O tempo passa, a ciência avança e os homens continuam se matando em nome de Deus…

Palestinos fazem novo dia de protestos após a matança em Gaza | Internacional | EL PAÍS Brasil

Nada de novo na Palestina, num sofrimento que não tem fim

Carlos Newton

A vida é feita de tragédias. Como diz a oração católica “Salve Rainha”, o mundo é um vale de lágrimas, em perdas que se sucedem e precisamos superá-las. Quando há um genocídio como esse organizado pelo Hamas e revidado por Israel, o mundo inteiro sofre, ao mesmo tempo. Torna-se o assunto obrigatório e deveria levar as pessoas a raciocinar sobre o ocorrido, ao invés de seguirem trocando ódios em favor de israelenses ou palestinos.

É preciso lembrar que muitas guerras ocorrem por motivos terrenos, disputas disso ou daquilo, mas essa desgraça permanente no Oriente Médio ocorre sempre em nome de Deus, o que a torna ainda mais grave e desnecessária.

MELHOR SER ATEU? – Sem a menor dúvida, seria melhor se todos fossemos ateus, como John Lennon imaginou, antes de sofrer aqueles tiros no meio da rua. Mas certamente os homens iriam encontrar outros motivos para fazer guerra e matar inimigos.

Sempre tive muitos amigos e colegas ateus. Eu mesmo era ateu, desde criança, me recusei a fazer a primeira comunhão, meus pais nem insistiram. Mas fui me modificando com o tempo e a convivência com a espiritualidade, sou cada vez menos ateu e tenho respeito por todas as religiões.

Aliás, seguir uma religião, não importa qual, pode ser positivo, embora se saiba que o ateísmo não significa que a pessoa se torne menos caridosa, solidária e prestativa, muito pelo contrário.

JUDEUS E ISLAMITAS – No caso da guerra eterna entre judeus e islamitas, o premier Netanyahu aproveitou a tragédia e formou um governo israelense destinado a administrar um matadouro de palestinos, sejamos francos, até porque Netanyahu não consegue fazer outra coisa.

É hora de um cessar-fogo definitivo, de devolução do resto dos reféns e de uma trégua negociada. Mas Netanyahu não tem a grandeza de líderes anteriores que procuravam a paz.  Aparentemente, seria impossível, mas Yasser Arafat e Ytizak Rabin não pensavam assim e quase chegaram lá.

A vingança não leva a nada, a não ser a uma violenta reação contrária. A ONU precisa enviar os boinas azuis para a ocupar a Faixa de Gaza e cessar as hostilidades. Mas quem se interessa?

P.S. 1 Tenho muitos amigos e amigas que são ateus e eu respeito a opinião deles. É difícil acreditar no improvável e no intangível, concordo. Mas na vida é mais fácil seguir em frente quando se tem algum ponto de referência, porque nos momentos de muita dor, quando o coração está oprimido, uma oração sempre ajuda, até para que possamos perdoar um ao outro, e sermos também perdoados.

P.S. 2 –  Acredito que o maior problema do mundo talvez seja a religião. São excludentes e repelem casamentos com pessoas de outras seitas. Aliás, as religiões mais radicais neste ponto são justamente a judaica e a islamita, que têm mesma origem. Judeus e muçulmanos insistem em evitar casamentos com outras religiões. Ainda não percebem que o mundo somente terá paz quando todos forem iguais e estiverem miscigenados. O Brasil é o único país do mundo onde a maioria já é de miscigenados. É um fato realmente auspicioso, a se comemorar neste Natal. Pense nisso. (C.N.)  

Falta percepção e ação do governo, que cede demais às pressões políticas

Charge do Nani (nanihumor.com)

Pedro do Coutto

No projeto de execução orçamentária para 2024, os deputados e senadores reduziram os investimentos voltados para o Programa de Aceleração do Crescimento, instrumento possível para a recuperação econômica e o desenvolvimento social do país. Ao mesmo tempo, os parlamentares elevaram os recursos para o fundo eleitoral e também para as suas emendas.

O governo vacila e cede às pressões políticas que são, na realidade, impróprias, mas também inevitáveis até um certo limite. Há contradições e convergências que impedirão o processo de redistribuição de renda.

LIMITAÇÃO – Por exemplo, o projeto que deverá ir à sanção presidencial limita os juros do crédito rotativo em 100% ao ano, incidente sobre o início da dívida contratada e não mais sobre os montantes que estão elevando as taxas dos cartões de crédito a 440% ao ano.

Cem por cento já é por si um absurdo, índice maior do que o crédito bancário para pessoas físicas que oscila em cerca de 2,4% ao mês. Não foi acertado um caminho concreto de ação do governo Lula que tem a seu favor, devemos reconhecer, a adoção da reforma tributária, projeto que partiu do próprio governo e defendido muito bem pelo ministro Fernando Haddad. Porém, uma coisa é o que está no papel e outra a realidade.

Temos que levar isso em conta para analisar o primeiro ano do governo, caracterizado por compromissos políticos através dos quais o Congresso avança nos recursos públicos, o que significa menos disponibilidade para o Programa de Ação do Crescimento.

Congresso Nacional e a velha política: um museu de grandes novidades

Charge do Frank (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

Em seu artigo na Folha de S. Paulo desta quarta-feira, o jornalista Hélio Schwartsman aborda a igual legitimidade representativa entre o chefe do Poder Executivo e os parlamentares do Congresso, dominado, há anos, pelo Centrão.

Como bem destaca, as escolhas feitas pela população se dá da mesma forma em ambos os casos, através de um processo democraticamente livre e limpo, ainda que muitos questionem a confiabilidade das urnas eletrônicas, mesmo tendo os seus pares alçados aos postos de deputados e senadores justamente por esse meio.

TRADUÇÃO – Schwartsman segue, ainda sob a ótica de representatividade, afirmando que o Parlamento traduz de forma mais fiel as preferências da população. A precisão se dá até pelo fato de o presidente da República ser apenas um, e muitas vezes escolhido por aversão ao seu adversário. Ou seja, as ideias defendidas podem ser subjugadas a um segundo ou mesmo terceiro plano.

Já os parlamentares, num total de 597, são eleitos num cenário em que pesa o voto proporcional, através do qual ecoam as vozes das mais diversas tendências. Afinal, esse é o processo democrático, ainda que não agrade ao mesmo tempo gregos e troianos. E, neste cenário, ainda que o Congresso seja divergente à estrutura demográfica do país, afinal a deficiência quanto à presença de mulheres e negros é notória, infelizmente, os critérios do eleitos são individuais e singulares. E é aí que reside a democracia, na livre escolha.

Mas, percebe-se que a atuação deste mesmo Congresso que consegue frear o acúmulo de poderes desproporcionais pelo chefe do Executivo, ao mesmo tempo torna-se a faz tornar uma Casa de manipulação, na qual a aprovação de projetos não é feita tendo em vista o bem ou as necessidades coletivas, mas os interesses dos próprios políticos.

TROCA-TROCA – Ao barganhar os seus votos e serem atendidos com mais cargos, benefícios e, consequentemente, mais poder, os parlamentares separam uma pequena parcela de suas benfeitorias aos seus currais eleitorais, intervindo na colocação de um poste aqui e outro acolá, pavimentando uma rua esburacada, ou ainda promovendo projetos atrelados aos seus próprios nomes. Tem alguns que colocam faixas de agradecimento, como se fossem de autoria da população, aos seus próprios feitos, que seriam na verdade obrigações !

Nesse círculo vicioso, a população se contenta ainda com pouco, prefere votar nos que pouco fazem, com receio de sair de suas zonas de (des) conforto e mantendo o mínimo daqueles que elegeram.  Os velhos políticos e seus herdeiros, novos donos das capitanias, permanecerão fazendo dos seus mandatos moeda de troca com o Executivo para em suas cadeiras se eternizarem. E, nesse sistema de freios e contrapesos, o Centrão se perpetua, sorrindo não para a população, mas do semblante sofrido dos que os elegem, gestaõ após gestão.

Criança não foi feita para morrer nos escombros, por causa da insanidade dos homens

Número de mortes na Faixa de Gaza ultrapassa 5 mil de | Internacional

Ninguém consegue responder quando irá parar a barbárie

Vicente Limongi Netto

Criança simboliza amor, ternura, devoção, alegria, beleza, paz, otimismo. Criança é a luz da alma. É o sopro do infinito. O céu azul nos bons corações. Criança não foi feita para morrer em escombros, com bala perdida, atropelada, afogada. Criança não merece assistir ao pai desnaturado matar a mãe. Criança não foi feita para passar fome, para pedir esmola nas esquinas, para ser abusada por covardes.

Criança é para crescer feliz. Brincando, estudando, cantando, gritando, abraçando o carinho. Criança deveria ter assento na ONU. Para determinar ao mundo injusto e doente e aos marmanjos que é ser humano intocável e iluminado. Protegida pelos deuses da bondade. Merecedora de respeito e atenção. Criança deve ser protegida, ganhar presentes, todo ano, não apenas no Natal.

TAPA NO VEADINHO – Ecos da promulgação da reforma tributária: deputado petista chama de “veadinho” e agride com um tapa, no plenário da câmara, parlamentar que xingou Lula. Para conter a ira e tranquilizar o coração, o agressor, Washington Quaquá, vice-presidente do PT, terá que colocar luvas de box e sair estapeando metade dos brasileiros.

O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, por sua vez, declarou que a Suprema Corte “é solução, não problema”.  Em 2024, Barroso e companhia terão que mostrar serviço dobrado, para que a esmagadora maioria da população volte a acreditar nas palavras dele.

INOCENTADOS – O ministro do STF, Dias Toffoli, anulou todos os processos da lava-jato contra o ex-governador e atual deputado federal, Beto Richa. Em 2023, outros ex-politicos também foram beneficiados com processos anulados na lava-jato.

Entre eles, José Dirceu, Sergio Cabral, Luis Fernando Pezão, Eduardo Cunha e André Vargas. O bom senso indica que nesse finalzinho de 2023, a justiça anule, também, todos os processos contra o ex-presidente Fernando Collor.

Por fim, mulher invadiu hospital com carro, para protestar contra o mau atendimento. Se a moda pega, hospitais e prontos-socorros públicos precisarão construir entradas com altas portas de ferro com imensas grades de aço.

Nascimento de Cristo é um dos temas favoritos na visão mágica dos pintores

Pintura “Adoração dos Pastores”, de El Greco

Paulo Peres

Na iconografia cristã, os grandes mestres da pintura sempre deram relevada importância em registrar com talento, criatividade e interpretações diversas, o episódio da Natividade (o nascimento de Cristo) com seus personagens – a Virgem Maria, São José, o Menino Jesus, os animais, os pastores e os Reis Magos.

Essas imagens, um dos temas mais comuns na arte cristã, mormente na Idade Média e no Renascimento, estão sempre impregnadas de símbolos, como ressaltam Emile Male e seu discípulo Louis Réau, em livros iconográficos que decodificam a poética dos artistas.

MUITAS VARIAÇÕES – A Virgem, o Menino Jesus e São José, personagens principais do ato passado na estrebaria, o Nascimento de Cristo, conforme a época e os pintores, a cena, bastante conhecida, sofre variações de um para outro artista. No Retábulo Portinari, do flamengo Reoger der Weuden, ou na Natividade, do alemão Hans Baldung, há uma inovação: a do Menino iluminado, adorado por seus pais e os pastores.

“Do corpo do pequeno Cristo irradia intensa luz que ilumina a face extasiada dos personagens”, diz Emile Male. “Não é apenas um menino comum, que jaz no chão ou na manjedoura, reverenciado por Reis Magos e Pastores, olhado e farejado com certa indiferença por dois animais principais: o asno e o boi”.

Neste painel, outros seres ainda podem ser acrescentados, como na pintura da brasileira Rosina Becker do Vale: pavões, leões, corujas, borboletas, além de anjos cantores. “E com tal fidelidade são estes seres representativos do Renascimento que, na Natividade de Piero Della Francesca, identificam-se as palavras do canto gregoriano que pronunciam pelo formato de suas bocas”, afirma Emile Male.

CARÁTER SIMBÓLICO – Os livros iconógrafos relatam que tudo na arte cristão medieval possui caráter simbólico, testemunhos da divindade de Cristo e das mensagens do Novo Testamento. E, por isso, existe um verdadeiro zoológico nos quadros primitivos flamengos, nos renascentistas e no de alemães e espanhóis.

Segundo os especialistas, as fontes dos animais no presépio vieram, principalmente, da Bíblia, dos Salmos e da Lenda Dourada, a hagiografia dos santos (história dos santos) tão consultada pelos artistas da Idade Média. Nelas os animais não são classificados por espécies, família e gênero, como fez Carlos Lineu, no início do século XVIII, e sim por suas virtudes ou malefícios morais.

“Na Idade Média”, diz Emile Male, “tudo é signo e o visível só vale porque esconde o invisível. Logo, temos o significado de alguns animais que sempre aparecem em quadros de mestres que pintaram o tema Natividade”.

OS SIGNIFICADOS – O Cordeiro (Agnus Dei), por sua mansidão ante a morte inevitável, geralmente, simboliza Cristo e seu sacrifício pela humanidade, sobretudo quando aparece imóvel, salienta Emile Male.

“Mas também pode significar a Ressurreição do Cristo. Todavia, devemos nos lembrar que Ele não simboliza, exclusivamente, a imagem de Jesus imolado ou ressuscitado. Ele pode ser o símbolo místico do Apocalipse que se aproxima, ou a inocência dos santos”.

O asno e o boi são animais inevitáveis em todas as Natividades. O asno, que mais tarde ajudará a Sagrada Família a fugir para o Egito, na iconografia do Natal tem vários significados. Humilde o doce, ele era chamado “o cavalo do pobre” e tem sempre um papel simpático na Bíblia. Na gruta natalina, ele esquenta com seu hálito o Menino Jesus na manjedoura.

PAPEL HUMILDE – Já o boi tem um papel humilde de Natalidade. Seu hálito também ajuda a acalentar o Menino na noite de inverno natalino. Ele, iconograficamente, simboliza ainda o sacrifício de Jesus, assimila a ideia de reprodução humana e é a vítima nos sacrifícios religiosos. Por isso, o boi não tinha boa reputação na Bíblia, que condenava o sacrifício dos animais aos deuses.

Os cavalos dos Reis Magos, ricamente adornados, significam a riqueza do mundo em comparação à do Filho de Deus, explica Emile Male. “A este bestiário luxuoso, vários artistas como Ticiano, Rubens e Veronese, acresceram outros animais simbólicos: pomba, pavão, cervo, galo e leão, além dos anjos que evoluem como símbolos da pureza velando pela Sagrada Família”.

A pomba, símbolo da paz que reinará um dia sobre a humanidade após o Juízo Final, foi a emissária da Anunciação e do término do Dilúvio Universal. “Signo do Espírito Santo, da alma do penitente purificada pela morte, ela se opõe ao negro corvo, encarnação do Diabo. A pomba também simboliza a Igreja nascida no Pentecostes”, sustenta Emile Male.

OUTROS ANIMAIS – O cervo, segundo o Salmo 41, após beber no regato, brame pela presença do Messias. Ele é também o matador da serpente tentadora. Já o pavão de caudas é reverenciado pelos cristãos primitivos como símbolo da redenção e da vigilância contra o pecado. Mas em pintura, era também um animal que permitia vivas combinações de cores”, constata Emile Male.

O galo não significa apenas o símbolo da regeneração e do remorso de São Pedro, é também a imagem de Cristo que, no terceiro dia, ressurgiu das trevas para a Ressureição. Seu canto matinal não apenas acorda o homem para o trabalho, mas serve para lembrá-lo que mais um dia passou e a morte se aproxima.

E o leão, símbolo da coragem e da força, paradoxalmente, significa também a sepultura, onde um dia os restos mortais irão repousar. Além desses símbolos iconográficos da Natividade, outros foram adotados para significarem o bem ou o mal. “Na Idade Média e, desde a Arte Cristã Primitiva, o importante das imagens não eram suas qualidades físicas, mas seu conceito metafísico, pois a metafísica, no mundo medieval, era a única filosofia que explicava o Universo”, afirma Male.

No Rio, empreiteiras constróem e milícias se beneficiam, antes e depois das obras

Charge do Quinho (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

Por meio de informações provenientes da Operação Dinastia, o Ministério Público do Rio de Janeiro revelou que empreiteiras envolvidas em construções na Zona Oeste da Cidade estão sendo alvo de extorsão por parte de milicianos, liderados, inclusive, por um criminoso de estreita ligação com parlamentares da Casas Legislativas do Rio. Os alvos da criminalidade foram não somente as obras realizadas por empresas privadas, mas também, e a que ponto chegamos, as da alçada da própria Prefeitura.

E não foi difícil encontrar o caminho das pedras da atuação da marginalidade, até porque são casos de notório conhecimento da sociedade. Somente as autoridades  (ir) responsáveis aparentam não saber. Através da quebra de sigilo de indivíduos ligados ao bando que acharcava os empreiteiros, os investigadores conseguiram acessar as tabelas de controle da “taxa de segurança”. Uma velha prática que se aproveita da insegurança da Cidade , a exemplo de tantas outras, para tornar o medo uma moeda rentável.

FONTE DE RENDA – De acordo com os documentos obtidos, algumas empresas chegam a desembolsar aproximadamente R$ 13 mil mensais para os criminosos. Mas não para por aí. A fonte de renda, agora, é que começa a produzir “lucros” fantásticos, pois após a conclusão das obras, a extorsão passa a ser direcionada aos condomínios, que repassam os valores aos moradores. As tabelas de controle da milícia contêm informações detalhadas sobre as datas de pagamento e os montantes recebidos.

Tudo organizado no crime e desorganizado na atuação do poder público. O desvio tornou-se espaço comum nos noticiários e na aceitação da população que protagoniza apenas o papel de eleitor dos que nada fazem e de vítimas da própria inoperância governamental. Isso em todos os planos do poder.

“TAXA DE SEGURANÇA” – Somente em fevereiro, o MPRJ constatou que a milícia atuante na Zona Oeste arrecadou mais de R$ 308 mil advindos com as cobranças das “taxas de segurança” às construtoras. E a Prefeitura do Rio ? Bem, essa afirmou estar ciente das intimidações perpetradas tanto pelo tráfico quanto pela milícia, orientando as empresas a denunciarem tais práticas. Piada de fim de ano ? De denúncias a sociedade está transbordando. Falta é solução concreta.

E, para fechar o pacote, para quem não se recorda, em agosto, funcionários que trabalhavam nas obras do Bairro Maravilha Sandá, em Bangu, foram agredidos por criminosos, sendo o incidente registrado na delegacia. A Prefeitura declarou ter adotado medidas, como a retirada do valor investido das placas de obras. Ou seja, traído, o marido vendeu o sofá. Problema resolvido. Ou não.

Haddad ganhou o primeiro round, mas a luta contra Lula será longa e inglória

Eu sou Haddad. Eu sou Lula. Por Pataxó

Charge do Pataxó (Portal DCM)

Carlos Newton

Neste final de ano, Fernando Haddad ganhou uma força extraordinária, ao conseguir aprovar o esboço da reforma tributária, que veio se somar à façanha anterior de instituir o arcabouço fiscal. Nesse ponto, é interessante notar que o ministro da Fazenda vem atuando na contramão do presidente Lula da Silva desde o início do governo, quando se dedicou à preparação do projeto do arcabouço, em parceria com a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Na época, Lula pretendia apenas que o Congresso aprovasse o arrombamento do teto de gastos proposto e aprovado na gestão de Michel Temer. Ou melhor, na gestão de Henrique Meirelles, então ministro da Fazenda, que tirou o Brasil de sua mais longa recessão após a tragédia de Dilma Rousseff, agora escolhida como Economista do Ano pelos petistas luláticos do Conselho Nacional de Economia, numa das maiores piadas institucionais da História Republicana.

LULA NÃO GOSTOU – É claro que Lula não gostou da desobediência de Haddad e Tebet, sua resposta foi colocar os dois no freezer e seguir em frente rumo à reeleição, que passou a ser sua maior meta, ainda no primeiro ano de governo.

A primeira vingança de Lula foi nomear o ultrapetista Marcio Pochmann para manipular as estatísticas do IBGE, passando por cima de Simone Tebet, que foi obrigada a ficar na dela, sem reação. A primeira façanha de Pochmann foi acabar com o desemprego no Brasil, de uma hora para outra, num passe de contorcionismo estatístico, e ele é mestre nisso.

O caso de Haddad é mais difícil. Lula tentou desestabilizá-lo, criticando abertamente a política defensiva da Fazenda, que tem como mentor o experiente Bernardo Appy, que comandou a Secretaria de Política Econômica no primeiro governo Lula e é especialista em reforma tributária.

NA MUDA – Haddad e Appy imitaram Simone Tebet e não reagiram. Ficaram na muda, negociando direto com o Congresso, enquanto Lula e petistas como Gleisi Hoffmann, o namorado Lindbergh Farias e o líder José Guimarães, conhecido com o deputado dos dólares na cueca, vociferavam contra a atual  política econômica.

Em meio a esses embates, o Congresso aprovou o esboço da reforma tributária e a dupla Haddad/Appy ganhou um belíssimo presente de Natal, concretizado pelo apoio irrestrito do mercado interno e externo, com a Bolsa batendo recorde, enquanto o dólar e o risco Brasil caíam.

Neste final de ano, o ministro da Fazenda ganhou uma força enorme, ficou indemissível e Lula se viu obrigado a homenageá-lo na última reunião ministerial, nesta quarta-feira, vejam a que ponto chegam a desfaçatez e o cinismo na política.

SEGUNDO TURNO – Agora, vem a trégua de Natal e no Brasil tudo se interrompe, para voltar após o carnaval, quando começa o segundo turno da reforma tributária, é a hora da verdade para Haddad e Appy, a fase mais importante.

Neste ano, o Congresso já se vendeu por 30 dinheiros e prorrogou as desonerações que quebraram a Previdência. Depois do Carnaval, vai votar o que é mais importante do que a reforma – as alíquotas dos impostos.

Haddad e Appy terão de se virar para impedir a volúpia arrecadatória de Lula, que precisa de receita adicional para pavimentar seu percurso rumo à reeleição, embora ainda sinta dores nos quadris, conforme revelou esta semana, e esse desconforto pode até se tornar permanente.

P.S. – Bem, este é o quadro atual, que irá sendo alterado à medida que se aproxime a data da sucessão, em 2026.  No momento, Lula já conseguiu neutralizar dois importantes concorrentes – Flávio Dino, que ficará encarcerado no Supremo, e Simone Tebet, que está aprisionada no Ministério do Planejamento. Falta se livrar de Haddad, que está saindo melhor do que a encomenda, conforme se dizia antigamente. Lula vai tentar destruí-lo de todas as formas. Será uma briga de cachorro grande, e já comprei pipocas para assistir. (C.N.)

Sitiado entre o tráfico e as milícias, o Rio de Janeiro amarga com o descaso governamental

Charge do Cazo (Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

Os noticiários diários retratam uma situação que parece se eternizar na Cidade do Rio de Janeiro. O perigo da violência que assola as ruas, praças e residências tornou-se quase habitual e a população, rendida, não sabe mais de onde virão as soluções concretas.

Moradores de comunidades são reféns ou do tráfico ou do poder das milícias que, de forma covarde, exploram desde o fornecimento do gás, luz, internet e canais de tv, até a venda de galões de água e a cobrança semanal de propinas de estabelecimentos comerciais nas regiões.

SEM GARANTIA – Fora das comunidades, a situação não é diferente. O cidadão não tem nenhuma garantia de que voltará em segurança para a sua família. Os arrastões não tem hora ou lugar, assim como os sequestros, as saidinhas de banco e os assaltos à luz do dia. Os jornais impressos e as emissoras  ocupam boa parte de seus conteúdos noticiando as barbáries cotidianas e as falsas promessas que atravessam as gestões governamentais.

As vidas muitas vezes perdidas transformam-se em números para a sociedade, mas não para os que tiveram os seus entes queridos entre as vítimas fatais pela ausência de segurança. Entra e sai ano, o que permanece apenas são os discursos de que o poder público fará algo. Mas o que a realidade demonstra é exatamente o contrário.

Basta ver que, nas próprias Casas Legislativas, são constantes as denúncias de envolvimento de deputados e vereadores com o crime organizado. Amparados pela imunidade parlamentar, com muita dificuldade sofrem algum tipo de punição mais severa.

MANCHA – E as denúncias quase sempre são embasadas em investigações com fortes indícios de que aquele representante eleito trabalha e favorece a continuidade das ilegalidades que mancham de forma vergonhosa a cidade. E, nesse emaranhado, outras tantas figuras públicas contribuem para que o crime se estruture de forma ampla e quase que irreversível.

Na política do enxuga gelo, as nossas autoridades empurram os fatos para o passado, pensando na próxima justificativa para os novos acontecimentos, e na expectativa de que alguma cortina de fumaça torne os dias mais nublados e que o cidadão apenas esqueça o que aconteceu ontem, torcendo apenas para chegar ao fim de mais uma dia. 

Ivan Lins e Celso Viáfora imaginaram um Papai Noel brasileiro, de camiseta

Música do Brasil: ♫Papai Noel de camiseta♫

Ilustração do Ivan Jerônimo (Arquivo Google)

2Paulo Peres
Poemas & Canções

O arranjador, cantor e compositor paulista Celso Viáfora, na letra de “Papai Noel de Camiseta”, soltou a imaginação para retratar uma realidade que para muita gente não existe. A música foi gravada por Ivan Lins no CD Um Novo Tempo, em 1999, pela Abril Music.

PAPAI NOEL DE CAMISETA
Ivan Lins e Celso Viáfora

Noel irá chegar de camiseta
metido num chinelo e de bermuda jeans
tocando agogô invés de uma sineta
cantando do xará o “Palpite Infeliz”
então, será Natal
A noite vai ser mais feliz

Estenderá uma toalha na sarjeta
em qualquer praça de subúrbio do País
trará cachaça, arroz, feijão, a malagueta
doce de leite, balas de goma e quindins
aí será Natal
A noite vai ser mais feliz

E surgirão blocos mirins
de suas camas de jornal
e drag queens
os reis magros do carnaval
de pé no chão
os solitários da paixão
um tamborim
alguém trará um violão
um bandolim
e a multidão vai sambar com a batida dos sinos

Ali no morro nascerá mais um menino
e, no primeiro sol, virão os bentevis
Num dia de Natal, a gente pode ser feliz

Intervenção na CBF foi certa; o futebol brasileiro precisa se “profissionalizar”

John Kennedy tem temporada de "virada de chave" e se torna peça fundamental  no Fluminense

Na sexta-feira, o Brasil estará torcendo por John Kennedy

Vicente Limongi Netto

Armados até os dentes e fantasiados de donos da verdade e do futebol, os imaculados e poderosos donos da Conmebol e da Fifa prosseguem ameaçando punir o pentacampeão do mundo. As vestais grávidas das duas entidades, estão desapontadas por causa da intervenção na CBF.

Nessa linha, já que exibem abissal furor de decisões judiciais, deveriam protestar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde a ministra-presidente da corte, Maria Thereza de Assis Moura, em acordão, julgou improcedente o recurso do presidente afastado Ednaldo Rodrigues. Vão encarar?

BRAVURA – Vitória expressiva do Fluminense contra o time egípcio, que sabe jogar, não existe mais bobo no futebol mundial, as Copas do Mundo serão cada vez mais difíceis.

O resultado de 2 a 0 anima os brasileiros rumo ao título de campeão mundial de clubes, mas sempre com pés no chão, com paciência, sem triunfalismo, respeitando o adversário.

O excelente, talentoso e atrevido John Kennedy é o talismã do fluminense.

ERRO BOBO – Vergonhoso que o programa “Fantástico” (17/12) com equipe de dezenas de formidáveis profissionais, chame o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Ayres Brito, de “ex-ministro”.

A denominação correta é ministro aposentado, como também não existe ex-general, mas sim general reformado ou general da reserva.

Para ilustrar, cito alguns outros ministros aposentados do STF:  Carlos Velloso, Nelson Jobim, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Sidney Sanches.

DELÍCIAS DE BRASÍLIA – Elas estão chegando. Delícias que compõem o cenário de Brasília. são vistas em todo canto, nas ruas, chácaras, mansões e condomínios. de várias origens e tamanhos. sustentadas em galhos altos.

O começo da criação é com sol e chuva. abençoada pelas nuvens e ventos suaves das estrelas. Os frutos verdes são parceiros dos amarelos. o caldo viscoso e incomparável é freado pelo caroço esfiapado. São as frutas mais exportadas pelo Brasil, porque a laranja é muito vendida já como suco.

Comercializadas, são caras. apreciadas também com casca e sal. Maduras, não resiste a pedradas. As belas e frondosas mangueiras pertencem a vida dos brasilienses. mangas estão no paladar de abonados e pobres. Por meses, a temporada faz a alegria de muita gente.

O ano está terminando e a população ainda aguarda respostas e soluções concretas

Charge do Babu (ojornaldeguaruja.com.br/)

Pedro do Coutto

O ano de 2023 está prestes a terminar e a população ainda aguarda respostas e soluções concretas para problemas que se eternizaram, a exemplo da saúde, da segurança pública, da questão da moradia e da infraestrutura de maneira geral. Problemas que envolvem não somente demandas que dizem respeito ao governo federal, mas também aos governos estaduais e municipais.

Na política, após meses de mandato, os impasses permanecem e marcam o governo Lula, cada vez mais refém do Congresso Nacional. No início do terceiro mandato de Lula, obstáculos que dificultaram o estabelecimento de uma base de apoio sólida e predominante no Congresso.

CONCESSÃO – Mesmo após a concessão de ministérios ao Centrão e até mesmo da direita, Lula teve que negociar individualmente a aprovação de projetos considerados prioritários. Na última semana, deputados e senadores rejeitaram os vetos presidenciais relacionados à desoneração da folha de pagamento e ao estabelecimento de um marco temporal para a demarcação de terras indígenas.

Embora os articuladores políticos do governo tenham sido criticados por líderes do Centrão, eles argumentam que, apesar de algumas derrotas, conquistas importantes foram alcançadas, como o novo marco fiscal e a reforma tributária e que, no balanço geral, o resultado foi positivo, mas reconhecem que a tensão nas relações com os parlamentares persistirá no próximo ano.

É preciso um esforço do Planalto para tentar unificar as ações parlamentares que rendem votos com projetos do governo. Mas, para isso é preciso um plano de convergência para que seja mantido um equilíbrio entre o Executivo e o Legislativo. Lula terá de negociar com Lira, mas assegurando aquilo que é essencial e sobre o qual não pode abrir mão do ponto de vista do programa eleitoral.

BENÇÃO –  Numa decisão de grande importância histórica, o Vaticano anunciou nesta segunda-feira que permitirá que padres concedam bênçãos a casais do mesmo sexo. Essa medida, contrária à doutrina da Igreja Católica que tradicionalmente condena a união homossexual, foi divulgada por meio de um documento autorizado pelo papa Francisco.

Segundo essa decisão, padres católicos romanos agora têm permissão para administrar bênçãos a casais do mesmo sexo, se assim desejarem. No entanto, eles também têm o direito de recusar a realização do ritual, embora estejam proibidos de impedir a entrada de pessoas em qualquer situação em que busquem a ajuda de Deus por meio de uma simples bênção.

SINAL – Além disso, é destacado que a bênção não deve assemelhar-se a uma cerimônia de casamento e não pode ocorrer durante as liturgias regulares da Igreja. O documento ressalta que a posição da Igreja Católica em relação à união entre casais do mesmo sexo permanece considerada como um ato “irregular”, indicando que a doutrina não sofreu alterações, mas ao mesmo tempo afirma que a concessão de bênçãos é um “sinal de que Deus acolhe a todos”.

Com a decisão, o Papa Francisco rompeu uma velha tradição dogmática da Igreja. O impacto será muito forte, inspirado numa absorção da realidade. Não se trata de apoiar ou condenar as pessoas por seus comportamentos nesse campo, mas de apenas respeitar o direito de forma natural que se estabelece no mundo.

Um menino chamado Manuel Bandeira, que sonhava ganhar presentes no Natal

Eu gosto de delicadeza. Seja nos gestos,... Manuel Bandeira - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

Nascido em Recife, o crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968), conhecido como Manuel Bandeira, no poema “Versos de Natal”, evoca a passagem do tempo numa dimensão metafísica, em que o adulto ainda permanece menino.

VERSOS DE NATAL
Manuel Bandeira

Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!

Mas se fosses mágico,
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.

Um soneto de Machado de Assis indagava: “Mudaria o Natal ou mudei eu?”

Frases de Machado de Assis... - Frases de Machado de AssisPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), no “Soneto de Natal”, faz uma reflexão sobre o ato de criação artística.

SONETO DE NATAL
Machado de Assis

Um homem – era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações de sua idade antiga
Naquela mesma velha noite amiga
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto… A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”

Amizade de Moro e Dino traz esperanças de uma política mais limpa e racional

O abraço de Moro e Dino

Flávio Dino recebeu Moro com abraços e afagos na sabatina

Carlos Newton

É preciso sem respeitar a opinião alheia, quando é fruto de boa fé. Como ou sem polarização, não existe alternativa política – o único rumo a tomar é a defesa intransigente da democracia. Mas esse posicionamento não nos obriga a aceitar os exageros do Supremo, que deveria ser exemplar, sempre cumprindo a lei de forma rigorosa. Infelizmente, porém, não é isso que vem ocorrendo desde 2019, quando o STF soltou Lula, num placar apertado, de 6 a 5.

Como diria Leonel Brizola, o Supremo (leia-se: STF e TSE) vem costeando o alambrado da democracia, em busca de brechas inexistentes. Foi assim na decisão que descondenou Lula, assim como no julgamento da suposta parcialidade do então juiz Sérgio Moro e também na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, por ter realizado uma reunião exatamente igual à que fora realizada pelo então presidente do TSE, Edson Fachin, que em 2020 convocara o corpo diplomático para se queixar do presidente.

EM NOME DA LEI – Ao examinar essas decisões do Supremo e do TSE, qualquer estudante de Direito percebe que as leis estão sendo interpretadas e adaptadas à necessidade dos ministros. Foi assim com a “incompetência territorial absoluta” que permitiu a candidatura de Lula, pois trata-se de norma jurídica somente aplicada em questões imobiliárias, nada a ver com os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro que levaram Lula a passar férias numa colônia penal, igual ao Charles Anjo 45 criado por Jorge Benjor.

Esses julgamentos parciais são feitos em nome da lei e da defesa da democracia, embora sejam vexaminosos, como a cassação do deputado Deltan Dallagnol por “presunção de culpa”, um tipo  jurídico inexistente no Direito Universal.

Os ministros do STF se vangloriam desses feitos, dizem que salvaram a democracia, evitaram o golpe militar e tudo mais. Sinceramente, eu teria vergonha de votar assim, mas cada um deve agir de acordo com sua consciência.

TERRORISTAS EM SÉRIE – Também é reprovável a fabricação de terroristas em série, transformando em bárbaros selvagens todos os manifestantes de 8 de Janeiro, quando se sabe que a grande maioria deles não quebrou uma só lâmpada. E jamais poderiam estar sendo julgados pelo Supremo, não é isso que diz a lei. Estão sendo condenados apenas pela presença no local, sem provas de vandalismo, compondo uma barbárie judicial, desculpem a franqueza, às vésperas do famoso Indulto do Natal, que solta tabto criminoso de verdade.

Por tudo isso, achei altamente democrático o encontro festivo entre os ex-juízes Flávio Dino e Sérgio Moro. São amigos há 23 anos, desde a época em que Dino foi eleito presidente da poderosa Associação Nacional dos Juízes Federais.

Por que Dino e Moro teriam de se tornar inimigos devido a divergências ideológicas? Ora, a confraternização deles é altamente democrática – são apenas adversários, não precisam ser inimigos. É uma lição de política que estão dando ao país, mas parece que ninguém quer aprender nada.

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P.S.
Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Afonso Arinos e Itamar Franco também agiam assim com os adversários, sem considerá-los inimigos e sempre procurando o diálogo. Mas quem se interessa? (C.N.)

Um documentário imperdível: “Não nasci para deixar meus olhos perderem tempo”

Conversa com o fotojornalista Orlando Brito [Reprise] - Rádio Câmara -  Portal da Câmara dos Deputados

Filme retrata Orlando Brito, um fotógrafo espetacular

José Carlos Werneck

São 72 minutos que prendem o espectador do princípio ao fim. É o que acontece com o documentário “Não Nasci Para Deixar Meus Olhos Perderem Tempo”. Com direção de Claudio Moraes, realizado em 2020,o filme mostra a trajetória profissional do repórter fotográfico Orlando Brito, falecido,em 2022, que durante 55 anos documentou magnificamente variados momentos da vida brasileira.

Do ocaso de carreiras artísticas aos momentos conturbados do Brasil em meio a um regime de exceção, seus olhos  testemunharam e filtraram o acontecimentos da História do País.

FOTO POR FOTO – Orlando Brito, acompanhou de perto, as transformações fundamentais da política brasileira. A perfeita duração do documentário mostra o repórter ,coloquialmente, esmiuçando os bastidores, como se folheasse um álbum de memória. Da primeira à última cena, ele explica foto por foto. 

Brito  testemunhou inúmeros processos de construção e destituição do poder, como a ascensão e queda dos presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff.

Corretamente, o repórter fotográfico guardava a indispensável distância emocional dos fatos e jamais revela o que pensa sobre a política. No filme,Brito comenta  os encontros com as pessoas fotografadas, a pose exata em que se encontravam e as despedidas pós-fotos. Realmente, um documentário imperdível!

Problemas para Lula após a reforma tributária, num governo estacionário

Fávaro retornou ao Senado e contribuiu para uma derrota do Planalto

Pedro do Coutto

O governo conseguiu aprovar a reforma tributária na Câmara dos Deputados, o que representou um êxito para a sua iniciativa, sobretudo pelo número de votos alcançados. Há muitos anos a reforma tributária vinha sendo reivindicada pelo empresariado para conter o aumento dos preços e exercer a justiça fiscal no país. A centralização de impostos fortalece o governo. Porém, há problemas à vista.

Um deles é a questão do ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, que se licenciou do cargo para votar na indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal, mas acabou também votando favorável à derrubada de um veto presidencial sobre a questão da demarcação das terras indígenas.

REAÇÃO – Isso acarretou uma movimentação da base do governo contra a posição assumida pelo senador que retorna agora para o Ministério da Agricultura. Foi uma nota fora do tom a praticada por Favaro. A esquerda da base governista começou uma pressão contra o parlamentar.

Outra posição descompassada foi assumida também por Lula ao retomar os ataques contra o Jair Bolsonaro. Com isso, fez-se exatamente o que o ex-presidente deseja, que é manter a polarização entre ele, que se tornou inelegível, e o atual governo. Não foi hábil por parte de Lula esse posicionamento. O ataque dá margem à resposta e aumenta a presença de Bolsonaro no cenário político.

NOMEAÇÃO – Uma outra dificuldade que aguarda solução por parte de Lula é a nomeação do substituto de Flávio Dino para o Ministério da Justiça. Há quem defenda a divisão entre a Justiça e a Segurança Pública. Essa configuração dificilmente terá sucesso. A nomeação é um passo importante para o governo.

As dificuldades tornam-se maiores a cada dia. O presidente não está conseguindo comandar a base política da sua administração. Não é fácil, tendo em vista os interesses políticos em jogo. Mas é importante a realização de um trabalho eficiente que ainda não está acontecendo. Aguardemos a semana que se inicia. O problema todo é causado pela falta de uma articulação efetiva entre o presidente da República e o Congresso Nacional.

João Cabral de Melo Neto e o simbolismo do reinício da vida em todo Natal

ImagemPaulo Peres
Poemas & Canções

 O diplomata e poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), no poema “Cartão de Natal”, mostra o simbolismo do reinício da vida que todo Natal propicia.

CARTÃO DE NATAL
João Cabral de Melo Neto

Pois que reinaugurando essa criança
pensam os homens
reinaugurar a sua vida
e começar novo caderno,
fresco como o pão do dia;
pois que nestes dias a aventura
parece em ponto de voo, e parece
que vão enfim poder
explodir suas sementes:
Que desta vez não perca este caderno
sua atração núbil para o dente;
que o entusiasmo conserve vivas
suas molas,
e possa enfim o ferro
comer a ferrugem,
o sim comer o não.

Prêmio ideal para Dilma Rousseff não é ‘Economista do Ano’, mas a ‘Anta do Século’

frases desconexas de Dilma – Marli GonçalvesCarlos Newton

Embora constituam impagáveis Piadas do Ano, determinadas decisões não podem ser aceitas com naturalidade nem levadas apenas na brincadeira. É preciso também que sejam imediatamente repelidas pelo extrato social, para que fique claro que essas manipulações jamais serão aceitas sem reação pela sociedade. É o caso, por exemplo, da escolha de Dilma Rousseff como “Economista do Ano”, uma premiação que ela nunca fez por merecer.

Na verdade, Dilma Rousseff é um dos maiores equívocos da História Republicana, tendo chegado ao poder apenas pelo desejo de Lula da Silva, que desde sempre procura evitar o surgimento de alguma liderança no PT que possa ameaçar seu protagonismo, tendo transformado a legenda num partido de um homem só.   

FRACASSO ESTRONDOSO – Apelidada de “Poste” pela imprensa e apoiada entusiasticamente por Lula, Dilma conseguiu se eleger em 2010 e 2014, embora seu governo tenha sido um fracasso estrondoso, jamais visto antes.

A principal façanha dela como “economista” foi autorizar o trêfego Guido Mantega, ministro da Fazenda, a maquiar as contas públicas e criar a “contabilidade criativa”, com as pedaladas fiscais que encobriam o déficit público e transportavam os prejuízos para o ano seguinte.

Quando começaram as críticas às pedaladas, Dilma levou na brincadeira. Com a maior desfaçatez, mandou o Planalto comprar uma bicicleta de luxo e passar a passear nela toda manhã.  E desafiava, dizendo: “Estou pedalando, vejam!”

DEU TUDO ERRADO – O resultado todos sabem. As pedaladas criaram uma recessão brutal, com queda de 7,7% do PIB per capita em dois anos e mais 3 milhões na lista de desempregados. Constatou-se que o “Poste” de Lula era de péssima qualidade e foi facilmente derrubado, ninguém aguentava mais tanta incompetência e tamanha metidez.

Seis anos depois, o ex-presidiário Lula da Silva voltou ao poder, mas não chamou Dilma Rousseff para integrar o governo. Ela reclamou e o presidente então teve uma ideia genial. Indicou-a para ser presidente do Banco dos Brics, na China, bem longe, lá do outro lado do mundo, para se livrar dela por uns tempos, até julho de 2025.

Agora, o Conselho Nacional de Economia, uma entidade classista dominada pelo PT, decide eleger Dilma como “Economista do Ano”. Esperava-se um festival de protestos, mas os brasileiros parecem anestesiados e encaram tudo como “novo normal”, embora a decisão seja altamente ofensiva à dignidade da classe dos economistas.

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P.S,
Se Bussunda ainda estivesse conosco, ele diria: “Fala sério!”. E certamente defenderia a indicação de Dilma Rousseff para “Anta do Ano”, porém não dá mais tempo, porque a ministra do Racismo, cujo nome não consigo lembrar, passou na frente e recebeu o prêmio com meses de antecedência, pensando que Dilma fosse “hors concours” e estivesse impedida de participar. (C.N.)

Foi-se o tempo em que os brasileiros confiavam nos ministros da Suprema Corte…

Charge do Zé Dassilva: Ninguém precisa saber - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Vicente Limongi Netto

Não vejo, não escuto nem leio entrevistas de monstros diluvianos, fantasiados de pomposos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Não merecem minha confiança, muito menos meu respeito. De cidadão pagador de impostos, perto de completar 80 anos de idade. É estarrecedor o quadro daqueles senhores, vestais grávidas, enchendo a boca para jurar que são isentos, operosos e patriotas.

A maioria deles, usando perucas ou cabelos e sobrancelhas pintadas de preto, imitando as asas de graúnas. Patéticos. Duro saber qual deles é o pior, o mais dissimulado e o mais constrangedor. Foi-se o tempo em que os brasileiros confiavam nas ações dos magistrados da Suprema Corte, hoje vilipendiada, onde se reúnem os santos do pau oco. Tenho ânsias de vômito.

CLAMOR SOFRIDO – “Tem uma moeda aí, tio?” – é o clamor sofrido das ruas. Vindo de crianças, adultos e adolescentes. Mãos estendidas. Caixinhas de papelão, caixas de sapatos e latas de leite compõem o cenário frio, humilhante, melancólico. Vozes trêmulas. Pés descalços. A fome anunciada pelos olhos tristes. É o Natal chegando.

Significa esperança de ganhar algum trocado para comer. Quem sabe, um Natal menos amargo e dolorido. As caixinhas também são vistas em balcões de lojas, padarias, lavanderias, papelarias e bancas de jornais. Embora empregados, ninguém se acanha. O dinheiro é curto. Caixas e latas marcam a linha da fome e da miséria. Chegam juntas. A fome é diária. Não avisa.

Semáforos, estacionamentos, portas de bares, restaurantes e de lanchonetes fazem das caixinhas e latas o porto da esperança. Sonhando com a caridade de corações bondosos.

FIM DA PICADA – Devotado leitor e observador do que realmente merece ser lido, exaltado e criticado, achei o fim da picada a entusiasmada baboseira de um badalado colunista do Jornal de Brasília (14/12), especializado em banalidades e futricas, revelando para o Brasil e para o mundo, “Um novo Aécio”.

Imaginei, pelo título, que se tratava de um novo deputado Aécio, empenhado agora em discutir problemas brasileiros, em busca de melhorias para o massacrado, humilhado e abandonado cidadão. Estava pronto para aplaudir meu ex-colega de “peladas” no Gerovital. Mas qual. A formidável notícia informa, entre outras patéticas pérolas, que o ex-governador emagreceu 8,5 quilos e ganhou 4 kg de massa muscular. 

Melancólico, vesgo e medonho jornalismo! O que o leitor, esclarecido e exigente, tem a ver se Aécio emagreceu ou engordou? Tenham paciência! Até barbaridades têm limites. Francamente.

Nesta quarta-feira, Milei já começa a enfrentar protestos contra o governo

Milei assume presidência da Argentina apostando em | Internacional

Javier Milei é um falso libertário e não está agradando

Roberto Nascimento

Promessas ilusórias de campanha – eis uma desonestidade que praticamente todo candidato faz. Anuncia uma coisa, porém, quando se depara com a realidade, tem que se curvar a ela. No entanto, é muito pior quando não promete, não fala nada e começa a agir contra o povo logo após tomar posse. O exemplo mais clássico e recente é de Javier Milei, que preside a Argentina desde domingo, dia 10, e está decepcionando a todos.

Comporta-se como se o país lhe pertencesse. Primeiro, uma medida amoral e imoral, ao assinar um decreto permitindo o nepotismo, para nomear sua inexperiente irmã como ministra do governo. Depois, deu um golpe no povo, congelando os salários e aposentadorias, ao mesmo tempo em que aumentava as tarifas públicas e valorizava o dólar.

AMEAÇA PRENDER – Milei não tinha uma semana no cargo e já ameaçava prender quem saísse às ruas para protestar. E a liberdade tão propalada na campanha? Era tudo mentira, o autoproclamado libertário não passa de mais um projeto de ditador.

As Centrais Sindicais já marcaram uma manifestação para quarta-feira, dia 20 de dezembro, na Praça de Maio. A ministra da Segurança Pública, Patrícia Bullrich, a terceira colocada na disputa presidencial, aquela que Milei chamava de “guerrilheira dos Montoneros”, disse que as Forças Armadas vão reprimir com violência, se os manifestantes bloquearem as vias de acesso a Buenos Aires. Ou seja, vão empurrar a massa, o povo argentino, para o Rio da Prata em Porto Madeiro, de costas para a Casa Rosada.

SEM PROJETO – O pacote de medidas econômicas anunciado por Milei mostra que o governo não se preparou e não tem projeto. Sua equipe deveria ter estudado a história recente do Brasil, para traçar um programa nos moldes do Plano Real, que incluiu a criação de uma moeda intermediária, a URV (Unidade de Valor Paralelo), que fazia a conversão dos preços e valores para o novo padrão monetário, na tentativa de controlar a inflação, até a adoção do real.

Foi assim que a equipe econômica do governo Itamar Franco, comandada pelo embaixador Rubens Ricúpero, estabilizou a economia brasileira e colocou a inflação sob controle. A nova moeda nacional então foi equiparada ao dólar, mantendo o poder de compra do trabalhador de baixa renda.

O programa foi vitorioso, mas aumentou o desemprego, porque não se faz omelete sem quebrar ovos – as medidas drásticas na economia sempre têm contraindicações.

HAVERÁ PROTESTOS – O problema é que os argentinos não são como os brasileiros, que aceitam todas as imposições dos trogloditas de plantão. Eles partem para a briga, sem medo de ser feliz.

É uma perversidade o congelamento de salários e proventos de aposentadoria, enquanto vai de vento em popa a desvalorização da moeda, projetando-se uma inflação mensal de 20%, e os especialistas atestam que o acumulado da inflação alcançará o patamar de 200% neste final do ano.

A situação é dramática. O discurso libertário de Milei era pura mentira de campanha, ele realmente não se preparou para exercer o poder. Nesta quarta-feira teremos uma ideia. Se a polícia e os militares agirem com violência contra os manifestantes, o retrocesso político-institucional pode ser inevitável.