

Carlos Newton

O advogado, jornalista, analista judiciário aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), compositor, letrista e poeta carioca Paulo Roberto Peres inspirou-se no Natal para escrever estes três poemas, que eu adoro.

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PAPAI NOEL

A lavagem cerebral
Do governo mundial
Substitui no Natal
Cristo por Papai Noel.

Comanda inverso papel
De renas puxando trenó
Sobre a neve brasileira
Qual estórias da vovó.

Papai Noel na trincheira
Do capitalismo selvagem
Ilude com sua imagem
O cotidiano da criança.

Seja criança rica, seja criança pobre
Traz um sonho sempre nobre
Que Papai Noel não atenua
Quando é criança de rua.

Criança que dorme nos braços da lua,
Nos bancos das praças ou sob marquises
Com fome, com frio, do crime aprendizes,
Eivadas de medo, de drogas, de suicidas
Estatísticas nas elites esquecidas.

Crianças “crianças” nas brincadeiras,
Nas fantasias aventureiras
Do brinquedo improvisar
Esperando o Natal chegar.

O Papai Noel, como princípio,
Cujo enfeite sempre foi visto,
No lixo joguei.

Armei um humilde presépio
E na bênção de Jesus Cristo
O Natal festejarei!..

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PARABÉNS, JESUS CRISTO!

Parabéns, Jesus Cristo,
Hoje é o seu aniversário!
Estamos felizes,
Embora façamos do cotidiano
Um Natal de sua sabedoria,
Pois os seus dogmas
São a Lei maior deste Universo.

Todavia, neste dia, especialmente,
Queremos presenteá-lo
Através de orações,
De canções e de reflexões.
Mestre, faça sua festa
Em nossos corações,
Abençoe e ilumine esta noite,
Onde o vinho, o pão e a fé
Sejam uma dádiva
Aos famintos e injustiçados.

Sinto-me gratificado
Em fazer do seu aniversário
O maior acontecimento da História
E nele desejar a todos
Um Feliz Natal!

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POEMA DE NATAL

Amigo,
como é gratificante
saber que você existe
e temos os mesmos ideais,
mormente, no que concerne ao
Natal,
dia este, onde cada pessoa
seja ela religiosa ou não,
em qualquer lugar do mundo,
tem que parar, tem que pensar,
tem que se curvar pelo
menos um segundo e festejar
o nascimento de
Jesus Cristo,
pois haverá sempre
alguém desejando um
Feliz Natal
e, não importa de que
maneira isto é feito,
importa sim
o seu significado
e a marca registrada
da presença eterna do
Messias
em cada Ser Humano!

Mais uma vez, ocorre um Natal cheio de penduricalhos, mas só para magistrados

Bazo Borges: A justiça é cega e, distraída

Charge do Nani (nanihumor.com)

Vicente Limongi Netto

Magistrados amam a palavra penduricalhos, no plural. Sonham com ela todos os dias, porque não vivem sem eles. Nesta época, estão sorrindo com todos os dentes. Natal e Ano Novo de muita fartura. O Poder Judiciário faz questão de se distanciar do povo.

Papai Noel deixou para juízes federais, perto de 1 bilhão de reais de penduricalhos. O atrevido Tribunal de Contas da União (TCU) bateu o pé, mas o vigilante presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso anulou o veto.  O dicionário informa, na letra P, que penduricalho é “coisa pendurada, para adornos, balangandã”.

 Pobres e desempregados, por sua vez, só conhecem no dicionário e na vida, a palavra fome: “Grande apetite de alimentos. Míngua de víveres, avidez”. Pobre Brasil. Dominado pela pouca vergonha dos poderosos.

TUDO COMO ANTES – Tentei transformei rastros do paraíso em vasos com flores encantadas. Em mundo civilizado, com crianças felizes e pais empregados. Em rios soluçando na imensidão da floresta.  Em insônias amorosas. Em rastros de banquete de felicidade. Em escudo do bem contra o mal. Em casal enamorado. Em apertos de mãos e abraços saudando o Natal e 2024. Espero ter conseguido.

Congresso precisa fazer “autocrítica” e voltar a trabalhar pelos brasileiros

Chage: sponholz.arq.br

Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)

Roberto Nascimento

Todos sabem que o Congresso Nacional utiliza a política do “toma lá dá cá”. Essa norma antiética sempre existiu, de uma forma ou outra, mas foi “institucionalizada” na década passada pelo então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), que desvirtuou a representatividade popular, ao contrário do que preconiza o texto onstitucional.

Portanto, o poder já não emana do povo, faz tempo. Assim como muitos outros parlamentares famosos, Cunha foi condenado e preso por corrupção. Ficou impedido de concorrer, mas elegeu a filha e vive perambulando no Congresso Nacional, dando pitacos em tudo, especialmente depois que foi “descondensado” pelo Supremo, conforme está na moda.

CASA DAS BANCADAS – O fato é que a outrora famosa Casa das Leis foi transformada num portal de defesa dos interesses paroquiais de suas excelências, os senhores deputados e senadores. Passou a funcionar como a Casa das Bancadas ou até mesmo a Casa das Saliências, como fica mais apropriado.

A grande maioria dos parlamentares hoje trabalha para controlar as emendas impositivas, chantageando os governos, porque o Congresso passou a comandar o Orçamento da União, antes, uma prerrogativa do Executivo.

Por que agem assim? Ora, trabalham para manter seus currais eleitorais nos Estados e municípios e se perpetuar em consecutivos mandatos, anos após anos, como se fossem cafetões da política.

EM NOME DE DEUS – Olhem o exemplo da Bancada da Bíblia. Do total de deputados eleitos pelos evangélicos, cerca de 95% votaram em leis contra o trabalhador ou no corte de benefícios sociais, ou seja, se elegem com o voto do povo e trabalham contra o povo.

Esse pequeno detalhe não chega aos eleitores, que não se preocupam com as pautas do Congresso Nacional, realmente uma chatice sem tamanho.

Na atual legislatura há evangélicos em praticamente todos os partidos. inclusive no PT e no PSol, mas a quase totalidade vota contra as pautas progressistas.

OUTRAS BANCADAS – A facção mais influente do Congresso é a Bancada Ruralista, que defende os interesses do agronegócio e não aceita reforma agrária de propriedades produtivas, além de se posicionar a favor do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

Outra ala muito importante é a Bancada da Bala, integrada também por muitos parlamentares ruralistas que são produtores rurais. A facção defende que os fazendeiros possam ter direito de possuir armas, devido à falta  policiamento no interior do país. No entanto, os principais líderes da Bancada da Bala querem é a liberação total das armas, embora o país já viva num verdadeiro faroeste caboclo, como líder nas estatísticas mundiais de vítimas de homicídio por arma de fogo.

Nesse clima, podemos dizer que o melhor presente para os brasileiros seria ter o Congresso de volta, mas é muito difícil que isso volte a acontecer.

Tribunal de Justiça do MT garante ceia farta para juízes e servidores

Charge do Custódio (custodio.net)

Marcelo Copelli

Enquanto grande parte da população na noite deste domingo, dia 24, véspera do Natal, não terá condições de preparar uma ceia ou mesmo ter algo a mais em suas mesas,  servidores e magistrados do Poder Judiciário do Mato Grosso já tiveram garantidas todas as regalias e farturas para a data.

Ainda que uma coisa não esteja necessariamente relacionada ou contradiga legalmente a outra, moralmente beira ao desbunde a continuidade dos benefícios concedidos somente a um dos pratos da balança no qual reside uma parcela abonada e sempre prestigiada.

AUXÍLIO – A presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Clarice Claudino, anunciou, pasmem, a concessão de um auxílio-alimentação extraordinário no valor de R$ 6,9 mil para servidores e magistrados da Corte, exclusivamente para o mês de dezembro de 2023. A medida foi formalizada por meio de um ato publicado onde fica estabelecido que o benefício será aplicado de forma excepcional neste mês específico.

O valor significativo e muito acima do salário de milhares de brasileiros e brasileiras, “visa contemplar os beneficiários neste período festivo”. No documento, a desembargadora destaca: “Fixar, de modo excepcional e exclusivamente para o mês de dezembro/2023, o valor de auxílio-alimentação pago às servidoras, aos servidores, às magistradas e aos magistrados ativos do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, no valor de R$ 6.900”.  

A publicação destaca que, a partir do próximo mês, o auxílio-alimentação será ajustado para o valor de R$ 1,9 mil. Segundo a decisão, a intenção é garantir uma transição para um patamar mais estável, mantendo a preocupação com o bem-estar dos servidores e magistrados. Para muitos, o privilégio não pode ser alvo de críticas em face das inúmeras demandas sem atendimento pela sociedade.

CONTRADIÇÃO – Mas, convenhamos, com os diferenciados salários que os membros da Corte e os servidores do Tribunal recebem, o auxílio extra não reflete uma séria contradição ?  De acordo com os últimos dados disponibilizados pela Justiça do Mato Grosso, o Tribunal contava com 275 magistrados e 4,5 mil servidores em 2021. Considerando esses números, a despesa com o auxílio-alimentação especial de dezembro pode chegar a R$ 32 milhões.

Esse é apenas um exemplo do fluxo contraditório visto, sob lágrimas, por uma enorme parcela da sociedade brasileira para a qual falta não só alimentação no dia a dia, mas também empregos dignos, saúde, educação, moradia, segurança e por aí vai.

Entre ajustes e barganhas políticas, entre benesses “legais” aos membros do reino, negociatas e articulações em prol dos donos das novas capitanias hereditárias, resta à população somente a esperança de poder ter garantida, não somente na noite de Natal, mas em todos os dias do ano, a alimentação e o direito à vida digna. Que os bons ventos do próximo ano venham carregados de mudanças para todos e não somente para as altas castas.

No coração do povo, começa hoje a Folia de Reis, celebrando o Menino Jesus

Espetáculo de Folia de Reis será apresentado de graça em Catanduva | São  José do Rio Preto e Araçatuba | G1

Os reis magos são os personagens principais da Folia de Reis

Carlos Newton

Os poetas cariocas Paulo Peres e Chico Pereira escreveram este poema em parceria, inspirados no Natal do folclore brasileiro, mas precisamente, na Folia de Reis, que se inicia na noite de 24 de dezembro e se estende até 6 de janeiro, com a Festa de Reis. O poema foi musicado por Amarildo Silva.

FÉ E CANTORIA
Amarildo Silva, Paulo Peres e Chico Pereira

Somos três Reis à sua porta
pedindo licença para entrar
Nossa visita importa
o nascimento louvar
do Mestre Menino-Deus
através desta folia
dogmas cristãos meus
feitos de fé e cantoria

De longe escuto o teu tambor
uma luz forte anuncia o Salvador
o estandarte vem na frente
guiados pela estrela do Oriente
Mão calejada, pé-rachado
e a voz que sai esgoelada
Rei Herodes se disfarça de palhaço
Abro a porta, janela enfeitada
Uma oração singela é ofertada

O mestre, a farda, ladainha
oração, chegada e despedida
Baltazar, Belchior e Gaspar,
reis da Folia.
Nossa casa é uma casa de alegria

E gostaríamos de agradecer
através desta folia
aos santos Reis Magos
por não deixarem esmorecer
a caminhada até Jesus
pela fé no menino Jesus…

Nossa casa é uma casa de alegria
sempre aberta para esta folia
oração, fé e cantoria.

O tempo passa, a ciência avança e os homens continuam se matando em nome de Deus…

Palestinos fazem novo dia de protestos após a matança em Gaza | Internacional | EL PAÍS Brasil

Nada de novo na Palestina, num sofrimento que não tem fim

Carlos Newton

A vida é feita de tragédias. Como diz a oração católica “Salve Rainha”, o mundo é um vale de lágrimas, em perdas que se sucedem e precisamos superá-las. Quando há um genocídio como esse organizado pelo Hamas e revidado por Israel, o mundo inteiro sofre, ao mesmo tempo. Torna-se o assunto obrigatório e deveria levar as pessoas a raciocinar sobre o ocorrido, ao invés de seguirem trocando ódios em favor de israelenses ou palestinos.

É preciso lembrar que muitas guerras ocorrem por motivos terrenos, disputas disso ou daquilo, mas essa desgraça permanente no Oriente Médio ocorre sempre em nome de Deus, o que a torna ainda mais grave e desnecessária.

MELHOR SER ATEU? – Sem a menor dúvida, seria melhor se todos fossemos ateus, como John Lennon imaginou, antes de sofrer aqueles tiros no meio da rua. Mas certamente os homens iriam encontrar outros motivos para fazer guerra e matar inimigos.

Sempre tive muitos amigos e colegas ateus. Eu mesmo era ateu, desde criança, me recusei a fazer a primeira comunhão, meus pais nem insistiram. Mas fui me modificando com o tempo e a convivência com a espiritualidade, sou cada vez menos ateu e tenho respeito por todas as religiões.

Aliás, seguir uma religião, não importa qual, pode ser positivo, embora se saiba que o ateísmo não significa que a pessoa se torne menos caridosa, solidária e prestativa, muito pelo contrário.

JUDEUS E ISLAMITAS – No caso da guerra eterna entre judeus e islamitas, o premier Netanyahu aproveitou a tragédia e formou um governo israelense destinado a administrar um matadouro de palestinos, sejamos francos, até porque Netanyahu não consegue fazer outra coisa.

É hora de um cessar-fogo definitivo, de devolução do resto dos reféns e de uma trégua negociada. Mas Netanyahu não tem a grandeza de líderes anteriores que procuravam a paz.  Aparentemente, seria impossível, mas Yasser Arafat e Ytizak Rabin não pensavam assim e quase chegaram lá.

A vingança não leva a nada, a não ser a uma violenta reação contrária. A ONU precisa enviar os boinas azuis para a ocupar a Faixa de Gaza e cessar as hostilidades. Mas quem se interessa?

P.S. 1 Tenho muitos amigos e amigas que são ateus e eu respeito a opinião deles. É difícil acreditar no improvável e no intangível, concordo. Mas na vida é mais fácil seguir em frente quando se tem algum ponto de referência, porque nos momentos de muita dor, quando o coração está oprimido, uma oração sempre ajuda, até para que possamos perdoar um ao outro, e sermos também perdoados.

P.S. 2 –  Acredito que o maior problema do mundo talvez seja a religião. São excludentes e repelem casamentos com pessoas de outras seitas. Aliás, as religiões mais radicais neste ponto são justamente a judaica e a islamita, que têm mesma origem. Judeus e muçulmanos insistem em evitar casamentos com outras religiões. Ainda não percebem que o mundo somente terá paz quando todos forem iguais e estiverem miscigenados. O Brasil é o único país do mundo onde a maioria já é de miscigenados. É um fato realmente auspicioso, a se comemorar neste Natal. Pense nisso. (C.N.)  

Falta percepção e ação do governo, que cede demais às pressões políticas

Charge do Nani (nanihumor.com)

Pedro do Coutto

No projeto de execução orçamentária para 2024, os deputados e senadores reduziram os investimentos voltados para o Programa de Aceleração do Crescimento, instrumento possível para a recuperação econômica e o desenvolvimento social do país. Ao mesmo tempo, os parlamentares elevaram os recursos para o fundo eleitoral e também para as suas emendas.

O governo vacila e cede às pressões políticas que são, na realidade, impróprias, mas também inevitáveis até um certo limite. Há contradições e convergências que impedirão o processo de redistribuição de renda.

LIMITAÇÃO – Por exemplo, o projeto que deverá ir à sanção presidencial limita os juros do crédito rotativo em 100% ao ano, incidente sobre o início da dívida contratada e não mais sobre os montantes que estão elevando as taxas dos cartões de crédito a 440% ao ano.

Cem por cento já é por si um absurdo, índice maior do que o crédito bancário para pessoas físicas que oscila em cerca de 2,4% ao mês. Não foi acertado um caminho concreto de ação do governo Lula que tem a seu favor, devemos reconhecer, a adoção da reforma tributária, projeto que partiu do próprio governo e defendido muito bem pelo ministro Fernando Haddad. Porém, uma coisa é o que está no papel e outra a realidade.

Temos que levar isso em conta para analisar o primeiro ano do governo, caracterizado por compromissos políticos através dos quais o Congresso avança nos recursos públicos, o que significa menos disponibilidade para o Programa de Ação do Crescimento.

Congresso Nacional e a velha política: um museu de grandes novidades

Charge do Frank (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

Em seu artigo na Folha de S. Paulo desta quarta-feira, o jornalista Hélio Schwartsman aborda a igual legitimidade representativa entre o chefe do Poder Executivo e os parlamentares do Congresso, dominado, há anos, pelo Centrão.

Como bem destaca, as escolhas feitas pela população se dá da mesma forma em ambos os casos, através de um processo democraticamente livre e limpo, ainda que muitos questionem a confiabilidade das urnas eletrônicas, mesmo tendo os seus pares alçados aos postos de deputados e senadores justamente por esse meio.

TRADUÇÃO – Schwartsman segue, ainda sob a ótica de representatividade, afirmando que o Parlamento traduz de forma mais fiel as preferências da população. A precisão se dá até pelo fato de o presidente da República ser apenas um, e muitas vezes escolhido por aversão ao seu adversário. Ou seja, as ideias defendidas podem ser subjugadas a um segundo ou mesmo terceiro plano.

Já os parlamentares, num total de 597, são eleitos num cenário em que pesa o voto proporcional, através do qual ecoam as vozes das mais diversas tendências. Afinal, esse é o processo democrático, ainda que não agrade ao mesmo tempo gregos e troianos. E, neste cenário, ainda que o Congresso seja divergente à estrutura demográfica do país, afinal a deficiência quanto à presença de mulheres e negros é notória, infelizmente, os critérios do eleitos são individuais e singulares. E é aí que reside a democracia, na livre escolha.

Mas, percebe-se que a atuação deste mesmo Congresso que consegue frear o acúmulo de poderes desproporcionais pelo chefe do Executivo, ao mesmo tempo torna-se a faz tornar uma Casa de manipulação, na qual a aprovação de projetos não é feita tendo em vista o bem ou as necessidades coletivas, mas os interesses dos próprios políticos.

TROCA-TROCA – Ao barganhar os seus votos e serem atendidos com mais cargos, benefícios e, consequentemente, mais poder, os parlamentares separam uma pequena parcela de suas benfeitorias aos seus currais eleitorais, intervindo na colocação de um poste aqui e outro acolá, pavimentando uma rua esburacada, ou ainda promovendo projetos atrelados aos seus próprios nomes. Tem alguns que colocam faixas de agradecimento, como se fossem de autoria da população, aos seus próprios feitos, que seriam na verdade obrigações !

Nesse círculo vicioso, a população se contenta ainda com pouco, prefere votar nos que pouco fazem, com receio de sair de suas zonas de (des) conforto e mantendo o mínimo daqueles que elegeram.  Os velhos políticos e seus herdeiros, novos donos das capitanias, permanecerão fazendo dos seus mandatos moeda de troca com o Executivo para em suas cadeiras se eternizarem. E, nesse sistema de freios e contrapesos, o Centrão se perpetua, sorrindo não para a população, mas do semblante sofrido dos que os elegem, gestaõ após gestão.

Criança não foi feita para morrer nos escombros, por causa da insanidade dos homens

Número de mortes na Faixa de Gaza ultrapassa 5 mil de | Internacional

Ninguém consegue responder quando irá parar a barbárie

Vicente Limongi Netto

Criança simboliza amor, ternura, devoção, alegria, beleza, paz, otimismo. Criança é a luz da alma. É o sopro do infinito. O céu azul nos bons corações. Criança não foi feita para morrer em escombros, com bala perdida, atropelada, afogada. Criança não merece assistir ao pai desnaturado matar a mãe. Criança não foi feita para passar fome, para pedir esmola nas esquinas, para ser abusada por covardes.

Criança é para crescer feliz. Brincando, estudando, cantando, gritando, abraçando o carinho. Criança deveria ter assento na ONU. Para determinar ao mundo injusto e doente e aos marmanjos que é ser humano intocável e iluminado. Protegida pelos deuses da bondade. Merecedora de respeito e atenção. Criança deve ser protegida, ganhar presentes, todo ano, não apenas no Natal.

TAPA NO VEADINHO – Ecos da promulgação da reforma tributária: deputado petista chama de “veadinho” e agride com um tapa, no plenário da câmara, parlamentar que xingou Lula. Para conter a ira e tranquilizar o coração, o agressor, Washington Quaquá, vice-presidente do PT, terá que colocar luvas de box e sair estapeando metade dos brasileiros.

O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, por sua vez, declarou que a Suprema Corte “é solução, não problema”.  Em 2024, Barroso e companhia terão que mostrar serviço dobrado, para que a esmagadora maioria da população volte a acreditar nas palavras dele.

INOCENTADOS – O ministro do STF, Dias Toffoli, anulou todos os processos da lava-jato contra o ex-governador e atual deputado federal, Beto Richa. Em 2023, outros ex-politicos também foram beneficiados com processos anulados na lava-jato.

Entre eles, José Dirceu, Sergio Cabral, Luis Fernando Pezão, Eduardo Cunha e André Vargas. O bom senso indica que nesse finalzinho de 2023, a justiça anule, também, todos os processos contra o ex-presidente Fernando Collor.

Por fim, mulher invadiu hospital com carro, para protestar contra o mau atendimento. Se a moda pega, hospitais e prontos-socorros públicos precisarão construir entradas com altas portas de ferro com imensas grades de aço.

Nascimento de Cristo é um dos temas favoritos na visão mágica dos pintores

Pintura “Adoração dos Pastores”, de El Greco

Paulo Peres

Na iconografia cristã, os grandes mestres da pintura sempre deram relevada importância em registrar com talento, criatividade e interpretações diversas, o episódio da Natividade (o nascimento de Cristo) com seus personagens – a Virgem Maria, São José, o Menino Jesus, os animais, os pastores e os Reis Magos.

Essas imagens, um dos temas mais comuns na arte cristã, mormente na Idade Média e no Renascimento, estão sempre impregnadas de símbolos, como ressaltam Emile Male e seu discípulo Louis Réau, em livros iconográficos que decodificam a poética dos artistas.

MUITAS VARIAÇÕES – A Virgem, o Menino Jesus e São José, personagens principais do ato passado na estrebaria, o Nascimento de Cristo, conforme a época e os pintores, a cena, bastante conhecida, sofre variações de um para outro artista. No Retábulo Portinari, do flamengo Reoger der Weuden, ou na Natividade, do alemão Hans Baldung, há uma inovação: a do Menino iluminado, adorado por seus pais e os pastores.

“Do corpo do pequeno Cristo irradia intensa luz que ilumina a face extasiada dos personagens”, diz Emile Male. “Não é apenas um menino comum, que jaz no chão ou na manjedoura, reverenciado por Reis Magos e Pastores, olhado e farejado com certa indiferença por dois animais principais: o asno e o boi”.

Neste painel, outros seres ainda podem ser acrescentados, como na pintura da brasileira Rosina Becker do Vale: pavões, leões, corujas, borboletas, além de anjos cantores. “E com tal fidelidade são estes seres representativos do Renascimento que, na Natividade de Piero Della Francesca, identificam-se as palavras do canto gregoriano que pronunciam pelo formato de suas bocas”, afirma Emile Male.

CARÁTER SIMBÓLICO – Os livros iconógrafos relatam que tudo na arte cristão medieval possui caráter simbólico, testemunhos da divindade de Cristo e das mensagens do Novo Testamento. E, por isso, existe um verdadeiro zoológico nos quadros primitivos flamengos, nos renascentistas e no de alemães e espanhóis.

Segundo os especialistas, as fontes dos animais no presépio vieram, principalmente, da Bíblia, dos Salmos e da Lenda Dourada, a hagiografia dos santos (história dos santos) tão consultada pelos artistas da Idade Média. Nelas os animais não são classificados por espécies, família e gênero, como fez Carlos Lineu, no início do século XVIII, e sim por suas virtudes ou malefícios morais.

“Na Idade Média”, diz Emile Male, “tudo é signo e o visível só vale porque esconde o invisível. Logo, temos o significado de alguns animais que sempre aparecem em quadros de mestres que pintaram o tema Natividade”.

OS SIGNIFICADOS – O Cordeiro (Agnus Dei), por sua mansidão ante a morte inevitável, geralmente, simboliza Cristo e seu sacrifício pela humanidade, sobretudo quando aparece imóvel, salienta Emile Male.

“Mas também pode significar a Ressurreição do Cristo. Todavia, devemos nos lembrar que Ele não simboliza, exclusivamente, a imagem de Jesus imolado ou ressuscitado. Ele pode ser o símbolo místico do Apocalipse que se aproxima, ou a inocência dos santos”.

O asno e o boi são animais inevitáveis em todas as Natividades. O asno, que mais tarde ajudará a Sagrada Família a fugir para o Egito, na iconografia do Natal tem vários significados. Humilde o doce, ele era chamado “o cavalo do pobre” e tem sempre um papel simpático na Bíblia. Na gruta natalina, ele esquenta com seu hálito o Menino Jesus na manjedoura.

PAPEL HUMILDE – Já o boi tem um papel humilde de Natalidade. Seu hálito também ajuda a acalentar o Menino na noite de inverno natalino. Ele, iconograficamente, simboliza ainda o sacrifício de Jesus, assimila a ideia de reprodução humana e é a vítima nos sacrifícios religiosos. Por isso, o boi não tinha boa reputação na Bíblia, que condenava o sacrifício dos animais aos deuses.

Os cavalos dos Reis Magos, ricamente adornados, significam a riqueza do mundo em comparação à do Filho de Deus, explica Emile Male. “A este bestiário luxuoso, vários artistas como Ticiano, Rubens e Veronese, acresceram outros animais simbólicos: pomba, pavão, cervo, galo e leão, além dos anjos que evoluem como símbolos da pureza velando pela Sagrada Família”.

A pomba, símbolo da paz que reinará um dia sobre a humanidade após o Juízo Final, foi a emissária da Anunciação e do término do Dilúvio Universal. “Signo do Espírito Santo, da alma do penitente purificada pela morte, ela se opõe ao negro corvo, encarnação do Diabo. A pomba também simboliza a Igreja nascida no Pentecostes”, sustenta Emile Male.

OUTROS ANIMAIS – O cervo, segundo o Salmo 41, após beber no regato, brame pela presença do Messias. Ele é também o matador da serpente tentadora. Já o pavão de caudas é reverenciado pelos cristãos primitivos como símbolo da redenção e da vigilância contra o pecado. Mas em pintura, era também um animal que permitia vivas combinações de cores”, constata Emile Male.

O galo não significa apenas o símbolo da regeneração e do remorso de São Pedro, é também a imagem de Cristo que, no terceiro dia, ressurgiu das trevas para a Ressureição. Seu canto matinal não apenas acorda o homem para o trabalho, mas serve para lembrá-lo que mais um dia passou e a morte se aproxima.

E o leão, símbolo da coragem e da força, paradoxalmente, significa também a sepultura, onde um dia os restos mortais irão repousar. Além desses símbolos iconográficos da Natividade, outros foram adotados para significarem o bem ou o mal. “Na Idade Média e, desde a Arte Cristã Primitiva, o importante das imagens não eram suas qualidades físicas, mas seu conceito metafísico, pois a metafísica, no mundo medieval, era a única filosofia que explicava o Universo”, afirma Male.

No Rio, empreiteiras constróem e milícias se beneficiam, antes e depois das obras

Charge do Quinho (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

Por meio de informações provenientes da Operação Dinastia, o Ministério Público do Rio de Janeiro revelou que empreiteiras envolvidas em construções na Zona Oeste da Cidade estão sendo alvo de extorsão por parte de milicianos, liderados, inclusive, por um criminoso de estreita ligação com parlamentares da Casas Legislativas do Rio. Os alvos da criminalidade foram não somente as obras realizadas por empresas privadas, mas também, e a que ponto chegamos, as da alçada da própria Prefeitura.

E não foi difícil encontrar o caminho das pedras da atuação da marginalidade, até porque são casos de notório conhecimento da sociedade. Somente as autoridades  (ir) responsáveis aparentam não saber. Através da quebra de sigilo de indivíduos ligados ao bando que acharcava os empreiteiros, os investigadores conseguiram acessar as tabelas de controle da “taxa de segurança”. Uma velha prática que se aproveita da insegurança da Cidade , a exemplo de tantas outras, para tornar o medo uma moeda rentável.

FONTE DE RENDA – De acordo com os documentos obtidos, algumas empresas chegam a desembolsar aproximadamente R$ 13 mil mensais para os criminosos. Mas não para por aí. A fonte de renda, agora, é que começa a produzir “lucros” fantásticos, pois após a conclusão das obras, a extorsão passa a ser direcionada aos condomínios, que repassam os valores aos moradores. As tabelas de controle da milícia contêm informações detalhadas sobre as datas de pagamento e os montantes recebidos.

Tudo organizado no crime e desorganizado na atuação do poder público. O desvio tornou-se espaço comum nos noticiários e na aceitação da população que protagoniza apenas o papel de eleitor dos que nada fazem e de vítimas da própria inoperância governamental. Isso em todos os planos do poder.

“TAXA DE SEGURANÇA” – Somente em fevereiro, o MPRJ constatou que a milícia atuante na Zona Oeste arrecadou mais de R$ 308 mil advindos com as cobranças das “taxas de segurança” às construtoras. E a Prefeitura do Rio ? Bem, essa afirmou estar ciente das intimidações perpetradas tanto pelo tráfico quanto pela milícia, orientando as empresas a denunciarem tais práticas. Piada de fim de ano ? De denúncias a sociedade está transbordando. Falta é solução concreta.

E, para fechar o pacote, para quem não se recorda, em agosto, funcionários que trabalhavam nas obras do Bairro Maravilha Sandá, em Bangu, foram agredidos por criminosos, sendo o incidente registrado na delegacia. A Prefeitura declarou ter adotado medidas, como a retirada do valor investido das placas de obras. Ou seja, traído, o marido vendeu o sofá. Problema resolvido. Ou não.

Haddad ganhou o primeiro round, mas a luta contra Lula será longa e inglória

Eu sou Haddad. Eu sou Lula. Por Pataxó

Charge do Pataxó (Portal DCM)

Carlos Newton

Neste final de ano, Fernando Haddad ganhou uma força extraordinária, ao conseguir aprovar o esboço da reforma tributária, que veio se somar à façanha anterior de instituir o arcabouço fiscal. Nesse ponto, é interessante notar que o ministro da Fazenda vem atuando na contramão do presidente Lula da Silva desde o início do governo, quando se dedicou à preparação do projeto do arcabouço, em parceria com a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Na época, Lula pretendia apenas que o Congresso aprovasse o arrombamento do teto de gastos proposto e aprovado na gestão de Michel Temer. Ou melhor, na gestão de Henrique Meirelles, então ministro da Fazenda, que tirou o Brasil de sua mais longa recessão após a tragédia de Dilma Rousseff, agora escolhida como Economista do Ano pelos petistas luláticos do Conselho Nacional de Economia, numa das maiores piadas institucionais da História Republicana.

LULA NÃO GOSTOU – É claro que Lula não gostou da desobediência de Haddad e Tebet, sua resposta foi colocar os dois no freezer e seguir em frente rumo à reeleição, que passou a ser sua maior meta, ainda no primeiro ano de governo.

A primeira vingança de Lula foi nomear o ultrapetista Marcio Pochmann para manipular as estatísticas do IBGE, passando por cima de Simone Tebet, que foi obrigada a ficar na dela, sem reação. A primeira façanha de Pochmann foi acabar com o desemprego no Brasil, de uma hora para outra, num passe de contorcionismo estatístico, e ele é mestre nisso.

O caso de Haddad é mais difícil. Lula tentou desestabilizá-lo, criticando abertamente a política defensiva da Fazenda, que tem como mentor o experiente Bernardo Appy, que comandou a Secretaria de Política Econômica no primeiro governo Lula e é especialista em reforma tributária.

NA MUDA – Haddad e Appy imitaram Simone Tebet e não reagiram. Ficaram na muda, negociando direto com o Congresso, enquanto Lula e petistas como Gleisi Hoffmann, o namorado Lindbergh Farias e o líder José Guimarães, conhecido com o deputado dos dólares na cueca, vociferavam contra a atual  política econômica.

Em meio a esses embates, o Congresso aprovou o esboço da reforma tributária e a dupla Haddad/Appy ganhou um belíssimo presente de Natal, concretizado pelo apoio irrestrito do mercado interno e externo, com a Bolsa batendo recorde, enquanto o dólar e o risco Brasil caíam.

Neste final de ano, o ministro da Fazenda ganhou uma força enorme, ficou indemissível e Lula se viu obrigado a homenageá-lo na última reunião ministerial, nesta quarta-feira, vejam a que ponto chegam a desfaçatez e o cinismo na política.

SEGUNDO TURNO – Agora, vem a trégua de Natal e no Brasil tudo se interrompe, para voltar após o carnaval, quando começa o segundo turno da reforma tributária, é a hora da verdade para Haddad e Appy, a fase mais importante.

Neste ano, o Congresso já se vendeu por 30 dinheiros e prorrogou as desonerações que quebraram a Previdência. Depois do Carnaval, vai votar o que é mais importante do que a reforma – as alíquotas dos impostos.

Haddad e Appy terão de se virar para impedir a volúpia arrecadatória de Lula, que precisa de receita adicional para pavimentar seu percurso rumo à reeleição, embora ainda sinta dores nos quadris, conforme revelou esta semana, e esse desconforto pode até se tornar permanente.

P.S. – Bem, este é o quadro atual, que irá sendo alterado à medida que se aproxime a data da sucessão, em 2026.  No momento, Lula já conseguiu neutralizar dois importantes concorrentes – Flávio Dino, que ficará encarcerado no Supremo, e Simone Tebet, que está aprisionada no Ministério do Planejamento. Falta se livrar de Haddad, que está saindo melhor do que a encomenda, conforme se dizia antigamente. Lula vai tentar destruí-lo de todas as formas. Será uma briga de cachorro grande, e já comprei pipocas para assistir. (C.N.)

Sitiado entre o tráfico e as milícias, o Rio de Janeiro amarga com o descaso governamental

Charge do Cazo (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

Os noticiários diários retratam uma situação que parece se eternizar na Cidade do Rio de Janeiro. O perigo da violência que assola as ruas, praças e residências tornou-se quase habitual e a população, rendida, não sabe mais de onde virão as soluções concretas.

Moradores de comunidades são reféns ou do tráfico ou do poder das milícias que, de forma covarde, exploram desde o fornecimento do gás, luz, internet e canais de tv, até a venda de galões de água e a cobrança semanal de propinas de estabelecimentos comerciais nas regiões.

SEM GARANTIA – Fora das comunidades, a situação não é diferente. O cidadão não tem nenhuma garantia de que voltará em segurança para a sua família. Os arrastões não tem hora ou lugar, assim como os sequestros, as saidinhas de banco e os assaltos à luz do dia. Os jornais impressos e as emissoras  ocupam boa parte de seus conteúdos noticiando as barbáries cotidianas e as falsas promessas que atravessam as gestões governamentais.

As vidas muitas vezes perdidas transformam-se em números para a sociedade, mas não para os que tiveram os seus entes queridos entre as vítimas fatais pela ausência de segurança. Entra e sai ano, o que permanece apenas são os discursos de que o poder público fará algo. Mas o que a realidade demonstra é exatamente o contrário.

Basta ver que, nas próprias Casas Legislativas, são constantes as denúncias de envolvimento de deputados e vereadores com o crime organizado. Amparados pela imunidade parlamentar, com muita dificuldade sofrem algum tipo de punição mais severa.

MANCHA – E as denúncias quase sempre são embasadas em investigações com fortes indícios de que aquele representante eleito trabalha e favorece a continuidade das ilegalidades que mancham de forma vergonhosa a cidade. E, nesse emaranhado, outras tantas figuras públicas contribuem para que o crime se estruture de forma ampla e quase que irreversível.

Na política do enxuga gelo, as nossas autoridades empurram os fatos para o passado, pensando na próxima justificativa para os novos acontecimentos, e na expectativa de que alguma cortina de fumaça torne os dias mais nublados e que o cidadão apenas esqueça o que aconteceu ontem, torcendo apenas para chegar ao fim de mais uma dia.